Máfia Malfoy escrita por Gnoma de Marte, Jazzie


Capítulo 19
♦ A Weasley que Muge


Notas iniciais do capítulo

Depois de SÉCULOS sumida, eu apareci. Sinto muito pela demora, meus amores, mas o bloqueio veio e veio com tudo. Eu tenho em mente toooda a história, mas é muito difícil passar pra tela.
Só que eu sempre volto por vocês. Eu não desisto porque além de amar meus personagens do fundo da alma, eu tenho um amor gigante por cada leitor.

O agradecimento mais especial é claro, vai para Giih906 e Jinx. As recomendações de vocês foram capazes de tirar qualquer bloqueio que eu tinha. Obrigada por cada palavra especial e por gastarem um tempinho para fazer uma escritora feliz ♥

Confesso que não é melhor capítulo que já escrevi, mas me esforcei muito. Tentei mostrar um pouco de como Rose se sente nessa briga toda, sendo tão perseguida. Se forem ver, é o maior capítulo até agora.
Não tem revisão ainda, então, relevem os erros que eu corrijo em breve.

Obrigada por não terem me abandonado.
Espero vocês nos comentários.
Beijos
Jazzie



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Anna disse um dia desse, que minha vida poderia ser comparada a uma novela trouxa mexicana com um enredo furado e um casal brega sem química. Seja isso um elogio ou uma crítica, eu estava quase concordando com ela mesmo sem saber ao certo o que era uma novela trouxa mexicana.

Tudo fica cada dia mais vergonhoso então, é bom recapitular o que está acontecendo e porque nesse exato momento, estou sendo carregada por Scorpius Malfoy para dentro do Salão Principal.

Ontem, nós ouvimos um boato muito maluco: uma tal de Máfia Finnigan está vindo aí.

Ontem, Salão Comunal Sonserino, 22:14

 Pelo menos era isso que Lindsay estava me falando. Mas eu andava muito estressada ultimamente e eu achei que talvez estivesse delirando.

— Quê? — Anna parecia quase tão confusa quanto eu.

Depois de perceber que o papo era sério, nós nos calamos. Nos encaramos. E explodimos em risadas.

Sim, daquele jeito em que Anna dá um berro, Lindsay chora, Scorpius precisa se apoiar em Drew, Alícia fica sem ar, Jared fica vermelho, Scarlett cai do sofá, Albus se descabela e a minha barriga dói. Ah! E todo mundo fica olhando.

Mas veja bem: se a gente não rir dessa desgraça, a gente pega pra chorar e não para mais! Então a gente riu. Riu com gosto.

Porque isso era definitivamente a coisa mais ridícula que eu já havia ouvido falar. A Máfia Finnigan estava de parabéns por ser a a coisa mais nojenta que existia. Oscar e Jhulie me faziam se sentir importante! Virei uma nova meta para ambos e isso me deixava esquisitamente satisfeita. Oscar não conseguia me tirar da cabeça e Jhulie se sentia ameaçada; nosso plano estava dando certo e Oscar logo logo cairia na real. Eu teria minha vida de volta. Não poderia estar mais alegre.

Depois de quase morrer de rir, a gente decidiu ir dormir. Eu não tinha mais forças pra fazer nada.

Hoje, Salão Comunal Sonserino, Cedo

Levantei mega disposta aquele dia. Chovia muito, Scarlett havia cancelado nosso treino e mesmo assim, eu não estava nem um pouco preguiçosa.

Assim que desci para me encontrar com os outros na Comunal, notei que era a única que estava parecendo satisfeita. Todos se entreolhavam tensos e evitavam contato visual comigo. Drew brincava com seu bastão de quadribol enquanto Anna espetava sua varinha numa Lindsay aérea e num Albus irritado. Scorpius murmurava alguma coisa desconexa para Jared e Alícia e Scarlett fingia observar a estampa do sofá em que estava.

— Tem alguma coisa no meu cabelo? — perguntei tentando quebrar o clima.

— Acho melhor se você tomar café no quarto hoje. — Albus afirmou, sem responder realmente minha pergunta.

— E perder a triunfante Máfia Finnigan, não muito obriga...

— Fizeram broches, Rose. Com sua carinha linda e corada. E você também tem chifres. De vaca. — Scorpius me cortou e todos olharam assustados para ele — O que foi? Uma hora ela ia descobrir.

— Ele é sutil como uma tijolada. — Anna murmurou.

— Broches? Comigo de chifres? — me apoiei em Jared para não cair.

— Se você focar na parte que eu disse "carinha linda e corada" fica menos pesado, você não acha? — Scorpius tentou amenizar.

— Alguém devia tirar Scorpius daqui. — Lindsay concluiu e Drew e Anna o arrastaram para fora do Salão Comunal, com ele resmungando que estava tentando ajudar.

Jared me fez sentar em uma poltrona e ele e Lindsay se ajoelharam de frente pra mim. Minha cabeça latejava e eu pensei seriamente se não estava sonhando. 

— Rose, se for parar pra pensar, poderia ser pior. — Lindsay disse solidária, segurando minhas mãos — É só um broche ridículo e sem noção.

— E você realmente está com uma carinha linda e corada. — Jared me apoiou.

— Ok, saiam todos os garotos, vocês não estão ajudando. — Scarlett fez Jared se levantar com um puxão e o empurrou para cima de Albus — Todos vocês, nos esperem lá fora.

— Mas eu nem disse nada! — Albus insistiu. Scarlett o encarou. Ele saiu sem mais reclamações.

Eu queria muito que Jhulie me deixasse em paz. Isso com certeza era coisa dela; Oscar não teria coragem para me magoar tanto. Já ela, era traiçoeira, suja e cheia de golpes baixos. Me lembro das coisas que já a vi fazendo e como nunca tentei a impedir, talvez merecesse parte dessa desgraça.

— Se você quiser, eu canto uma música motivadora. — Alícia brincou e eu consegui dar um sorrisinho. — Viu? Bem melhor agora.

— É só um broche. — Scarlett deu de ombros — Não vão conseguir matar você só por causa de uma brincadeira imbecil.

— Você vai comer no Salão Principal e vai ignorar qualquer comentário desnecessário, ok? — Lindsay me fez levantar.

— Vocês têm algum aí? — perguntei de supetão.

Elas se encararam e dando de ombros, Alícia tirou um de dentro da própria capa. Era minha cara, "lindinha e corada", com um tosco par de chifres. O fundo do broche era um verde vômito e acima da imagem estava escrito "A Weasley que muge".

Respirei fundo. Eu não estava preparada pra ser humilhada mais uma vez.

— Se eu disser que estou doente, vocês justificam minhas faltas? — falei baixinho.

As garotas trocaram olhares e pareceram ponderar sobre me dar cobertura. Scarlett deu de ombros e confirmou. Alícia pegou minha mão com compaixão e também concordou. Mas Lindsay parecia indignada.

— Não. Você não está doente! — ela me tomou o broche, o jogando para longe — Vamos, senão você vai se atrasar.

— Escuta, eu não quero ir, está bem? — recuei arisca — Não vou ficar sendo motivo de chacota outra vez. Hoje não.

Já era tarde. Lindsay saiu me puxando pelo braço, ignorando meus protestos. Ela não parou quando passamos pelos rapazes e Anna pelo corredor. E ela também não parou quando eu tropecei nas escadas. Lindsay só me soltou quando puxei meu braço bruscamente, de frente para a porta do grande Salão Principal.

— Eu não vou entrar aí! Que droga! Eu vou voltar agora para o meu dormitório e vou lidar com meus problemas quando eu bem... — antes que eu terminasse, alguém me tirou do chão. Alguém com braços torneados e um perfume muito forte e sensual. Scorpius me carregava como uma princesa indefesa e eu gritei assustada. — Vocês são malucos! Me coloque no chão!

— Scorpius, deixe ela voltar e enfrentar isso quando tiver pronta! — Albus tentou me defender.

Mas Scorpius brincou que ia me jogar no chão e assustada, eu gritei e segurei firme em seu pescoço. Ele riu do meu medo e ficou me sacudindo como um bebê.

— Você confia em mim? — Scorpius perguntou. Seus olhos eram tão profundos que eu fechei os meus, sacudindo a cabeça em um "sim" violento — Então por que tem tanto medo?

— Coloque ela no chão, Scorp. — Anna veio em minha defesa também.

— Deixe que Scorpius ache uma saída, Anna. — Lindsay interferiu.

— Ela não quer uma saída! — Drew tentou me tomar do colo de Scorpius, mas eu fiquei com tanto medo de cair no chão, que agarrei ainda mais o pescoço de Scorpius.

— Em todos esses anos, quando foi que eu fracassei em contornar as coisas? — Scorpius perguntou. Eles trocaram olhares, procurando o que falar. — Vamos, pessoal! Quando foi que ficaram velhos demais para serem bagunceiros? Eu preciso tirar a atenção do chifres e jogar em como ela não liga. Preciso tirar a carinha dela de perdedora e colocar o sorriso mais indecente que ela puder dar.

— Não tem como tirar a atenção de um broche que está sendo estregue para todos os alunos em Hogwarts e jogar em um momento de segundos. — Anna comentou estrategista.

— E é por isso que você, Alícia e Jared vão se esforçar pra inviabilizar esse maldito broche. — Scorpius ainda me balançava — Ou vocês mostram o quanto isso é infantil ou Rose vai continuar escondida no dormitório pelas próximas semanas.

Anna, Alícia e Jared pareciam ter uma ligação mental bem forte, porque apenas concordaram e respiraram fundo.

— M-me deixe descer. — minha voz vacilou — Scorpius, esse broche é o fim! Eu estou sendo ridicularizada! Não gosto de ser o centro das atenções.

— Então pediu ajuda pras pessoas erradas, docinho. — Scorpius me jogou uma piscadela e passou a ignorar meus murmúrios de protesto.

Então aqui estou eu. No colo do Malfoy que meu pai me fez prometer que nunca chegaria perto.

O que se passou antes de eu entrar no Salão Principal, foi deixado pra trás numa velocidade engraçada. Assim que as primeiras pessoas me viram no colo de Scorpius, elas chamavam as outras e rapidamente eu era vista por todos, apontada por vários. Escondi meu rosto em seu peito e ele deu uma risadinha maldosa.

— Se você pudesse ver a cara do seu primo que me odeia e do seu irmão, ia gostar mais desse show. — ele sussurrou próximo ao meu ouvido e por um mísero segundo, agradeci por estar em seus braços.

— Mandou bem, Scorpius! — alguém gritou da mesa da Sonserina.

— Viu só? Consegui a sonserina mais gata! — Scorpius gritou animado e eu acabei rindo constrangida. Ele rodopiou comigo nos braços e fiquei com mais medo ainda de ser derrubada.

— Você acabou de quebrar o coração de toda ala feminina. — comentei baixinho.

— Se eu tenho o seu coração, os das outras não são importantes. — ele brincou. Eu pude rir com vontade dessa vez; Scorpius era bom.

 Meu coração pareceu murchar um pouquinho quando ele me colocou no chão, mas ignorei essa sensação e tentei usar meu cabelo para que ninguém notasse minhas bochechas coradas. Eu era muito emocionada, meu Deus.

Os outros se sentaram em volta de mim e bloquearam minha visão da mesa da Grifinória. Parte de mim queria ver o que eles faziam, mas a minha outra parte queria que eles me protegessem a qualquer custo.

Enquanto me servia de uma xícara com café bem forte, alguém arremessou um objeto dentro do recipiente e voou café em toda minha blusa branquinha. Enfiando a mão no meu café, Alícia tirou um broche de dentro dele. A mesa da Sonserina inteira parou e encarou Esther Flint, que sorria maldosa. 

— Viu a nova moda em Hogwarts, Weasley? — ela disse venenosa.

— Sua maluca desequilibrada. — eu arfava de raiva, limpando inutilmente a mancha de café no meu uniforme.

— O único defeito é sua cara vermelha e pintada como estampa. Não sei se é opinião popular, mas pra mim, você me lembra mais um porco do que uma vaca. — ela continuou.

Minha vontade era levantar e estraçalhar ela no soco, mas Albus me deu um sinal, mandando que eu continuasse sentada. As pessoas das outras casas aos poucos paravam para acompanhar o rumo da discussão também.

— Continue dando corda, Rose. — Lindsay disse baixinho ao meu ouvido — Observe como Scorpius e Anna estão pensando. Eles vão tentar inviabilizar o broche. Continue.

— Mais uma gracinha e eu te arrebento sem precisar levantar do lugar. — Scarlett disse ameaçadora, apontando para Esther.

Alícia e Jared encaravam Esther com ódio e os lábios de Alícia tremiam involuntariamente. Anna olhava tudo em volta atenta e Scorpius estava concentrado demais em destroçar os ovos em seu prato.

— Não seja tão obcecada por mim, Flint. — foi a única coisa que pensei em falar.

— Você...

— Então é assim que resolvem seus problemas? — a voz melosa de Jhulie interrompeu Esther antes que ela continuasse.

Só de ouvir seu tom, eu revirei os olhos automaticamente. Aquela biscate tinha saído da mesa dos leões só pra encher o meu saco. Scarlett ficou ainda mais alarmada e precisou que Drew segurasse em seus ombros para que ela não avançasse na garganta de alguém. Oscar a acompanhava, com um broche preso ao lado do brasão do seu uniforme. Ao fundo, reconheci seus amigos Erick Jordan, Kurt Scrimgeour e Sun Chang Corner.

Erick Jordan era quase um irmão de Oscar. Não se desgrudavam por nada e muitas vezes eu havia sido deixada em segundo plano, para que Oscar saísse com ele. Um negro deslumbrante, com um sorriso incrível, olhos claros, cabelo cortado bem rente e uma fama suja. Com seus ombros largos e corpo todo definido, todos sabiam - e eu sabia mais ainda porque acompanhei de perto - que expunha todas as garotas com que dormia. Era grosseiro e briguento. Sua beleza não compensava o caráter nojento. E claro, trazia um broche rente ao seu brasão da Grifinória.

Kurt Scrimgeour é também um grifinório amigo de Oscar e que eu também consideraria meu amigo, se tivessem me perguntado sobre ele algumas semanas atrás. Kurt era muito pálido e tinha uma aparência doente. Seus olhos azuis traziam um ar esnobe de celebridade: seu avó foi Ministro da Magia no auge da Segunda Guerra Bruxa e ele se achava importante por isso. Mas fora sua síndrome de se achar famoso, Kurt era um cara legal e agradável. Bem... era, até eu vê-lo com um broche preso na gravata.

Já Sun Chang Corner, era um desagrado compartilhado. Não era só eu quem a detestava; minha família inteira a enxergava como uma sem sal abusada. Pertencia à Corvinal, como sua mãe, e se achava muito íntima de qualquer um. Sun tinha uma paixão avassaladora por Albus e já havia declarado diversas vezes que sua mãe não se casara com um Potter, mas que ela o faria. Sun também não ia com minha cara, porque eu sempre roubava seu brilho de melhor aluna. Ela era o segundo lugar sempre e ela foi um dos motivos do qual eu recusei ser monitora. A desgraçada tinha lindos traços asiáticos e o rosto perfeito como uma boneca. Os professores achavam a sem sal um amor, mas com certeza mudariam de ideia depois de vê-la com um broche preso na mochila e outro em sua capa preta.

— Só resolvem na base da pancadaria? — Jhulie continuou, dessa vez, com a mãos na cintura se sentindo a própria Mulher-Maravilha.

— A sua sorte é que não resolvemos as coisas na pancadaria, princesa. — Scarlett disse com raiva.

— Você está me ameaçando? — Jhulie riu desdenhosa.

— Acho melhor sairmos daqui. — Scorpius disse juntando comida num guardanapo, ignorando completamente as pessoas em volta.

Obedecendo sua sutil ordem, todos nós nos levantamos. Mas quando Scorpius tentou passar pelo grupo, Erick Jordan o barrou, cruzando os braços na frente do peito e tentando intimidar Malfoy. Drew rosnou como um animal e por pouco não avançou em Jordan. O clima estava extremamente pesado, como se a tensão pudesse ser sentida no ar.

— Tudo bem. O que vocês querem? — Scorpius perguntou, cruzando os braços também.

— Só queríamos dizer que vocês mexeram com a pessoa errada. — Jhulie tomou a frente, abrindo o braço e apontando para cada um de seus amigos — Nós não vamos nos render. Nós estamos oficialmente em guerra.

— Máfia Finnigan chegou! — Oscar concluiu.

A surpresa foi geral. Todas as mesas começaram a cochichar sobre a cena e observei atentamente cada detalhe. Diante de toda aquela tensão, com tantos olhares fulminantes, eu fiz uma grande besteira.

Eu disparei a rir.

Mas eu ri muito. No ponto de precisar me apoiar em Alícia para não cair. Logo, Anna e Albus também gargalhavam, rindo como nunca. Eu não sei o motivo da graça, mas só de olhar para mim, Scorpius riu desesperado. Alícia, Drew, Jared, Scarlett e Lindsay nos acompanharam e pela segunda vez em menos de vinte e quatro horas, estávamos dando risadas escandalosas. Eu percebi os olhos de Jhulie ficarem ainda mais coléricos e eu juro que tentei parar, mas era mais forte que eu.

— Meu Deus... — eu estava quase sem ar — Me desculpe, Oscar. Pode continuar... — me escapou mais uma risada e eu suspirei profundamente — Você parou na parte... Na parte da...

— Máfia Finnigan! — Scorpius completou e eu não resisti, explodindo em risos de novo — Sensacional, Wood! Juro, dessa vez vocês foram sensacionais. Pena que eu não tenho tempo para piadinhas. — Scorpius ficou sério novamente e sua expressão era de tanto desdém, que minha últimas risadinhas eu tratei de engolir — Vou ser bem sincero e direto: não estamos em Guerra.

— Sim, estamos. — Oscar se aproximou mais, deixando Drew e Scarlett alarmados. Eu, porém, já tateei meus bolsos e tratei de segurar firme minha varinha.

— Não, Wood. Não estamos. — Scorpius deu de ombros — Eu não vou brigar com você.

— Então eu vou te destruir. — Oscar disse ameaçador, sem conseguir encarar Scorpius nos olhos. Scorpius apenas sorriu sarcástico.

— Não, Wood. Você está errado de novo! — ele colocou a mão nos ombros de Oscar — Você pode tentar! Mas não vai ser o primeiro a fracassar e nem o último.

Ver Oscar sem palavras era tão prazeroso, que eu dei um sorriso triunfante. Já não queria mais comer, só queria deixá-lo ali, feito um idiota.

Assim que virei as costas, um mugido ensurdecedor preencheu o ar do Salão Principal. Foi como tomar uma pancada no estômago. Quando olhei, Esther tinha apertado o broche e usado o feitiço "Sonorus" para ampliar seu efeito. Todos em volta riram e minhas feições com certeza entregaram o quanto aquilo havia mexido comigo.

— Já estão indo? — Esther perguntou debochada — Não vão querer ver nossos novos artefatos?

— Seu lixo venenoso... — tentei avançar, louca querendo estrangulá-la, mas Albus e Jared me seguraram — Você me enoja, sua frustrada sem noção!

— O que foi, Weasley? — Jhulie atiçou, apertando seu broche também e rindo como se fosse uma excelente piada — Não vai querer um?

— Vou te falar um lugar excelente pra você enfiar esses broches, sua maldita. — eu ainda queria matar todos eles. Os sorrisos vitoriosos, as gargalhadas... tudo era tão excessivo, que eu me amaldiçoei por sair do meu dormitório.

Ignorando as risadas generalizadas, Alícia caminhou calmamente em direção a Esther. O silêncio aos poucos foi se instaurando. Todos acompanhavam atentamente a cena. Alícia olhou a garota dos pés a cabeça e lhe tomou o broche com grosseria.

— Pode ficar com esse, Wayans. — Esther ironizou — Tenho mais uns cem.

— Imagino que tenha. — Alícia levantou o objeto contra a luz e pareceu o avaliar. Seu sorriso maldoso foi a única coisa capaz de me acalmar. Ela tinha pensado em algo — Foi bem criativa, inclusive. 

— Jared, agora. — Scorpius sussurrou baixinho para o garoto que ainda me segurava e ele saiu, ficando ao lado de Alícia e pegando o broche também.

— A foto de Rose está excelente, Flint. Essa foto faz parte do altar que você tem de Rose? — as pessoas em volta riram animadas — Você não tira o nome dela da boca... Isso é fanatismo ou obsessão?

— Não seja tão cruel, Jared. Eles não são da Corvinal! Você não pode exigir deles um plano melhor do que esse!— Alícia alfinetou e as pessoas da Corvinal ficaram ainda mais excitadas — É deprimente.

— Tudo bem, nós entendemos. — Jared jogou o broche no chão e sorriu falsamente.

— Só queríamos expor essa vagabunda chifruda. — Esther gritou e Jhulie gargalhou ao ouvir.

Se Albus ainda não tivesse segurando meu braço, eu teria enfeitiçado Esther sem nem precisar pronunciar o Avada. Mas ele ainda me mantinha firme, me dizendo baixinho para deixar Alícia e Jared cuidarem de tudo.

— Da próxima, tenta então usar alguma coisa mais criativa e original. — Alícia respirou fundo — A ideia de broches animados minha mãe usou na década de noventa, quando ainda existia o Torneio Tribruxo. Sei que você é antiquada e pensar pode ser difícil, mas você pode tentar.

— Mas se quer um conselho bem valioso, arrume um serviço. — Jared disse penoso — Quando começar a cuidar da própria vida, não vai te sobrar tempo pra se preocupar com difamar pessoas com algo tão primitivo.

Os dois cruzaram os braços na frente do peito e trocaram olhares cúmplices, aguardando alguma resposta dos outros. Esther parecia furiosa, mas ficou calada, assim como Jhulie. Alícia sorriu vitoriosa e Jared suspirou.

— Foi o que pensei. — ele disse simplesmente.

Dessa vez, nós saímos sem impedimentos. Já do lado de fora do Salão e longe dos olhares curiosos, eu respirei fundo...

E caí no choro, sendo amparada pelo abraço caloroso de Drew.

O resto do dia foi tão desastroso, que me amaldiçoei por ter me deixado ser levada até ali.

Grande parte da Grifinória desfilava pelos corredores com um broche preso ao uniforme, causando certo problema, já que meus parentes sempre tentavam me defender e entravam em atritos mais do que o comum. James socou dois garotos do sétimo ano e Roxanne pegou uma detenção por bater com seu bastão em duas meninas do quinto ano. Hugo discutiu com metade do seu ano e Lily arrancava o broche de quem passava em sua frente. Lucy, Molly e Louis tentavam enfeitiçá-los, mas não funcionava tão bem quanto queriam.

Algumas poucas pessoas da Corvinal e Lufa-Lufa entraram na onda, mas nenhum sonserino cedeu. A Sonserina se recusava compactuar com a Grifinória e isso me deixou infinitamente grata.

Durante as aulas, eu precisei diversas vezes disfarçar o choro. Sentia uma pressão tão grande no peito que doía como um Crucio duplicado. Nem mesmo as brigas de Anna e Albus, ou as gracinhas de Jared e Drew eram capazes de me fazer sentir melhor.

Ao fim da detenção daquele dia, eu sentia minhas forças esgotadas e sem coragem para o jantar, apenas fui para o dormitório das garotas e fiquei por lá, acompanhada de Lindsay.

Enquanto os outros comiam no Salão, Lindsay me fazia companhia. De início tentou puxar assunto comigo, mas eu não estava no clima. Respeitando meu espaço - pelo menos dessa vez -, ela se ocupou escovando meu cabelo enquanto ouvíamos música trouxa em seu pequeno rádio antigo e eu chorava baixinho.

Quando voltaram, me esquivei com a desculpa que estava cansada e fui para o meu dormitório, sendo acompanhada de Drew e Albus. Os dois me deixaram na porta, mas antes que eu a fechasse, Albus me chamou.

— Você sabe que isso vai passar, não sabe? — ele disse.

— Mas precisa passar por cima de mim? — respondi, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas outra vez — Boa noite...

— Sabe que pode dormir com as meninas, não é, tomatinho? — Drew ainda segurava a porta — Ou que não precisa dormir agora... Se quiser, pode me dar aulas!

— Amanhã, pode ser? — o cortei, tentando não parecer grosseira.

Embrulhada em meu pijama, fechei a cortina do meu dossel e me encolhi em posição fetal, pronta para chorar até que o sono chegasse.

Naquele momento, todo o meu corpo doía por causa de uma ferida no coração. As lembranças dos meus momentos com Oscar me atingiram com força e eu precisei morder a própria mão para não uivar de dor.

O pensamento de estar sem Oscar era esmagador e sufocante. Ele havia sido o primeiro a tantas coisas... Oscar foi meu primeiro beijo. Oscar foi meu primeiro amor. Oscar foi meu primeiro... Toda a minha construção emocional dependia dele e não tê-lo ali me fazendo se sentir amada era torturante. Era o fim de planos e metas que construí. Sonhos foram destruídos sem piedade e o que antes para mim era o céu, havia virado um inferno. O cara que eu amava só queria me ver destruída e chorar já não parecia suprir minha necessidade de externar o que tanto doía. Eu tinha tanta confiança nele... Oscar simplesmente não tinha o direito de desprezar tudo aquilo só porque Jhulie Finnigan transava melhor. Ele sabia que eu era sua alma gêmea. Oscar deixava bem claro que só seríamos felizes se tivéssemos um ao outro... Por que então ele me humilhava cada dia mais?

Precisei controlar meus soluços quando ouvi minhas colegas de dormitório chegarem. Elas conversaram banalidades e a presença de Esther me fez se sentir tão pequenininha e inferior, que mais uma vez eu mordi a mão, ocultando qualquer murmúrio meu.

Um silêncio pesado denunciou quando elas dormiram e eu puder voltar a chorar, só tomando um pouco mais de cuidado para não acordar ninguém. E foi dessa forma que caí num sono leve e com um sonho triste.

No sonho, eu estava na cama de Oscar com ele, em seu dormitório na Grifinória e vestida com sua camisa de quadribol. Estava tão quentinho e claro que meu coração bateu acelerado. Nossos narizes quase se colavam pela proximidade e ele me fez um carinho no rosto, sorrindo e dizendo um "eu te amo" tão bobo e apaixonado, que eu sorri involuntariamente. Eu repeti sua frase e fechei os olhos, deixando uma lágrima escorrer.

Mas quando abri os olhos novamente, tudo estava escuro. As cortinas em volta eram verdes e os olhos próximos aos meus não eram castanhos e sim de um azul profundo.

— Scorpius? — gritei assustada.

Ele tampou minha boca com a mão e sussurrou um "cala a boca". Eu estava tão em choque que não tive forças para chutá-lo pra longe e tinha tanto sono que não tive reação para levantar e correr. Mas quando percebi nossa proximidade, fiquei constrangida e agradeci pela escuridão.

— Você estava chorando? — ele perguntou baixinho, limpando meu rosto — Você está bem?

— O que você faz aqui? — ignorei sua pergunta — Que horas são?

— Eu vim te chamar pra uma missão. — ele respondeu a primeira pergunta — E dependendo do seu ponto de vista, é muito tarde para umas coisas e cedo demais para outras. — respondeu a segunda.

— Missão? — puxei meu relógio da cabeceira e me assustei com a hora — Scorpius, é de madrugada!

— Troque de roupa e desça para o Salão Comunal. — ele disse e se levantou. — Uma roupa quente, ok?

Antes de sair pela porta, ele me olhou e sinalizou para que eu não demorasse. Ainda confusa, me levantei e troquei de roupa. Coloquei um moletom verde e calcei meus tênis. Coloquei um gorro com o brasão da minha casa para ocultar meus cabelos embaraçados e escovei rapidamente os dentes.

Quando desci, encontrei apenas Scorpius sentado em uma poltrona. Seu rosto sonolento era tão charmoso que seus cabelos bagunçados nem eram um defeito. Procurei pelos outros, mas realmente era só ele quem estava ali.

— Estou confusa... — murmurei.

— Com o que? — Scorpius jogou uma mochila sobre os ombros.

— Onde estão os outros?

— Dormindo, com certeza. Você já viu a hora?

— E por que não estamos dormindo também? — questionei, ficando cada segundo mais confusa.

— Porque eu perdi o sono. — ele disse como se fosse simples. Bocejou e continuou — E como eu não posso sair sozinho, eu chamei você.

Ou eu era muito sonsa, ou Scorpius não estava sendo coerente em nada do que falava. A primeira opção é uma verdade, mas naquele momento, a segunda fazia muito mais sentido.

— Sair? — perguntei e Scorpius soltou um muxoxo de impaciência — Ei! Não adianta murmurar! Não estou entendendo nada!

— Todas as outras vezes em que perdi o sono e chamei um dos outros, quase fui morto. Não é todo mundo que tem um espírito aventureiro — ele me explicava como se fosse óbvio — Então, dessa vez eu chamei alguém que não havia chamado antes. Da próxima você pode me xingar, mas dessa vez, você tem que ir comigo já que está de pé.

— Ir pra onde? — revirei os olhos — Scorpius, pra onde você quer ir de madrugada? Você sabe que amanhã temos aula, né?

— A gente pensa no amanhã quando o amanhã chegar, pode ser? — ele jogou sobre nós um tecido prateado que reconheci como a Capa de Invisibilidade de Albus e ficou bem perto do meu rosto. Com o feitiço "Lumus" ele iluminou por baixo da capa — No agora, nós vamos pegar uma passagem secreta e andar por Hogsmeade até o tempo passar.

— Você sempre tem péssimas ideias assim? — impliquei, já sabendo que não conseguiria fugir dele — Eu sou uma péssima companhia hoje, Scorpius. E Hogsmeade? Sério?

— Nunca falei tão sério. — ele disse, mas com um sorriso indecente nos lábios — Nessa noite, iremos atrás de uma nova aventura. Você confia em mim?

Seus olhos se mostravam tão animados que eu me detestei por não conseguir resistir ao efeito de seu olhar. Sorrindo vencida, respirei fundo e e dei um soquinho de leve em seu ombro.

— Confio.

— Essa é a minha garota. — Ele bateu com a ponta de sua varinha em meu nariz e rindo animado, saiu me puxando em busca de uma nova aventura.


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Notas finais do capítulo

Adivinhem o que tem no próximo capítulooo? MOMENTO SCOROSE, COM CERTEZA!
Comentem! Estou com saudade de vocês ♥
Até breve