Imperfeito escrita por Lyn Black


Capítulo 8
Regentes


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou e está desviando de uns olhares mortais...
Sério gente, mil desculpas pela demora. Mas não passou de um mês, não é? Eu me enrolei, o tempo voou e quando vi estava sem postar há um tempão. Isso sem falar que semana passada foi a minha semana de provas e antes dela eu estava cheia de testes e trabalhos. Enfim...
Espero que gostem do capítulo, foi um deleitei o escrever.
Aguardo vocês nos comentários, viu? Atingimos a marca dos 40 leitores e eu mal conheço vocês, com algumas adoráveis exceções, é claro. Eu prometo que não mordo, hahaha.
Falando nas exceções, aí vai o meu "Obrigada *-*, leitores simpáticos e lindinhos" para Palloma Gama, para Elvish Song, para Duda Weasley e para Rocket Queen. Vocês são uns amores ♥.
Espero que os errinhos ortográficos tenham passado bem longe do capítulo,
Sem mais delongas,
Boa Leitura!



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Regentes

 

— Você se considera uma amiga de Alexia, Srta. Potter? – Lilian balançou a cabeça afirmativamente. – Não somos muito próximas, mas me considero uma. Faria algum mal me dizer como Alexia está? – Lily instigou sua preocupação e logo seus olhos estavam levemente úmidos. Às vezes precisamos ser convincentes, e a persuasão pode estar ligada à uma muito boa atuação.  

Ariana Zola anotou algo em seu pergaminho, um item que usava além da pena de repetição que registrava cada vírgula do que dizia.

— Esse é o procedimento padrão, Potter. Veremos as suas perguntas depois.

Lilian assentiu brevemente. Ela gostaria de colaborar integralmente, mas algo a impedia. Talvez fossem os olhos da auror que estavam a incomodando. Eles eram de um castanho escuro tão perscrutador que ela ficava desconcertada. Ou quem sabe fosse o gato cinza que estava rondando pela sala. Não, não era a Diretora, disso ela tinha plena certeza.

— Continue com as suas perguntas então, por favor.

—----

Após um leve aperto de mãos, Lilian saiu do gabinete, a expressão neutra. Em frente da sala da direção, Sarah Bones esperava sua vez ao lado de Verena e Eridanus, que também faltavam serem interrogados.

— Como foi? – a Rookwood se levantou, a mala de pele de dragão largada no chão.

Lily olhou de esguelha para a Bones que parecia bem concentrada no seu livro. Eridanus olhava Lily Potter discretamente, analisando suas expressões corporais.

— Perguntas vazias. – deu um risinho sem humor algum. Acenou para Goldestein, que também se levantou. Agora os três formavam um círculo. – E respostas ausentes para as minhas perguntas.

Verena assentiu.

— Nós poderíamos estudar juntos hoje à tarde na Sala Precisa. O que acham? Chamo Henriette mais tarde na aula de Adivinhação. – propôs.

Os dois estranharam a proposta. Sarah que estava sentada no chão levantou a cabeça do livro, pronta para começar a falar o quanto era ocupada.

— Poções Avançadas. – complementou, em tom de desculpa para a ravenclaw. A Bones nem teve tempo de replicar, pois foi chamada pelo auror Watson.  Lilian antes de seguir o seu caminho, aproximou-se um pouco mais de Rookwood e de Eridanus que se levantara e desamassava as rusgas inexistentes em sua camisa polo verde musgo.

— O que você pretende com essa reunião? – A menina de longas madeixas arruivadas soou duvidosa.

Verena olhou para Eridanus, que levantou os olhos, resignado com o que já percebera.

— Compartilhar. E esclarecer. – Lily manteve uma expressão indiferente, mas meneou a cabeça em concordância com o projeto.

— Nos encontramos às cinco e meia em frente à tapeçaria, então? – ela apenas esperou uma resposta afirmativa dos dois para dar meia-volta. Lily não olhou sob o ombro. Uma pena, é verdade. Ela certamente gostaria de se lembrar do sorriso que Verena Greengrass deu. 

A menina virou alguns corredores e desceu algumas escadas, até chegar às masmorras. Recolheu o livro que pegara emprestado de Vivianne, decidida a ir até o seu escritório e devolve-lo.

—----

Era horário de aula. Consequentemente as pessoas que viu nos corredores estavam provavelmente matando algumas classes. Lilian nada tinha contra eles, apenas revirava os olhos por se deixaram ver por ela que não fazia questão de se esconder nas sombras. Quando chegou à porta do escritório de Runas Antigas, parou para observar melhor o quadro que estava pregado na parede ao lado. Parecia uma guerreira, que lutava com o outro personagem do quadro, furiosa. Lily pensou em questionar os figurantes, mas a porta abriu ao seu lado num rompante causando-lhe um sobressalto.

— Oh, Lilian, o que faz aqui? Não deveria estar em aula? – perguntou a professora.

Lily abriu a bolsa que carregara do dormitório e tirou o exemplar.

— Fui dispensada por causa do interrogatório. – ela assentiu em compreensão, aquilo fora pauta na sala dos professores. - Obrigada por emprestá-lo, Vivianne. – estendeu a mão com o livro que foi pego por Wildgeon. - Eu apenas não entendi como os sistemas de códigos rúnicos funcionam. Na verdade, meu problema está em decifra-los.

A professora assentiu e após dar uma breve olhada em seu relógio de bolso, acenou para que Lily a seguisse para dentro da sala de Runas.

— Venha, minha querida, estou com tempo livre no momento.

Lilian estranhou a resposta visto que Wildgeon carregava até uma maleta muito bonita a tiracolo e tinha os cabelos revoltos alinhados e presos num arranjo impressionável.

— Mas você estava saindo, Professora. Não é de meu desejo atrapalhar os seus planos.

Vivianne estagnou e demorou alguns instantes para responder a aluna. O sorriso sem-graça dela intrigou um tanto a garota.

— Nada que não possa esperar até amanhã, Lily.  Sorte a minha que você apareceu aqui, impediu-me de uma concretizar algo para lá de precipitado. Agora se apresse, pois esse assunto será demorado.

A professora virou-se e continuou a andar, seguida por uma hesitante Potter. Ela observou Vivianne largar a maleta na mesa, mas não conseguiu ler as expressões da mulher que de costas pegou alguns papéis e livros.

As duas sentaram-se à mesa circular disposta perto de uma estante de livros. A professora fez a relação entre runas e aritmância (magia dos números) com complicadíssimas equações desenhadas com a sua varinha e foi explicando calmamente para Lily os conceitos. Depois trabalharam em cima dos livros didáticos do 7º ano que tinham um pouco da matéria.

É estranho como elas desenvolveram esse vínculo. A verdade é que Wildgeon tinha agora uma aprendiza. Mais do que monitora, Lily era como um projeto a qual se dedicava. Passaram a manhã fazendo códigos de papel, passando-os para a magia e depois os desconstruindo. Vivianne gostava de transformar Runas Antigas em bancar o detetive. Diferente do que muitos pensam; definitivamente o assunto não era simplesmente andar com um dicionário colado ao corpo. Bem, Lilian era quase uma assistente da professora, então às vezes ela carregava uns livros extras, mas esse não é o ponto.

Há quem diga que os filhos de Harry e Ginny Potter são beneficiados. E é verdade. As oportunidades surgem também por causa do peso do sobrenome. Um segredinho que nem lhes fará diferença: James II detesta o peso de ser quem é. Albus surfa nessas ondas de benefício. E Lily? Digamos que ela gosta de conquistar tudo por seu mérito. Exclusivamente o seu mérito.

Não foi surpresa para as pessoas de Hogwarts vê-las chegarem juntas ao almoço.  Zola ficou curiosa pela cena, mas se absteve em perguntas, e continuou a comer na mesa dos professores, sentada na cadeira em anexo, em silêncio. Os outros aurores estavam espalhados pelas mesas de suas antigas casas, mas ao que se referia a missão, nada diziam.

Quando Lily sentou-se a mesa de sua casa, logo sentiu pares de olhos vindos de lugares diferentes apontados em sua direção. O que encarou de volta foi o de Fortescue, que de longe deu um sinal afirmativo.

Ela terminou de almoçar em silêncio, se abstendo em comentar sobre as últimas fofocas de Hogwarts.  Lily estava realmente morrendo de vontade de saber sobre o triangulo amoroso entre Alexander Zabini, Verônica Blu e Marcus Smith. Só que não. Ela só riu mesmo quando viu Caledônia lamuriando baixo por causa do irmão. Ela observou o homem, de uns vinte e seis anos, que saiu da mesa das águias para vir falar com a Rosier. Quando percebeu que ele notou que estava sendo observado, desviou o olhar agilmente. Deixo a pergunta no ar: será que rápido o suficiente?  

—----

Para o desagrado de Lily, ela não tinha permissão para se ausentar das aulas de DCAT à tarde. O professor Foresta avisou-a durante o almoço, e se vendo sem alternativas, apenas pode correr para pegar os materiais de forma a não perder a aula. Wood era rígida e não gostava nem um pouco de atrasos.

Quando chegou esbaforida pela corrida, deu de cara com James sentado próximo à porta, um tanto nervoso mexendo em alguns papéis. Alguns alunos, ela observou, esperavam o início da aula lá dentro mesmo. Ela podia ignora-lo. Normalmente ela faria isso. Mas não fez. Motivo? Por mais que premedite suas ações, Lily às vezes é guiada por vontades momentâneas. Como todo mundo. Imagine ficar parado pensando toda vez que se apresentam dois caminhos ou a cada fala de uma conversa. Impossível por mais de quinze minutos.

Andou até onde ele estava sentado e logo chamou a sua atenção quando bloqueou a luz que o iluminava. A primeira coisa que o Potter mais velho viu foi os coturnos que Lily estava calçando.

James II arregalou os olhos levemente:

— Wood mandou me chamar? – Lily balançou a cabeça negativamente, e escutou em seguida um longo e aliviado suspiro. Ele a olhou, a expressão endurecendo um tanto, mas a curiosidade dominando seus olhos. – Então por que está parada aí, Lilian Luna?

Lily abriu um sorriso normal, que não poderia esconder nada mais do que genuína sinceridade.

— Você vive atrás dos professores. – não que o Potter gostasse muito disso, mas era verdade, então concordou com a cabeça. – Eu aposto que escuta o que eles falam. Sabe como Alexia Deschanel está?

O garoto empurrou os óculos quadrados pretos para cima e levantou-se, pegando a mochila de qualquer jeito. Colocou-a nas costas e olhou atravessado para Lily.

— Você foi interrogada por algum motivo.

Sentindo a acusação na sentença, deixou uma leve irritação sair.

— Ela é minha amiga. – James não pareceu tão convencido assim. – Eu estou preocupada, Sirius, imagina se um amigo seu aparecesse assim e ninguém quisesse te falar como ele está.

Ele revirou os olhos, mas ao ver que ela trazia no rosto a mesma expressão de quando era criança e estava angustiada, suavizou a face e expirou lentamente, tentando transmitir compreensão. Ele havia sido um idiota, pensou. James Sirius se xingou mentalmente pela sua atitude. 

— Desculpe, Lily. - a sinceridade assustou a garota. - Olhe, eu vou falar o que eu sei.

Ele pareceu um tanto preocupado, e abaixou nitidamente o tom de voz. Olhou ao redor e começou a disparar as palavras:

— Eles ainda não sabem o que é, mas ela foi com certeza envenenada. Wood está ajudando a equipe e já revirou todos os livros de venenos, mas não achou nenhum que se encaixasse com o que encontraram nela.  Ela disse que queriam mandá-la para o St. Mungus, mas não rolou. Eu acho que estão separando evidências numa sala. Nicole se recusou a me falar mais. – James praguejou baixinho. - A parada está ficando séria, Lilian. Você não deve saber, mas os Deschanel são bem importantes no mundo bruxo. Não tanto quanto os Potter ou os Weasley, mas... – ele estufou o peito para falar o final, o que Lily achou ridículo. 

— Certo. Esse final foi desnecessário, mas obrigada pelas informações, Sirius. Aliás, o que estava procurando agora pouco?

James a olhou, e sorriu um pouco. Lily falara exatamente como mamãe. 

— Papéis velhos e preciosos. Jurava que estavam comigo.  – James coçou a cabeça, nervoso. Ela não mostrou muito interesse na resposta, mas assentiu. – Ela vai me matar se eu os tiver perdido mesmo. Ah, Lilian, não conte para ninguém que fui eu quem lhe falei essas coisas, okay? Você sabe como é, os alunos não deveriam saber de nada.

Lilian arqueou uma de suas sobrancelhas e balançou a cabeça levemente, em compreensão. Ela até ia replicar, mas James tratou de se despedir ao escutar a professora lhe chamando.  

A garota Potter encostou-se a parede, absorvendo o que acabara de descobrir. Vendo que os alunos começavam a chegar em massa, entrou na sala e sentou-se numa cadeira ao fundo, próxima duns garotos da sua casa. Pegou um pergaminho e preparou sua pena. Temendo a demora em começar a aula devido aos dez minutos que faltavam para o seu começo, pegou seu caderno de anotações e sua caneta. Sabiam que o Veneno Verdan também está lá? Sorte de Lily que ninguém tem interesse num caderninho que ela usa para as aulas. Mas há quem diga que a sorte é volátil demais para se deseja-la. A sua sorte pode ser o azar alheio. E a sorte alheia o seu azar.

—----

Ela assistiu à aula compenetrada. Treinou com a sua dupla um feitiço de defesa até conseguir repelir o de ataque da outra a ponto de jogá-la longe, o que angariou 15 pontos para a Slytherin. A menina não sofreu nenhum ferimento, e bem, depois Lily sentiu um pouco de impacto e teve de se apoiar na mesa. Nada digno de nota, claro.

Quando saiu da classe o relógio batia quatro horas. Ela foi para a casa onde deixou os materiais e tirou o uniforme. A nova regulamentação tornara obrigatório o uso do uniforme apenas durante as aulas. Lily não gostava de estudar no salão comunal, ela preferia ficar no dormitório à vontade com seus pergaminhos espalhados na luminária transfigurada em mesa.  E definitivamente a poltrona que ela e Michelle conseguiram arranjar para o quarto delas era bem melhor do que as cadeiras do salão. Por favor, Lily gostava de verde, mas não tanto assim.

Quando deram cinco horas e dez minutos, ela ajeitou as suas coisas, pegou seu bloco de anotações e um cachecol marrom. Lily amava aquela temperatura. Era como estar em uma casa de faz-de-conta. Um frio que não era congelante, e sim refrescante.

Lily foi andando tranquilamente pelos corredores. Era verdade que estava preocupada com Alexia, mas agora o pressentimento que tinha era que deveria esperar. Pelo quê não tinha ideia, mas às vezes é bom seguir a nossa intuição.

Quando dobrou o corredor viu que Eridanus já os esperava, as mãos nos bolsos, o olhar baixo. Lily andou até ele e também se escorou na fria parede.

— Oi Lily. – ele sorriu levemente.

— Oi Dan. - ela cumprimentou de volta. – Como foi o interrogatório?

Ele deu de ombros e ela notou que os mesmos se encolheram.

— Você sabe, as perguntas normais. Se eu sabia de algo estranho sobre Alexia, alguma inimizade, se a gente conversava muito, essas coisas. – ela assentiu e disse num sussurro:

— Sabe, eles têm razões para essas perguntas. Alexia Deschanel foi envenenada.

As vezes faz bem repetir esses tipo de coisa que assusta até que se normalize, até nos convencermos que é real e que devemos encarar. O garoto levantou a cabeça, um tanto alarmado podemos dizer, mas logo a emoção foi se dissolvendo em seu pálido rosto.

— Zola não te disse isso, não é? – perguntou baixo, um interesse em seus olhos. 

— Não. Ela não me disse. – Goldestein estava pronta para colocar em voz alta a próxima pergunta, quando uma voz o interrompeu.

Henriette estava com o uniforme da Hufflepuff bem amassado e parecia cansada. Ela já estava bem perto deles, os olhos esverdeados apagados. Eles a responderam, pouco animados com um “Olá”.

— Sabe se Rookwood está chegando? – Goldestein perguntou.

— Não a vejo desde a aula de Adivinhação.  – Henriette riu levemente, uma luz enchendo os globos oculares. – Verena é literalmente pontual. Ela vai cruzar esse corredor as exatas 17:29 e estará em nossa frente quando der 17:30.

— Desnecessário.  – Lily murmurou.

Henriette olhou no seu relógio de pulso e depois para Lily que mostrava impaciência.

— Deixa disso, Potter. São apenas cinco minutos. – Fortescue deu um sorriso. Em retorno, recebeu um contido suspiro. Uma certeza: Lily Potter definitivamente não é paciente.

—----

Verena fez as honras e abriu as portas e por elas os quatro entraram um ao lado do outro. O tom amadeirado predominava na sala, e havia uma mesa de estudos num lado, enquanto no outro uma lareira. Assim que a porta foi fechada por Lily, que deu uma boa olhadela no corredor, receosa de alguém estar os vigiando, com um aceno da varinha Henriette conjurou madeira e acendeu a lareira. Eridanus a encarou por uns momentos, umas das sobrancelhas arqueadas.

A menina sorriu e deu de ombros.

— Lareiras acesas deixam os ambientes mais confortáveis e aquecidos.

Rookwood riu baixo e foi se sentar numa cadeira da mesa que logo se transformou no assento que desejava.

— Não se anime muito, Henriette. – ela olhou pros outros e sorriu. – Da última vez isso aqui virou uma versão psicodélica da Hufflepuff. Eu quase tive um treco quando parei de escrever aquele ensaio chato de História da Magia.

A menina da casa do texugo fez uma expressão indignada.

— Pois quando você começou a decorar a sala, isso ficou parecendo um filtro preto e branco. Parecia um jogo de xadrez, por acaso você se inspirou nas roupas da Griffiths?

Lily sorriu diante da conversa e sentou-se num dos sofás que estavam próximos da lareira. As duas garotas continuaram a debater enquanto os outros dois travavam um diálogo bem mais silencioso.

— Diga-me, Lily, como deve essa versão extravagante da Hufflepuff? – Eridanus perguntou para Lily, o tom jocoso e repleto de diversão.

— Muito bem-humorada, eu aposto. – ela lhe respondeu com um pequeno sorriso no rosto.

As duas amigas logo tomaram lugares próximos a eles.

O semblante de Verena fechou um pouco.

— Eu sei que chamei vocês para estudar, mas não é exatamente...

Eridanus cortou-a com uma risada seca.

— Nós sabemos, Rookwood.

A morena deixou seus ombros caírem e se apoiou desleixadamente no sofá.

— Ariana Zola é um pé no saco. Parece até que ela precisa de alguém para mandar para Azkaban. Como foi com vocês?

Henriette baixou os olhos.

— Sei lá. Ela é bem objetiva.

Eridanus Goldestein resmungou baixo.

— Ela nem poderia nos investigar sem a presença de nossos pais no mundo trouxa.

Lily descolou suas costas do sofá.

— Eu dispenso. Aquele gato estava me dando nos nervos. – ela fez um som de desgosto.  

Os outros três se entreolharam e depois dirigiram um olhar para a Potter que traduzindo significava “Que diabos você está falando?”, ou como Verena preferiu explanar:

— De que gato você está falando, Lily?

Uma ruga apareceu em sua testa.

— Ora, vocês sabem, não é como se houvesse mais de um lá. Era um Nebelung*1, tenho quase certeza disso.

Henriette olhou para Lily, um sorriso frouxo nos seus lábios, acolhedor.

— Não tinha nenhum gato nos nossos, Lilian, mas não significa que no de Bones, no de Thomson e no de Zabini ele não esteve por lá. Ele deve ter saído nas nossas entrevistas.

A ruiva sorriu para a outra e meneou a cabeça, mas logo sua expressão começou a endurecer, até Henriette também fechar o sorriso como os outros.

Lilian aprumou-se no sofá e colocou as mãos no seu colo, a postura mais ereta.  

— Talvez a conveniência tenha nos levado até aqui. – seu timbre trazia uma onda de mistério e insegurança para a sala.

— Só talvez, Lilian? – Goldestein questionou.

A menina revirou levemente os olhos.

— A escola está com uma energia terrível. Se não falarmos pelos menos entre nós, uma hora iremos explodir– Verena comentou; seus grandes olhos saltados dariam uma bela fotografia naquele momento. 

Lilian Potter perguntou-se por uma última vez se não devia esperar mais um pouco, se não estava sendo precipitada.  Porém, ela deu um basta nas dúvidas que habitavam sua mente.

— Eu nunca compartilharia os meus receios se eles não estivessem estritamente ligados a vocês.

 Os quatro trocaram olhares. As palavras que foram proferidas a partir deste instante interferiram de forma intensa na vida deles e definiram muitos caminhos. Entretanto, a menina da Lua nunca se arrependeu delas.  Talvez, devemos admitir, Lily Potter tenha se arrependido de algumas estradas que escolheu dirigir por. Apenas talvez.

—----

Henriette Fortescue sempre falante estava quieta, sentada ereta num pufe preto, as mãos apoiadas no colo.

Eridanus Goldestein estava acomodado numa cadeira de rodinhas, a mão no queixo, expressão analítica enquanto olhava para as sombras do teto.

Verena Rookwood girava a varinha produzindo faíscas violetas, e estava sentava numa poltrona bege de aparência velha, que tinha um apoio para os pés mofado que não parecia incomoda-la.

Lilian Potter estava de pé olhando concentrada o fogo queimando na lareira. Sua mão repousava nas costas da cadeira de Eridanus, que estava contrária ao fogaréu.

O elo que unia aqueles quatro alunos parecia tênue e complexo. Vimos anteriormente que eles estabeleceram por si por próprios uma ligação, mas afinal, por que cargas d’águas estavam ali reunidos, depois de um dia estressante em Hogwarts?

Eles haviam conversado em tom baixo por cerca de meia hora e agora refletiam. Peças montavam uma imagem desfocada, pintura abstrata.

Henriette levantou-se e chamou-os, atraindo a sua atenção.

— Você tem certeza, Potter? – ela questionou. – Porque eu não vejo relação concebível entre uma coisa e outra. Não faz sentido. Você está sendo paranoica. – a castanha acusou.

Rookwood revirou os olhos.

— Sabe, não é tão difícil assim de nos certificarmos de que, bem, nossa poção caiu em mãos erradas.  – Verena mirou a Potter - Seu frasco está com você, Lily? – ela perguntou amistosamente.

Recebeu um aceno positivo em resposta, afinal até o dia anterior ele estava bem guardado. Fortescue desviou seu olhar em direção a Eridanus que encarava um ponto fixo, uma tora de madeira pintada com um símbolo estranho. Ele se demorou um pouco e seus olhos vagaram pelas poeiras no chão até encontrarem os das garotas. 

— Alexia me pediu o frasco mês passado. Disse que queria testar umas propriedades e não vi mal nisso. Ela tinha todo o direito de mexer com o veneno quanto eu. Sabe, eu não fiquei cobrando a poção. Aí que ela me contou que o vidro havia se quebrado e que o líquido estava completamente perdido.

Lily fez um careta e com as mãos na cintura questionou:

— E por acaso nenhum de vocês pensou e contar para mim, Fortescue e Rookwood?  - suas mãos tremiam ligeiramente e ela parecia irritada.

— Não faria muita diferença, faria? – Goldestein deu de ombros.

Rookwood se mantivera atenta às falas dos outros. Viu-se em momento de interferir.

— Talvez ela não tenha lhe falado a verdade, Eridanus. As pessoas mentem, é verdade. Só posso imaginar porque Alexia tomaria essa atitude.

Henriette levantou-se e alisou a saia amassada.

— Acho melhor esperarmos. Podemos apenas estar a ver coisas onde não há nada. Além do mais, que comprovações temos? Eu vou indo de qualquer forma.

Aproximou-se de Verena e despediu-se com dois beijos, um em cada bochecha. Acenou para Lily e para Eridanus, recebendo um “Até mais” do ravenclaw e um “Cuidado.” da slytherin. Henriette estranhou a resposta de Lilian Luna, mas preferiu não responder. A menina lhe parecia naquele momento em especial apática, misteriosa e não muito confiável. 

A Fortescue preferia aguardar as notícias ruins dentro do seu confortável salão, acompanhada de um café bem adocicado. Afinal, ela bem sabia que as notícias ruins eram as que chegavam mais rápido. Além do mais, ela tinha correspondências a trocar. E, bem, não somente ela, na verdade os quatro tinha algumas coisas a considerar. Colocar os pesos na balança, esfriar a cabeça e tentar enxergar no breu.

Lily passou na Torre de Astronomia antes de ir para a cozinha comer algo. Nem foi jantar no Salão, preferiu voltar para a Slytherin e se recolher mais cedo.  

E depois ela caiu no sono profundamente, como quem embarca numa viagem demorada, a barco. A queda é suave e o barulho das ondas calmas embala o viajante. Aquilo trouxe paz para a menina que temia acordar de um pesadelo onde caía do precipício. Trouxe leveza para o coração. E ela sonhou.

 


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Notas finais do capítulo

Olá novamente :),
*1 - Nebelung: raça de gato, caso queiram dar uma olhadinha:
https://www.google.com.br/search?q=nebelung&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjh34WRhM7MAhWCOyYKHaaIDv0Q_AUIBygB&biw=1242&bih=585
Espero que tenham apreciado o capítulo, estou ansiosa pelos seus comentários.
Bjnhs e até o próximo,
Lyn



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