Beber, lutar, navegar escrita por HinaYagami


Capítulo 17
Minha prisão


Notas iniciais do capítulo

Nada a comentar, apenas espero que apreciem o capítulo.



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Derek havia corrido na mata meio sem rumo, ele estava apressado em alcançar o nativo, tanto que mal percebeu a armadilha, e teria certamente pisado e caído nela caso Boyd não tivesse lhe puxado pelo braço para o lado.

Ambos os homens caíram no chão com um baque pesado, como estavam um pouco mais atrás não atraíram tanta atenção dos tripulantes, e logo Derek se levantou, olhando assustado para o pedaço de cipó que segurava o galho de alguma árvore com espinhos, os quais tinham um líquido escurecido nas pontas.

— Capitão... - chamou Boyd, e assim que recebeu atenção do mesmo, mal teve tempo de reagir antes de ver as costas da mão do homem se aproximando rapidamente de sua face, o estalo ecoando. - Mantenha o foco! Derek, eu sei que se preocupa com o doutor, mas se não manter o foco, não será capaz de salvar Laura!

Derek passou a mão pelo rosto sentindo o ardor devido a mão pesada de Boyd, mas logo assentiu, compreendendo que seria tolice sua agir com sua mente repleta de temores e dúvidas. O capitão por fim assentiu e estendeu a mão para o homem, este um daqueles de sua confiança, e prontamente se cumprimentaram, antes de continuarem a trilha, não muito longe dali, ouviram os gritos começarem.

—x-

Laura despertou sentindo a sua cabeça latejar e um enjoo intenso, podia sentir todo o seu corpo ainda dormente e pesado, ela virou o corpo e vomitou apenas um líquido levemente espumoso, ela não havia comido nada nas últimas... Não fazia ideia de quanto tempo estava ali, mas provavelmente fazia bastante tempo.

Seu navio havia atracado entre as rochas para se ocultar pouco após o nascer do sol, e parte de sua tripulação havia saído para fazer reconhecimento da área com intuito de voltar quanto sol estivesse no pico. Para seu desespero, entretanto, nenhum deles havia voltado, e ela tomou a decisão de ao por do sol sair com o restante de seus homens, já preparada para um combate e uma missão de resgate, afinal hostilidade de nativos era algo esperado.

— Capitã Hale! - um homem de pele bronzeada e fios negros e encaracolados aproximou-se dela, lhe ajudando a levantar-se. - Ela está bem, homens, agora temos de arrumar um modo de sair daqui.

— Capitão Derek já deve ter atracado, se ele vier despreparado... - um segundo homem disse, e somente então Laura parou para observar melhor onde se encontrava.

Haviam pelo menos quinze pessoas consigo, o que era apenas de 1/4 de sua tripulação, então supôs que os que não estivessem mortos, estariam em outro lugar. Tocando a parede, sentiu a mesma esfarelando, lentamente, era demasiada fria e úmido, a fraca iluminação da lua vinha de algum ponto acima. Erguendo os olhos, notou que haviam grades de bambu aproximadamente quatro metros acima do solo onde estavam, caso escalassem a parede ou subissem nas costas um dos outros, poderiam escapar dali.

— Essa prisão não é grande coisa, podemos escapar, Michelotto. - comentou sem olhar para o rapaz de cabelos negros que lhe apoiava.

— O objetivo deles não é nos manter muito tempo presos, capitã. - declarou o homem, por algum motivo seu tom fez com que um arrepio percorresse a espinha de Laura. - Só precisam nos manter drogados até que façam seu sacrifício ou a chuva venha, ou no pior dos casos...

— Viramos todos comida. - finalizou Laura, soltando o ar pesadamente. - Não podemos desistir ainda homens, aqueles que conseguirem ficar de pé tentarão subir, aqueles que não puderem, arrumaremos uma corda para os içar.  Conhecem o nosso código: Nenhum homem fica para trás. - declarou antes de se curvar e apalpar a bota que calçava, tirando dali de dentro um abridor de cartas.

— Aye! - concordaram em uníssono, alguns até mesmo apanhando ossos quebrados do chão para usar para criar apoios para subida.

— Não seja tola, mal consegue ficar de pé Laura, vai acabar se machucando. - disse para ela em voz baixa, seu tom um tanto irritadiço, enquanto voltava a segurar o seu braço.

— Não sou uma donzela a ser salva, Michelotto, eu vou sair daqui com minhas próprias forças e salvar o restante dos meus homens. - disse num tom autoritário, antes de dar-lhe as costas e prender o abridor de cartas o mais alto que conseguia na parede.

Ela usava algumas raízes e por vezes o próprio Michelotto como apoio na escalada, com seus 1,85 de altura ele pode lhe ajudar em boa parte do percurso, mas uma vez próxima do topo, ela estava sozinha. Quando seus dedos se fecharam em torno das barras, ela esperou que as barras cedessem, mas para sua sorte isto não aconteceu .

Respirando fundo, ela manteve todo seu peso apoiado nas barras, antes de apanhar o abridor de cartas, que aos poucos ela havia mudado de posição conforme subia (uma vez que seria perigoso cair com a arma em mãos ou junto ao corpo) e passou a cortar com dificuldades os cipós e cascas de árvore que foram rusticamente usados como um modo de prender um bambu ao outro.

Conforme ela fazia esforço para se movimentar e cortar as demais cordas notou, para seu desespero, que uma das madeiras que sustentava as barras começava lentamente a ceder devido a terra mais seca da superfície não suportar seu peso.

— Todo mundo para trás! Alto marujos! - disse para dois que estavam no lado oposto cortando as cordas assim como ela.

Na verdade mal tivera tempo de dizer tais palavras antes que ouvisse gritos vindos de fora, os nativos gritando algo em uma língua que não conhecia. Por um momento ficou alarmada achando que haviam sido descobertos e novamente seriam drogados, mas logo entendeu a razão de tal alvoroço.

— Vocês, procurem a capitã Hale! - ordenou a voz familiar de Derek, antes de ouvir o som característico da espada sendo desembainhada.

O som das espadas e os gritos foram o que abafaram o som das grades caindo, Laura apenas fechou os olhos esperando pelo impacto, mas sentiu braços lhe segurando. Ela não precisava olhar para saber que fora Michelotto quem lhe segurara, mas a confirmação veio no momento em que sentiu suas costas chocarem-se com o chão feio e abriu os olhos, vendo os cachos negros.

— Ai... Isso realmente doeu, capitã. - dissera o Imediato, a fazendo arregalar os olhos. Um filete de sangue escorria pela testa do homem, o corpo dele sobre o seu fora o que impedira que os bambus lhe atingissem. - Está tudo bem?

—x-

Derek notou alguns homens se afastando com arco e flecha em mãos, e logo ficou alerta, afinal de contas um arqueiro num espaço aberto e ao nível do solo estava em desvantagem ali.

— Não deixem os arqueiros tomarem distância! - gritou o capitão pegando a sua pistola e mirando num dos nativos e disparando, que caiu pesadamente com uma bala no meio da testa.

Ele notou a expressão alarmada dos nativos quando aos poucos um a um foram tombando, os poucos homens que haviam restado vivos, logo fugiram para mata levando as mulheres e crianças consigo, que até aquele momento haviam ficado escondidas na margem oposta da mata.

Por um momento alguns marujos fizeram menção de os seguir, mas Boyd logo ergueu a mão e deu a ordem para pararem. Eles não haviam ido ali para um extermínio, e mesmo que seguissem na mata, as chances estavam contra eles, provavelmente acabariam todos sendo mortos.

— Capitão, achamos! - gritou um dos homens num canto mais afastado, onde aparentemente havia um buraco no chão.

— Tem mais outro aqui! - disse outro tripulante, com a ajuda de mais dois eles tiraram as barras de bambu e jogaram uma corda, no outro buraco haviam conseguido descer uma escada para todos.

Derek havia corrido alarmado achando que teria finalmente notícia da irmã mais velha, mas nenhum membro a tripulação sabia lhe dizer o que havia lhe acontecido. Ele temeu que ela tivesse o mesmo fim que os cadáveres pendurados logo que se aproximavam, desmembrados, estripados, se era canibalismo ou sacrifício ele não sabia dizer, tudo que lhe importava era que Laura estivesse em segurança.

Ele começou a vasculhar os arredores em busca de outros buracos semelhantes ao primeiro, encontrara alguns com água e corpos boiando que embrulhou-lhe o estômago, mas apenas prendeu a respiração e seguiu em frente. Foi com surpresa que notou que um dos buracos não apresentava as grades, ao se aproximar mais, notou que dois longos bambus estavam mantidos próximos e fixos na beirada do buraco, parecia apropriado para uma fuga.

Aproximando mais, ele viu os fios escuros longos, o bambu sendo usado como apoio para escalada, e Derek sequer pensou duas vezes antes de se adiantar e puxar a mulher para fora do buraco, os braços fortes lhe envolvendo protetoramente. Se pudesse ver a expressão de Laura naquele momento, veria que ela lhe encarava com uma expressão surpresa, uma vez que ele não era de demonstrar afeto com frequência.

— O que aconteceu, Der-bear? Achou que fosse se livrar de mim? - indagou Laura num tom risonho, bagunçando os cabelos do irmão mais novo. E se Derek havia se incomodado com o apelido e o gesto, não havia demonstrado. - Eu sou uma Hale, não serei derrubada tão facilmente.

— Nunca mais me assuste desse jeito. - foi tudo que respondeu numa voz baixa, antes de a soltar. - Os marujos estão tirando sua tripulação de outros dois buracos, poucos feridos, apenas tontos. - ele olhou para o buraco onde ela estava. - Como estão?

— Algumas contusões, nada sério. Capitão Hale. - cumprimentou Michelotto saindo do buraco,ele passou a manga do casaco na testa, limpando o sangue.

Passados alguns minutos, todos os tripulantes dos Hale estavam reunidos no local, e fora decidido que iriam explorar as tendas em busca de algo que pudesse vir a ser útil a eles. Fora Boyd quem ao andar pelo local acabou entrando na tenda do pajé, onde achou algo curioso. Espalhado pela tenda haviam algumas flores, e notou que havia mais do líquido escurecido que estava impregnado em armas e armadilhas do local.

Ele pegou tanto a tigela onde havia encontrado a mistura e se apressou em encontrar Derek, este estava junto com Laura em um local mais afastado, ela não havia reagido muito bem após saber o modo cruel como os seus homens haviam perecido. 

— Era isso que tinha nas armadilhas, acha que foi o que usaram contra Stiles e Peter? -indagou Derek olhando seriamente para a mistura, como se fosse seu maior inimigo. - Vamos  levar para o navio... Estou preocupado com o estado daqueles dois...

— Não se preocupe, se foi isso que os atingiu, eles vão ficar bem. -  garantiu Laura, tocando o próprio pescoço. - Apenas um dos nossos morreu assim, eu fiquei cansada e apaguei por algumas horas, mas foi somente isso... - comentou antes de se levantar, olhando para o céu. - Devemos ter umas quatro horas antes do sol nascer, vou levar minha tripulação de volta para o navio.

— Acho que é o melhor, talvez possamos dar a volta , já que duvido que possamos passar tão tranquilamente por aqui de novo. - comentou Boyd, ao que os dois capitães logo acenaram em concordância.

Laura ainda deu mais um abraço no irmão lhe garantindo que o jovem médico ficaria bem, antes da tripulação dela começar a se afastar, vindos por uma trilha diferente da que ele havia vindo. Logo fora Derek quem chamara os seus homens e fizeram o percurso de volta.

Uma vez que conheciam parcialmente o local, a caminhada fora bem mais tranquila que a de mais cedo, e logo eles estavam de volta a praia, se acomodando nos botes a fim de retornar ao navio. Uma vez ali, Derek permitiu que sua preocupação retornasse com força total, pois ele não sabia se seria capaz de perder uma pessoa que amava uma segunda vez.

Pois mesmo com as palavras de Laura, ele simplesmente não conseguia deixar de ter medo.


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Notas finais do capítulo

Gente mil perdões! Atrasei no capítulo, não respondi nada dos comentários, mas eu li e amei cada um ;-; Eu estou muito animada com vocês comentando e mostrando como gostam da fanfic, e também com os 95 acompanhamentos, não tenham medo que não vou abandonar esse trabalho!
Um grande beijo, Yagami Hina



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