Eu olhei em volta, no tédio, com muita coisa para fazer mas sem vontade de fazer nada. Os meus olhos bateram na estante de madeira clara do meu quarto, com suas três prateleiras quase totalmente lotadas de livros; tão pesadas que a mais baixa estava torta, dando a impressão de que a qualquer hora cairia...

Podia até imaginar o barulho horrorível (eu sei, a mania de juntar palavras da Anitinha é realmente estranha, mas você não viu nada comparado as outras maluquices dela) dos DVDs se quebrando sob o peso absurdo. Tinha uns bons 30 livros ali esperando para serem lidos, sem contar com os que já li - outra coisa para resolver adicionada à minha lista mental: pensar em um jeito de arrumar todos os livros que tenho e os que vou comprar sem que ocorra um acidente.

Eu gemi e me espreguicei, meus pés suspensos no ar e minhas mãos batendo na parede atrás da cama de casal. Além de meus ombros doerem pela má posição, meu corpo reclamava pelo calor horroroso que fazia milagrosamente em Forks hoje. Eu não gosto do frio que faz todos os dias nessa pequena cidade... Mas isso aqui tá parecendo um forno! Credo.

Um trovão rugiu alto e demorado, e olhei automaticamente para a janela grande com bordas pretas ao meu lado: o céu se dividia em cinza e branco escurecido. Rezei desesperada para a Nossa Senhora das Doidas Calorentas que chovesse logo.

Meu cachorro super pequeno atravessou correndo a porta aberta, e se jogou na cama, assustado. Claro, o resultado não poderia ser outro: ele bateu de cara no colchão e caiu para trás, se estatelando como uma fruta podre no tapete rosa felpudo. Bacon tem um medo maluco das tempestades, das baratas e dos fogos de artifício, e quando qualquer uma dessas coisas aparecem ou acontecem, baixa uma loucura nele, que se esconde e se põe a correr pra lá e pra cá desesperado.

Soltei uma risadinha e tentei criar forças para jogar a preguiça fora e estudar para uma prova que eu vou ter amanhã. Mas como ninguém merece estudar no domingo a tarde... Olhei o meu pulso esquerdo, e o relógio troca-pulseiras da Mormaii marca exatamente 02:00 PM.

O toque estridente e conhecido do meu celular meio que me fez dar um pulo deitada. Catei o iPhone do criado-mudo.

– O que você quer, pequena?

– Nossa, boa tarde para você também, Isabella. Estou muito bem, e como a sua maravilhosa pessoa está? - Anita disse com seu tom sarcástico clássico. Podia até ver a careta que ela fazia do outro lado da linha.

– Qual é, fofinha. Diz logo.

– Arg... Chata! Mas tudo bem, tomatinho. Estou te obrigando a ir dormir na minha casa. Já estou aqui em baixo. - Escutei a buzina da BMW de sua mãe, a Tia Erika.

– Desce logo que eu to com fome! - A maluca desligou na minha cara antes que eu pudesse responder. Revirei os olhos, e já que não tinha outra saída, levantei da cama e arrumei meu material escolar rapidamente. Catei a mochila e desci correndo as escadas, indo na direção da sala de TV.