Pov Steve Rogers:

Meu alarme soou às seis da manhã. Olhei Nat que dormia serenamente entre os meus braços, acomodei-a devagar na cama, tomando cuidado para não acordá-la. Segui direto para o banheiro tomando banho gelado para espantar o resto de sono que poderia existir no meu corpo.

Estava de frente para o espelho e era possível ver os arranhões da noite passada sumindo graças ao super-soro. Estava terminando de vestir meu uniforme quando senti mãos manhosas abraçarem-me pela cintura.

Os fios ruivos desajeitados, os pés dela estavam descalços, os olhos bem atentos transmitiam-me carinho e os lábios deslizaram suavemente para susurrar:

—Bom dia любовь.

Era uma das poucas vezes em que a vi sussurrar em russo, no geral pareciam pelavrões, mas hoje o tom ameno me fez crer de que se tratava de algo diferente.

Passei a minha mão na lateral do rosto dela tirando uma mecha de seu cabelo que teimava em tampar seus belos olhos verdes.

—Bom dia para você também.

O sorriso que adornava seu rosto morreu aos poucos e eu não entendi o motivo, ela soltou-me e cruzou os braços abaixo dos seios, ficando especialmente fofa e emburrada.

Tive que perguntar:

—O que foi?

Ela sentou na beirada da cama e pareceu pensativa. Enquanto ela permaneceu em silencio eu terminei de vestir o meu uniforme e colocar a minha máscara, peguei o meu escudo e conferi as horas.

Antes dos meus olhos alcançarem o relógio Nat disse aborrecida:

—Você está dentro do horário Capitão Rogers, o relógio está marcando 6:25.

Coloquei o escudo próximo a porta e voltei para cama.

—O que está te incomodando Natasha?

Ela desfez a carranca abraçando-me e colocando o corpo contra o meu, com a nossa diferença de altura consegui apoiar meu queixo sobre sua cabeça.

Nat falou de maneira veloz:

—Nãosoumaisseuamor?

Dei uma gargalhada:

—Eu não entendi nada senhorita, poderia repetir?

Ela afastou a cabeça do meu peito e espalmou as duas mãos no meu abdômen, ela fitava-me de modo desafiador e a única coisa que não combinava com aquela cena era a sua face corada.

Ela respirou impaciente e disse:

—Por que ontem à noite eu era seu amor e agora de manhã sou só a Natasha?

Arregalei os olhos e depois senti as minhas bochechas corarem, mais uma vez errei e fui flagrado, Nat não estava dormindo. Dei meu melhor sorriso e consegui desfazer aquela carranca dela.

—Era só isso que estava te incomodando?

Ela cruzou os braços assentindo.

Aproximei nossos rostos e disse rente ao seu pescoço:

—Bom dia meu amor.

Ela corou ainda mais enquanto eu mordiscava de leve a pele alva de seu pescoço.

—Agora preciso ir Nat, se não for vou perder uma aposta muda que fiz com o Buck.

Ela sorriu torto e respondeu:

—Espero que você volte inteiro e de preferência acordado.

Antes de sair beijei-a novamente perguntando curioso:

—Você poderia traduzir o que disse agora a pouco?

Ela negou com a cabeça e respondeu divertida:

—Descubra sozinho.

Ela fechou a porta do meu quarto e eu fui tomar meu café da manhã no refeitório pensando nas palavras da Nat.

Pov Natasha Romanoff:

Eu não iria respondê-lo ainda não estava pronta para a tradução.
Voltei para cama aconchegante de casal do quarto de Steve. O cheiro dele estava pregado em todos os lugares daquele quarto. Fechei os olhos e abracei o travesseiro sentindo o sono abater-se sobre mim. Não demorou muito para ver-me cochilando e tendo sonhos impróprios com meu loiro e suas mãos passeando pelo meu corpo.

Estava na melhor parte do sonho quando leves batidas na porta do quarto despertaram-me. Levantei da cama tentando ajeitar o cabelo e andei até a porta. Abri a mesma deparando-me com Maria Hill devidamente uniformizada e estendendo um telefone na minha direção.

Ouvi ela dizer descontraída enquanto olhava para tela do aparelho:

—Dormiu bem?

Bocejei e assenti de leve notando seus olhos cravados no meu pescoço que deveria estar marcado.

Ela continuou falando, mas agora seu tom era sério:

—Tony Stark sumiu no meio de sua lua de mel e como boas madrinhas de casamento que somos Pepper pediu nossa ajuda.

Peguei a minha calça no chão do quarto de Steve e a vesti enquanto ouvia Maria. Tony Stark sumiu em plena Lua de mel e sua esposa estava atrás dele.

Arrisquei:

—Ele simplesmente desapareceu ou teve algum imprevisto?

Hill observava-me com certo receio.

—Stark sempre teve medo de compromissos fixos e grandes responsabilidades, tenho para mim que ele só se deu conta do peso do casamento depois.

Fechei a expressão terminando de pegar as minhas coisas espalhadas pelo chão do quarto e do banheiro. Se Hill estivesse certa Tony era mais babaca do que eu imaginava.

Abri a porta do quarto de Steve e enquanto Maria passava pela mesma pedi:

—Deixe-me adivinhar. Nós o esquadrão de madrinhas maravilhas iremos procurar o marido fujão?

Ela assentiu de leve deixando-me raciocinar com os meus botões. Tony Stark não fugiu antes de seu casamento e não fugiria depois de aceitar Pepper como esposa. O que poderia ter acontecido para ele sumir sem deixar pistas. Sequestro? Alguma missão secreta? Algo estava colocando sua vida em risco?Seria mais um Ultron?

Fui para meu quarto e Hill foi se trocar do outro lado do corredor enquanto eu fazia a minha higiene matinal. Vesti uma saia social preta que descia até um pouco acima dos joelhos, coloquei uma blusa social de mangas cumpridas verde água para tampar o estrago que Steve havia feito na noite passada, deixando alguns roxos pelo meu corpo, deixei os dois primeiros botões da blusa abertos e calcei um salto quinze meia pata preto. Deixei os meus fios ruivos soltos e passei um batom rosa suave enquanto delineava os meus olhos com uma linha preta.

Saí do banheiro e Hill já me esperava na porta do quarto usando um vestido laranja e rodado de alcinhas, ele descia até um pouco abaixo de suas coxas, calçando uma sandália aberta nude. Estávamos preparadas para encontrar Tony em qualquer lugar dessa cidade.

Descemos para garagem e antes de entrar no meu porsche preto falei:

—Vou procurar pistas na Torre Stark.

Ela assentiu completando:

—Enquanto isso eu, Jane e Wanda vamos acalmar a Pepper da melhor maneira que conseguimos.

Entrei no meu bebê de quatro rodas e segui em alta velocidade para Torre Stark. Não demorei nem meia hora para entrar no saguão da Torre, as escadas levemente iluminadas e nenhum sinal de briga visível, continuei perambulando até encontrar Tony dormindo no sofá da sala e muitas garrafas de bebidas jogadas aos seus pés.

O cheiro de álcool emanava do seu corpo, a roupa estava amarrotada e o sofá estava cheirando a mofo. Andei com cuidado para não derrubar nenhuma garrafa.

Arrisquei:

—Sexta-feira você está aí?

Ela respondeu automaticamente:

—Senhorita Romanoff é muito bom vê-la.
Sorri sozinha, uma inteligência artificial era a única amiga confiável de Tony seria deplorável se assim como ele eu não me isolasse de contato humano.

Disse séria:

—Sexta-feira pode ligar as luzes da sala e as do banheiro?

Ela não respondeu apenas ascendeu as luzes.

Aproximei a minha mão do rosto de Tony acordando-o sem muito esforço.

Ele perguntou carrancudo:

—O que faz aqui Natasha?

Respondi estendendo a minha mão como apoio para que ele levantasse. Assim ele fez andamos cambaleantes até o banheiro onde Tony ligou o chuveiro gelado e eu fui para cozinha preparar um café preto extra-forte para nós dois.

Joguei as garrafas vazias dentro de um saco de lixo preto e coloquei as nossas xícaras de café sobre a bancada esperando-o. Tony apareceu quinze minutos depois, vestindo uma calça de moletom preta com uma blusa cinza do Black Sabbath, descalço e com o cabelo úmido. Sentei na bancada convidando-o a fazer o mesmo com dois tapinhas no banco do meu lado. Ele pareceu relutante mas obedeceu meu gesto e pegou sua xícara de café.

Disse entediada:

—Bom dia Tony.

Ele assentiu tomando seu café.

—Nossa ruivinha isso está muito bom!

Sorrindo torto agradeci:

—Obrigada, pena que é a única coisa que eu sei fazer na cozinha.
Ele deu uma gargalhada e continuou a tomar seu café, permanecemos assim em silencio cada um perdido dentro dos seus próprios pensamentos. Olhando bem para o rosto cansado de Tony tive a certeza de que os demônios internos dele eram muito mais complexos que os meus nesta manhã.

Pov Steve Rogers:

Buck e eu estávamos dentro do jato prontos para nossa missão e Sam chegou atrasado.

Buck não perdeu tempo em tirar sarro do companheiro :

— A Hill está te dando insônia Sam?

Ele não respondeu sentou-se do nosso lado dentro do jato e olhou-me curioso.

—Acho que não sou o único que sofre de insônia por aqui.Não é Cap?

Buck virou-se para mim e espantou-se como Sam.

Acabei perguntando:

—O que foi?

Eles riram da minha confusão e Buck respondeu:

—Aquela russa te deixou alguns arranhões de presente.

Passei as minhas mãos pela nuca e encontrei-os. Como não percebi isso?

Corei como um tomate maduro e os meus amigos continuaram a fazer piadas inconvenientes durante o resto do percurso.

A missão foi simples, nada que demandasse lutar. Evacuamos um hangar inteiro, muitas crianças e mulheres estavam sendo feitas de reféns por alguns terroristas sem propósito, Nick disse que ia investigar a fundo, mas nada que fosse realmente preocupante. Voltamos para Torre.

Descemos do jato e quem nos recepcionou foi Visão. Estranhei logo de inicio, mas a situação logo foi esclarecida.

Visão pronunciou:

—Estamos procurando algum sinal da armadura do Tony, ele sumiu na noite passada no Caribe.

Buck e Sam retiraram-se e Visão continuou:

—Preciso da sua ajuda, você poderia ver se ele está na Torre Stark?

Assenti e antes que me retirasse Visão completou:

—Acho que esse sumiço dele não é nada grave, apenas mais um ataque de infantilidade.

Não concordei nem discordei dele. Fui para o meu quarto tomando um banho rápido e gelado, trocando de roupa logo em seguida descendo para garagem da Torre.

Pov Natasha Romanoff:

Tony terminou seu café e levou as nossas xícaras para pia. Voltando a sentar-se no sofá eu o acompanhei.

—Por que fugiu?

Ele fitou-me sádico.

—Você fugiria se soubesse que ia ser mãe?

A pergunta dele desarmou-me de surpresa, arregalei os olhos e raciocinei.

Mãe?!?Eu se quer tinha essa opção.

Ele sorriu soturno.

—Isso mesmo, você fugiria Nat assim como eu você não se sente confortável nessa posição.

Concordei com ele.

—Eu não posso ter filhos Stark.

—Mas isso não a impede de se colocar no meu lugar. Estava curtindo a minha bela lua de mel, depois do meu casamento e Pepper me diz que está grávida.

O interrompi:

—Então você veste a sua armadura e foge como um grande covarde?
Tony abaixou a sua cabeça colocando-a no meu colo. Parecia uma criança assustada e acuada, não o Stark que eu estou acostumada a ver. Passei a minha mão pelos fios escuros tentando confortá-lo.

Ele balbuciou:

—Não vou ser um bom pai, não sei sequer trocar uma fralda.

Dei uma gargalhada lembrando-me da primeira vez que troquei a fralda de Cop, ele além de fazer xixi em mim acabou rolando na cama.

Disse em tom afável:

—Tony não nascemos sabendo tudo e o pouco que aprendemos nessa vida não é o suficiente. Um bebê depende de nós para se alimentar, dormir, trocar de roupa e até para ir no banheiro. Sei que assusta bastante essa concepção de um ser que te terá como exemplo, mas ele é uma extensão de você.

Ele encarou-me, ônix fitando os esmeraldinos.

Continuei:

—A Pepper te ama muito e deve estar magoada, não espero que você levante desse sofá e se torne um super-pai. Só quero que se coloque um pouco no lugar dela.

Tony disse:

—Não sei como agir.

Balancei a cabeça descrente:

—Para ela esse bebê representa o amor de vocês, ele é uma mistura perfeita entre você e ela é a prova concreta do tanto que ela te ama e rejeitá-lo ou fugir dele é a maior prova de que você é um babaca.

Ele levantou do meu colo e nós ouvimos um barulho atrás do sofá, nos viramos na direção do mesmo e parado ali de braços cruzados e um sorriso gentil no rosto estava o meu namorado.

Pov Steve Rogers:

Subi as escadas da Torre e fui interpelado pela Sexta-feira.

—Capitão Rogers é bom vê-lo por aqui.

Dei um sorriso consternado. Se alguém sabia onde Tony havia se escondido esse alguém era a Sexta-feira!

Perguntei:

—Tony está em casa?

Sexta-feira prontamente deu-me as coordenadas:

—Ele está na sala com a senhorita Natasha.

Assenti sabendo que a Sexta-feira era capaz de observar os meus gestos e andei cautelosamente até a sala.

Estagnei diante a cena, minha ruiva afagava o cabelo do Stark num cafuné quase reconfortante, ele estava deitado com a cabeça no colo dela e sustentava um olhar perdido e ela o encarava gentil.

Apurei os meus ouvidos tentando controlar o ciúme que me cegava.

Tony balbuciou:

—Não vou ser um bom pai, não sei sequer trocar uma fralda.
Arregalei os olhos entendendo tudo. Tony fugiu porque Pepper disse que esperava um filho dele.

Nat disse em tom afável:

—Tony não nascemos sabendo tudo e o pouco que aprendemos nessa vida não é o suficiente. Um bebê depende de nós para se alimentar, dormir, trocar de roupa e até para ir no banheiro. Sei que assusta bastante essa concepção de um ser que te terá como exemplo, mas ele é uma extensão de você.

Ela parou momentaneamente encarando mais profundamente Stark. Como Nat podia ser tão compreensiva?

Ela continuou sem saber que eu a observava admirado:

—A Pepper te ama muito e deve estar magoada, não espero que você levante desse sofá e se torne um super-pai. Só quero que se coloque um pouco no lugar dela.

Tony a interrompeu:

—Não sei como agir.

Ela assim como eu balançou a cabeça descrente.

—Para ela esse bebê representa o amor de vocês, ele é uma mistura perfeita entre você e ela é a prova concreta do tanto que ela te ama e rejeitá-lo ou fugir dele é a maior prova de que você é um babaca.

Tinha que ser a Nat, toda romântica sonhadora e do nada estraga tudo com um insulto.

Ele levantou do colo dela e eu soltei um pigarro para chamar a atenção deles que viraram na minha direção. Os olhos de Nat fitaram-me brilhantes e eu permaneci ali parado de braços cruzados e sustentando um sorriso gentil para minha garota.