Havia poucos meses que o pai de Jonathan morrera. Bem, não importava tanto, ele havia sido emancipado dois anos antes, quando não tinha nem 16 anos. Lógico que esse deve ser o desejo de qualquer garoto naquela idade, mas para ele, aquilo o deixou perdido. Embora não houvesse problemas financeiros, afinal ele tinha acesso à conta do pai e toda a herança fora para ele.
Nunca conhecera pessoas diferentes, tudo o que sabia sobre o mundo veio de fontes como livros, eletrônicos e mesmo o seu pai. Quando ele o jogou nesse local, dizendo apenas: “faça o que quiser”, o garoto ficou com uma sensação de incerteza. Certo, poderia ser proveitoso, o tornaria mais forte e experiente, deve ser por isso que seu pai o mandou para lá. Ou talvez fosse porque Jonathan não suportasse receber ordens, mas ainda assim não era desobediente, apenas inovador. E ele não via problema algum em fazer as coisas a sua maneira, contanto que as fizesse.
Agora que estava solto pelo mundo, poderia fazer o que bem entendesse, e ele já tinha em mente seus desejos.
O problema é que seu pai o ensinou tudo, menos a ter controle sobre si. Suas primeiras experiências não tiveram tanto sucesso, para ele não foi algo tão ruim, mas ocorreu coisas que o obrigou a mudar de cidade. E, por precaução, mudar de nome, que agora seria Sebastian Verlac.
Percebeu que o seu jeito de fazer algumas coisas não dava certo, poderia fazer do seu jeito, sim, mas só depois de perceber que era seguro. Lembrou-se de quando era pequeno, seu pai falou das pessoas e ensinou como conquistar a confiança delas, como se aproximar delas, apesar de serem difíceis, era só por fora, por dentro eram todas vulneráveis e iguais.São todas ridículas.
Com seu pai morto, não há mais chances ou esperanças, ele teria de permanecer sozinho, e seu jeito de “trabalhar” era muito melhor. Sabia muito bem o que seu pai fazia quando estava fora. Ele tinha diários, dizia que precisava anotar suas experiências e as consequências, as anotações faziam parte de seu trabalho. Mas não tinha muito acesso a esses livros, seu pai o proibiu de lê-los, então ele precisava ler quando ele não estivesse olhando. Dando-lhe um acesso limitado. Mas não se importava, conseguiu ler o suficiente para saber que o que fazia era muito mais bem feito do que o que Valentim fazia. Mesmo assim, precisava seguir algumas precauções, precisava seguir alguns dos ensinamentos do pai, para enfim fazer do seu jeito.
Mesmo sendo inútil, matriculou-se em uma escola em “sua” nova cidade, passou tanto tempo em casa, sem conexão com o mundo, que precisou aprender tudo sozinho, o que crianças estúpidas aprendem na escola.
Mas não importava, era mais um jeito de conviver com as pessoas, atingiria seu objetivo, e faria qualquer coisa para isso.