Correspondências escrita por Blue Butterfly


Capítulo 10
1067, Preston Avenue. Blacksburg, VA




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01.05.2010

Ei, Maura, como você tá? Espero que esteja mais feliz agora com minha carta - ei, eu não sou convencida, você mesma disse que fica esperando por elas! hahaha

Fico feliz que você tenha sido selecionada entre tão poucos para esse estágio que você está fazendo. Viu? Eu disse que você era inteligente! Vejo que você tem trabalhado muito mesmo, me pareceu na tua última carta que você realmente estava cansada. Mas me diz, qual é essa de ficar em casa isolada num sábado a noite? Não parece combinar muito com você. Aposto que tem muita gente querendo tua companhia. Deixa eu explicar o motivo de eu pensar isso: desde que você disse que me viu na televisão, não vi motivos para não procurar por você no Google.

Sim, eu fiz isso.

Sou oficialmente uma perseguidora.

Eu não estou nada arrependida, se você quer saber.

O que quero dizer é: você é linda. Uau. Mesmo. Imagino quantos convites você recebe para jantares e festas. Por isso fiquei um tanto surpresa ao saber que você estava no sábado a noite sozinha... Acho que você estava muito cansada então. E sério, você reservou ele para responder minha carta? Uau, estou crescendo em importância na tua vida, não é mesmo?

Eu não sou sempre mal humorada! Mas não é nada legal quando um repórter enfia um microfone na tua cara para perguntar porque sua 'parceira' não estava no momento da apreensão. Sério? Parceira? Me segurei para não dar um soco na cara dele - pareço muito violenta? Espero que não, eu não sou assim. Mas em que diabos ele estava pensando? Minha profissão não tem nada a ver com quem eu durmo! E ela nem era minha parceira - quer dizer, no sentido policial. Korsak é meu parceiro, ela faz parte da assessoria. Qual é! Quer saber, deixa pra lá...

Posso confessar algo? Fiquei muito feliz de saber que você se importou em responder aí de Virgínia. Não sei, mas me fez sorrir quando li que você separou um tempo apenas para mim, mesmo tendo tantas coisas para fazer. Obrigada por pegar a carta antes de entrar no táxi. Quer dizer, eu acabei de levar um pé na bunda, eu preciso de alguém do meu lado, não posso levar um fora de você também. Quer dizer, não nesse sentido. Mas você entendeu, eu espero.

Olha só, parece que alguém sabe contar piadas. Muito engraçada você, Maura! Espera um minuto, você tem um cágado? Ok, estou oficialmente gargalhando! Não conheço ninguém que tenha um cágado! Exceto você, quero dizer. Uau, essa é boa. Ele é interativo? Talvez você devesse comprar mais três e nomeá-los de tartarugas ninjas!

Ei, eu entendo perfeitamente a parte do seu trabalho. Tudo bem, é um pouco mórbido, mas sei como é essa coisa de querer falar por alguém. Acho que é por isso que faço meu trabalho também: para colocar o culpado atrás das grades e dar alguma paz para a família. Eu não consigo falar pela vítima, mas ajo por impulso de justiça. Enfim, eu te entendo, e não acho nada estranho, sério.

Maura, sério, você precisa de algumas aulas sobre esporte. Espero poder te ensinar algo algum dia.

Espero que você receba realmente esta carta, caso contrário vou me sentir na obrigação de escrever outra, e mais outra, até você responder, só para provar o quão bela de uma perseguidora posso ser. E viu só? Letra de mão! Você tem razão, assim parece mais pessoal. E por falar em letra, a sua é linda, nada parecido com o indecifrável rabisco médico. Combina com você em beleza, faz sentido.

Divirta-se aí em Virgínia!

Até logo,

Jane


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