POV Bradley

Ando pelos corredores do palácio à procura de Maxon. Ninguém sabe que estou procurando ele, o objetivo é encontrar o principezinho sem querer. Sei que ele está em uma reunião com Henry e meus pais, então me sento em um banco e espero que ele saia. Quase desisto da fase dois de tanto tempo que eles demoraram para sair. O país já está falido, destruído, na beira de uma guerra civil com rebeldes, o que eles tanto tem para resolver?

Assim que ouço as vozes e os barulhos, saio de onde estou e vou para trás de uma pilastra qualquer. Qualquer um poderia me ver dali, mas Maxon está tão estressado e nervoso que quase não me ouve quando o chamo.

_Louisa já chegou?- pergunto inocentemente.

_Quem você acha que é para fazer isso com ela?- ele parte para cima de mim.

_Quem você acha que é para mandar ela terminar comigo?- pergunto enquanto chego mais perto. Sou mais alto que ele, mas a tentativa de intimidação não funcionou muito. Ele está com raiva, não de mim, mas de sua vida, e está pronto para descontar agora.

_Sou um amigo que quer o melhor para ela.- ele responde e sai andando.

_E porque você acha que sabe o que é melhor para ela?

O objetivo é irritar e está funcionando. Ele responde fundo e depois me responde.

_Eu não sei o que é melhor para ela. Mas não quero que ela se machuque.

_Então ela não pode se machucar, mas sua esposa pode.

Tá acho que essa foi demais, mas já estávamos em frente ao Grande Salão, onde America disse que me encontraria.

_Do que você está falando?- ele pergunta em uma tentativa de mudar de assunto ou parecer inocente.

_Estou dizendo que você está apaixonado pela minha namorada e que está deixando sua esposa de lado como sempre, porque você ama America Singer.

Antes que pudesse terminar de falar, sinto a mão de Maxon em minha bochecha. Um soco?

_Você até que é forte.- rio em uma tentativa de diminuir a dor.

_Foi merecido.

_ Eu sei, mas não quero brigar.- levanto minhas mãos em sinal de rendição e ele gargalha.

_O que está fazendo aqui então? Porque não parece que quer paz.

_Pense em mim como seu piscólogo. Só quero te fazer entender que Louisa é minha namorada, não sua e você não pode achar que tem algum controle sobre ela.

Tenho certeza que qualquer um que testemunhasse essa discussão, me acharia um babaca. Até eu acho, mas esse é o objetivo. Deixar Maxon bravo e o incentivar a nos separar, lembra ele quem America Singer é. Pode parecer maldade, e é mesmo, mas America quer vingança e o que eu não faço por essa garota. Ele ri para si mesmo.

_Você é idiota ou o que?

_Não sou idiota, na verdade você é. Sou só um bobo apaixonado.

_Bobo apaixonado? Você é um mentiroso, fingido que ilude garotas, faz elas acreditarem que as ama e depois termina com elas.- ele explode e eu simplesmente levanto uma sombrancelha e abro a boca num sorriso torto.

_Tem certeza que eu sou assim Maxon? Pelo o que sei, você disse para America Singer que a amava e depois escolheu outra. Você mentiu, iludiu e fingiu. Não eu. Então não me venha com essa Príncipe Maxon.- cuspo as palavras para ele.

O garoto não consegue nem pensar quase. Ele deve ter muito auto-controle porque ainda não partiu para cima de mim. Ele respira fundo mais uma vez e se vira, calmo e recomposto.

_Eu menti, enganei e fingi amar ela, pode pensar assim, não me importa mais. Eu escolhi outra quando sabia que ela me amava, mas não me arrependo da minha escolha, não mais- ele diz trêmulo no final-Amo minha esposa, seremos felizes. Não quero mais saber de America, ela faz parte de um passado que quero esquecer. Mas isso não quer dizer que esteja apaixonado pela sua namorada.

_Parabéns Maxon, enfim admitiu seus erros.- digo sarcástico.

_Você seria um péssimo rei sabia? Com esse seu jeito. Não consegue controlar a si mesmo, quem dirá um país inteiro.

_Então que bom que nunca serei rei. Mas quem tem uma solução para todos os problemas de Illea sou eu, não você.

Ele permanece em silêncio. Sua boca abre diversas vezes, mas nenhum som sai.

_Vai ficar longe da minha namorada?

_Não. Vou contar para ela a verdade, agora.- ele diz e sai em direção a porta. Só não esperava que America entrasse antes.

_Fiquei sabendo que estão brigando por mim.- ela diz.

Ele olha para mim uma vez e se volta para America.

_Louisa, seu namorado mentiu para você o tempo todo. Ele não é quem diz que é. Pode falar com ele. Me desculpe por descobrir assim, mas me sinto na responsabilidade de te alertar.

Maxon praticamente se ajoelha em sua frente, desesperado. Ela o levanta e caminha em minha direção. Sorrio. Aquele sorriso sarcástico e atrevido que a conquistou.Ela chega perto e me dá um tapa em minha bochecha. A mesma que Maxon socou. O que deu nas pessoas hoje para querer me bater? Posso imaginar a felicidade de Maxon ao ver isso.

_Isso foi por não ter vindo me receber hoje.- diz e sorri.

_Me desculpa, tinha assuntos para resolver.- respondo e a beijo.

Já tinha esqueci que Maxon está ali até que ele interrompe.

_Como pode perdoa-lo? Ele mentiu para você! Fingiu ser outra pessoa!- ele pergunta desesperado.

_Ele não é o primeiro a fazer isso.- diz se virando e olhando em seus olhos.

_Então você já sabia?- ele diz e passa a mão pelo cabelo. -Claro que sabia. Você disse que só sua família sabia.- ele diz mais para si mesmo.

_Louisa é minha família, minha vida, tudo o que me restou.-digo e a olho com um sorriso terno.

_Bonito anel. Não estava com eles antes quando falei com você.- Maxon diz sem levantar a cabeça.

_Não, não estava.

Antes que o silêncio pudesse ficar constrangedor, a esposa de Maxon, Kriss, aparece e o tira de lá. Fase três completada.

Caminhamos em silêncio até seu quarto, onde todos nos esperam para realizar a mudança em Mer. Assim que passamos pela porta, Henry voa até nós super curioso.

_Então como foi? Me diz que jogou na cara dele que você é o amor perdido da vida dele!

Rimos.

_Ainda não, mas Brad parecia um ator profissional. Se não fosse pintor, deveria ir para as artes cênicas.- ela diz como sugestão e eu imediatamente fecho a cara.

Procuro a primeira cadeira que vejo e me sento.

_O que houve?- ela me pergunta.

_James sempre dizia que gostaria de ser ator, era o sonho da vida dele.- digo triste e ela me abraça.

_Então tá bom né. Vamos ver sua noiva ficar mais gata do que já é.- Celeste se intromete e a tira do meu lado.

As horas foram se passando e não terminava. Como uma mulher consegue ficar sentada em uma cadeira por horas sem pode se mexer eu não sei, ms elas merecem um prêmio. Aspen nos encontrou depois e ficamos todos conversando sobre assuntos aleatórios. De vez em quando America comentava alguma coisa, mas ela estava tão absorta em seu cabelo que quase esqueceu que estamos ali.

Também esquecemos dela. Só percebemos que ela não estava mais no quarto quando Lucy chegou dizendo para eu fechasse o olho. Não entendi nada mas não discordei. Tem alguma coisa nessas mulheres Illeanas que me dá medo.

Não aguentei esperar. Abro os olhos e America está parada na minha frente, alguns passou atrás. Ela coloca uma mecha de seu cabelo para trás e olha para mim de cabeça baixa e envergonhada. Ela está simplesmente mais linda do que antes, se for possível. Me levanto e ando em sua direção, sem piscar.

Delicadamente, coloco a mesma mecha, que havia caído, do seu cabelo atrás de sua orelha e levanto seu queixo para que ela olhe para mim.

_Sempre soube que você era maravilhosa, mas agora, você está perfeita.- digo e ela cora. Seus olhos parecem mais vibrantes agora. Realçam seus cabelos que parecem fogo. Permanecemos assim, olhando um para o outro por um tempo até que alguém interrompe.

_ Arranjem um quarto!- Henry grita. Rimos e nos separamos envergonhados.

_Temos duas opções de vestido para hoje a noite.- Mary entra com os dois e os coloca em cima da cama.

_O verde, ou azul, não sei que cor é essa.- digo rapidamente e todos me olham.

_É lindo meninas. Eu amei. Muito obrigada. -ela agradece e as quatro de abraçam.

_Não sabia que Bradley tinha senso.- Celeste diz baixinho para Lyra que ri.

_Sou um artista Celeste, sei apreciar uma obra de arte.

_Lindo o momento, mas todos temos que nos arrumar.- Lyra estraga a festa- Até depois.

Pouco a pouco todos foram saindo, um por um.

_Me desculpe senhorita, mas somos criadas da Princesa agora.- Anne diz triste.

_Não tem importância não, consigo fazer isso sozinha. Muito obrigada por tudo!

America demorou mais horas para terminar de se arrumar e eu tentei dormir, mas não consegui. Só conseguia prestar atenção na linda garota na minha frente.

_Você não tem que se arrumar, não?- ela me pergunta

_Ah não! - resmungo- Não podemos ficar aqui, eu e você, juntos?- pergunto com segundas intenções e ela cora para depois me jogar um pote de algum creme que estava em cima da mesa.

_Vai logo! Me busca aqui depois.

Os últimos momentos passaram mais devagar do que qualquer outro em minha vida. Demorei cinco minutos para colocar meu terno, mas alguns minutos para ir até o jardim buscar umas flores para America, mas mesmo assim a hora não passa. Fico andando pelo quarto, sem rumo.

O quarto é grande e bonito, a decoração parece de mulher, mas quem sou eu para reclamar com aquele rei. Existe um piano bem escondido no closet gigante. Se não estivesse no tedio, nunca teria encontrado. Tiro o lençol de cima e poeira se espalha pelo lugar. Soluço um pouco mas consigo chegar até o banquinho vivo.

Não sei quanto tempo se passou desde que comecei a tocar. Faz mais de 15 anos que não toco, não sabia nem que lembrava tocar. Quando era criança alguém me ensinou. Não foram meus pais, provavelmente alguma criada do palácio. Me lembro da música até hoje. Meus pensamentos voam para minha infância, para James ao meu lado. Tudo se passa por minha cabeça enquanto dedilho a canção. Assim que abro meus olhos e olho para o lado, vejo America parada, ela vem em minha direção, seca as lágrimas em meu rosto e encosta seus dedos nas teclas.

_Esse era meu quarto, durante a seleção.

_Coincidência ele ser meu agora?- pergunto em uma tentativa de amenizar o clima.

_Destino pode ser.- ela diz e começa a tocar uma melodia mais animada.

_Já disse que está linda?

_Não, mas obrigada!- responde corada.- Não sabia que tocava.

_Nem eu. Achei que tivesse desaprendido com o tempo ou esquecido, mas parece que ainda dou pro gasto.

_Você foi ótimo.- ela diz e saímos pelo corredor.

Andamos pelo corredor lentamente, sem nenhuma pressa. Nenhum guarda nem criada no atrapalha. Estão ocupados demais se chocando com America ao meu lado. Criadas deixam sua cestas de roupa , ou bandejas de comida caírem no chão, guardas cochicham entre si, tentando entender se estão vendo coisas ou a garota é realmente America Singer. Alguns saem do tranze antes e a gritam, mas ela só sorri e continua andando.

Assim que chegamos no portão, o “porteiro” pergunta nossos nomes. Descer as escadarias para o salão já parecia um ideia genial, mas nos anuncias para a festa toda? Obrigada Maxon. Olho para America que treme ao meu lado.

_Pronta?

Ela inspira mais uma vez e responde.

_Pronta.

Os grandes portas se abrem e a música entra por meus ouvidos. O barulho é mais do que alto. Mas assim que o homem anuncia nossos nomes, todas as cabeças do salão se viram para nós. A música para, as conversam cessam e o único barulho que ouço são nossas respirações. Faço uma reverência, fico de joelhos e levanto minha mão que ela pega graciosamente. Me levanto e juntos descemos a escadaria.

“ Os apresento, Lady America Singer acompanhada do Príncipe de Nova Gales de sul, Sua Alteza, Bradley Chamberlain”