Imperfeito escrita por Lyn Black


Capítulo 11
Excentricidades


Notas iniciais do capítulo

Hello, it's me...
Olá cambada, tudo bem?
Eu sei, eu sei, eu sumi por mais de um mês, mas olha quem voltou?
Então, por favor, nada de azarações e imperdoáveis, beleza? Vamos ficar no amor, tá?
Falando em amor, já está mais do que na hora de você, leitorX fantasminha de carteirinha, aparecer pela fic. Vamos lá, gente, animação, eu demoro para postar, mas o retorno é tão escasso que fica difícil. Ah, eu cheguei numa conclusão sobre postar mensalmente:
Cada capítulo que escrevo é como tomar uma garrafa de algo muito bom de uma só vez. Entretanto, eu só consigo virar o líquido flamejante pela minha garganta novamente depois de um tempinho. E aí dá no que dá.
Finalmente FÉRIAS. Entretanto, viajarei e tenho provas que foram adiadas para o meu retorno às aulas, então, não vai dar para me embebedar de Imperfeito como seria bonito de se ver.
Bem, estou mandando um "Oie, amor!" para todos que estão acompanhando.
LeitorX novX, não se sinta inibido. Seja bem-vindo!
Sakura, thanks pelo comentário ♥
E a quem favoritou, um beijo.
Ah, o capítulo está sendo dedicado a uma amiga minha, Carol, que fez algo incrível para a história, lá embaixo, aguardem e não olhem sem antes ler, pessoal.
Agora, depois das notas iniciais mais longas de Imperfeito...
Espero que os errinhos gramaticais tenham passado longe, qualquer coisa me avisem ;)
Também espero que gostem!
Sem mais delongas,
Boa Leitura!



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Excentricidades

 

— Madrinha! – primeiro ela escutou a voz grossa, o timbre conhecido, para apenas depois ver os sapatos polidos e depois o corpo inteiro de Alexander Zabini, movendo-se com uma euforia e preocupação disfarçadas até a Sra. Deschanel.

A mulher levantou os olhos da bolsa que remexia sem pressa e sorriu discretamente para o garoto, que a sufocou em um curto, porém caloroso, abraço. Ele a soltou, e sua expressão fechou-se gradativamente. Lilian diminuiu o passo, surpresa e curiosa.

— Alexander, faz tempo que não lhe vejo. Mal tenho falado com sua mãe, as coisas estão muito complicadas.

Ele meneou a cabeça, como se dando pouca importância para o fato.

— Como ela está?

Ela suspirou e Lily sentiu a energia baixar no ambiente, como em uma triste harmonia que tocava de acordo com o astral da bruxa.

— Sobrevive. – Raven foi curta, contida e sentida, mas logo se alongou. – Eles não identificam o veneno. – falou com frustração. - Já mobilizei os aurores, mas eu precisaria até mais do que um grupo de pesquisa para entender o que ela tem. Tudo está ruindo, Alexander.  Ao menos o médico russo que contratei conseguiu estabilizar Alexia, mas não é suficiente. E ela nem pode ser transferida para um hospital mais especializado.

Alexander se mostrava afetado e compreensivo pelas suas expressões. A ausência de outras vozes permitia que Lily escutasse o diálogo, mas talvez por sorte, acaso ou quem sabe fosse conveniência mesmo, seus sapatos não faziam o costumeiro barulho. Assim, eles continuavam a dialogar, trocando palavras mais vazias do que cheias, e a não reparar em Potter, que estava cada vez mais próxima.

Ela pisou com mais força, e logo foi notada. Ao vê-la, Zabini acenou e se despediu da madrinha, que a olhou com interesse antes de se despedir do garoto. Raven Deschanel era intrigante. Aproximou-se da mais nova.

— Olá, Lilian.

— Sra. Deschanel. – cumprimentou com um meneio elegante e a mulher dispensou as formalidades. - Eu não pude evitar ouvir sobre Alexia. – os olhos de Raven eram misteriosos, indecifráveis, mas gelaram a menção da filha. – Eu tentei vê-la na Ala Hospitalar, mas não me deixaram entrar. O que aconteceu com ela?

A mais velha murmurou algo que pareceu ser em outra língua, e voltou seus olhos para os globos castanhos de Lilian.

— Espero que ela fique bem em breve, Lily. – ela não respondeu a pergunta, tornando por um caminho diferente. – Eu sei que vocês são amigas, e não irei lhe submeter a outro interrogatório, fique tranquila.

Lily assentiu levemente decepcionada, mas preferiu não insistir numa conversa que parecia estar fadada ao fracasso. A mulher continuou a falar pouco emotiva, mas espaventou a Potter.

— Eu sei que você tem muitos amigos pela escola, Lily, e também sei que sabe que Alexia foi envenenada. Se você notar qualquer coisa, Lilian, qualquer coisa, mesmo, que não seja própria ou certa para os aurores, por favor, mande uma carta para esse contato. Não especifique muito, mas deixe claro do que se trata. Pode ter a certeza de que irei lhe retornar a mensagem, de um jeito ou de outro.

Para a total surpresa da estudante, Deschanel tirou um pequeno cartão da sua cara e sofisticada bolsa e o estendeu em sua direção. Lily olhou brevemente para as luas que se cruzavam no símbolo em destaque no cartão, criando uma interessante e misteriosa imagem.

— Claro. – sorriu com insegurança, vendo que aparentemente os aurores do Ministério da Magia não eram tão bem quitados pela Família Deschanel quanto imaginara. – Obrigada, Sra. Deschanel, saiba que pode contar comigo.

Ela sorriu bela e imponente e assentiu. Passou a mão pelos loiros cabelos e mirou o nada. Ou seria o tudo?

— Ah, quase ia me esquecendo. Minerva pediu-me para avisar que a senha é fado. Ela disse que uma Potter viria, e creio que você seja a única.

Lily remereceu. Raven lhe deu as costas e seguiu até o final do corredor. Lilian a observou até sumir de sua vista. Tão estranho. Olhou de relance para o cartão, incomodada.

Lilian acenou por uma última vez e voltou-se para as gárgulas. Falou a senha e entrou. Aquilo fora tão aleatório. Lilian Potter estava perdida, pois não parecia que as coisas se encaixavam. Olhou de relance para o cartão de visitas antes de enfiá-lo num dos bolsos internos do casaco, apressada. O que me dizem? Quais são as suas apostas? Estou morrendo de curiosidade, mas não vou retê-los mais do que o necessário. Uma história clama por ser contada, não é mesmo? Então vamo-nos a guerra, enfim.

 

—------

 

O escritório da excelentíssima diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts era organizado, amplo e Lily adentrara aquela sala pouquíssimas vezes na sua vida. O chão era tão polido que ela conseguia ver o seu reflexo, havia vários quadros cheios de telespectadores, antigos e honráveis ex-diretores. Grandes e altas estantes guardavam raros exemplares. Minerva McGonagall não envelhecera tanto assim desde a 2ª Guerra Bruxa, por mais incrível que isso pareça. Seus cabelos grisalhos estavam presos num firme coque, e ela vestia um elegante traje bruxo, e um medalhão prendia a longa capa. O chapéu pontudo arroxeado completava o visual imponente da bruxa.

— Srta. Potter, por obséquio, sente-se. – falou num tom bondoso, olhando a garota por seus óculos de arame fino.

Ela dirigiu-se cuidadosa até a cadeira que ficava em frente da majestosa mesa de McGonagall, a antiga rigorosa professora de Transfiguração.

— Obrigada, diretora. – acomodou-se na cadeira com estofado carmim. Olhou por sobre McGonagall, e encarou os olhos azuis límpidos de Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore, que piscaram divertidamente para a garota antes de se voltarem para a senhora do quadro ao lado.

Minerva aprumou-se e inclinou o corpo para frente, ficando mais próxima de Lily. A estudante começou a especular o que lhe trazia até a presença da ocupada senhora.

— Você tem feito, segundo a Professora Wildgeon, um bom trabalho como monitora de Runas Antigas. – Lily sorriu. – Ela teria avisado por si mesma, mas estará ausente por aproximadamente duas semanas. Vivianne lhe indicou para conduzir as aulas durante esse período, nada muito surpreendente. Entretanto, preciso ter a sua certeza de que isso não comprometerá de forma alguma os seus estudos.

Lilian assentiu um pouco decepcionada. Quebra de expectativa, talvez? Ela imaginava algo maior, mas creio que nunca teremos ciência exata do quê. 

— Acredito que os horários das aulas de Runas Antigas não são conflitantes com os meus próprios, então não vejo problemas quanto a isso. Muito obrigada pela oportunidade, Diretora.

Minerva balançou a cabeça. Lily Potter tencionou levantar da cadeira.

— Espere por um momento, Lilian.

Ela voltou a se recostar a cadeira, interessada e atenta às nuances da fala de Minerva, que lhe olhava contemplativa.

— Sim? – perguntou solícita, sua máscara fria cobrindo o seu rosto que ardia em curiosidade.

— Sabe, você me lembra alguém... – Minerva a fitou de uma forma que Lily categorizou como dispensável por alguns segundos, porque a sensação de ter alguém com tanto poder a encarando incomodou. Muito.

— Poderia eu saber quem? – perguntou no tom que guardava apenas para os professores quando eles estavam seus piores dias.

McGonagall levantou-se, disposta a levá-la até a saída de seu escritório. Pousou a mão nas costas da menina, que foi conduzida até a porta com gentileza.

— Ela viveu há um bom tempo, e não posso dizer que a conheci como gostaria, Srta. Potter. Se eu acreditasse em reencarnação e as datas fossem convenientes, eu diria que sim, você é apenas uma nova versão de Ofélia Liower.

— Desculpe-me, mas desconheço-a, Diretora.

McGonagall sorriu e falou naquela voz de quem já acumulou muitas coisas nessa vida.

— Sim, sim, quase ninguém se lembra. Poderosa e esquecida. Mas se não se teme o esquecimento, isso não é um problema, não é, Potter?

Lilian engoliu em seco.

— De certa forma não é um problema, Diretora. – continuou com incerteza. - Ela o temia?

Minerva ponderou e lhe respondeu mais pesarosa.

— Muito. Porém, não está mais aqui para ver se foi lembrada ou não. – seu tom de voz mudou radicalmente, e as luzes da sala pareceram mais acesas. - Tenha uma boa-tarde, Potter.

Abriu a porta e deu passagem para Lilian.

— Igualmente, Diretora Mcgonagall. – sorriu e se encaminhou para as escadas em espiral. Quando levantou os olhos, a diretora já fechara a porta e retornara aos seus afazeres.

Sorte que Vivianne havia compartilhado e lhe dado uma cópia do planejamento para as aulas daquele mês. Lilian estava cogitando em retornar para o seu Salão Comunal para planejar o que faria no dia seguinte, ao substituir a professora, mas anotou na sua mente um trabalho extra, digamos assim.

Quando somos comparados com alguém, principalmente desconhecidos por completo, a curiosidade tende a ser desperta. A Biblioteca de Hogwarts talvez ajudasse a sanar o seu interesse na tal Ofélia. Talvez.

A vida de Lily Potter fica a cada hora mais interessante e excêntrica. Avisos de fada, luas, e um veneno escondido numa parte falsa de seu malão. Uma hora os aurores revistarão os dormitórios, certo? E quando e se isso acontecer, veremos se Lily rezará para algum deus de utilidades, tão importante, mas somente nos momentos de necessidade.

Agora, o julgo sobre a positividade ou a negatividade dessa excentricidade fica com vocês. Desejaria sorte, mas pelo visto nem a sorte pode lhes ajudar nesse momento. Ver-nos-emos em breve, então.

 

—------

As gotas de chuva batiam impiedosas nas vidraças de Hogwarts, fazendo um barulho alto, que embora pudesse ser facilmente extinguindo com um feitiço, parecia que iria continuar persistente. Lilian andava com passadas espaçadas, olhando para baixo. Não foi a toa que esbarrou no ombro de outro passante. Ignorou o xingamento que foi lhe dirigido, e continuou a andar, decidida a não se meter em estúpidas e sem importância discussões.

Logo estava diante da vasta biblioteca. Milhares e milhares de exemplares. Olhou pela porta de vidro e com cuidado abriu-a, evitando barulhos. Madame Evan levantou os olhos brevemente. Lílian seguiu até a mesa da senhora e perguntou onde encontraria informações sobre famílias bruxas da Grã-Bretanha. A velhinha rapidamente lhe forneceu as indicações necessárias e tornou a baixar os olhos azuis gélidos, como uma máquina.

Lilian andou até a 3ª fileira, seção B e começou a seguir cada vez mais a fundo pela biblioteca, que iluminada por luzes amareladas parecia um espaço amplo e vazio, como o seu coração. Trágico, não? Ela não reclama quando vê aqueles tolos apaixonados zanzando pela escola, mas arde secretamente pelo desejo de testar daquele tipo de emoção.

O relógio de Hogwarts soou. Algumas badaladas, mesmo que abafadas pelas paredes da grande sala dos livros. Seis horas da tarde. Lilian suspirou, e buscou a sua varinha, guardada num dos bolsos, e ao enfiar a mão, encontrou o cartão, sólido e verdadeiro. Leu bem o que estava escrito, identificando outra língua no papel que Deschanel havia lhe dado. Estagnou ao ler o nome em destaque. Liower. Ela não fazia ideia do que o resto significava com exceção do nome Raven Rockenbach Deschanel, mas fez uma conexão imediata, não digo que com tanta antecipação da minha parte que foi certeira, mas ainda sim uma conexão.

Ela esticou a varinha e um grosso livro sobre famílias bruxas veio para as suas mãos. Deschanel, Potter, Nott estão lá, ela se lembra de quando Alexia lhe mostrou seu nome no livro, quando passou as férias na casa da garota. Por que não os Liower? Lilian tirou o pó do exemplar, e se apoiou nas prateleiras, abrindo o exemplar.

Parecia que ninguém mexia naquilo há muitos anos, mesmo sendo um livro do século XXI. Ela buscou o índice, e foi até a letra L. Lá estava o nome da família, levemente desbotado. Tocou com a ponta do dedo indicador o nome e seguiu a linha pontilhada. Página 634. Preparou-se para abrir na folha certa quando sentiu a temperatura ao seu redor cair drasticamente. As velas acendidas magicamente tremeluziram e escutou um alto trovão ao mesmo tempo em que um raio parecia atingir o Lago Negro.

A fada na Floresta voltou a sua mente. Aquele aviso com certeza tiraria seu sono, que já era escasso. Que diabos significava “As mãos que em ouro tornam tudo que tocam?”? Ela não queria arriscar perguntar para ninguém, ela é esperta demais para isso. Lily suspirou e tirou uma mecha do seu rosto, e nesse momento notou uma movimentação das sombras. Levantou seus olhos e observou a ausência de outras pessoas ao seu redor. Hogwarts parecia mais sombria naquela tarde. Agarrou o livro com força e decidiu levá-lo para o dormitório, Michelle aceitaria uma desculpa qualquer, afinal aquilo era só um livro.   

Madame Evan fez todo o processo de locação e cobrou-a de um livro a devolver, um que havia pegado há muito tempo e estava enfiado em meio aos seus papéis. Lily nunca atrasava nenhuma devolução, então a bibliotecária concordou em renová-lo. Sorriu para a senhora que ficava tanto tempo parada lá que deveria ter as roupas cheias de pó ao final de cada dia.

Pegou o livro e saiu da biblioteca. Ela já estava no meio do corredor quando sentiu a temperatura baixar novamente. Dessa vez ela viu. Hélio Wald a observava com um sorriso zombeteiro. Ele estava escorado numa pilastra, a barba loira a se fazer, os braços cruzados. Ela notou que as costumeiras vestes remendadas haviam sido substituídas esse ano por trajes finos, novos. Ele piscou em sua direção antes de mexer os dedos discretamente, um floreio.

Ela acompanhou o traço do feitiço esverdeado ir até a sua direção sem pressa e formar uma imagem. Uma águia voava e suas garras pareciam brilhar como o Sol. A visão se desfez e em seu lugar apareceu Wald, bem mais próximo. Ele lhe estendeu o braço. Ela ignorou. Ele riu e insistiu. Trocar favores era a sua especialidade. Ela questionou sobre magia com as mãos.

— O único feitiço que sei fazer sem uma varinha, juro. – sorriu maroto.

Ela arqueou uma das sobrancelhas.

— Por que se dar o trabalho de aprender a fazer um simples feitiço com as mãos e não buscar cada vez mais?

— Estou orgulhoso, Potter. É esse o raciocínio que nos faz da slytherin.

Ela negou com a cabeça.

— Errado, Wald, é esse o raciocínio que faz da slytherin assim.

Um raio cortou o céu, e os pelos de Lily se arrepiaram.

— Medo de trovões, Potter? – questionou debochado.

Ela sorriu com suspense.

— As pessoas não têm medo de altura, elas temem a queda.

Touché.

Ela finalmente deu o braço para ele e andaram como rei e rainha, braços cruzados. Quando entraram no salão, desfizeram a ligação. Michelle logo veio ter com os dois que sentaram próximos de uma das vidraças que davam para o Lago. Nada se via já que a água estava remexida. Se ela fechasse os olhos ela conseguiria adivinhar o que muitos dali pensavam sobre ela. Ela encostou a cabeça na madeira dura e observou as interações no salão comunal.

Ele estava bem cheio, algumas pessoas estavam assistindo uma acirrada partida de xadrez bruxo entre Malfoy e Nott. A torcida estava dividida, mas parecia que era Aisha quem estava ganhando. A garota era uma jogadora muito acima da média. Lily se perguntava se ela sabia jogar o xadrez na vida real. Seria ela uma jogadora competente?

Umas pessoas estudavam, outras jogavam e conversavam. Ela jurou ter visto uma dupla de primeiranistas fazendo apostas. Num canto, ela viu Merle Selwyn e Kabir Falk discutindo baixo. Astra lia um livro, próxima do irmão, e Potter notou que a garota de cabelos cheios levantava os olhos a cada cinco segundos, e murmurava algo. Caledônia acabara de entrar no salão rindo com Derwent. Zabini entrou após eles.

Seu olhar vagueava pelo salão, desinteressado, até que parou num ponto específico. Aprumou-se e inclinou o seu corpo, interessada. Aquela não era uma tatuagem no pulso de sua colega de quarto? Ela conhecia aquela coisa, nas férias Albus queria fazer uma e ela teve que colocar um feitiço de silenciamento para não ter que escutar os gritos de Ginny. Pegou o pulso de Michelle de supetão e puxou a manga. A outra até relutou um pouco, mas foi rendida pelo susto. Lily havia dado o bote como uma serpente. Uma comparação boba, mas ainda sim, era verdade.

— Não é trouxa. – olhou com ceticismo para Michelle. – Que droga é essa, Parkinson? – apontou para o símbolo que a lembrava das aulas opcionais sobre magia egípcia. Ela já vira aquilo num daqueles velhos livros que Wood falara na aula, tinha certeza e agora ele estava marcado no pulso da garota. Parecia recém-feita, e ainda havia resquícios de vermelhidão.

— É um teste, Lily, agora pare de gritar, todos já estão olhando. – sussurrou irritada e baixou com brusquidão a manga. A propósito, não havia aparentemente ninguém prestando atenção.

Hélio Wald caiu na gargalhada.

— Michelle, você não sabe mesmo como fazer essas coisas.

Só ele entendeu a grande graça. A ruiva deu de ombros e a castanha soltou um muxoxo. A vida na Slytherin era bem estranha, mas ela já estava acostumada, não é? Ele as olhou, e balançou a cabeça.

— Se é para fazer algo como isso, tenha orgulho Fay.

Lily chamou a sua atenção ao abanar a mão na frente da cara de Hélio.

— O que é isso?

Michelle bufou e se levantou, ressabiada.

— Eu não me meto na vida de vocês, não se metam na minha.

Wald sorriu, divertido pela irritação dela.

— Não é a minha culpa se a sua vida é muito mais interessante do que a minha, Michelle. – falou provocante.

A garota apenas revirou os olhos e pegou a sua bolsa, decidida a ir para o dormitório, onde teria paz. Lily acompanhou Hélio seguir a menina com os olhos. Chamou a atenção do garoto mais velho novamente.

— Então, Wald? – questionou com interesse.

— Ah – fez um gesto de displicência com a mão. – era um Ankh, Potter, a Cruz Ansata ou Cruz Egípcia.

Lily buscou qualquer tipo de explicação mais detalhada em sua mente, mas encontrou apenas um terreno nublado. Lembrava-se bem que adormecera na aula sobre símbolos que tivera no ano passado como parte do curso sobre magia egípcia.

— Magia egípcia? Por que Michelle está mexendo com isso? – perguntou.

Hélio sorriu com mistério e levantou-se. Lily viu o reflexo de algo dourado, um anel na mão do jovem, mas não deu muita atenção.

— Até onde eu sei os Parkinson não são tradicionalmente wicca, mas nada impede Michelle de ser. Na religião, a Cruz Ansata simboliza a proteção, a fertilidade, a reencarnação e a imortalidade. Geralmente é usado como amuleto, mas algumas pessoas tatuam.

Lily assentiu. Ela sabia que os bruxos tradicionais seguiam a religião, mas nunca dera tanta importância para ela. Os pais até levavam-na à Igreja quando era menor, mas ela não acreditava naquelas coisas, isso sem falar da Inquisição.

— Deve ser isso. Ei, você segue essa religião, Hélio? – questionou sorrindo com curiosidade, também levantando, o livro entre as mãos, oculto pela grande casaco de inverno que usava.

Hélio trocou o peso dos pés.

— Minha tia era bem fervorosa, mas eu nunca a conheci direito.

Lily assentiu e comentou algo antes de se despedir. Ela não sentiu os olhos de Hélio sobre si quando se retirou. Quando olhou por sobre o ombro, ele não estava mais lá. Nem sua sombra, nem seu rastro.

Escutou os gritos em comemoração a vitória da Nott, e sorriu. Scorpius deveria estar indignado, mas poucos eram páreos para Aisha naquela área. Entrou na Ala Feminina e se dirigiu para o quarto. Pensou em perguntar para Michelle sobre a tatuagem, havia ficado muito curiosa.

Quando abriu a porta, a amiga estava trancada no banheiro tomando um banho, que Lily previa, seria longo. Sentou na cama e jogou a pesada obra no colchão. Levantou-se num pulo e pousou os olhos na cama de Michelle. No pergaminho que se sobrepunha aos outros havia o mesmo símbolo que no pulso da garota. Mas, não foi isso que lhe despertou atenção. Ela conhecia aquela letra, não era da Parkinson, tinha certeza.

Escutou o som das águas, tentando adivinhar se Fay sairia logo do banheiro. Esticou as mãos e pegou os velhos papéis. Parecia que havia achado o que James II tinha perdido. Michelle pelo visto surrupiara aquilo indiretamente de uma professora. Aquilo era deveras interessante, não acham?

Devo confessar que Lily não hesitou antes de colocar tudo no seu devido lugar e caracterizar aquela informação como uma arma. Michelle havia sido tola quando deixou aquilo bem a mostra diante de seus olhos. Por que ela havia feito tamanha idiotice?

Ora, não venham falar que não há amizade dentro da Slytherin, pois isso é geral. Eles apenas não disfarçam, não fingem que são cegos. Eles veem tudo com bastante clareza. E usam o que veem ao seu favor. É bastante simples. Eles sabem que se você não é o rei, você é peão.

Agora, esse já é um conselho meu:

Ser peão é a última coisa a se ser, porque eles não pensam duas vezes antes de sacrificar essas massas. Então, estejam avisados. Ou sejam reis, ou rainhas, dá no mesmo, ou não sejam nada.

A piedade não é regra desse jogo. A transparência muito menos.

O aviso foi dado.

O jogo já começou, e vocês nem perceberam. 

Olhos abertos.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Chegou até aqui? Então agora vem a parte mais fácil. É super rapidinho, basta escrever ali embaixo o que você está achando de Imperfeito, o que acha que vai acontecer, enfim, se quiser falar sobre a vida também é bem-vindo, hahaha!
Eu fico muito feliz ao receber reviews. São um retorno quanto ao meu trabalho, entende?
Lembre-se de ser educadX em seu comentário e de que críticas construtivas são muito construtivas.
Eu sou simpática, gente, não me ignorem.
Curiosidade sobre Impft.: as músicas da cantora Lorde são inspiração para a história, assim como algumas bandas mais puxados para o Rock Alternativo e Indie (que adoro e escuto).
Novidades: nesse meio tempo longe de Imperfeito (aqui nas telinhas, porque nos bastidores muita água está rolando), eu escrevi e postei várias ones. Quem quiser dar uma passada, já sabe que é super bem-vindo! Eu não vou colocar os links, pois são vários, mas está tudo no meu perfil, então manda essa preguiça para bem longe.
A Carol desenhou o símbolo importantíssimo citado no capítulo no cartão de visitas e eu editei a imagem. Espero que consigam abrir a imagem! 'Tá incrível :D
Bjs,
Lyn



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