Beber, lutar, navegar escrita por HinaYagami


Capítulo 21
Funerais e Esperanças


Notas iniciais do capítulo

Sem mais delongas, boa leitura. Nos vemos nas notas finais ;)



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Após Stiles ter se recuperado completamente do ataque e de ter sido drogado por nativos, ele alegremente descobrira que amostras da planta que havia sido usada em si haviam sido recolhidas. Logo ele passou a ficar ocupado por horas na cabine de Derek fazendo anotações ou na cozinha colocando as folhas e sementes para ferver, ele usara tudo que tinha ali.

Uma pasta obtida ao amassar as flores e sementes simples, levada a cozimento, ou secada no sol e feito pó, e ao fim ele fazia testes em Tom ou mesmo em pequenas doses em alguns tripulantes dispostos a lhe serem cobaias.

— Descanse em paz bravo marujo, você resistiu até o fim. - dissera Stiles solenemente jogando o embrulho do tamanho de sua mão no mar, sendo observado por um Isaac risonho e descrente. - Quieto! Tom foi uma ratazana incrível!

— Sim, e ele deixou familiares no convés inferior, vou fazer outra armadilha e tentar te dar um deles. - comentou caminhando distraidamente para as escadas.

— Eu sugiro que não zombe de mim Isaac! - acusou Stiles lhe apontando o indicador, as bochechas vermelhas. - Qualquer dia minhas experiências podem acabar caindo acidentalmente na sua caneca de cerveja!

Aquilo de certo modo teve um efeito positivo, pois após os tripulantes terem ouvido a ameaça do doutor, passaram a temer mais Stiles e foram também ao funeral de Tom dizer adeus. Canecas eram erguidas enquanto falavam que sentiriam falta de seus ruídos pela noite ou dele roendo seus dedos dos pés.

O doutor estava ainda chateado pela perda de sua leal ratazana, apesar de Isaac ter prometido a si outra para usar nos experimentos, quando notou Boyd passando discutindo sobre rotas com Johnson. Aparentemente precisavam de um local seguro para aportar enquanto a tripulação seguia adiante.

— Não podemos deixar aqui, o navio poderia ser jogado contra rochas. - retrucou Boyd, erguendo o rosto e avistando Stiles. - Boa tarde doutor, fiquei sabendo sobre Tom, sinto muito.

— Obrigado Boyd, você tem coração. - bateu no ombro do homem, antes de encarar o mapa distraidamente. Este lhe chamou atenção, não por haver algo especial, mas sim pela falta de algo muito importante. - Tem um porto aqui, tinha uma cidade pesqueira, mas após um ataque pirata ela ficou vazia.

— A quanto tempo foi isso? - indagou Johnson já olhando o mapa com atenção. - Ele tem cerca de 5 anos, já temos até novas cidades mapeadas...

— O ataque pirata aconteceu tem quase trinta anos, alguns mapas mais novos do meu pai nem tinham mais o porto assinalado, mas ele deve existir.

— Atracamos no porto, se pegarmos essa rota devemos levar metade de um dia para alcançar a o pé da montanha. - Boyd bateu no ombro do rapaz sorrindo, animado com a ideia de finalmente terem uma rota. - Parabéns doutor, não teríamos conseguido sem você. - afirmou.

Stiles estava satisfeito de finalmente poder ter ajudado mais a sua tripulação. Fazia muito tempo desde que pensara no pai, e ficara surpreso ao notar que pensar no mesmo não doía como ele imaginava que doeria, quando ele decidiu virar um pirata.

O rapaz deixou seu trabalho de lado e passou o restante da tarde encarando o horizonte, pensando no que mudaria de ali em diante. Sequer se deu conta de quanto adormeceu, só sentiu a diferença quando as suas costas repousaram no colchão macio. Ele passara dias sem dormir trabalhando, o fato de ser muito imperativo também exerciam influência, então estar confortável fez com que o sono prolongasse.

Poderia ouvir a voz distante de Derek, jurava ter sentido seus lábios , mas já estava tão imerso no mundo dos sonhos que não sabia o que fora real. Mais uma vez, ele tinha a sensação de que o sonho seria diferente, como os que tivera após o ataque das sereias.

Naquele sonho, entretanto, era diferente, era um jantar elegante e luxuoso, uma mesa longa e farta digna de membros da alta classe. Ele notou que em casa ponta da mesa havia uma família, uma ele não conhecia, sequer era capaz de ver seus rostos, mas a outra eram os Hale.

Laura Hale era quem estava sentada na cadeira liderando a discussão contra a outra família, e apesar de Stiles não compreender as palavras, podia sentir o tom alterado de ambos. No momento seguinte ele viu que a família Hale estava navegando em um navio pirata.

Ao abrir os olhos, lembrou-se das palavras de Derek quando lhe contara uma história, sobre a família condenada a não pisar em terra firme. Sua mente era inundada por todos os momentos em que todos saiam, exceto a família Hale, mas havia um porém, já vira Derek andando a noite.

— Hey hey, está tudo bem doutor? - indagou Derek preocupado, havia notado toda agitação vindo do rapaz deitado consigo e despertara. Do lado de fora, o céu se misturava em azul, laranjado, rosa e violeta, Stiles não sabia dizer se era noite ou dia. - Acho que exagerou trabalhando. - bocejou se sentando na cama.

— Eu... Só tive um sonho ruim. - concluiu por fim o rapaz, ao que Derek assentiu. - Estamos... Parados? - indagou surpreso.

— Sim, atracamos hoje pela madrugada, em poucas horas o grupo de busca vai partir. - Derek então hesitou, parecia estar em um conflito interno, e por fim apanhou um papel enrolado e entregou ao garoto. - Quero que você os acompanhe liderando a busca em meu lugar, Boyd e Isaac sabem o que fazer, pode contar com eles.

— Vamos procurar isso? - indagou Stiles abrindo o papel e vendo uma flor que nunca havia visto. - Uma flor? É isso que estivemos procurando? - seu tom era quase descrente.

— Sim, se chama wolfsbane, acônito, ou mata-lobos. Pelo que me falaram essa é uma espécie rara que pode anular feitiços ou maldições. - respondeu cauteloso, esperava uma pergunta do rapaz, tanto que levou um tempo até prosseguir seu relato. - Ela cresce em áreas montanhosas, então sei que vão achar.

Stiles podia não conhecer toda a história de Derek, sabia que ele não contava sobre seu passado, mas nada disso importava, ele iria lhe ajudar de qualquer modo a conseguir aquilo. Assim como Derek lhe deu liberdade, Stiles o ajudaria a conquistar a dele, agora que já tinha uma ideia de como seria a maldição.

— Pode contar comigo, eu vou fazer o meu melhor para te ajudar nisso. - prometeu antes de se levantar. - Devo me juntar a eles?

— Ainda não. - Derek ficou de pé ao lado do rapaz, ele queria confiar em Stiles, mas tinha tanto medo dele se machucar, o médico tropeçava em seus próprios pés. - Apenas tome cuidado, e volte em segurança.

Stiles assentiu, notando a tensão que havia nos ombros do rapaz, o que o fez tomar iniciativa e se aproximar do capitão, tocando sua face, aproximou-se até que seus lábios fossem unidos. Touché, pela primeira vez o médico sentia que estava completamente no controle, seus lábios se movendo contra os do capitão.

Ou ao menos estava, até que Derek passasse um braço em torno da cintura de Stiles prendendo seu corpo a si, mordendo o lábio inferior do rapaz e lhe arrancando um gemido rouco. Claro que aquilo inflou o ego do capitão, que aproveitou o estado de torpor e aprofundou o beijo, o efeito da invasão da língua foi evidente, Stiles teve que agarrar-se aos braços de Derek para manter-se de pé.

O capitão quase revirou os olhos com tal ato, como se ele fosse deixar que Stiles caísse, de todo modo, o rapaz estava começando a tirar proveito da situação. Ele subiu as mãos pelos braços de Derek, fincando as unhas curtas na pele, antes de finalizar o beijo e morder o ombro de Derek.

— Sinto muito lobão, mas acho que você está começando a se empolgar um pouco demais. - comentou o rapaz, embora tentasse parecer tranquilo, hiperventilando. - T-Tenho que ir encontrar a tripulação.

E soltando um suspiro pesado, Derek observou enquanto o rapaz se distanciava, tropeçando nos próprios pés e se batendo no batente da porta da cabine. Talvez estivesse indo um pouco rápido demais, talvez Stiles ainda estivesse muito assustado com a situação.

—:-

Stiles observava a encosta da montanha, haviam diversos sulcos na parede que permitiam que fosse escalada, mas boa parte do trajeto podia ser feito por meio de trilhas. Parte do percurso era mais fácil e outra parte era mais íngreme, o que fez com que o grupo se dividisse para terem mais chance de achar algo.

— Por aqui doutor, eu vou subir na frente e você prende a corda na cintura, lhe ajudo a subir. - disse Johnson antes de usar uma picareta para criar outros pontos de apoio e começar a subir.

Foram diversos escorregões, mas por sorte tinha Boyd e Isaac para segurar firme na corda e puxar Stiles de volta para a parede. No fim o doutor tinha as mãos feridas e sangrando, mas havia conseguido. Na sua frente, entre duas frestas largas na rocha, haviam algumas flores idênticas àquelas da figura em sua mão.

— São essas, não é? - indagou Isaac num tom empolgado, arrancando uma das flores pela raiz e observando atentamente.

— Ao menos parecem ser. Vamos levar a raiz também. - disse Stiles estendendo uma bolsa de pano. - Espero que essas sejam o suficiente... - murmurou.

E logo um novo desafio viria: eles teriam de voltar para a Inglaterra com toda a Marinha Britânica atrás deles.


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Notas finais do capítulo

Lamento pela demora pessoal! Eu tenho pouco tempo livre com a faculdade e quase não escrevo TxT
Espero que me perdoem, garanto que não abandonei a história, mas não sei quando postarei novamente.
Um grande beijo, Yagami Hina



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