Ainda gritando de fúria, Gina perdeu o controle de si mesma e começou a quebrar tudo que lhe aparecia pela frente dentro daquele quarto. Sua fúria era tanta que ela poderia até se machucar com alguma coisa ali no quarto. Apenas não se machucou, porque de repente, quando levantou os braços para arremessar mais uma de suas coisas, braços fortes agarraram-na e mãos delicadas retiraram o objeto de suas mãos.

Não aguentou mais, deixou que as lágrimas de fúria que estavam embaçando sua vista caíssem uma atrás da outra. Seu corpo ficou mole, fazendo com que a pessoa que a segurava a prendesse mais forte contra o seu corpo. Gina sentiu-se sendo colocada em sua própria cama e quando a pessoa que a segurou ia se afastando Gina se prendeu a ela fortemente. Não querendo sair de jeito nenhum daqueles braços, que para ela pareciam perfeitamente protetores e carinhosos.

— Está tudo bem Gina, se acalme por favor, isso não fara bem ao seu bebê. – Draco tentou acalmá-la.

Ao ouvi a voz de Draco, Gina se agarrara mais fortemente ao amigo e chorou, chorou muito mais do que já havia chorado em sua vida. Ela sentiu Draco virar o rosto para olhar para mais alguém no quarto e, ela sabia que era para Luna, Hermione e até mesmo Astoria.

Passou-se alguns minutos, que pareceram horas, até que Gina finalmente se acalmasse um pouco.

— Gina o que aconteceu? Por que irá se casar com Dino? – Hermione quebrou o silêncio.

— Eu tenho que fazer isso, Hermione. – Gina respondeu, finalmente abrindo os olhos.

— Sim, mas, por que? – Astoria perguntou o que todos queriam saber.

— Pensei que amasse o plebeu. – Draco mostrou a confusão de todos.

— Não o chame assim, e sim, eu ainda o amo, sempre vou amar. – Gina o respondeu e a vontade de voltar a chorar cresceu.

— Gina, será que dar para falar coisa com coisa? Não estamos entendo nada, por que irá casar-se com Dino? E Harry? Como fica? O que aconteceu? – Luna a questionou não aguentando mais ficar sem saber o que aconteceu.

— Dino nos pegou quando estávamos nos beijando, hoje mais cedo. – Gina finalmente começou a explicar.

— O que!? – Todos falaram em uma exclamação conjunta.

— Isso mesmo que ouviram. Depois, eu e Dino começamos a discutir, eu bati nele, ele me ofendeu e agarrou meu braço com a intenção de me bater, mas Harry não deixou, ele deu um soco em Dino e eles começaram a se bater, eu estava querendo fazer eles pararem, mas pensei que eles poderiam acertar a minha barriga, eu não podia deixar nada acontecer com o meu bebê.... Bem, no final eu me arrisquei e conseguir separa-los. Harry ganhou a luta, – Falou essa parte com um sorriso tristonho quase imperceptível. - Dino saiu de lá furioso, quando percebi para onde ele estava indo eu o segui, nós conversamos e ele disse que não contaria nada se me casasse com ele, eu perguntei o que aconteceria se eu dissesse não e ele disse que contaria a meu pai e Harry morreria. Eu tive que aceitar.

Eles não falaram nada enquanto Gina relatava o acontecido e demoraram alguns minutos para reagir, apenas a observando incrédulos e surpresos com o que havia acontecido.

— Harry sabe disso? Sabe que irá se casar? – Draco foi o primeiro a se recuperar da surpresa inicial.

— Sim, e não gostou nada. Estava tentando a todo custo me fazer mudar de ideia, mas eu não irei. – Afirmou. - Tenho que protegê-lo.

Os outros apenas se entreolharam.

— Gina, e o que será de seu bebê? – Dessa vez Hermione a questionou.

— Eu vou tê-lo em algum lugar escondido, em uma viajem talvez e o entregarei a Harry.

— Você irá entregar seu filho para Harry criar sozinho? – Hermione a questionou mais uma vez, dessa vez seu tom de voz estava um pouco mais raivoso.  

— Eu irei ajudá-lo com todas as despesas da criança, e ele tem sua mãe e irmã, não estará completamente sozinho. – Gina tentou se defender, notando o tom de Hermione.

— Gina você ficou louca? Essa criança irá crescer sem você? É isso que quer? Irá deixar isso acontecer? Irá viver infeliz sem seu filho e amor, para viver com esse crápula? Ira mesmo fazer isso? – Hermione a bombardeou com perguntas. Falava com um tom incrédulo, não acreditando que sua amiga e cunhada estava realmente desistindo.

— Irei viver infeliz para que o meu amor possa viver, Hermione. A minha felicidade não importa. – Tentou fazê-la entender.

— A sua felicidade talvez não importe, mas e quanto a dele? Já parou para pensar que ele também viverá infeliz sabendo que a mulher que ama está casada com outro homem apenas para salvá-lo? Que deixou de criar a criança deles, para que ele pudesse viver? - Hermione aumentava o tom de voz a cada pergunta e se aproximava da cama de um modo agressivo, parando a alguns passos. - Você não parou para pensar, um só momento, que ele pode estar se sentindo culpado, por ser um mísero plebeu e não um príncipe cheio de riquezas? – Falou baixando o tom de voz, mas mantendo-o ameaçador da mesma forma. - E que assim vocês poderiam se casar sem culpa? Não pensou em nada disso, Ginevra?

Gina não respondeu de imediato, estava olhando perplexa para Hermione que a encarava duramente esperando uma resposta.

Os olhos de Gina de repente se tornaram mais tristes do que já estavam e com lágrimas nos olhos ela negou com a cabeça, confirmando que não havia pensado nos sentimentos de Harry, de como ele se sentiria e que não era apenas ela que tinha sentimentos.

— Foi o que pensei. – Hermione respondeu zangada e saiu dali sem olhar para trás.

Luna olhou para Gina e para a porta, indecisa, se iria ou não, atrás de Hermione, Gina percebeu e com o olhar deixou que Luna a seguisse.

Astoria permaneceu no quarto e sentou na beirada da cama, no mesmo momento em que Gina abraçava a Draco fortemente e escondia seu rosto no peito dele, caindo em um pranto tão grande quanto o de antes.

Draco apenas retribuiu o abraço.

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Na feira algumas horas antes....

Harry havia voltado para a barraca de sua família completamente diferente do jeito de quando a deixou.

Sua mão e alguns pontos de seu rosto ainda latejavam, mas o lado bom, era que os machucados já haviam parado de sangrar.

Quando chegou perto de seu pai, a primeira pergunta que ele lhe fez foi o que tinha acontecido. Harry não o respondeu, apenas o ajudou a desmontar a barraca sem abrir a boca uma única vez.

Depois de seu pai lhe perguntar várias vezes o que tinha acontecido e não obter resposta, ele desistiu e disse o que Harry já sabia, sua mãe insistiria até que ele lhe contasse o que aconteceu, e que se caso Harry tentasse esconder os machucados, James avisou que contaria a esposa que ele havia voltado machucado sabe-se lá de onde.

Harry apenas permaneceu calado o tempo inteiro, absorto em seus próprios pensamentos.

Por incrível que pareça, ou não, ainda não estava acreditando no que aconteceu. Talvez porque foi muita informação em muito pouco tempo. Ficou feliz e depois triste muito rápido, seu mundo desmoronou muito rápido. Tudo isso porque se apaixonou por uma princesa.

Ele como plebeu, não podia de maneira alguma se casar com ela. E ao seu ver, isso era o mais injusto na vida deles. Eles se amavam, não era para uma posição social os separarem, mas infelizmente, era essa a triste realidade em que vivia.

Quando finalmente chegaram em casa, Keli, como sempre, os estava esperando do lado de fora. Ansiosa para rever o pai e o irmão, porém a garotinha parou o ato de ir abraçar o irmão quando viu o rosto do mesmo; a menina olhou assustada para o pai e para Harry, que se aproximou da irmã e a abraçou, a menina ainda assustada o abraçou fortemente.

— Não se preocupe pequena, não é nada demais. – Harry tentou tranquiliza-la.

— Tem certeza? Você está machucado. – Perguntou insegura.

— Tenho, eu estou bem.

— Mamãe não irá gostar nada disso. – Ela o avisou.

— Eu sei. – Respondeu depositando um beijo na cabeça da irmã.

Eles tiraram tudo da carroça e foram para dentro. Assim que entrou, Harry não olhou para nenhum outro lugar e foi direto para seu quarto. Ficou lá por alguns minutos tentando, de alguma forma, cuidar de seus machucados, mas esse tempo sozinho não durou muito, sua mãe entrou em seu quarto feito um furacão e olhou perplexa para Harry. Sabia que seu pai contaria, só não sabia que seria tão rápido.

— Harry James Potter, o que aconteceu com você?— Lilian perguntou em um tom alto de bronca.

Harry a encarou de pé ao lado de sua cama. Não conseguiu mais se controlar, precisava colocar para fora todos esses sentimentos que estavam o consumindo.

Seus olhos de repente começaram a lagrimejar, o olhar de Lilian mudou de brava para confuso e afetuoso, quando viu os olhos do filho.

Harry caiu de joelhos, não estava conseguindo nem se manter em pé à essa altura. Lilian se aproximou preocupada, perguntando qual era o problema.

— Gina... irá... se c-casar com outro, mamãe. – Harry falou entre soluços abraçando a pernas de sua mãe, chorando como uma criança que perdera o brinquedo favorito.