Feelings escrita por Bia


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Eu admito que me sinto uma pessoa horrorosa por demorar tanto para postar. Não, não teve nenhuma desculpa. Espero que gostem desse capítulo ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/659375/chapter/8

Fazia três semanas desde o ocorrido. As coisas haviam voltado parcialmente ao normal. Exceto pelo desprezo disfarçado que Clary agora nutria por Sebastian. Mas aos olhos das outras pessoas, eles continuavam iguais.
O lado ruim é que Sebastian não tinha mais como seguir seu plano habitual sem levantar suspeitas. Esse foi seu primeiro obstáculo em toda sua vida. Como podia um garoto “superior” ser impecável em seus planos e atos mas começa a declinar quando começa a agir diferente...
Era isso! Agir diferente foi a pior coisa que ele poderia ter feito. Nutrir sentimentos por uma vadia. Esse é o resultado. Se houvesse controlado-a, como Suas Belas, nada disso haveria acontecido. Regra número um para nutrir esse tipo de sentimento por alguém de forma segura: controle, possua. Tentar fazer diferente deu nisso. E agora, não a teria novamente.
Poderia tê-la trancado, drogado e escondido, mas optou por ser sentimental e idiota.
Em meio a todos os desastres dessa sua falha, teria de descobrir uma forma de retomar seu plano inicial. Mostraria que não importa o quanto isso houvesse desalinhado tudo, ele venceria. E mostraria seu melhor sorriso quando Clary estivesse em seu último suspiro. A última coisa que aquela vadia estúpida veria seria seu sorriso, seu rosto cruel e frio sobre o seu.
O sentimento de vingança só era interrompido por um pequeno detalhe: ele queria possuí-la. O desejo de tê-la o consumia, pensava nisso mais do que deveria.
O pensamento se tornou obsessão. Planejava diversas formas de conseguir, mas não eram boas o suficiente. Talvez se... Não. Havia prometido não incomodá-la mais, seria uma pena se ela realmente houvesse acreditado nisso. Na verdade, havia dito honestamente, mas depois repensou sua posição e percebeu que não havia a mínima condição de cumprir isso.
Mas não queria ser tomado como mentiroso. Cumpriria o que havia dito, parcialmente. A deixaria pensar que ele havia dito a verdade, por enquanto. É uma questão de tempo até que ela se torne finalmente sua.
***
Um soco.
Ele superaria.
Dois.
Ele vencerá.
Três.
Ela será sua.
Quatro.
Matará cada um deles, lentamente.
O suor escorria por todo seu corpo. Usava uma calça de moletom, seus pés tocavam o chão frio e seu peito nu estava molhado. Com as mãos enfaixadas, socava o saco de areia que pendurou no teto do porão. Passou a treinar diariamente desde que se mudara para aquela casa.
Era uma ótima maneira de pensar. Teria bolado algum plano nesse meio tempo, se não fosse o celular que tocava, interrompendo seus devaneios.
Era um tanto incrível o sinal chegar até ali, não que o porão fosse tão fundo, mas as paredes eram revestidas para evitar que o barulho produzido ali fosse escutado por terceiros do lado de fora, especialmente pelas pessoas que adoram chamar a polícia.
Sebastian parou de socar o saco de areia por um momento e observou o celular, a tela brilhava e mais um toque era reproduzido.
— Alô? – soou naturalmente, não fazia ideia de quem poderia ser.
— Eu sei o que você andou fazendo.
— Como é? – Era tarde, a pessoa do outro lado da linha já havia desligado.
Não houve tempo suficiente para saber se era uma voz masculina ou feminina. Soou como uma ameaça. Mas obviamente deveria ser um trote. Não havia relação alguma com alguém suspeitando de seus planos, afinal, ele é cauteloso demais.
Por outro lado, havia cometido um erro drástico recentemente. O que impediria que houvesse uma pessoa que sabia demais.
Poderia ser aquela ruiva estúpida, talvez ela tenha falado para o “namorado” dela, ou para alguém mais.
Mas então, por que ela não teria chamado a polícia?
Talvez ela o quisesse longe dali, uma tentativa ridícula de proteger sua mãe, como se Sebastian realmente fosse uma ameaça para ela. Talvez fosse, mas ele não se interessa muito nos antigos interesses de seu pai. Mas se Valentim se interessou por ela, talvez tivesse algo especial. Se for como a filha, é compreensível o interesse de seu pai.
Retomando ao primeiro pensamento, pode ser um trote. Mas quais as chances de alguém passar um trote para ele justamente fazendo referência ao que ele faz? Mínimas, mas não impossíveis.
Se a pessoa que fez isso sabe de algo a mais, então algo aconteceria em breve. Ele só teria de se preparar e esperar.
***
Deitou em sua cama, impecavelmente arrumada, mas não fechou os olhos. Encarou um ponto escuro do teto e pôs-se a pensar. Havia encoberto os rastros de violência do porão, transferiu todas as armas para um local seguro, junto com as roupas. Quanto aos armários, encheu-os de enlatados. Agora o porão era como uma dispensa, poderia fingir ser um daqueles caras que se preparam para um apocalipse ou uma terceira guerra mundial, e transforma o porão em um refúgio seguro. Não havia pistas contra ele.
Agora, bastava esperar o próximo passo de seu possível oponente, se chamar a polícia, não ocorrerá nada, e o poder de persuasão do garoto os fará acreditar que é apenas um garoto delinquente qualquer. E mesmo que não seja convincente o bastante, cuidou dos detalhes e os espalhou pela casa.
No dia seguinte, iria cuidar de achar a fonte do número que o ligou, e mataria o sujeito antes que tivesse tempo de fazer outra ligação, o problema é que o número estava bloqueado, é uma pessoa esperta, jamais ligaria para ele em um descuido tão grande quanto apenas bloquear o número. Resumindo, finalmente tinha algo para se divertir.
Em breve, haveria uma pessoa em seu porão, uma pessoa que gosta de brincar com o perigo.
***
Poderia ser uma troca de olhares. Poderia. Mas não foi por opção dela, o que não faltou foi oportunidades. Estava no horário de almoço, e ao redor da mesa encontrava-se o mesmo grupo desde o início do ano: Sebastian, Clary, Jace, Simon, Izzy, Aline, Helen e Alec, que revezava os intervalos entre esse grupo é ficar com seu namorado, Magnus, que às vezes almoçava com eles.
Clary demonstrava ser a garotinha fútil, que sorria de quase tudo e reclamava de coisas ridículas. Mas ainda assim, ela não o enganava, Sebastian a encarava, desviava os olhos vez ou outra para não deixar tão óbvio, eles pensariam que ele tinha uma queda por ela. E nenhuma outra pessoa do grupo agia de forma diferente ou estranha, então ou eles não sabiam de nada e continuam os mesmos, ou mais algum deles tinha personalidade dupla. O quanto cada um deles conhecia um ao outro?
O interesse súbito de Sebastian na garota, provavelmente incitou o interesse de Jace na mesma pessoa. O garoto passou a prestar mais atenção no que ela falava, e em seus gestos. Clary por sua vez, evitava olhar para Sebastian, mas para disfarçar, olhava na direção dele, só para ver seus olhos escuros despindo seus pensamentos. Ao mesmo tempo em que se deliciava com a nova atenção que Jace demonstrava por ela.
O restante do grupo apenas se envolvia, sem saber, superficialmente na conversa, considerando tudo o que havia ali. Eles apenas percebiam que tanto Sebastian, quanto Jace, estavam a fim de Clary. E que as coisas entre a garota e Sebastian não iam tão bem assim, enquanto ela parecia realmente gostar da atenção de Jace.
Após passarem um tempo jogando conversa fora, o sinal tocou. Sebastian sabia que sua próxima aula não era com ninguém do grupo, mas mesmo assim seguiu Clary pelos corredores, sem a garota perceber devido à quantidade de pessoas.
Ela andava de forma tão natural, um pé à frente do outro, decisivos, em uma sapatilha verde com um pequeno laço, as pernas não vacilavam, andava como sempre. Como se não houvesse feito uma ligação para uma pessoa perigosa, ameaçando-a, como se não tivesse personalidade dupla. Como qualquer outra garota, que não estava sendo seguida pelo cara que ela ousou ameaçar.
As pessoas nos corredores foram se dissipando, entrando nas salas, mas a garota ruiva a sua frente permanecia em seu andar despreocupado, e Sebastian apenas a seguia, onde quer que fosse a sala dela. Teria de observar as pessoas ao seu redor o mais minuciosamente possível, começando por Clary, a principal suspeita.
Sebastian poderia puxá-la e ameaçá-la, quem sabe até sequestra-la e torturá-la. Se não houvesse algumas testemunhas ali, poderia até fazer isso, se a puxasse, pareceria apenas um namorado querendo um momento de “privacidade” com sua namorada. Não seria tão suspeito.
Por outro lado... Sebastian pensou melhor, enquanto a garota seguia em frente, ele virou no primeiro corredor que encontrou. Não podia demonstrar que foi surpreendido, nunca se deve mostrar as fraquezas ao adversário. Nunca.
Seria mais complicado do que imaginara. Não era só questionar e ameaçar cada uma das pessoas do planeta até achar quem procura, além de precisar matar as pessoas que acabariam sabendo demais e atrair as suspeitas para si, seu oponente sabe quem ele é e o que faz, e veria o que o garoto está fazendo, interpretando como medo.
Teria de vigiar cada um daqueles idiotas, sem que eles saibam, sem que eles suspeitem.
Acabou dando a volta no corredor até chegar à sala de sua próxima aula. O professor aceitou sua desculpa pelo atraso, e Sebastian sentou-se em um dos dois únicos lugares vazios na classe. Encarou suas mãos sobre a mesa, pouco antes de ouvir um suspiro de irritação e cansaço ao seu lado.
Havia sentado ao lado de Clary Fray.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Feelings" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.