POV BELLA

Sai da sala de Álgebra 3 aliviada por ir bem no teste da única matéria que eu tinha dificuldade. Eu era boa com contas no ano passado, mas no 3º ano por algum motivo comecei a me enrolar um pouco.

Mandei uma mensagem rápida para Anita e fui para o meu armário, de vagar, com o garoto do super mercado voltando a minha cabeça. Pensei nele por todo o meu banho de hoje cedo e na minha aula de geografia, já que na de Espanhol foi impossível pensar em qualquer coisa com aquela mulher ao meu lado.

Juro que ela queria me matar ou algo do tipo. Em um momento eu era ignorada, e no outro ela me olhava com uma raiva que não conseguia entender. Parece que ela sabia de algo terrível feito pela minha pessoa, sei lá.
Uma mão encostou em meu ombro tão subitamente, tirando de minha mente o rosto grego tão rápido que eu pulei alto e me virei rápido, assustada pela interrupção.

Um rosto lindo, sem nenhum defeito apareceu na minha frente. Era uma menina mais baixa do que eu, toda miudinha e realmente muito branca, sua pele até lembrava ser feita de porcelana. Logo percebi que ela era a mesma garota do super mercado.

— Olá... - Ela parou, e me encarou por um momento; reconhecimento passou por seus olhos, mas parecia haver algo mais - Ah, Deus! Eu conheço você! Te vi ontem no MarketForks.

Ficou calada, com um sorriso de orelha a orelha, esperando que eu me lembrasse dela.

— Sim, nós nos vimos. - Sorri de volta, porque sua felicidade era contagiante. Abri a boca para dizer que sentia muito por não falar com ela ontem, mas as palavras só ficaram na ponta da língua mesmo.

— Que pena que nós não conseguimos conversar ontem. Eu e minha família somos novas na cidade, e iria ser ótimo conhecer alguém! Sou Alice Cullen, a propósito.

Depois de falar tudo muito rápido, a fadinha estendeu sua mão tão branca como o resto, e eu cumprimentei-a. Mas Alice era muito fria, e não pude evitar de franzir a testa. Ela começou a puxar a mão de volta e eu a segurei no lugar por mais uns segundos, talvez mais do que o esperado.

Alice devia ter pressão baixa, não? Quer dizer, ela é realmente fria demais para um humano saudável. Anita também tem isso, suas mãos e seus pés sempre foram frios, mas Alice conseguia ser mais.

— Você está com frio? - As palavras escaparam e eu imediatamente soltei sua mão, envergonhada. Me segurei para não tampar a boca com minha mão e sair correndo, mas o rubor forte denunciou meu arrependimento.

Pode não parecer uma coisa tão séria assim, mas poxa, podia ser algum problema grave de saúde. Tanto quanto podia ser apenas má circulação, Bella.

— Não se preocupe. - Alice Cullen riu, nem um pouco abalada. Ela exala divertimento - Eu tenho esse problema de circulação, mas não é nada grave. E você é...

— Intrometida?... - Murmurei baixinho distraída. Só depois de segundos, quando Alice já tinha ampliado seu sorriso constante e ia refazer a pergunta, que eu entendi o que disse. - Oh! Isabella Swan, mas me  chame de Bella.

— Bella. Combina com você! - Ela riu de novo, e o rubor voltou um pouco mais fraco para minhas bochechas - Aposto que você já escutou isso muito de meninos, não?

— Sim. - Ri com ela, me lembrando de todos os momentos constrangedores que passei.

— É bom falar com você! Acredite, nós vamos ser grandes amigas!

Alice começou a saltitar, quer dizer, semi-saltitar. Tanto faz, mas de qualquer jeito seu corpo dava uns pulinhos muito rápidos sem sair do chão... Ou eu que não via seus pés? Ai, depois eu penso nisso!

— Sim, eu acredito. Você tem que conhecer minha amiga Anita; vocês são muito parecidas.

— Sério?! - Ela franziu o cenho por tipo, 1 segundo, e murmurou algo por baixo da respiração que eu não entendi nenhuma letra. Mas estava lá - Estou ansiosa para conhecê-la!

— Bom, vocês devem almoçar com a gente! Sabe, comigo e com os meus irmãos. - Assenti, sorrindo novamente pra Alice, que semi-saltitou de novo batendo umas palminhas engraçadas.

Se ela for uma segunda Anita, eu estou morta já. Duas eu não aguento não, Jesus.

[...]

Eu e Alice acabamos de chegar no refeitório com poucos alunos e ignorando os olhares por causa da novata, fomos para a fila do almoço. Aproveitei e peguei algo para Anita também antes que a muvuca cotidiana se formasse.

— Que pena que nós não podemos sentar no lado de fora por causa dessa chuva... Iria ser muito melhor conversar sem esses enxeridos prestando atenção.

— Com certeza. Em cidade pequena toda parede tem ouvidos. - Ela riu alto e eu acompanhei, mesmo não achando tão engraçado, já que é a mais pura verdade. Mas, como eu disse, a felicidade dela é contagiante. - De onde vocês vieram?

— Nós estávamos morando no Alaska. Ah! Olhe, vamos para aquela mesa ali - Apontou para um canto do refeitório onde havia uma mesa vazia e foi rápido para lá.

— Espere! Alice, você não vai pegar o seu almoço não?

— Oh. É que eu tenho alergia a muitas coisas e sigo uma dieta especial; não se preocupe, tomei café da manhã em casa. Agora venha!
A segui em silêncio só escutando seu tagarelar sobre como foi bom encontrar comigo. A cada segundo eu acho que ela e Anita vão se dar muito bem... Só não sei se vou aguentar.

Sentamos na mesa e no exato momento em que minha bunda encosta na cadeira, Alice sorri e aponta para a porta às minhas costas. Eu me viro e congelo no lugar. Por três motivos.

1º: Ele está aqui. Claro, eu já estava desconfiando que o garoto de ontem é irmão de Alice, mas... É ele gente! E ainda por cima está vindo em direção a mim, esse humilde ser (ou na direção da irmã dele...). Nossos olhos quase se encontraram, mas eu desviei, jogando meu cabelo entre nós.

2º: Mais a frente do crush, a loira assassina andava com a mesma cara da aula de Espanhol. Desviei logo os olhos antes que eu virasse só uma Bella tostada.

3º: E, por último, por causa de toda a gangue. O garoto loiro musculoso que quase voava para chegar logo em nossa mesa, mas ao mesmo tempo parecia querer sair correndo do refeitório. O garoto gigante que mais parecia um guarda-costas e ao mesmo tempo uma criança. O outro garoto, que podia facilmente se passar por um professor com a barba rala, parecia nem estar na Terra pela sua cara de pensativo. A loira-psico e o crush. Eu disse que era uma gangue.

Eles chegaram na mesa e imediatamente Alice pulou nos braços do loiro e tascou um selinho nele. Ué... Ela não tinha contado de um namorado, só de irmãos...

[...]

— Oi - disse com uma voz baixa e musical.

De perto eu podia perceber que seu cabelo de cor engraçada - na verdade de mesma cor de uma moeda de um centavo enferrujada, estava úmido; seu cheiro me inebriava e seu sorriso nos lábios impecáveis e no rosto iluminado me tonteava.

— Meu nome é Edward Cullen - continuou ele. - Não tive a oportunidade de me apresentar ontem. Você deve ser Bella.

Minha mente estava girando como girou no super mercado, quando me deitei e quando eu estava de baixo de uma ducha hoje de manhã. Será que eu estou imaginando isso? E eu precisava falar; ele estava esperando. Mas nada de normal, como talvez um 'oi', vem à minha cabeça.

— Co-como você sabe meu nome?

Ele sorriu encantador, mas parecia segurar o riso. Mordi os lábios.

— Escutei você se apresentando para meus irmãos...?

Oh. Me segurei para não dar um tapa na minha cara de tanta raiva própria. Tinha algo mais idiota para perguntar, Bella? O rubor veio forte para meu rosto, e ali ficamos. Ele sorrindo cada vez mais lindamente e eu quase virando uma fogueira de tantos tons de vermelho que alcancei.

E nossos olhos se encontrando.

[...]

POV ANITA

Estava sentadinha ali na mesa a pouco tempo e já tinha olhado de canto de olho para ele umas 30 vezes; mas eu joguei o meu orgulhinho infantil pros ares mesmo quando todos estavam envolvidos em conversas, até Bella, e só nós dois estávamos calados.

Também não ajudava o fato abençoado que era Anthony me olhando fixa e descaradamente - vamos ser realistas, o olhar de um Homem daqueles acho que nem Freira aguenta. E claro, ele estava ao meu lado! Não é como se a mesa fosse gigante, então os espaços entre as cadeiras eram de poucos centímetros.

— O que você é?

Me virei rápido em sua direção, não aguentando mais de tanta curiosidade. Nossas mãos se roçaram e meu corpo quis ficar para sempre colado ao dele, mesmo que apenas os mindinhos se encostassem. Nós não movemos as mãos nem um titinho.

Antes que Anthony pudesse dizer qualquer coisa e antes que eu me perdesse em seus olhos esmeraldas, que de perto eu notava na borda um pouco de azul, continuei:

— Anthony, eu sei que você sabe o que eu também sei, apesar de eu não saber algo que você sabe. Ai meu Drácula, algo errado não está certo!

— Princesa, o que exatamente você sabe? - Porra, agora que percebo que o cara tem um leve sotaque britânico misturado com o americano. E eu piro em sotaque britânico! #Falecida

— Você esteve no meu sonho! Você. Entrou. No meu. Sonho! É impossível, tipo, só não seria se você fosse um feiticeiro muito poderoso como o Magnus Bane, ou um bruxo ou um...

— Eu entrei no seu sonho.

— E disse que me explicaria tudo.

— Sim, Baby - Fiquei calada esperando a minha resposta, e Anthony só ficou lá me olhando; me distraí mais um titinho com os círculos que ele fazia na minha mão também.

— Não vai dizer?

— Não é o lugar certo para isso, Anita.

Me arrepiei quando o Deus disse meu nome e lógico que ele percebeu, sorrindo meio presunçoso e com o ego do tamanho dos filmes de Star Wars.

— E qual é o lugar certo para isso, Anthony?

O bae* ficou sério e mordeu o lábio inferior; enlouqueci com a vontade de agarrar e dar um beijão naquela boca. E seria o meu primeiro beijo né... Bom, o primeiro beijo "na vida real"... Quer dizer... Fiquei confusa. Deixa, vocês entenderam.

— Pelo menos me diga: quem é você? O que você é?

Nos olhamos profundamente, e fui abraçada pela familiaridade e pelo aconchegante ar que Anthony transmitia para mim.

— É só me dizer o que quer e eu serei para você.

Me derreti na hora.

Nós conversamos depois disso com todos - eu ressalto que nossas mãos continuavam encostadas em seu colo, algo que me distraia pacas - e eu virei uma rata na manteiga quando vi os olhares de Edward e Bella. Uma palavra: profundamente verdadeiro. São duas palavras, eu sei.

Expliquei para os palhaços maravilhosos Alice e Emmett o meu sotaque brasileiro e logo o sinal do fim do almoço tocou. Todos se despediram (eu, Alice e Bella com abraços e Rosalie só com acenos de cabeça e mini sorrisos pra os irmãos).

Cada um seguiu para a sua sala, a Bellinha e Eddie muito animados por terem a próxima aula juntos, assim como eu por causa de minha aula de literatura com Anthony a seguir.