Rosas de Sangue escrita por NocturnalVacancy, FranHyuuga, DudaB


Capítulo 2
Prólogo - Poderia ter sido diferente.


Notas iniciais do capítulo

É um prólogo, um prólogo enorme, mas é um prólogo.



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Era uma noite de inverno e a pureza do branco era tudo que se podia ver ao longo do horizonte, ou deveria ser, se não fosse o escarlate que manchava o alvo da neve. Em meio aquele contraste, um homem altivo se dirigia a um corpo inerte no chão, enquanto limpava o sangue dos lábios.

 

— Isso é o mínimo que alguém como você merece...

 

Mas antes que pudesse tomar qualquer atitude em relação ao corpo de olhos perolados que jazia no chão, Itachi sentiu uma adaga de prata ser cravada no seu ombro. Os olhos de Shinju [¹] estavam repletos de lágrimas. Sem pensar duas vezes, o moreno prendeu a garota contra uma árvore, apertando com força sua garganta com a mão direita. A esquerda encarregava-se de retirar a lâmina, o veneno se espalhando, queimando, destruindo.... Se não terminasse com isso de uma vez, logo o contato da prata com seu sangue se encarregaria de matá-lo.

 

— Shinju... – os olhos negros expressavam uma profunda dor, uma dor que talvez não viesse do ferimento.

 

— Não fique mais adiando meu destino – o som embargado pelo pranto – você já levou o que me era mais importante, acabe com isto de uma vez!!!

 

Os lábios finos aproximaram-se e disseram qualquer coisa em um sussurro quase inaudível, mas suficiente para a mais nova dos Hyuugas ouvir.

 

— Você realmente acredita nisso não é Itachi? – a voz estava repleta de desprezo e ódio – Termine o que começou, não há mais nada para mim neste mundo.

 

Aquelas palavras foram as últimas de Hyuuga Shinju.

 

Há poucos metros do local, um Neji ferido e impossibilitado de tomar qualquer atitude observava sua protegida ser morta aos poucos por um dos seres mais desprezíveis da Terra, um vampiro. Talvez pior do que presenciar esta cena e não poder fazer nada, era perceber que em breve se tornaria servo daquela coisa asquerosa, tinha quase certeza disso. A julgar pela quantidade de sangue que Itachi havia tomado, deveria estar morto, porém não era assim que se sentia. A região em volta da ferida doía intensamente, seu corpo parecia feito de gelo tamanho o frio que sentia, porém não era um frio que vinha da neve, era um frio que parecia vir do seu coração e sua garganta ardia como se fosse feita de carvão em brasa. Com certeza aquela era a pior sensação que já sentira, os caçadores do complexo Hyuuga costumavam comentar sobre isso, sobre a sensação de ser infectado, de tornar-se um monstro.

 

* * *

 

— O QUE VOCÊ FEZ!!! – Itachi continuava de cabeça baixa enquanto ouvia os gritos do líder. O braço fora enfaixado por completo e, embora estivesse fora de risco, o membro ainda queimava ao ponto de mal poder movê-lo.

 

Fugaku passou as mãos nervosamente pelos cabelos, qualquer uma, qualquer uma e ele foi logo matar Hyuuga Shinju! Tantos anos tentando manter aquela frágil aliança com os caçadores para que, em menos de uma noite, tudo estivesse perdido.

 

— Anata, acalme-se por favor. – Mikoto pousou as mãos nos ombros do marido – Ele é só uma criança...

 

Uma criança. De fato o era. Em represália à morte da menina os humanos, com certeza, viriam atrás de seu filho. Fugaku conhecia bem seu clã e sabia que se isto acontecesse, desencadearia uma guerra fora de proporções, algo que traria sérios prejuízos à ambos os clãs. Pelo bem de todos, tinha que tomar uma atitude. Fugaku olhou ternamente o filho antes de sentenciá-lo:

 

— Vá embora.

 

— O que!?! – Itachi exclamou atônito, mais para si do que para seu pai

 

— Fugaku!!! – a expressão de surpresa estampada na face da mulher.

 

— Uchiha Itachi, pela morte de Hyuuga Shinju e claro desrespeito a aliança, essa é a pena que eu o sentencio por toda esta carnificina e por todo o ódio de sua mentirosa história de amor.

 

Itachi cerrou as mãos até os nós dos dedos ficarem brancos. Lançou um último olhar carregado do mais puro ódio ao pai, para em seguida sair a duros passos da ampla sala em que encontravam-se. As lágrimas preenchiam seus olhos de tal modo, que sequer pode notar a jovem criança escondida, rente a um dos enormes vasos de porcelana existentes no longo corredor.

 

— “Nii-san, por que você está chorando?” – foi com este pensamento que um pequeno Sasuke aproximou-se, pé ante pé, da porta ao estilo oriental, em uma tentativa de descobrir o motivo do pranto do seu, até agora, inabalável irmão.

 

— Céus, Fugaku. Mas que ideia foi essa? – Mikoto não sabia o que dizer, estava indignada. Preferia ter ido atrás do filho, claro, mas conhecia Itachi o suficiente para saber que ele não receberia “visitas” no momento. Então o jeito era tentar persuadir o marido.

 

— Mikoto, escute...

 

— Não, escute você, você não pode simplesmente expulsar nosso filho do clã. Itachi é o mais velho e o futuro herdeiro, punir nosso primogênito por matar uma simples humana, o que deu na sua cabeça? – gesticulava ela enquanto andava em torno do marido.

 

— Mikoto... – e mais uma vez ele não pode terminar sua fala.

 

— ...Independente se é ou não uma Hyuuga, você não pode, quer dizer, é obvio que ela é só uma garotinha mimada que aproveitou-se do meu filho, e você vai bani-lo por isso? Pois para mim, Fugaku, você é o único que respeita esta maldita aliança, não é lógico que...

 

— MIKOTO!!!

 

— Diga. – a voz amargurada não condizia com os traços suaves da senhora Uchiha.

 

Fugaku respirou fundo antes de falar, lançando apenas um mísero olhar de esguelha à esposa:

 

— Sua preciosa filha foi morta pela raça que mais odeia. Sinceramente Mikoto, o que acha que vai acontecer se Itachi continuar aqui?

 

— D-do que esta falando?

 

— Mikoto, melhor do que ninguém já deverias saber o quanto humanos podem ser instáveis. E se caso nosso pacto for quebrado, haveria uma guerra sem precedentes.

 

O olhar da jovem senhora turvou-se por alguns momentos, como alguém que perde-se em lembranças longínquas:

 

— E o que você pretende fazer?

 

— Pretendo ir até o complexo Hyuuga prestar meus pêsames. – a voz passava uma calma que não existia.

 

Mikoto sentiu a força escapar-lhe, de forma que ela se permitiu cair sobre a almofada escarlate, em harmonia com a decoração rubra e negra do local.

 

* * *

 

Não muito longe, em um quarto iluminado apenas pela luz da lua, uma silhueta masculina estava jogada sobre lençóis de seda rubra. Itachi aceitaria qualquer tipo de castigo, porém jamais imaginou ser expulso de seu próprio lar, o local onde esperava encontrar apoio, proteção e auxílio. Sempre dera tudo por aquela família, o tão aclamado gênio Uchiha, no entanto, agora que mais precisava era enxotado como um cão sarnento.

 

Essa é a pena que eu o sentencio por toda esta carnificina e por todo o ódio de sua mentirosa história de amor [²].” As palavras ecoavam na cabeça do moreno:

 

— “Somente palavras, o que um velho poderia saber sobre amor?” - Itachi dirigiu-se até a janela, observando a lua que tanto lembrava o olhar de sua Shinju, sem acreditar no que ela e no que ele próprio havia feito.

 

— “Danem-se todos!” – Itachi pulou a janela, levando consigo apenas as roupas do corpo e as lembranças de uma vida, desaparecendo na noite de uma vez por todas, sem saber que olhos perolados, enfurecidos e sedentos por vingança o observavam na escuridão, resolutos em seu encalço.

 

* * *

 

— Você só pode estar brincando não é? Ir até os Hyuugas depois do que aconteceu, isso... isso seria suicídio!!! – Mikoto ainda não acreditava no que acabara de ouvir.

 

Fugaku ajoelhou-se até seus olhos encontrarem-se com os da esposa, as lágrimas já moldavam o rosto feminino, quando ele decidiu abraçá-la.

 

— Eu sei, mas mesmo um humano furioso perceberia a diferença entre a vida de um garoto e de um governante poderoso. E até lá eu espero que Itachi esteja bem longe e uma certa dama torne-se a mais bela líder que o nosso clã já teve, né? – as palavras que deveriam acalmar apenas fizeram que a mulher abraçasse seu marido com mais força – Hey, deste jeito vai manchar a maquilagem Mikoto!

 

— Tolo, sabe bem que não uso maquiagem.

 

— É claro que não, teu rosto será sempre perfeito.

 

O choro finalmente cessou, o Uchiha desvencilhou-se delicadamente do abraço, deixando uma esposa amada, de rosto sereno e coração dilacerado para trás. Mas ao abrir a porta, não esperava encontrar um garotinho de rosto pálido e cabeleira azul à espreita.

 

— Ora, ora, posso saber o que o senhor está fazendo acordado ainda? O sol já está quase nascendo.

 

— Otoo-sama, é cedo ainda [³]! E é verdade que o senhor vai na casa daqueles humanos?

 

— Sim, Sasuke, é verdade. – Fugaku pegou o pequeno no colo e fitou-o com o mesmo pesar de um pai ausente, o que em breve seria total verdade.

 

— Por quê!?!

 

O mais velho respirou fundo antes de continuar – A senhorita Shinju faleceu, filho. Otoo-sama vai até lá prestar as condolências.

 

— Shinju? A moça bonita que sempre vinha aqui? É por isso que o nii-san tá triste, né otoo-sama? Eles eram amigos.

 

— Infelizmente, até demais. – o maior disse enquanto colocava a criança de volta no chão.

 

— Espera, otoo-sama! Do que o senhor está falan...

 

— Shhh...Sasuke, – Fugaku pousou o indicador sobre os lábios infantis – okaa-chan está muito triste e precisa de apoio, você tem que ser um homem forte e cuidar dela. E não mencione tanto a Shinju quanto o Itachi, está bem?

 

— Sim, otoo-sama... – os olhos do Pai estavam opacos, tristes. Fato que não passou despercebido ao menino.

 

— Né, otoo-sama, quando o senhor volta? – as palavras foram como facadas no coração do homem.

 

— Logo... – algo não estava certo.

 

— O senhor promete?

 

— Eu já menti alguma vez?

 

— Não, mas...

 

— Então vá ajudar sua mãe, Sasuke.

 

— C-certo.

 

Sasuke observou o pai afastar-se, enquanto este andava pelo longo corredor. Em seguida entrou no local onde encontrava-se sua mãe, mas lançou um último olhar para trás e sussurrou para si e apenas para si:

 

— Onegai shite, retorne logo, otoo-sama...

 

 

 

Porém Uchiha Fugaku jamais retornou.

 

 

 

Poderia ter sido diferente.
04/04/2010
by Yoru_Dono


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Notas finais do capítulo

1 - Pérola.
2 - Trecho retirado de "Uma grande mentira de amor", do blog Sblargh.
3 - Eu pesquisei!! No blog "Santuário dos Vampiros" tem um relogio adaptado aos vampiros, e segundo este relógio, sim, era cedo para uma criança estar dormindo (cerca de 17:20 h)

* * *

Yoo, minna-sama!! Quem vos fala é a Kelen_chama.

Sei que vocês devem estar se perguntando "quem é Yoru_Dono", mas é que a inteligência aqui achou que o ID do Nyah era mutável, então eu deixei para mudar depois, mas percebi a duras penas que não dá. T-T

# # #

Inner¹: Isso é para você aprender a ler o blá-blá-blá de sempre...
Yoru-Dono/Kelen_chama: Corvo-san, é deste jeito que você me consola? ¬¬

# # #

Bom, eu só passei aqui para agradecer a todas as pessoas que acompanham "Rosas de Sangue", sei que alguns ficaram sabendo por causa da Duda-chan, mas ela é mais renomada né? E não se preocupem que logo, logo ela dá as caras.

# # #

Inner²: Yoru-chaaaaan, não chora, todo mundo tem que começar de baixo!!!
Yoru-Dono/Kelen_chama: Angel-Kuuuuuuun, só você para me animar numa hora dessas... T-T

# # #

E também quero agradecer à um povinho super especial que tem me apoiado e muito:

Kohana-chan
Hyuga Tenten
Sakuraahh135
kiuke_chan
pink_blue
ZoroLover
LePetitPrince
Uchiha_Cora

Arigato Minna-chan!!!
Eu vou me esforçar para satisfazer à todos os meus queridos, então acompanhem a história,
Onegai!!!!

E tambem quero agradecer à minha querida DudaBelo, por aceitar me acompanhar nesta ideia bizarra.

* * *

Obs: Psiu, você! Se já leu até aqui não custa deixar um review, ne? Nem que seja para criticar...