No Place Like Home escrita por mitch


Capítulo 2
II.


Notas iniciais do capítulo

Depois de dois meses (socorro!!!), finalmente terminei o segundo capítulo. Peço desculpas pela demora, mas já adianto que eu funciono a passos de tartaruga, então tenham paciência comigo!

No mais, espero que gostem do capítulo porque foi feito com muito amor e feels (◕‿◕)♡



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― Iwai... izumi? ― A pergunta saiu de seus lábios em um tom hesitante que não era nem um pouco típico de si. Havia surpresa dançando nos seus olhos castanhos, enquanto contemplava incrédulo a figura parada à sua frente.

 

Por um momento, Oikawa pensou que a cena nada mais era que uma mera ilusão de ótica, um desejo que há muito havia deixado de lado e que, vez ou outra, voltava para lhe assombrar. Infelizmente, a realidade nem sempre era uma linha reta ou composta de acontecimentos previsíveis. Algumas vezes até mesmo ele ― que sempre fora tão bom em julgar e analisar tudo ao seu redor ― conseguia ser pego desprevenido.

 

E, curiosamente, Hajime seja a única pessoa que já tinha conseguido causar tal resultado.

 

Hajime.

 

Oikawa jamais admitiria em voz alta a maneira como, mesmo depois de tanto tempo, ainda se referia ao outro de maneira tão intima. Talvez devesse chamá-lo de “Iwaizumi-san” e colocar um tanto de distância e formalidade entre eles ― afinal, havia se passado tanto tempo, não é? Eles já nem sequer poderiam dizer que ainda eram amigos, não quando Oikawa havia feito o seu melhor para permanecer longe do alcance do outro, a ponto de que agora até mesmo sua mera presença ser capaz de lhe surpreender.

 

― Oikawa! ― Hajime o cumprimentou, virando-se em sua direção no mesmo instante que escutara o chamado ― Wow. É você mesmo?! Há quanto tempo!

 

Suas mãos estavam sujas de terra, assim como sua camiseta ― branco definitivamente não era uma boa escolha na hora de cuidar do jardim ―, e não demorara muito até ele decidir levantar, limpando as mãos na bermuda surrada em que estava vestindo e oferecendo um sorriso sincero e ausente de qualquer tipo de malícia.

 

Oikawa sentiu-se levemente culpado ao perceber a maneira como os olhos de Hajime brilhavam ao encará-lo, como se por algum motivo sua presença fosse o melhor presente que ele poderia ter recebido. Ele não se aproximou, no entanto, nem o envolveu em um abraço saudoso e apertado, como melhores amigos fariam depois de anos sem se ver. Ele apenas ficou parado lá, encarando-o com expectativa. E talvez isso fosse o pior.

 

― Ei... ― Começou, evitando ao máximo encará-lo diretamente por mais do que alguns segundos. Controlou a sua expressão, antes de abrir um sorriso calculado. Branco e polido demais ― Que surpresa! A sua mãe não me falou que você vinha visitá-la.

 

― Ah, não é uma visita ― Haijme--- Não, Iwaizumi respondeu, uma de suas mãos coçando a parte de trás da nuca em sinal de embaraço ― Eu, hnm, voltei a morar aqui, na verdade.

 

Oh, ele pensou, atordoado. Talvez se fosse menos experiente, sua expressão cuidadosa tivesse saído do lugar, mas era de Oikawa Tooru que estávamos falando e ele conseguiu, com sucesso, manter o sorriso congelado, parecendo inabalado pela notícia tão inesperada. Não que Iwaizumi não soubesse reconhecer todos os seus mecanismos de defesa, é claro, mas esperava que depois de todos aqueles anos ele tivesse alguma vantagem. Talvez ele tivesse esquecido.

 

― Eu não sabia que você e Aoi tinham voltado para cá ― Foi o que disse em vez disso, em um tom casual ― Como você conseguiu convencê-la a deixar Tokyo? Ela ama tanto aquela cidade, deve ter sido difícil tirá-la de lá.

 

Havia maldade em suas palavras, mas não o suficiente para soar rude. Soltou uma risada logo em seguida, como se tentasse dizer que não havia passado de uma brincadeira.

 

― Er... ― Hajime (porque diabos ele não consegue parar de chamá-lo assim?) parecia visivelmente embaraçado agora e não foi preciso de muito para que Oikawa interpretasse os sinais. Algo estava errado. Estava escrito por todo o seu rosto, mesmo que, para qualquer outro, ele não parecesse diferente do normal ― Na verdade, Aoi ficou em Tokyo ― O outro continuou ― Eu e ela... Bem, nós estamos separados agora.

 

Apenas o encarou ainda mais surpreso, tentando processar a informação. Eles estavam separados?! Porque sua mãe não havia o avisado? Ela certamente já sabia daquilo, não sabia? Se bem a conhecia, talvez fosse justamente por isso que ela insistira tanto para que Tooru lhe fizesse uma visita. Cerrou os dentes, percebendo que Iwaizumi esperava algum tipo de reação diante da notícia, resolvendo ignorar momentaneamente o leve sentimento de traição direcionado à própria mãe.

 

― Hnm... Então isso quer dizer que você está solteiro? ― Deixou de lado as dúvidas que surgiam a cada nova informação e lançou uma piscadela divertida na direção do menor, mesmo que o tom de brincadeira soasse amargo aos seus ouvidos ― Porque sabe, eu sempre posso te apresentar para as minhas amigas, Iwa-chan. Juro que elas não são exigentes!

 

Não havia porque criar esperanças, afinal.

Ele havia superado.

 

― Não seja estupido, shittykawa ― Hajime revirou os olhos, ainda assim se sentindo levemente embaraçado. Oikawa praguejou mentalmente. O apelido agora lhe soava familiar demais. Íntimo demais ― Não é porque estou solteiro que eu esteja automaticamente procurando por uma namorada.

 

Namorada.

 

― Oh, não seja assim, Iwa-chan. Desse jeito você vai acabar ficando sozinho pelo resto da sua vida! ― Não fora difícil continuar no mesmo tom provocativo de antes, quando era exatamente o que ele havia feito durante toda a sua adolescência.

 

Era até mesmo estranho que, mesmo depois de tudo, falar com Hajime ainda parecesse tão fácil, como se as respostas se criassem automaticamente em seus lábios sem que ele nem sequer precisasse pensá-las. Como se nenhum daqueles anos tivesse se passado e como se nenhuma distância houvesse sido criada entre eles. Naquele momento, fora fácil fingir que eles ainda tinham dezessete anos de novo: as longas caminhadas de volta para casa, as pequenas provocações, as tardes em que passavam jogando vôlei... A maneira como Oikawa sempre pegava no pé de Iwaizumi por nunca se interessar por ninguém ao mesmo tempo em que desejava secretamente que o amigo continuasse daquela maneira.

 

Iwaizumi, entretanto, apenas riu diante do comentário, fazendo com que a sensação de nostalgia fosse quebrada de maneira tão rápida quanto havia surgido. Não houve nenhum xingamento ou palavra rude diante da provocação, nem sequer a falsa violência com que ele era tratado na infância. Havia apenas... Alívio.

 

― Você não mudou nadinha, Oikawa.

 

Não mudei?  Ele se perguntou silenciosamente.

 

― Você por outro lado parece ter aprendido algumas maneiras em Tokyo, Iwa-chan. Bom saber que a cidade grande fez um bom trabalho tirando o homem das cavernas de dentro de você!

 

― Ei, eu estava tentando ser legal, Asskawa ― Retorquiu, com uma raiva fingida que nunca havia convencido ninguém. Oikawa apenas sorriu de lado, deixando que os segundos se estendessem em silêncio, se perguntando se deveria ou não arranjar uma desculpa pra ir embora dali.

 

(não que ele quisesse realmente ir embora, mas talvez fosse o mais correto a fazer ― afinal, havia se passado tanto tempo)

 

Estava se sentindo levemente desconfortável.

 

― Você continua morando com seus pais? ― Iwaizumi voltara a falar, antes que ele pudesse tomar uma decisão, apontando para a casa ao lado da sua com o olhar.

 

― Oh, não. Só vim visitar mesmo. Sabe como são as mães, se eu passo uma semana sem aparecer por aqui ela já começa a ligar desesperadamente exigindo visitas ― Riu, sendo acompanhado pelo moreno.

 

Se encararam por alguns segundos, nenhum dos dois sabendo como continuar dali. Iwaizumi parecia hesitante, como se ele quisesse falar alguma coisa, mas ainda não tivesse pensando em como o fazer; Oikawa só queria sair dali (queria mesmo?), a presença do amigo de infância se tornando mais pesada a cada segundo que passava.

 

Não era como se ele ainda estivesse apaixonado por Hajime, veja bem. Uma década já havia se passado e ― apesar de nunca ter tido um relacionamento sério que houvesse durado por mais de seis meses ― ele havia seguido em frente tanto quanto Iwaizumi. Só era... Estranho. Como se uma parte de seu passado tivesse batido na porta sem dar avisos e resolvido dizer “olá” e ele, inevitavelmente, acabara se lembrando da maneira como se sentia inseguro diante da presença do outro. A doce tortura ao descobrir gostar do seu melhor amigo e tentar desesperadamente esconder, a maneira como tudo passara a fazer sentido naquele momento ― a explicação pela qual nenhuma garota jamais havia conseguido capturar sua atenção ou em como ele se sentia feliz mesmo com as mínimas palavras que deixavam a boca de Hajime.

 

E ele já havia passado daquela fase.

Ele já havia superado.

 

E, por mais que ainda sentisse uma espécie de carinho por Hajime que nenhum tempo ou distância foram capazes de extinguir, ele não queria voltar a se sentir tão inadequado novamente. Não por ele e não por ninguém.

 

― De qualquer maneira... ― Olhou para o relógio que tinha no pulso por falta do que fazer, procurando uma desculpa para sair dali. Reprimiu a vontade de morder os lábios ― eu tenho uma reunião daqui a trinta minutos. Foi ótimo de te reencontrar, Iwa-chan. De verdade. Espero que da próxima vez que eu venha visitar a mamãe a gente possa botar a conversa em dia ou algo assim. Aposto que você tem um monte de novidade legal sobre Tokyo pra contar, não é? Até mais.

 

Já estava se virando para ir embora quando Hajime deu um passo a frente e segurou o seu braço para impedi-lo. Oikawa o encarou surpreso, sendo pego novamente desprevenido. O toque da mão quente em sua pele lhe causando arrepios.

 

― Você ao menos deveria me dar o seu número, não acha? ― Ele quebrou o silêncio, os olhos jamais deixando os de Oikawa ― Eu não pretendo perder contato com você novamente.

 

― Oh ― Tooru respondeu, o coração batendo forte o suficiente para que ele sentisse reverberar em seus ouvidos ― É claro, Iwa-chan. Eu também não.

 

E por um momento, ele realmente acreditou nas próprias palavras. Por um momento, pensou que talvez essa fosse finalmente a hora de parar de fugir.


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Notas finais do capítulo

Reviews são sempre bem vindas, btw

( ̄ε ̄@)



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