Máfia Malfoy escrita por Gnoma de Marte, Jazzie


Capítulo 13
♦ Grifinória e Sonserina Adoram um Barraco




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/658442/chapter/13

Anna disse alguma coisa ao meu ouvido, mas eu não escutei.

Scorpius comentou algo com nós duas, que eu também não escutei.

Era mais forte do que eu. E naquele momento, eu encarava a mesa da Grifinória como se o mundo dependesse daquilo.

Jhulie me olhava dos pés a cabeça. Eu conseguia sentir no seu olhar a decepção de perceber que o que ela mais temia havia acontecido. Eu não dependia mais dela pra nada. Eu usava as roupas que queria e andava com gente da qual ela não gostava – mas secretamente idolatrava.

E então... Eu vi Oscar. Eu sentia seu olhar queimar por toda a extensão do meu corpo. Em cada detalhe, desde os lábios realçados até as pernas expostas. Ele nem mesmo ligava para a fúria contida de Jhulie ao seu lado. Oscar via a Rose que ele nunca teve. E isso era a melhor das sensações.

Passei tanto tempo os encarando, que sequer notei por onde andava e acabei tropeçando nos próprios pés. Com reflexos de um exímio jogador, Scorpius me agarrou pela cintura e me juntou ao seu corpo. O artefato de música parou e eu encarei fundo nos seus olhos.

— Você é bem fã de uma cena, hein? — ele comentou.

— Você não faz ideia. — sussurrei constrangida.

Me recompondo, continuamos a andar e quando finalmente sentamos, soltei a respiração que sequer havia percebido que prendia. Desse ângulo eu não enxergava a mesa da Grifinória e fiquei grata por isso. Os outros sorriram com a vitória de um round. O Salão estava com burburinhos cada vez mais altos e eu sentia todos me encarando.

Lembrei-me do meu primeiro ano. E de como eu vomitei assim que cheguei no meu quarto. Na Sonserina. 

— Tome. — Anna me chamou, me entregando um prato com mingau de avelã — Você precisa comer alguma coisa.

Ao colocar a colher na mão, notei que tremia. Tremia muito. Lindsay tirou a colher de mim e a colocou de volta no mingau.

— Pode ficar calma, Rose. — ela disse amigavelmente — A pior parte já passou.

Ela nem sabia o que estava falando.

— Está tudo bem, tomatinho? — Drew perguntou já se empanturrando de tortinhas de aveia e amora.

— Na mais perfeita paz...

— Até agora. — Scarlett complementou minha frase, olhando para seu relógio de pulso — Três minutos para o correio chegar.

Ao colocar o mingau na boca, percebi que não ia conseguir segurar nada no estômago. Era como se eu estivesse engolindo uma bola de chumbo. A notícia que o Profeta Diário chegaria em breve fez com que meu mal-estar piorasse em uma porcentagem alarmante.

— Escute — Scorpius me chamou a atenção e eu o olhei apavorada — Estamos prestes a começar uma cena importante para todo nosso circo. Qualquer coisa feita a seguir, pode mudar tudo.

— E-eu... — o meu tremor aumentou, quando escutei ao longe o bater de asas — Eu preciso sair daqui, Scorpius. Eu vou vomitar.

Me levantei com pressa. Scorpius, Lindsay e Albus se levantaram também. Tentei focalizar meu caminho, querendo sair sem tropeçar, mas só de dar um passo meus pés se enroscaram fazendo com que Albus e Scorpius corressem em meu apoio.

Merda. Merda. Merda!

— Rose, calma! — Lindsay disse — Vamos te tirar daqui, mas você precisa ficar calma.

— Eu estou passando mal. — sussurrei, vendo que todos olhavam o espetáculo do qual eu era a palhaça — Não estou preparada pra isso.

Tentei andar sozinha novamente, mas as corujas entraram no Salão com grande estrondo. Soltei um grasnido com um susto e fui tomada pelo mais absurdo pavor. Dessa vez, algo me puxou para trás e eu fui tomada por braços fortes que me apertaram contra seu dono, pela segunda vez no mesmo dia.

Scorpius me puxara no exato momento em que uma coruja arremessava um pacote que me acertaria em cheio na cabeça.

— Estou ficando mestre em te agarrar. — ele sorriu pacífico e meu coração pareceu se acalmar um pouco.

Antes que eu pudesse responder, como um grande coral, o Salão Principal exclamou em grande surpresa. E eu ainda estava presa aos braços de Scorpius.

Merda. Merda. Merda!

— A manchete. — sussurrei, me soltando bruscamente.

Agora era oficial. As pessoas não sabiam se olhavam para o jornal ou para mim. Scorpius não parecia ligar muito pr'aquilo e eu quis, por um momento, ser indiferente como ele. Agarrei o jornal das mãos de um garoto próximo de mim e um arrepio tomou cada centímetro do meu corpo.

“A GRANDE REVELAÇÃO: ROSE WEASLEY TROCA OSCAR WOOD PELO INCRÍVEL E IRRESISTÍVEL SCORPIUS MALFOY”

— Oh, meu Deus! — eu ia vomitar, eu ia vomitar mesmo! — Scorpius!

Sua boca se abriu em um perfeito “O” e uma risada lhe escapou.

Eu precisava sair. Agora.

Aterrorizada, tentei andar sem demonstrar meu pânico, mas minhas pernas não queriam receber comando nenhum. Esbarrei num garotinho da Sonserina que tomava café e o fiz derrubar tudo em suas vestes, recebendo um olhar gélido vindo dele. Minhas desculpas ficaram agarradas na garganta e eu me afastei cambaleando.

Olhei para Scorpius e os outros, que pareciam estáticos e quando voltei minha atenção para frente novamente, Oscar avançava para cima de mim como uma fera irada. Destrambelhada e assustada recuei completamente sem jeito e sem conseguir um apoio acabei caindo com tudo no chão. Ele parecia querer voar em meu pescoço, mas Jhulie o puxou antes que ele mostrasse quem verdadeiramente era.

— Sua mentirosa! — ele berrou, atirando seu exemplar do Profeta Diário na minha cara, fazendo com que suas folhas se espalhassem sobre todo o chão, enquanto o Salão caía no mais mortal silêncio — Como você pôde?

A forma como meu nariz ardeu eu sabia que logo iria começar a chorar. Tentei me levantar, mas os saltos pareceram mais altos que o normal e me senti extremamente fraca.

— E-e-e-eu não fiz nada. — minha voz saiu vacilante.

— Eu fui bacana com você enquanto eu te tolerei — Oscar parecia cada vez mais irado, lutando contra as forças de Jhulie para avançar. — Eu te aturei por muito tempo e como você me retribui? — ele pegou a página da reportagem no chão e leu com escárnio — Para um bruxo com características marcantes como a coragem e cavalheirismo, Oscar não sabe lidar com um coração partido já que nossas fontes relatam que suas lágrimas escorreram sem cerimônia.

Se não fosse pela tensão da situação, eu teria rido. Mas até aquela pontinha de humor foi engolida. Que tipo de jornal era o Profeta Diário?

— Escute, poderosa e majestosa Hogwarts! — ele berrou a plenos pulmões.

— Oscar, cale a boca. — sussurrei. Ele ia me humilhar ainda mais. Eu sabia que iria.

— É de plateia que você gosta, não é? — por um momento me peguei pensando como ele conseguia destilar tanto veneno, sendo um leão.

Ele subiu na mesa da Sonserina, fazendo com que a atenção sobre ele se redobrasse. Veloz, me levantei para impedi-lo, mas Scorpius foi ainda mais rápido e me agarrou pelo braço.

— É isso que você quer, Rose. — Scorpius sussurrou, enquanto Jhulie subia na mesa para se colocar ao lado de Oscar. — Observe como um homem levado pelo sentimentalismo produz sua própria destruição.

Com a vista embaçada pelas lágrimas, eu o vi agarrar a garota pela cintura, como se apenas estivessem os dois ali.

— Fui eu quem trocou Rose. Fui eu quem a substituiu por uma versão melhor e mais qualificada para um homem como eu. E não o contrário. — seus gritos ecoavam pelos quatro cantos do ambiente — Bem-vinda a um novo tempo, Hogwarts. Onde Rose Weasley é deixada para trás.

Acabando com o sorriso retardado de Jhulie, Oscar a deitou em seus braços de modo dramático...

E a beijou.

Uma onda de exclamações encheu os ares entre as quatro casas e precisei me apoiar em Scorpius para não ser derrubada pela humilhação.

O beijo durou só até os dois serem separados bruscamente por uma Lindsay que subiu zangada na mesa junto a eles, e os empurrou com ferocidade.

— São dois sem-noção e sem senso de ridículo! — ela gritou.

Alícia e Anna subiram para puxá-la para longe de Jhulie que já avançava briguenta, enquanto Scarlett já tirava sua capa, preparando pra brigar.

— Ah, não... — Scorpius se preparou para subir também.

— Parem todos, imediatamente! — a voz de McGonagall pareceu vibrar até os ossos e por um momento, todos congelaram em seus lugares — Parem! Parem agora!

Com a varinha em mãos, a diretora havia paralisado todos que possivelmente se envolveriam em uma briga. O professor Longbottom e a professora Sallet Stanley a acompanhavam, vindo mais atrás.

— Senhorita Weasley, Dimitrov, Garcia, Finnigan, Schmidit e Wayans, para minha sala! Imediatamente! — ela gritou, zangada como poucas vezes vi na vida. Dava para se ouvir somente as respirações ofegantes — Senhor Wood e Malfoy. Vocês também!

— Andem! — professor Longbottom ajudou as garotas a desceram da mesa — Desçam! Andem logo!

Albus me abraçou e eu escondi o rosto na curva do seu pescoço. Eu não queria chorar na frente de ninguém mais. Eu me sentia tão humilhada e envergonhada que parecia que em breve minha cabeça explodiria.

Andando junto com os outros num silêncio fúnebre, saímos pelos corredores, em direção à sala da diretora enquanto ela puxava o grupo.

— Um escândalo em plena segunda-feira... — ela murmurava com a professora Stanley — Perderam o juízo! Beberam da fonte da estupidez.

— Você se tornou a palhaça, Weasley. — Jhulie murmurou para que Minerva não a ouvisse — Está satisfeita? Aceite a derrota.

— Eu juro que se você falar com ela mais uma vez, enfio minha varinha tão fundo na sua garganta que nem o beijo sanguessuga desse seu namorado ridículo vai conseguir tirar. — Lindsay declarou feroz.

— Eu não quero murmúrios aí atrás. — professor Longbottom berrou.

Abracei Albus ainda mais forte quando finalmente chegamos à sala de Minerva. Porém, quando ele, Jared e Drew iam entrar, Salett Stanley os barrou.

— Creio que os senhores têm aula agora. — ela disse com firmeza.

— M-mas... — Drew tentou rebater.

— Sem mais. — ela sabia ser dura quando queria — Não quero mais sonserinos envolvidos no meio disso. — ela olhou para Minerva mais a frente e abaixou o tom de voz — Já não bastam os pontos que perderemos? Querem perder mais?

— Mas mãe...

— Jared, isso é uma ordem. Conversaremos depois. — ela interrompeu seu filho e continuou — Sigam para suas aulas.

Drew e Jared se afastaram contrariados, mas Albus permaneceu. A Sra. Stanley o olhou desconfiada e ele sorriu maldoso.

— Fui eu quem mandou a carta para o Profeta Diário — ele mentiu — Eu sou a testemunha que eles citaram.

Com um puxão, ela o arrastou para dentro e fechou a porta bruscamente. Ainda agarrada em seu braço caminhei para onde os outros estavam e me sentei na poltrona que ainda sobrava, ao lado de Scorpius.

— Devo começar dizendo que não estou surpresa de vocês estarem aqui. — McGonagall disse olhando para os integrantes da Máfia — Inclusive, a senhorita vem aqui mais vezes do que eu gostaria. — ela falava com Lindsay — Como andam os negócios?

— Não sei de negócio nenhum... — Lindsay demonstrou desinteresse, enquanto cutucava suas unhas.

— Que seja. — a diretora continuou — Porém, ver a Senhorita, Rose, envolvida num escândalo! O que sua mãe e seu pai diriam?

— Provavelmente, para quebrar os dentes de Oscar. — Albus disse, mas calou ao ver o olhar de Minerva.

— Eu não sei o que houve com os três, mas era uma bela amizade. Mas isso também não interessa. Senhorita Weasley, Finnigan e Senhor Wood, o que ocorreu hoje aqui foi o cúmulo do absurdo. Foi um vexame que sujou a integridade de todos os envolvidos! Não sei o que pensam estar fazendo, mas lembrem-se que isso é uma escola e não um buteco!

— Traz a cachaça! — Scarlett sussurrou para Alícia e as duas riram baixi

— Aos demais, vou pedir mais uma vez. — uma veia saltou de seu pescoço — Parem de arrumar encrencas. Estamos a um passo de chamar seus responsáveis e eu não estou para gracinhas! Vocês são quase adultos! Arrumem posturas responsáveis! — seu tom foi aumentando gradativamente — Vocês envolveram o Profeta Diário, suas casas em Hogwarts e até mesmo a família de vocês estão sentindo os impactos de suas palhaçadas! — ela agora dizia para todos, no geral — Francamente! Até subir na mesa vocês subiram! Contenham-se!

“Tsc, tsc, tsc”, o quadro de Severus Snape encarava toda a cena. Fiquei ainda mais constrangida e Albus deu um tchauzinho para o quadro.

— Vocês serão punidos! — McGonagall disse por fim — Dez pontos descontados de vossas casas. De cada envolvido.

Ao mesmo tempo, todos nós elevamos a voz.

— Minnie, por favor, não!

— Mas a Sonserina saiu prejudicada...

— Wood, você é um lixo!

— É tudo culpa da Weasley!

— Desconte só dela!

— Silêncio! — o grito do professor Longbottom fez com que até os quadros em volta tampassem os ouvidos — Sem permissão para contestarem.

— Duas semanas de detenção também. — Minerva anotava tudo em um pergaminho — Senhor Wood e Senhorita Finnigan, às sete da manhã em ponto, estejam nas estufas com o professor Longbottom. Terão de recolher o adubo e adubar todas as plantas do castelo. — os dois grifinórios iam protestar, mas Minerva continuou — Aos sonserinos, deverão todas as noites, as seis em ponto, se dirigirem a sala da professora Stanley. Temos lugares por todo o castelo que precisam ser limpos e ela vai guia-los nisso.

Eu queria muito gritar de ódio.

— Duas semanas, ouviram bem? Começam hoje. — ela frisou — Se faltarem um dia, outra semana é acrescentada. Não quero desculpas ou reclamações. As coisas estão péssimas... — Minerva olhou fundo nos meus olhos — Para todos. Já perderam o primeiro horário de aula, mas quero todos em sala no segundo. Estão liberados.

Oscar e Jhulie se precipitaram e saíram como dois raios. Eu e os outros, cabisbaixos e em silêncio, saímos acompanhados da Sra. Stanley. Quando estávamos lá fora, ela nos puxou para um canto do corredor, parecendo irada.

— Eu não sei o que fazer mais com vocês. — sua voz tremulava — Que bela confusão.

— Tia...

— Não quero saber, Alícia! — ela interrompeu a garota — Rose, estou surpresa com você. Mas isso não me interessa mais. Você está responsável por recuperar os pontos que todos perderam, ouviu bem? Confio em você. Massacre a Grifinória. Isso não pode ficar assim — respirando fundo e arrumando suas vestes, empinou o nariz. — Avisem Jared que estou de olho nele. Agora, todos para sala.

Entre nós, permaneceu um silêncio confuso e quando a professora Stanley estava longe o suficiente, eles explodiram em gargalhadas. Scorpius precisou se apoiar em Albus para não rolar de tanto rir. Scarlett e Lindsay pareciam chorar de tanta graça.

E eu queria chorar. De tristeza mesmo.

— Velho, isso foi demais! — Anna se abanou.

— E-eu... Eu ‘to confusa... — falei.

Scorpius sorriu maroto e todos os outros o acompanharam.

— Sua primeira vez na sala da diretora como uma garota da Máfia, Rose. — Alícia abriu um largo sorriso.

— E ainda recebeu bronca de tia Salett, como uma de nós! — Albus escorou em Scarlett.

— Não percebe, Rose? — Scorpius disse — Nosso plano deu certo. Oscar é o monstro da jogada. Um ponto para a princesa Weasley.

Sim. Tenho certeza absoluta disso agora. Eles, definitivamente, são malucos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!