Máfia Malfoy escrita por Gnoma de Marte, Jazzie


Capítulo 20
♦ Nascer do Sol


Notas iniciais do capítulo

Oi

Eu nem sei se tem alguém aí ainda, mas queria dizer que voltei com mais um capítulo. Obrigada pelas meninas que mesmo com o passar dos meses, ainda me encorajam com mensagens e comentários em capítulos antigos.
Voltei com o momento Scorose e espero que gostem.
Não revisei os erros ainda, mas é porque estou com pressa e acabei de escrever. Faço isso com o tempo.

Desculpa mesmo. Por tudo. Ainda amo vocês.



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— A gente já chegou?

— Parece que a gente chegou?

— A gente vai chegar lá antes do dia amanhecer?

— Você tem algum compromisso importante pela manhã?

— Além de frequentar as aulas?

— Eu disse importante.

— Defina importante.

— Mais uma palavra e eu vou te largar pelo caminho, Rose.

— Você vai me tratar com rispidez sempre que eu te fizer uma pergunta?

— Se ela for igual às cinquenta anteriores eu vou sim.

Revirei os olhos. Como um garoto daquela idade conseguia ser ignorante como um velho de setenta anos cheio de ódio?

— Meus pés estão doendo, Scorpius.

— Nós acabamos de sair do castelo!

— Você perde a paciência muito fácil.

— Você está me despertando esse dom.

— Feitiços que é bom eu não desperto, né?

— Meu Deus, Weasley! — Scorpius parou bruscamente e jogou a luz da varinha na minha cara. Eu havia me esquecido de como estávamos próximos e fiquei um pouquinho constrangida. — É uma missão secreta e você não para de falar!

— Eu só estou nervosa! — me defendi — A gente deveria estar dormindo.

— Deveria, mas não estamos! — Scorpius era muito rápido para me responder — Se quiser voltar agora, vai perder o melhor da noite.

— O que seria melhor do que dormir?

— A minha presença, é claro.

Ah, céus!

Ele riu maldoso e continuou a andar pelo breu. Eu não saberia voltar para o meu dormitório caso fosse deixada ali. Scorpius estava com sorte.

Nós andávamos, andávamos e agora estávamos subindo uma escada de madeira que rangia e tremia. Acho que em algum momento do caminho entramos em uma mansão abandonada, mas eu realmente não tinha notado. Eu só conseguia pensar em como meus pés estavam doendo. Aquele passeio deveria valer muito a pena, porque até então, estava tudo uma grande porcaria.

Então, sem aviso, Scorpius parou bruscamente, me fazendo atropelá-lo como um carro sem freio. Ele arrancou a capa que nos cobria e abriu o que pareceu a entrada para um sótão iluminado.

— Você pode me avisar quando for parar do nada?

— Chegamos. — ele disse antes que eu recomeçasse a reclamar.

Scorpius deu sinal para que eu subisse, mas era óbvio que eu não iria subir para um lugar que eu não sabia onde era.

— Vai você primeiro.

— Você quer que eu vou na frente pra você olhar minha bunda?

— Malfoy! — ruborizei constrangida.

Scorpius me agarrou pela cintura e me içou pela entrada do sótão. A luz da lua quase me deixou cega depois de tanto tempo no escuro, mas mesmo assim, agarrei qualquer coisa que pudesse evitar um tombo perfeito.

Olhei em volta e percebi que estava no terraço de uma casa sem cobertura. Mas não era uma casa qualquer. Era a Casa da Maldição, em Hogsmeade. Cada pedacinho do meu corpo se arrepiou e eu pensei seriamente que Malfoy estava bêbado.

Veja bem, em Hogsmeade existia a famosa Casa dos Gritos e todo mundo sabia do que se tratava a sua história. Já não era um lugar temido mais e acabou virando atração: A Casa Mais Assombrada da Grã-Bretanha, que de assustadora, só tinha a sujeira acumulada.

A Casa da Maldição era um história completamente diferente. Ficava numa colina ainda mais alta que a Casa dos Gritos e sua lenda era... bizarra. Dizia-se que logo após a Segunda Grande Guerra, um bruxo que ninguém sabe o nome, roubou o corpo de algumas vítimas e drenou o sangue dos cadáveres, atentando alcançar o ápice do poder bruxo. Suas ideias foram descobertas por um auror e o homem se matou quando foi confrontado. Há quem diga que o local tem uma áurea doentia e eu nunca tive interesse em me arriscar em um lugar como esse. Ela era interditada pelo Ministério e ninguém tinha autorização para entrar. Minha mãe sempre me dizia apenas para não ligar para boatos e deixar isso pra lá. Mas meu pai gostava de dizer que o seguro morreu de velho, então, A Casa da Maldição era um lugar proibido.

Até agora.

Enquanto ainda tentava entender o que eu fazia num lugar cheio de histórias ruins, Scorpius subiu para onde eu estava e sorriu ao me ver confusa.

— Não conhecia essa, não é mesmo? — ele disse orgulhoso.

— Gostaria de continuar assim. — confessei, tentando me aquecer. Ali ventava forte e um cheiro de chuva anunciava a tempestade para mais tarde — Quem é o fantasma que assombra esse lugar? — alfinetei, fazendo Scorpius revirar os olhos pela milionésima vez.

— Da próxima vez me lembre de acordar o zelador para vim comigo, porque com você eu não arrisco mais. Você nem viu a melhor parte ainda.

Scorpius me arrastou para mais perto da beirada. E eu tinha que confessar: a vista para Hogsmeade era incrível. Muitas chaminés saindo fumaça, a quietude da madrugada... A saudade de casa me acertou em cheio. Queria que por um momento, o tempo congelasse. Ali não parecia que eu tinha mil e um motivos para surtar.

— A Casa da Maldição não é uma casa amaldiçoada, Rose. Você devia saber, é claro. Mas como tudo que é velho, a casa também tem uma história. — Scorpius sussurrou, como quem conta um segredo — Quando Voldemort invadiu Hogwarts, sabe o que perceberam? Que nenhum lugar no mundo é seguro.

“Existia uma legião de Comensais dentro da escola e muitos alunos que não tinham saída. Tiveram que se virar para tirar toda aquela gente de lá. Muitas pessoas nem mesmo tiveram a chance de fugir.”

“Quando a guerra acabou e a reforma começou, o Conselho decidiu que precisariam de um plano se quisessem preservar vidas em caso de caos total. Foram feitas mais três passagens secretas que levam para fora do castelo. Todos os professores sabem onde estão e algumas só se abrem quando ditas as palavras ‘estamos em guerra’.”

“Essa passagem, a que nós usamos, nos faz cair direto na Casa da Maldição, que de amaldiçoada não tem nada. É só uma mansão com enormes quartos equipados e preparados para receberem jovens fugitivos. O Ministério inventou toda a lenda para que ninguém descobrisse esse plano de fuga, mas o mapa que Albus comprou do irmão sempre nos mostrou esse caminho.”

“Quando confrontado, seu tio Harry Potter contou a história a Albus, que compartilhou comigo e eu compartilhei com o resto de nós. Desde então, eu e os outros viemos até aqui quando as paredes do castelo tentam nos sufocar. Eles tem uma mansão toda para eles, mas essa cobertura pertence à Máfia Malfoy.”

“Esse lugar agora também te pertence, Rose. Seja muito bem-vinda.”

Não tinha muito que se falar. Era uma história fantástica e seu segredo a tornava ainda mais sedutora. Imaginei mesmo que não houvesse maldição nenhuma. Só não esperava que fosse algo assim.

— Em uma de nossas férias, conseguimos trazer um sofá para cá. Dá pra acreditar? Um sofá! Vem ver. — Scorpius contou animado — Seu tio Potter sabe de tudo e foi ele quem nos autorizou. Temos um sofá, um baú e uma proteção contra chuvas. Em nossos aniversários, em datas especiais ou simplesmente quando queremos dar uma pausa... Esse lugar é a resposta.

Era tão inacreditável que eu só sabia sorrir. Eu queria muito ser uma verdadeira amiga deles; a amizade e o companheirismo que compartilhavam eram de dar inveja. Por um momento, me imaginei voltando com Oscar e os abandonando. Eles não ficariam perto de mim depois de tudo aquilo... Eu os perderia.

— Nessa noite, nós podemos beber cerveja amanteigada enquanto assistimos Hogsmeade dormir. — Scorpius abriu um baú grande e escuro e tirou lá de dentro um cobertor rosa e duas garrafas de vidro.

Pensativa, me acomodei como um bolinho no sofá e me cobri, tentando me aquecer. Meu estômago parecia pesar dentro de mim. Scorpius estava me confidenciando segredos que só os integrantes da Máfia conheciam e pra quê? Pra eu os deixar quando conseguisse meu namorado de volta. Isso parecia injusto e egoísta. Esse pensamento fazia algo dentro de mim gritar o quanto eu era interesseira.

— E aí? Não vai falar nada? — Scorpius perguntou se sentando ao meu lado e usando da mesma coberta que eu. Estávamos próximos; muito próximos, mas se ele não ligava, quem era eu pra ligar?

— Eu não devia estar aqui. — falei baixinho, lamentando de verdade.

Scorpius me encarou pensativo e eu dei de ombros, percebendo que se quisesse, poderia desabar em lágrimas a qualquer minuto. Meu emocional estava em frangalhos.

— Não fale besteiras, Rose. — Scorpius me empurrou de leve.

— Eu... — respirei fundo — Scorpius, nós não somos amigos de verdade. É tudo parte de um contrato, se esqueceu?

— Você está cortando o clima.

— Eu só estou tentando dizer que vocês não se aproximaram porque gostavam de mim. Nós nos unimos porque estamos negociando nossos talentos! — era difícil, mas eu precisava ser direta — Eu quero meu namorado de volta. E vocês não querem seus pais na escola. Vocês estão confundindo as coisas e isso vai magoar todo mundo no final.

Scorpius se afastou um pouco e mesmo ainda próximo, senti algo gelado tomando meu corpo. Acho que era a consciência de que eu não tinha ninguém. Eu estava sozinha; isso era um fato. Mas doía quando a realidade me atingia.

— Essa festa virou um enterro. — Scorpius parecia chateado.

— Não seja exagerado... — tomei um gole de cerveja amanteigada e suspirei.

Por um momento, ficamos os dois em silêncio. Apenas trocamos alguns olhares, mas nenhuma palavra. Fiquei curiosa para saber se aquele era seu plano inicial. Eu provavelmente estava estragando o passeio.

— Rose — ele me chamou depois de um longo momento de quietude — Qual a sua cor preferida?

O encarei. Scorpius provavelmente estava debochando de mim e eu quis chutá-lo por isso. Depois que eu não respondi, ele arregalou ainda mais os olhos azuis, como quem me encorajava a falar.

— Eu gosto de vermelho. — admiti — E você?

— Eu também gosto de vermelho. — Scorpius disse, dando um sorriso em seguida — E não é por causa do seu cabelo, ok?

— Eu já estava me sentindo importante! — satirizei e ele riu.

— Sabia que meu nome do meio é Hyperion? — Scorpius mencionou aleatório.

— Sério? — perguntei curiosa e ele confirmou com a cabeça — Eu adoro esse nome! Vou te chamar de Hyperion de vez em quando.

— Eu vou achar incrível!

— Não dê liberdade, Scorpius — o alertei — Eu posso ser bem maluca quando deixam!

— E qual sua matéria preferida? — ele fez outra pergunta, ainda rindo da minha fala anterior.

— Eu amo Feitiços. — respondi, lhe arrancando uma careta. Não pude evitar rir — Você complica demais, Scorpius.

— Eu gosto de Poções.

— Mas só se elas forem da cor que você gosta. — impliquei.

— Que graça tem uma poção que não fica bonita no vidro? — ele retrucou e eu gargalhei.

Tudo estava muito tranquilo com Scorpius. Ignorando todo seu charme e sensualidade, era fácil se sentir confortável do seu lado.

— Eu já tive três namoradas. — ele contou, mudando de assunto. — Talmont, a lufana; Nínive, a grifinória e Jane, a corvina.

— Te falta uma sonserina pra gabaritar.

— Devo providenciar isso logo. — ele disse e eu ri mais.

— Eu só namorei com Oscar. — falei baixinho, meio envergonhada — Só ele.

— Meu Deus, que azar. — Scorpius murmurou e o clima chato nem mesmo teve tempo de se instalar.

— Ele era um bom namorado. — o defendi, mesmo que ainda risse.

— Antes ou depois de comer sua amiga? — Ai! Golpe baixo — Você e ele já transaram? — Scorpius perguntou e eu engasguei com a bebida que tinha na boca.

— O quê? — senti minhas bochechas aquecerem.

— Sexo. Sabe o que é, né? — revirei os olhos com a sua ironia — Isso que eu quero saber. Você e ele...

— Não vou falar de sexo com você. — o interrompi, rindo de desespero.

— Você está tão bonitinha toda vermelha... — Scorpius implicou — Isso significa que sim.

— Isso significa que não é da sua conta. — tentei disfarçar.

— Foi tão ruim assim? — ele me olhou no fundo dos olhos e antes que eu pensasse direito, soltei logo a verdade.

— Oscar não dura cinco minutos.

Scorpius gritou em êxtase e explodiu em risadas escandalosas. Mais um pouquinho e Hosmeade inteira iria acordar. Escondi o rosto na coberta e ri também.

— Rose, eu sinto muito! — Scorpius disse depois de longos minutos. Seu rosto ainda brilhava de maldade, mas ele ainda tinha fôlego para me amolar. — Isso te faz ser boa com os dedos, certo?

— Você é muito imoral, Scorpius. — minha barriga doía de tanto rir.

— Será que Jared sabe disso? Ele ia amar espalhar esse boato.

— Só se ele tiver transado com Oscar também. — brinquei e fiz Scorpius cuspir a bebida que tinha na boca.

Juntos, demos uma poderosa crise de riso sem fim, que sempre recomeçava quando olhávamos um pro outro. As lágrimas que caíam já não eram mais de tristeza. Eu estava literalmente chorando de rir com Malfoy.

— Por Merlin! Se você estivesse com meus olhos agora, Rose, veria como está linda sorrindo sem preocupações.

De repente, minhas bochechas ficaram ainda mais quentes. Suspirei pesadamente e sorri tímida, controlando o riso. Scorpius continuou me olhando e sorrindo. Eram tantos sorrisos que eu sorria ainda mais. Isso fez meu coração errar algumas batidas, mas aceitei que talvez fosse só meu emocional fragilizado me traindo.

— Acha que podemos ser amigos agora? — ele perguntou.

— Você me trouxe aqui pra isso? — perguntei bebendo o restinho da minha cerveja amanteigada.

— Eu te trouxe aqui porque por um momento, achei que as paredes de Hogwarts fossem te sufocar. — ele admitiu. A gratidão quase me matou naquele momento. Abri a boca para agradecer, mas Scorpius me interrompeu antes que eu pudesse começar — Vem, Rose, vai começar!

Me puxando pela mão, ele me levou para a beirada da cobertura e apontou para longe. Atrás das colinas, um tom de laranja mais fechado já aparecia por trás das montanhas.

Pela primeira vez na vida, eu estava assistindo um nascer do sol.

Sensível do jeito que estava, me permiti chorar baixinho, pensando em como eu nunca tive vontade de ver aquele fenômeno. Ultrapassava a beleza de qualquer magia existente.

Olhei de soslaio para o lado e Scorpius também parecia hipnotizado pela vista. Analisando seu rosto, eu não soube dizer qual das visões era a mais linda.

Me pegando no flagra, ele sorriu malicioso quando me viu encarando-o. Olhei para a frente novamente. O sol estava um pouco apagado por conta do clima, mas mesmo assim, ainda estava nascendo.

— Meu pai um dia me disse que o que o prendia na terra em uma época muito difícil em que passou, era isso aqui. — ele apontou em direção ao sol — A ideia de que um dia ruim sempre acaba e um outro dia começa.

— Um outro dia que pode ser muito ruim. — sussurrei, temendo que minha voz fizesse o sol ir embora.

— Ou um outro dia que pode ser incrivelmente melhor.

Naquele momento, eu quis muito um abraço. Pensei em me aconchegar em Scorpius, mas aquilo me pareceu invasivo. Ele só estava sendo legal comigo. Eu não poderia confundir as coisas. Acabei consolando a mim mesma.

Não demorou muito e decidimos que precisávamos voltar. Voltamos em silêncio para nossos dormitórios, mas era um silêncio agradável. Somente na porta do meu quarto que nosso silêncio ficou incômodo. O que eu deveria falar para alguém que tinha sido tão incrível?

— Está entregue. — ele disse ajeitando meu gorro na minha cabeça.

— Obrigada, Scorpius. — murmurei baixinho — Por... Tudo. E todas as outras coisas. Por essa noite e pelos segredos...

— Vai descansar, cenourinha. — Scorpius sorriu de lado — Scarlett deve aparecer daqui a pouco te convocando para os exercícios!

— Vá embora! Você acabou de partir meu coração. — ralhei fazendo bico. Nós dois rimos.

— Tchau, cobrinha.

Dentro do quarto, deitei esparramada na minha cama. Deixei que meus músculos relaxassem e minha cabeça ficasse tranquila sobre o travesseiro.

Sozinha, disparei a rir. Obrigada, Malfoy.


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Notas finais do capítulo

E ai? Me contem o que acharam



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