The New Start escrita por SparrowJackson


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaaaaa boa noite!! Como voces estao? Espero que gostem do cap!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/658740/chapter/22

POV Bradley

Não tenho ideia do que estou fazendo. Não tenho ideia do porque estou fazendo isso. Quer dizer, sei o que estou fazendo e porque, mas estou começando a pensar se não é uma má ideia. Enquanto ando pelos corredores do campus, em direção ao escritório do Diretor, me pergunto se enfim, estou fazendo a coisa certa. Depois de muita confusão e revelações, me sinto obrigado a fazer isso. Por ela. Por mim.

É um sábado a tarde, então o que as portas principais estão fazendo abertas, ou o porque de Diretor Chesterman estar aqui, não fazem sentido. Mas faz sentido os corredores estarem vazios e em um silêncio torturante. Dizem que silêncio é bom para se pensar, ajuda a mente. Como as pessoas estão erradas.

Enquanto ando, em passos lentos, tento decidir o que fazer depois disso, o que falará quando descobrir o que eu fiz. Pode ter me perdoado e me dito todas as coisas bonitas que parecem surgir em sua mente quando necessárias. Mas eu, eu sou confuso, inseguro e teimoso. Apesar de ter ouvido tudo o que disse, não consigo tirar essa culpa, esse vazio de dentro de mim. Acredito, que a única coisa que poderá fazer com que isso desapareça, é ela. E acredito ser esse o motivo de estar marchando para a toca do leão. Para me demitir.

48 horas antes

O dia começou como outro qualquer se considerar como tudo mudou nessa última semana. A uma semana atrás eu era um homem solitário, que se escondia atrás de si mesmo e dos segredos que me cercam, fazia o máximo para me manter invisível a todos ao meu redor. Foi ela entrar na minha vida que de uma hora para a outra, em vez de passar meu dias sentado no meu sofá lendo, passei a destruir casamentos reais. Uma ironia, depois de tudo o que aconteceu com meu irmão e minha antiga noiva.

Amigos. Essa é uma palavra que praticamente não existia no meu vocabulário até o dia seguinte ao casamento. No domingo, passando o dia na casa de Louisa, com os recém-casados e Celeste, me senti seguro e amado depois de muito tempo. Passar o dia com eles, fazendo as mais simples das coisas, me fez sentir diferente do que jamais senti. Pode parecer estranho ou antiquado, mas não me lembro de um dia que tenha passado, comendo doces e assistindo televisão o dia inteiro. Não sou um homem atarefado, ou com muitas responsabilidades, mas do mesmo jeito, ter ela em meus braços e pensar em uma mínima chance de uma vida normal ao seu lado, foi tudo o que poderia querer.

Posso ser bobo, mas não sou idiota. Sei que ela sabe que escondo alguma coisa. Sei que devo contar, que não é certo esconder o que for que esteja escondendo, mas não posso. Não estou pronto para dizer para ela como meu noivado acabou e porque aquelas pessoas não me deixam em paz. Não os culpo, eles tem o direito de saber a verdade e de fazer justiça, mas 4 anos já se passaram. Quatro anos culpando a mim mesmo pela morte de Katerina. Eu não suporto mais.

Com certeza alguém perceberia em alguma hora que a sala de Louisa está atrasada em todas as aulas que eu leciono. Com certeza alguém perceberia que não consigo me concentrar em ensinar, quando ela está ali, a poucos metros de distância, sorrindo para mim. Ela tem esse efeito em mim. Mas eu não me importava. Até hoje.

Ela conversava com uns amigos, leve, como se nada pudesse a alcançar. Eu passava pelo corredor, longe, e sorrio para ela, como sempre faço na hora que a vejo. Mas hoje, uma coisa se diferenciou de todos os outros dias. O chamado no megafone.

“Senhorita Louisa Johnson e Professor Chamber, por favor compareçam ao escritório do Diretor Chestermanr”

Agora estou ferrado. Olho para Lou e vejo seu rosto assutado. Ando em sua direção e digo que tudo vai ficar bem, que ela não precisa se preocupar, que vou cuidar de tudo. Poderia liga para meus pais, se for o que estou imaginando. Eles resolveriam em uma hora. Mas não daria a eles a satisfação de rir da minha cara e dizer “eu te avisei”. Então terei que improvisar.

Diretor Chesterman é, sem querer ofende-lo, um velho bajulador que só quer o bem próprio. Tentei convencer a diretoria a tira-lo do cargo e desde então ele implica comigo. Isso já tem 2 anos. Entro devagar e me sento em uma das cadeiras de frente a sua mesa. Ele está com sua cara rabugenta de sempre, então não sei se tudo isso é uma má notícia. Louisa ficou de fora, quero falar com ele a sós.

_Me chamou Chesterman?

Podem pensar que eu também não facilito para ele. Não facilito mesmo. Odeio esse cara e como ele já deixou claro que não gosta de mim, para que fingimentos? Seu rosto se contorce de raiva quando o chamo pelo seu sobrenome. Ele odeia e é por isso que continuo chamando ele assim.

_ Como sei que se eu não chegar no assunto principal logo você vai me distrair e arranjar um jeito de se safar com esse seu jeito, vou direto ao assunto.-sorrio quando ele diz isso. Como ele me conhece tão bem. Estou, em parte, orgulhoso dele, enfim aprendeu.

_Chesterman, o senhor merece minhas palmas. Aprendeu com seus erros. Muitos bom para você.- digo irônico. Uma boa dose de ironia é tudo o que preciso para que ele perca a cabeça. E quando ele perde a cabeça... bom, é melhor para mim.

_Existem rumores de que está namorando uma aluna. Existem rumores de que está namorando Louisa Johnson. Gostaria de saber a veracidade desses rumores.-ele diz direto e serio.

_Primeiro, me responde uma coisa. Porque está me perguntando isso, se mesmo se eu disser que nem a conheço, você não irá acreditar em mim?

_Protocolo.- ele responde simplesmente. Ele quer do jeito difícil, então vai ser do jeito difícil.

_Pode acreditar em mim ou não, não me importa o que você acha. Mas quem dera eu pudesse namorar ela. Ela é linda, pode dizer. Mas já perdi a conta de quando foi a última vez que namorei uma pessoa, serio. Nos encontramos no baile e no casamento real. Sabia que ela é amiga do príncipe? Ela não conhecia ninguém e como sou uma pessoa muito gentil e ela me conhecia porque sou seu professor, fiquei com ela durante a festa, para fazer companhia sabe. Só isso.-termino- Se bem que acho que ela estava dando em cima de mim- digo pra mim mesmo, esperando que ele ouvisse.- Mas isso não faz dela especial né, já passaram muitas aqui por isso.

Não preciso convence-lo de que estou dizendo a verdade, porque não estou. Dizer a verdade seria o fim de Louisa. Chesterman garantiria isso. E não posso permitir isso. Se protege-la significa botar medo no velhote a ponto dele ficar quieto, é isso que vou fazer.

_Olha, podemos fazer isso do jeito fácil e você esquece que isso aconteceu. Somente um mal entendido. Ou podemos fazer do jeito difícil, e posso te assegurar que não irá ganhar.- digo enquanto me levanto e apoio minhas mãos sobre sua mesa. Chegando mais perto e com a melhor cara de mau que tenho. Se não tivesse ido para a pintura, com certeza teria ido para as artes cênicas. Parece divertido. Mas enfim, ele não pareceu se assustar, então continuei.

_Sei que sabe quem é minha família e que pode usar isso contra mim, mas não pode. Não vou te chantagear, dizendo que se não esquecer isso ligarei para meus pais e você estará sem emprego. Esse não sou eu. Me desculpe por tudo o que acha que fiz para você, pode me punir se quiser, não me importo. Mas a garota sentada ali do lado, ela não tem nada a ver com essa nossa briguinha. Pode dizer que estou aqui por causa desses rumores, mas sabemos que é mais do que isso. Eu amo esse trabalho e não pretendo desistir dele fácil. Então podemos continuar em paz, ou vamos nos atormentar até que um não consiga mais brigar com o outro. Você escolhe.- termino enquanto dou as costas e saio pela porta.

Passo por Louisa sem dizer nada. Estou de cabeça quente. Os sinais já bateram, a aula já começou, mas nada disso me importa, eles podem ter aula outro dia. Sem rumo e sem um destino certo ando pelos corredores do antigo prédio até que me vejo na mesma porta que levei Louisa. Entro e me encolho em um canto qualquer.

Não percebo a hora que passaram pela porta e se sentaram ao meu lado. Mesmo sem abrir os olhos, sei que Louisa está ao meu lado. Seco meus olhos das últimas lágrimas restantes e olho para ela.

_Está tudo bem? O que aconteceu lá dentro?-ela me pergunta preocupada. Quero contar, mas não posso. Porque assim teria que contar o que venho escondendo. Limpo minhas bochechas molhadas e me levanto.

_Não foi nada.-digo vagamente.

_Não faça isso. -ela suplica- Por favor não se afaste de novo.-ela termina, depois de se levantar e olho nos meus olhos.

_Não aconteceu nada demais.- digo quebrando seu olhar. Não conseguiria olhar para ela nesse momento.

_Não minta para mim! -ela grita. Viro em sua direção imediatamente.- Não finja que nada está acontecendo. Eu ouvi você conversando com o homem. Eu vi ele te seguindo. Porque está tão distante? O que houve com o “vamos lutar por nós”?-ela diz desesperada por um resposta.

_Acha que desisti de nós?- digo correndo para sua frente e seguro suas mãos- Acha que estou desistindo de nós? Não estou ! Nunca poderia fazer isso.

_Então o que está acontecendo. Me conte ou juro que saio por aquela porta e não volto mais.-ela diz convicta.

Fraco, me encosto em uma parede e me sento, sem saber por onde começar. Sabia que um dia teria que contar o que aconteceu naquele dia, mas esperava que demorasse mais. Após deixar sua condição no ar, a escolha parece óbvia, mas eu simplesmente não conseguia abrir a boca.

_Chesterman queria falar sobre eu e você e os rumores que estão por aí- começo lentamente- Disse que é loucura, mas esse cara me odeia- ela faz cara de confuso e digo que depois explico- disse que não queria mais brigar, que ele podia escolher.

_E porque isso te chateou tanto?

_Não quero que seja expulsa por minha causa, não quero que as pessoas fiquem sabendo que você está comigo, porque elas vão pensar o pior. E quando estava lá dentro, só conseguia pensar em te proteger.

_Isso não é ruim! Não tem porque ficar chateado por isso.- ela diz puxando meu rosto para que ficasse cara a cara com seus lindos olhos azuis.

_Mas cada dia que passo com você, essa coisa dentro de mim cresce e tenho cada vez mais vontade de nunca mais te largar. Eu quero te beijar, e ficar com você só para mim porque não consigo ficar mais longe de você. Quando disse que queria lutar por nós, não sabia o que estava falando. Naquela época achava que gostava de você, mas tinha quase certeza de acabaria depois de um tempo. Mas depois de cada beijo, de cada conversa, eu me vi cada vez mais perdido em você. E isso não pode acontecer.-termino olhando para baixo para não sentir seu olhar de fúria.

_O que tem de errado em se apaixonar Bradley? Porque esconde seu melhor e não deixa que ninguém quebre a barreira que você construiu? Porque?- ela suplica.

_Porque? Porque eu não te mereço Louisa! Você é a melhor pessoa que eu já conheci na minha vida inteira. E existem coisas, no meu passado, que não me orgulho, que venho tentando esquecer, mas que voltam para me assombrar.

_Talvez se você se abrisse, elas sumiriam. Você não teria mais medo dela. Isso tem a ver com o homem que está te perseguindo?

Simplesmente assinto com a cabeça. Sabendo que está sendo demais para mi, ela espera. Espera que o silêncio se torne insuportável e que eu comece a contar. Mas ela está certa. Se tenho medo de algo, tornar isso de conhecimento de outra pessoa talvez ajude. Assim, pelo menos, o sofrimento se divide.

_Você disse que a culpa não era sua na conversa. Se a culpa não é sua, porque guardar isso para si por esse tempo todo?

_Porque a culpa foi minha.- digo desesperado. Ela não responde, não diz nada- Katerina está morta por minha causa.

_Quem é Katerina, Bradley? Porque ela está morta?

_Eu estava apaixonado. Minha primeira namorada seria minha noiva, a mulher que eu amaria pelo resto da vida. Ela era tudo para mim. Estava tão cego que não percebi que ela não sentia o mesmo.-digo me lembrando do dia que Katerina fugiu com o meu irmão.- Se ela me amava antes, agora nunca poderemos saber, mas ela se apaixonou pelo meu irmão, ou pelo menos pelos cabelos loiros que ele tanto se orgulha. Sabe, eu sou o único da família que não tem cabelos loiros. Acho isso tudo uma sacanagem- digo ultrajado.

_Para de enrolar e termina Bradley.- Louisa manda.

Rio de sua atitude. Ela ainda vai criar muitos problemas.

_Calma estressada- digo abrindo o mínimo dos sorrisos- Ela fugiu com o meu irmão, e como o bobo apaixonado que era, eu segui. Não podia acreditar que isso estava acontecendo. Eles estavam em uma casa em uma das cidades vizinhas e quando os vi, dormindo na mesma cama, eu enlouqueci.-paro por um momento e respiro- abri o gás e eu ia acender o fósforo, mas eu desisti. Podia estar com a fúria e a maior raiva do mundo, mas isso não justificava a morte do meu irmão e da garota eu eu amava. Estava indo embora, sozinho, quando ouvi a explosão.- já não consigo dizer nada sem gaguejar ou sem que lágrimas desesperadas entrem em minha boca e me façam engasgar. Louisa me abraça e é tão reconfortante. Acho que ela nunca viu alguém chorar tanto na vida.

_Você é um homem. Homens não choram.- ela diz tentando quebrar o gelo, usando meu próprio conselho contra mim.

_ Voltei para a casa o mais rápido que pude. Mas só consegui salvar um, meu irmão. Eu... Eu...

_Ei. Não precisa falar mais nada,- ela diz enquanto passa suas mãos em meus cabelos e me consola.

_Eu preciso.- me levanto e a ajudo a ficar em pé. A chego mais perto e olhando em seus olhos termino.

_Eu me culpei por 4 anos pela sua morte. Enquanto meu irmão ficou noivo, eu não conseguia seguir em frente. Só conseguia pensar que alguém que faz uma coisa dessas, não merece ser feliz. E como estou feliz com você. Você é tudo o que eu acreditava que não poderia conhecer. Você mudou o meu mundo e me fez perceber que existe mais da vida. Mas eu sempre voltava ao pensamento de que você merece melhor, alguém que pode ser sincero e cuidar de você por completo. Por isso me afastei. Não posso sair com você na rua, não podemos conversar no corredor. Que namoro é esse em que só podemos nos encontrar fora da cidade?-digo desesperado. Não gosto do rumo que a conversa segue, mas ela é necessária. Não podemos mais viver assim. Esquecer que os problemas existem e quando eles aparecerem, não ligar. Uma hora isso ia acontecer.

_Você não está terminando comigo! Definitivamente não está.- ela diz centrada.-Não vou deixar que desista por causa disso- tento abrir a boca para protestar, mas ela não me deixa.- Sabe porque acredito que você merece ser feliz? Porque você desistiu de fazer o que ia fazer naquele dia. Você salvou seu irmão. Você se culpou por quatro anos por causa de uma coisa que não fez. Se privou de todo tipo de felicidade que poderia ter. Você merece um descanso. Merece algo que o faça feliz. Algo que faça com que volte a viver como vivia antes de tudo acontecer. Eu prometo que vou encontrar a pessoa que realmente matou Katerina, mas para isso, você tem que se levantar, secar as lágrimas, voltar com sua postura de durão e ir para a aula porque senão Chesterman vai ter tudo o que precisa para te ter longe da vida dele.

Quando achei que tudo havia acabado, que as coisas não poderiam piorar. Ela chega. Como ela tem um timing perfeito. Justo quando mais preciso ela está aqui, para me ajudar em meu caminho e não me deixar pegar a estrada errada.

Sorrio e me levanto. É normal sentir esse alívio em meu peito? Normal ou não, agora, mais do nunca, sei que preciso de Louisa Johnson na minha vida. Segunda feira darei o que Diretor Chesterman sempre sonhou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Quinta posto o proximo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The New Start" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.