"It must have been love but it's over now

It must have been good but I lost it somehow

It must have been love but it's over now

From the moment we touched 'till the time had run out"

— Muito bem, quem é o palhaço que colocou essa música pra tocar? — Anna berrou ao ver a minha expressão esmorecer.

 Lindsay que cantava a música apaixonadamente, sorriu sem graça e correu para desligar o trambolho que reproduzia a música.

Estávamos no quarto delas. Eu já havia acordado, corrido com os outros e por mais que as minhas pernas doessem por conta das quinze voltas, nada era pior que a dor que eu sentia no meu estômago. Ele se revirava anormalmente e minha respiração estava descompassada.

Ao perceber que a garota não tinha ideia de como desligar o artefato trouxa, fiz sinal para que ela deixasse aquilo de lado.

Não estava me abalando.

Mentira, estava sim.

— Está te deixando triste, mas você tem que confessar que trouxas sabem como fazer música. — Alícia murmurou enquanto finalizava o lápis em meu olho.

— Eu não vou mais ficar triste. — afirmei, querendo convencer a mim mesma — Isso só dificulta ainda mais as coisas.

Nossa atenção foi roubada por uma pancada. Anna e Lindsay literalmente lutavam contra o artefato. Anna usava um bastão para tentar pará-lo, mas isso só fazia com que o volume aumentasse.

A música parou e todas sorriram vitoriosas, mas a alegria não durou nem cinco segundos. Outra música iniciou.

Feeling used

But I'm still missing you

And I can't see the end of this

Just wanna feel your kiss

Against my lips

Foi como tomar um soco na cara. Todas elas foram para cima daquela... coisa.  Mas cada vez que batiam, o som ia ficando mais alto e meu coração começou a se acelerar.

Enquanto a garota da música declarava odiar e amar alguém, me identifiquei e lágrimas brotaram como se esperassem àquele momento para serem libertas.

Scorpius e Jared chegaram alguns segundos depois e quando compreenderam o que se passava, Jared correu para ajudar as garotas e Scorpius veio até mim. Limpei as lágrimas na velocidade da luz e sorri, tentando soar amigável.

— Vocês se arrumaram rápido. — tentei ignorar a música que soava mais melancólica do que tudo.

— I hate you I love you — ele cantarolou e sorriu maldoso — Músicas trouxas te fazem chorar, Rose?

— Circunstâncias me fazem chorar. — confessei por fim, sorrindo irônica — Ouvir algo com que se identifica terrivelmente faz a dor ser ainda mais real.

— As dores precisam ser sentidas pra que o alívio se torne algo tão fantástico. — ele declamou poeticamente o que me fez rir — Viu? Seus sorrisos sem ironia são bem mais bonitos.

 A forma galante com que ele proferia todas as suas frases me deixam um bocado irritada. Sempre tenho a sensação que estou sendo cortejada, mas que ele age assim com qualquer uma. E ele sequer parece se importar com o sentimentalismo que parece quase me matar engasgada.

— Tanto faz. — murmurei indo até o espelho e passando o batom que Alícia havia me dado, pronta para mudar de assunto — Você poderiam deixar essa coisa de lado e se aprontarem para sairmos em poucos minutos. A ansiedade está quase me matando...

Com uma última pancada, a música foi interrompida e após sorrirem, todos correram para os últimos retoques antes de deixarmos o quarto.

— Nem acredito que seu rosto não é tão branco quanto eu imaginava... — Anna comentou, se posicionando ao meu lado no espelho e contornando os olhos com delineador — Acredita que eu achava que você era anêmica?

— Não era tão ruim assim. — Lindsay se espremeu no meio de nós, lutando para passar rímel — Só era como...

— Um dos fantasmas de Hogwarts. — Alícia disse sentada aos meus pés, louca por um espaço no espelho — Sem ofensas.

— Sem perturbações. Andem logo. — Jared apareceu ao nosso lado, puxando-nos pelo braço — Já estão lindas.

Lindsay passou por ele bufando, Anna lhe jogou um beijinho no ar e Alícia revirou os olhos, mas todas pegaram suas mochilas e saíram do quarto.

Com uma última checada, meu reflexo me encarou e eu tentei ignorar sua expressão de pânico. Sorri para garantir minha melhor feição de tranquilidade e aquilo se tornou o suficiente para eu sair também.

Chegar ao Salão Comunal Sonserino com aqueles saltos não seria uma tarefa tão difícil se minhas pernas não parecessem gelatina. Encontrei Scarlett e os outros nos esperando e os cumprimentei pela segunda vez no dia.

Albus pareceu notar meu nervosismo porque deu seu sorriso mais alegre e aquilo fez com que minha coragem aumentasse uns dez por cento. Lindsay se posicionou na minha frente e arrumou enfaticamente meu cabelo, dando-o mais volume. 

— Eu to tremendo, não sei como vou agir... — sussurrei.

— Meninas boas sentem friozinho na barriga por medo. — ela sorriu alegre e logo depois fechou a cara — Sonserinas fingem que ele é fome.

— E elas caem? — perguntei, começando a ficar apavorada outra vez.

— Só na porrada. — Scarlett disse rindo, enlaçando seu braço ao meu — Tente não morrer, Rose. Nosso trato exige uma professora viva.

— Obrigada por me lembrar. — zombei.

Enquanto andávamos pelos corredores com pouquíssimas pessoas, Drew e Scarlett me passavam um relatório.

— Todo mundo está tomando café. — Drew comentava, andando imponente ao meu lado — Escolhemos uma boa hora. Rose Weasley vai roubar toda a atenção do casal grifinório que chegou bem cedo para serem notados. Idiotas...

— O correio ainda nem chegou, o que vai nos garantir um show completo de qual será a manchete do Profeta Diário. — Scarlett garantiu — O que você tem que fazer é andar, sem olhar para a mesa da Grifinória. Existe um orgulho que você resgatou quando aceitou nosso acordo.

— Eu vou me sentar com vocês? — perguntei, me sentindo uma completa retardada ao ouvir quão ridículo isso soou.

— A gente pode sentar juntas no recreio também? — Lindsay debochou andando mais a frente.

Depois de Scarlett e Drew garantirem que tudo daria certo, a tranquilidade que eu esperava não chegou e eu comecei a me sentir tonta. Ao ver as portas do Salão Principal, meus pés fincaram no chão como raízes e todos me olharam.

— Tudo bem, estou logo atrás de vocês. — comecei a ficar ofegante.

— Não. Nunca ficamos sozinhos. — Jared sorriu docilmente — Vem, Rose. Quando ver, já estaremos sentados comendo.

— Não é tão fácil assim, tudo bem? — falei estridente — Você já viram o tamanho dos meus saltos? E essa saia? Nunca ninguém me viu assim e essa coisa de receber atenção nunca foi algo que eu gostei.

— Não pira! — Alícia segurou meu rosto — Você quer segurar meu braço?

— Não. Não. Não! — Scorpius passou a mão pelos cabelos — Ela é uma sonserina, droga! Parem de agir como se ela fosse de porcelana, porque ela não é! — sua atenção veio sobre mim — Você vai se manter firme, porque eu sei que você consegue. Regula sua respiração. Não vamos entrar como uma corrente. Eu quero as duplas de sempre.

Como uma formação, Lindsay foi para o lado de Albus, Scarlett se posicionou juntamente com Drew, Alícia - mesmo estando relutante - alcançou a Jared e Anna parou um pouco atrás de Scorpius.

— Você vai entrar comigo. — ele disse, me puxando para mais perto — Vai ficar entre mim e Anna. Vai sorrir como uma megera e jogar o seu cabelo num vento imaginário.

— Scorpius...

— Não, Rose. — ele me interrompeu — Você é uma de nós agora. — de seus lábios brotou um sorriso e ele tirou algo de suas vestes o que reconheci como artefato trouxa também. Duas bolinhas brancas foram entregues a mim — Coloque isso no ouvido. A música trouxa dessa vez não vai te fazer chorar, vai fazer o tempo passar. Cuide bem disso, Rose. Fazer isso funcionar demora cerca de duas horas de feitiço e Lindsay e Albus ganham uns bons galeões.

— Vamos entrar agora ou você vai desistir? — Alícia chamou.

Decidida, porém, ainda assustada, me infiltrei entre ele e Anna.

— O que te faz ser tão legal comigo? — disse baixinho para Scorpius.

— Eu não gosto de Oscar. — ele disse, ficando estranhamente recluso — E saber que a namoradinha dele está do meu lado e não do dele, me faz ser o cara mais feliz do mundo.

Os outros foram entrando e eu mordi os lábios.

— Sem tremer. — Scorpius me entregou um chiclete e Anna arregaçou a manga de sua camisa — Lembre-se, você deve ser a garota mais bonita desse Salão Principal.

— Vai ser fácil. — Anna sorriu amigável.

O primeiro passo foi o mais difícil, mas quando eu dei o segundo, meu corpo inteiro se arrepiou.

Eu joguei o cabelo ao mesmo tempo em que todos os pescoços se viraram pra mim e a cena toda girou em câmera lenta enquanto eu entrava.

Whatever it takes

Cause I love the adrenaline in my veins

I do whatever it takes

Cause I love how it feels

When I break the chains