Imperfeito escrita por Lyn Black


Capítulo 5
Palavras


Notas iniciais do capítulo

Adivinhem quem está de volta? Exato, Lyn Black, ou seja, eu.
Mil desculpas pela demora. Me esforçarei para postar mais! Vocês sabem como é, a gente tem milhões de coisas para fazer e se enrola um pouco.
O estilo da escrita desse capítulo está um pouco diferente, mas foi o que saiu, e quero ver no que dá.
Acreditem, eu faço de tudo para que os errinhos gramáticas passem longe da história, mas de quando em quando eu deixo um escapar. Realmente espero que eles não tenham conseguido passar para essa versão.
Espero que vocês gostem,
Sem mais delongas,
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/658043/chapter/5

Palavras

A segunda semana de aulas de Lilian estava sendo especialmente atarefada. A monitoria de Runas Antigas começara e estava consumindo parte de seu tempo livre. Era uma experiência estranha lidar com os alunos mais novos. Cheios de energia, hormônios e vontade de se sobressair, por vezes eram irritantes. No começo, Lily ficou mais afastada do quadro que se fazia a partir de Vivianne Wildgeon passando lições para os terceiranistas. Entretanto, após a primeira aula, começou a se encaixar na imagem de monitora de Runas Antigas.

Os terceiranistas que tivera a oportunidade de conhecer na sua primeira aula eram-lhe pouco usuais. Hufflepuffs e ravenclaws, quando juntos, faziam uma combinação estranha. É claro, trabalhavam bem, mas havia um ar de disputa em cada mão levantada. Diferente dos slytherins juntos aos gryffindors que explicitamente se atracavam, sem reservas ou resguardas, ravenclaws e hufflepuffs travavam uma luta cheia de olhares disfarçados e sorrisos conspiratórios, que não extrapolava muitos os limites. No final das contas, ela ficou por ajudar uns alunos, criticar outros além de fazer as anotações que Wildgeon pedia.

Depois daquela, esteve presente em outras duas aulas, uma com o quarto ano e outra com os outros alunos do terceiro. Nela, encontrou a irmã de Aisha, Provence, e os amigos da mesma. Uma satisfação se fez presente ao ver que seus ensinamentos haviam sido de utilidade para os mais novos estudantes da disciplina. Pareciam até mais animados do que o resto da turma. Era engraçado como as pessoas ficavam diante de coisas de aparência complicada. Julgando por um olhar, já colocavam em suas mentes que seria muito difícil. Gostaria de mudar isso.

Combinou com Vivianne que no primeiro mês estaria nas aulas dos 3º e 4º anos. Depois atuaria como monitora nas aulas do 5º e do 7º. Wildgeon queria que ela se inteirasse do sistema e de como as coisas funcionavam atrás do quadro antes de começar a exercer seu papel com os mais velhos. Lily ficara sabendo ainda naquela semana, pela boca da Diretora Mcgonnagal, que já que estaria de certo modo trabalhando para Hogwarts, receberia um pagamento. Isso deu bastante ânimo para a Potter, que queria ter o se próprio dinheiro. Teria de assinar uma papelada, mas valeria mais que a pena.

Na verdade, estava há pouco no gabinete da diretora resolvendo esses assuntos. Parecia que o Conselho resolvera opinar no projeto de monitoria e esse benefício fora formalizado apenas agora. Aquela era uma quinta-feira nublada e para sua felicidade, a hora do jantar chegara. A barriga roncava tão alto que Luna não duvidava que se alguém prestasse atenção, a escutaria. Entretanto, ela não correu para o Salão Principal ou fez menção de sua vontade de comer o quanto antes. Quando passou com a mente distante pelo Professor Flitwick, que saia de sua sala carregando uma pilha de papeis, não notou se havia mais alguém no corredor.

Atrás de uma das pilastras do terceiro andar, onde está a sala de feitiços, duas pessoas se encontravam ocultas pelas sombras. Se alguém conseguisse distinguir as figuras, apostaria que estivessem aos beijos, afinal essa prática é muito difundida entre os alunos de Hogwarts. Estavam próximas, não podemos mentir, mas a pouca distância tinha um único objetivo: manter as palavras presas no pequeno espaço que existia entre as duas bocas.

—--

Depois de jantar algumas das deliciosas iguarias feitas pelos elfos domésticos, Lilian Luna seguiu para o chamado popularmente ninho de cobras. Assim que pisou os pés na Sala Comunal da Slytherin, andou até uma das mesas que ficam dispostas perto das vidraças que dão para o lago. Após tirar da bolsa alguns pergaminhos e tinta, Lilian se pôs a escrever a redação sobre a Transfiguração de Seres Animados em Inanimados e Seus Efeitos Colaterais que o professor Foresta pedira no primeiro tempo da manhã. O título era tão gigante quanto o conteúdo. E, o burburinho no Salão estava a deixando estressada, o que atrapalhava no seu desenvolvimento. Sua letra por vezes se transformou em feios garranchos que a fizeram recitar feitiços de aperfeiçoamento.

Quando chegou ao meio do segundo pergaminho, escutou uma das cadeiras próximas a si ser arrastada e ao levantar os olhos brevemente, notou que quem estava se sentando era uma garota que muito conhecia. Os olhos azuis miosótis eram bem transparentes, na opinião de Potter.

Lily entrementes preferiu ignorar a colega, que parecia querer falar algo. Alguns minutos se passaram até que a Nott sussurrou num tom tão baixo que se a Potter não estivesse prestando atenção, não escutaria, um cumprimento. Lily apenas levantou os olhos e deu de ombros após balançar a cabeça em retorno.

— Lamento pelo ocorrido, Lily. – falou em um fio de voz, com muito esforço. Aquele era o seu pedido de desculpas. O máximo que seu orgulho lhe permitiria dizer. – O preconceito está em mim. – ela falou, enquanto se aproximava de Luna. - Eu percebi isso. Quero mudar.

A outra a olhou analítica. Aisha mexia constantemente no cabelo, sinal gritante de seu nervosismo. A coragem não é exclusiva se nenhuma casa ou mesmo está presente em todas. Podemos dizer que Aisha apenas não sabia o caminho para encontrar a que havia dentro de si.

— Está bem. Não impedirei qualquer mudança de sua parte, Aisha. – e continuou a escrever, voltando a ignorar a garota, que insistente continuou com os olhos sobre ela, esperando mais palavras. Após dar um breve suspiro, Lilian levantou os olhos e arqueou uma das sobrancelhas. - O que você quer que eu faça, Nott? Por acaso deseja um abraço e que eu diga que te perdoo? Não fui eu a ofendida. – fechou o vidro de tinta e guardou a pena. Terminaria o trabalho em outro lugar. - Mas pelo menos você reconhece que está errada. - completou de forma indiferente. No fundo, ela se alegrava pela tentativa de Nott.

Juntou os pergaminhos e colocou-os na mala que estava apoiada num dos pés da cadeira. Aisha Nott apenas a observou. “Lily é a minha amiga há anos! Fomos estúpidos e idiotas, mas ela poderia me dar uma segunda chance.”, ela pensava. Potter levantou-se da cadeira e tornou a pegar a mochila do chão, jogando-a displicentemente nas costas.

— Até mais, Aisha. Ah, e boa sorte com os Selwyn. Eles estão olhando para cá e não parecem felizes com você. – despediu-se com o comentário. Ao escutar a menção aos Selwyn, os gêmeos que faziam parte do antigo clube da Slytherin também integrado por Lily, Aisha praguejou baixo.

Merle e Astra Selwyn eram irmãos gêmeos da tradicional família Selwyn. Ambos de pele negra e de vivos e volumosos cabelos pretos, eram bem parecidos. Aisha Nott tinha para a sua infelicidade, caído no mesmo círculo de amizades dos dois. Na verdade, isso é bem normal para as pessoas. Nem sempre nos damos maravilhosamente bem com todos que nos cercam. A filha de Theodore Nott e Leila Ab-ahad achava que antes conviver de forma tranquila com os dois do que arranjar brigas.

Astra pode ser uma figura divertida na maioria das vezes, com suas histórias de sua vida fora de Hogwarts. Já Merle, com seu sendo de humor um pouco duvidoso, cativa a maioria com piadas e gracejos. Por conveniência, podemos dizer, eles junto a Aisha, Kabir Falk, Lily Potter e alguns agregados, formavam um grupinho “nobre” da Slytherin. Dizemos conveniência, pois no geral do grupo, não havia amizades fortes entre todos. Nada mais natural para um da casa das cobras. Ou melhor, nada mais natural para uma realidade qualquer.

Lily Potter nunca foi muito chegada a eles. Ela sabe que os anos de convivência, no final das contas não significam nada. Era para ser apenas mais uma das rodas que faziam a tarde, na casa dos Nott, para falar bobagens, rir e se distrair. Entretanto, a saída tempestuosa de Lily daquela circunferência foi algo que ninguém imaginava. Ora, ela sabia que eles tinham ideologias diferentes, não é?

Parece que apesar de tudo, Lily Potter foi criada num ambiente de compaixão e aceitação que criou morada fixa dentro dela. E, ao escutar os risos de desdém, as palavras de veneno, simplesmente não conseguiu suportar a ideia de que ela nunca se dera conta de quem eram os seres ao seu redor. Aquela tarde foi além do aborto-mágico. Ele apenas foi a última gota antes do copo transbordar. Homofobia, machismo e por aí seguia a lista. Lily Potter não queria conviver com aquelas pessoas mais. Já bastava.

Já Aisha, via muito daquilo como imagem, pose e status. Eles não haviam sido os melhores, mas todos tinham defeitos, ora essa. Ela não morria de amores pelos Selwyn que definitivamente não queriam Lily mais no grupo, mas sabia que eles não hesitariam em vinga-la caso algo ocorresse. Bem, bem, Nott... Se eles conseguirem tirar vantagem, a matança começará.

—--

Lily fez seus deveres pendentes sentada na sua cama, e até termina-los tentou persistentemente manter sua turbulenta mente apenas neles. Uma coisa que não se encaixava na sua cabeça era como o ensino bruxos poderia ser tão diferente do trouxa em alguns aspectos. A Potter achava que eles deveriam ter aulas de redação e da língua inglesa, no mínimo. Todos eram falantes, sabiam se comunicar, é verdade, mas com o ensinamento das particularidades da língua a escrita pode ser aperfeiçoada e trabalhada de uma maneira muito melhor.

Ela ficara sabendo de muito mais sobre o ensino trouxa por uma carta de Lucy Weasley. Filha de Percy e Audrey, a garota que um dia foi da Ravenclaw é dois anos mais velha do que Lily. Bem, deve estar parecendo que essa história de família distante da Potter não é verdade, não é? Vamos dizer que existe um “grupo” de primos não próximos dos Wealsey. Esses são Dominique, mais devido a distância do que qualquer outra coisa, Louis, aborto mágico; Lily, a slytherin e Lucy, que preferiu largar as bruxarias por seus desejos.

Lily e Lucy poderiam ter sido boas amigas, mas as coisas nunca funcionaram assim. Quando elas eram menores, seus pais tiveram algumas sérias indisposições e, dessa forma elas pararam de se ver constantemente. Logo a simpática e doce Lucy foi para Hogwarts e, quando Lily entrou, não deixavam de se cumprimentar nos corredores, mas nenhuma tentou uma aproximação. Estavam acostumadas as coisas como eram.

No começo do 7º de Lucy, ela decidiu que largaria os estudos bruxos e partiria para o mundo trouxa. Devido ao seu interesse por matemáticas e física, ela manteve seus conhecimentos relativamente em dia, e com a ajuda de um colega estudou e compreendeu aquela realidade que queria participar. Não é fácil explicar como ela acreditava na ciência da magia.

Dessa forma, em 2023, Lucy Weasley durante o 1º passeio a Hogsmeade aparatou para a casa da meia-irmã de sua mãe, trouxa que concordara animadamente em ajudá-la. Tinha tudo planejado, até sobre a documentação de seus estudos básicos e tudo o que era necessário para ingressar na universidade.

Lilian entrou na história de uma forma inesperada. Após a tentativa infrutífera, Lucy havia sido enviada de volta a Hogwarts por seus pais e, recorreu a Potter para concretizar seus sonhos. Lily não se arrepende, na verdade até se orgulha do que fez. Acobertou a “fuga” de Lucy, algo que ninguém nunca esperaria dela, já que não tinha relação alguma com a garota, e assim quase ninguém ficou sabendo de sua participação. Vocês podem não compreender o motivo dela abandonar Hogwarts, mas a filha de Percy Weasley tinha as suas razões, que não poderei contar aqui. Lily troca cartas esporádicas com sua prima, que está cursando Física em Oxford e é muito feliz. Ela é determinada, Luna pensa. Aprendeu muito sozinha e chegou onde está por próprio esforço.

Após fazer um feitiço para que os pergaminhos secassem mais rápido, Lily guardou-os no criado-mudo que fica ao lado de sua cama. Parece chato, mas ela tem uma rotina, a maioria dos de Hogwarts tem. Acorda, toma banho quando há tempo e vai para o Salão tomar seu café da manhã. Tem suas aulas, almoça, passa no escritório de Vivanne para entregar alguns dos relatórios pedidos. Depois segue para as aulas da tarde e quando estas acabam volta para o salão comunal, onde descansa, faz os trabalhos e depois disso se encaminha para o seu dormitório. Às vezes fica conversando com Michelle, outras vezes joga conversa fora com Caledônia, Scorpius e Alexander. Durante o dia, é claro, ela conversa com as pessoas que lhe aparecem e com quem simpatiza.

É claro, ela ainda é uma jovem. Troca sorrisos com uns garotos que prefere não revelar os nomes e escuta algumas confidências de Parkinson, de quando em quando. Porém, ela mantem sua pose séria e seus objetivos em foco.

Mas quais são os objetivos de Lily Potter? Se formar com louvores? Ora, não parece ser tão grande coisa assim. Contarei o que Potter quer: aventuras. Ela quer uma brecha para fora da rotina, um tempo extra para ficar observando o Lago Negro. Quer tranquilidade, quer agitação. Ela quer variação.

Entretanto, quebras na rotina nem sempre são boas. Quem vive sem rotina acaba por encontrar uma. A falta de rotina não seria uma rotina? Potter quer se formar, pois acha que terá experiências diferentes após isso. Há quem diga que ela quer dominar o mundo. Ela apenas arqueia uma sobrancelha para estes. Talvez ela queira governar seu próprio mundo. Mas ela sabe que não tem esse poder, ninguém têm.

E, acreditar que o tem pode ser como puxar o próprio tapete. Lily sabe dos perigos da prepotência, um descendente do fundador de sua casa em sua loucura fez de sua devastação interna, externa. Porém, ela tenta manter os olhos ao seu redor, para não deixar que outrem consiga a derrubar.

Fazer o Verdan foi uma quebra de rotina que todos os participantes de sua elaboração apreciaram. Talvez eles tenham se esquecido de que por mais interessante que aquilo fosse ainda era um veneno.

 O sentido figurado dessa palavra significa tudo o que corrompe, causa prejuízo moral.

Parece que o Veneno Verdan carrega todos os significados de sua denominação. Essas palavras são mais reflexão do que história, mas é incrível o sentido delas. Mas acho que não devemos nos preocupar tanto assim. Lily sabe o valor das palavras. Ou ao menos ela acha que sabe.

—--

Potter caminhava pelo corredor do segundo andar, avoada como sempre. Queria chegar logo nas masmorras, pois sua mochila parecia pesar o mundo inteiro. Tinha certeza de que se fosse permitido o uso de canetas, ela não ficaria com aquela dor insuportável nas costas. Todavia, carregar três vidrinhos cheios de tinta foi sua opção. Lily detestava ter de pedir emprestada tinta. Já passara por isso algumas vezes e desde então carregava pergaminhos extras (o tamanho de suas anotações ainda conseguia a surpreender), além de penas, tinteiros, isso sem contar os exemplares que iam e vinham da biblioteca e que tinha de devolver antes do prazo vencer. O que muitas vezes não acontecia.

Porém, acho que deveríamos voltar para o plano atual. A Potter de novo, vocês podem ver, está cansada após uma semana escolar. E, amanhã pela manhã ela voltara a ter suas aulas avançadas de poções com uma nova professora. Na verdade, após a primeira semana, sua turma especial cursou poções junto ao resto de seu ano sob a direção de Nicole Wood. Depois daquela quase primeira aula, quando Edmundo Viscot saiu apressado da sala, ela nunca mais tinha visto o professor. Os rumores diziam muito. Até que ele havia sido processado por um velho inglês por roubo de artes. Nenhum sinal de Viscot, pelo menos para os alunos. E, as providências foram tomadas. Ficou duas semanas com aulas gerais sobre a matéria e, só agora, no 4º e último sábado do mês, retornaria com as aulas avançadas.

Ela estava com algumas expectativas para a aula. Afinal, não era todo dia que se tinham classes com Skuld Galbraith. A norueguesa era um achado raro no campo que vinha se deteriorando nos anos recentes. Vivia atualmente na Dinamarca e pelo que Lilian sabia tinha ganhado um prêmio pela descoberta de cinco novas utilidades mágicas das raízes de valeriana, que poderiam ser úteis para as pesquisas sobre curas das doenças raras que atingiam os bruxos.

Na realidade, não foi só Lily que ficou feliz pelo sumiço de Viscot. Alexia Deschanel, Verena Rookwood, Henriette Fortescue e Eridanus Goldestein, embora não tivessem manifestado seu alívio, tinham ficado mais tranquilos com o distanciamento dele. É verdade que assim que puderam sair da escola (Lilian e Alexia alegaram a necessidade de comprar livros extras), conseguiram repor os ingredientes, mas passaram todo o tempo esperando que Edmundo retornasse e desse falta dos mesmos. Por que eles fariam um veneno? As suspeitas de que algo não estava certo recaiam sobre os cinco. E, podemos admitir aqui, se forem manter segredo, que cada um deles tinha algo atrás de uma errônea acusação.

O frasco que estava com Lilian fora guardado dentro de um compartimento falso de sua mala, onde colocou feitiços não muito bem vistos pela escola. Nada que chamasse atenção, mas magia branca que não era. Mas obviamente, Lily não fez isso sozinha. A sugestão de maior cuidado fica em aberto, Lily. Como dizem há muito tempo, Hogwarts tudo sabe sobre o que se passa em seus terrenos.

— Domingo, um dia após a preparação do Veneno Verdan –

Lily estava atravessando um corredor ao lado de Michelle Parkinson quando avistou Alexia junto a alguns garotos da Ravenclaw. Seria uma pena ter de interrompe-la, mas prioridades sempre seriam prioridades. Olhou rapidamente para Parkinson:

— Tenho que falar com Deschanel. A gente se encontra no Salão, pode ser? – acho que todos já sabem que essas eram apenas algumas pequenas formalidades. Michelle não iria dizer “não”, então após se despedir curtamente, seguiu o corredor, irritada por ter que andar sozinha.

Luna Potter andou com o nariz arrebitado até onde o grupo se reunia, e entrou no círculo com um sorrisinho irritantemente convencido no rosto.

— Posso roubar Alexia por um momento, garotos? – Deschanel revirou os olhos enquanto sorria para a ação de Lily. Os jovens pareceram desapontados, e olharam atravessado para a Potter, embora suas expressões se suavizassem ao olhar para a gravata verde e prata. Ninguém quer problemas com slytherins (não estamos contando os gryffindors, é claro), e ravenclaws são inteligentes o suficiente para arranjarem brigas sem motivos pertinentes.

— Eu não demoro gente. – Alexia saiu do grupo e andou ao lado de Lilian até dobrarem o corredor. Ninguém as escutaria dali. Além do mais, os quadros que estavam lá eram apenas paisagens, então nada de fofocas ou problemas.

— O que foi, Lilian? Estávamos comentando sobre a construção da escola. Realmente interessante, se quer saber. – levantou uma sobrancelha enquanto falava. Deixou uma leve perturbação aparecer, nada grave o suficiente para que Lily se desse ao trabalho de se importar.

— Preciso da sua ajuda. – falou sem rodeios. Alexia pareceu estranhar a fala.

— O que aconteceu? – perguntou levemente alarmada. - Vamos lá, Lil’s, eu te conheço desde o terceiro ano e você é orgulhosa o bastante para se negar a falar essas palavras. – a provocação foi prontamente ignorada por Lily, embora seus olhos tenham faiscando momentaneamente. Alexia mostrava o orgulho como defeito. Olhe quem falava!

— Eu preciso fazer mais feitiços de proteção em você-sabe-o-que, mas preciso de cobertura. Parece que algumas pessoas ficam de olho em mim a pedido do meu pai. O professor Longbottom, por exemplo. - terminou a frase com os braços cruzados e bufando. Oh sim, ela formaria A Nova Ordem Das Trevas e tocaria o terror enquanto se deliciava com um bom Firewhisky. Ela teria vários servos e manipularia a todos. Voldemort era purista, mas ele não tinha o bendito sangue. Ele se apoiou no grupo para se tornar um ditador. E, certamente Lily Potter mudaria seu nome para algo em francês muito impactante e todos teriam medo de fala-lo. Talvez ela se esforçasse para não acabar sem nariz, mas se fosse necessário assim seria. Parecia um futuro extremamente promissor.

Alexia a olhou com mais calma.

— Não estou em melhor situação. Mas estamos nessa agora, e eu ainda quero estudar os efeitos da poção. Podemos tentar na sala Precisa, às onze. Iremos dar um jeito. É bom manter uma amostra bem segura, Lily. – disse enquanto esfregava as mãos. Uma brisa fria estava entrando pela janela mais próxima.

— Sim, é verdade. Não teremos problemas, divido o quarto com Michelle que deve ir ter com o namorado muito provavelmente. - Alexia levantou os olhos, curiosa.

— Quem é o felizardo? – nada tinha contra a Parkinson, mas sabia um pouco sobre ela. Complicações. Muitas. Era uma menina difícil. Mas quem era fácil naquele mundo?

— Aposto em Charles Bell, da Lufa-Lufa. – comentou risonha.

— Não sabia que slytherins se davam tanto com Hufflepuffs. Estava mais para um acabar com o outro. – comentou. Lily abriu um sorriso sincero ao responder que embora fosse estranho, muitos de sua casa se davam bem com os hufflepuffs. – Gente boa. – finalizou.

Despediram-se, cada uma indo para um lado do castelo. E, por volta de uma hora Lily foi para o Grande Salão onde como combinado almoçou em companhia de Michelle e de outros slytherins.

Depois disso retornou para o Salão Comunal onde gastou o seu tempo com lápis de desenho e tintas aquarelas. Fora uma batalha perdida, pois o gato que Scorpius Malfoy gentil e pomposamente emprestara, não parava quieto e parecia detestar Lily. Quem se divertiu muito com a cena da garota tentando controlar o enjoado animal fora Zabini, que ficara lá para “Garantir a integridade do pequeno Sherlock, um coitado.”. No final das contas, o gato acabou derrubando os pinceis sujos de tinta permanente num tapete do Salão Comunal, o que fez com que Alexander e Lilian tivessem que testar todos os feitiços de limpeza que conheciam – ou seja – dois, que apenas pioraram a bagunça.

Eles precisavam arranjar aquilo antes que Raul Foresta, o professor de transfiguração, e também diretor da Slytherin (com a saída de Horácio Slughorn no seu terceiro ano, ele passou a ocupar o cargo), chegasse para a sua costumeira supervisão. Felizmente, uma menina do 5º ano se ofereceu para ajudar se eles a ajudassem com um feitiço de extensão, e rapidamente a macha sumiu.

Acabou ficando para Zabini ter que auxiliar a garota, nada que tenha lhe doído muito. Verônica Blu agora iria à primeira visita a Hogsmeade com o misterioso Alexander. Lilian se desagradou um pouco quando reencontrou o rapaz no jantar e ele fez questão de contar as boas novas.

— Tolo foi quem achou que ela queria simplesmente nos ajudar. – resmungou, mas rapidamente escondeu qualquer tipo de afetação pelo encontro do colega.

E, depois do jantar, voltou para o Salão Comunal. Já era por volta das nove horas e resolveu terminar o dever de Defesas Contra As Artes Das Trevas para passar o tempo. A matéria estava bem diferente do usual, ainda estava bem teórica. E, quando chegou a hora, ela se esgueirou pelos cantos como uma sombra e aparentemente não foi vista ou ouvida. Fizeram o que deveria ser feito, afinal haviam combinado. E, Lily preferiu não mexer mais no Verdan desde aquele dia. Ele estava seguro na sua mala e não gostaria de correr o risco de atiçar a curiosidade de Parkinson. –

Foi assim que Lily resolveu aquele problema. Alexia era do grupo a mais próxima de si e tinha pericia em feitiços de proteção. Ora, Lily Potter e Alexia Deschanel sempre pareceram se dar bem, é a mais pura verdade. Tinham sintonia, mas nenhuma delas conseguia confiar muito em ninguém para desabafar o que estava entalado em suas gargantas. As duas têm algo em comum, devemos nos lembrar: gostam de estrelas, do brilho próprio delas.

É curioso, muito curioso o símbolo dos Deschanel. Remanescentes das fogueiras da Inquisição, a Lua os representa. Entretanto, Alexia sempre preferiu as estrelas. Ela sabe, todos sabem. A lua usa do brilho alheio para brilhar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá novamente, gente!
Espero que tenham gostado do capítulo :)
O que eu estou planejando para história não é muito simples, então nesse meio tempo em que estive sumida produzi bastante material para o universo de Imperfeito.
Acredito que esse capítulo possa ser considerado uma espécie de transição.
Adoraria saber as opiniões de vocês sobre a história.
Bjs e até o próximo capítulo,
Lyn Black



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Imperfeito" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.