Apenas um sonho escrita por Florrie


Capítulo 5
Sansa


Notas iniciais do capítulo

Os trabalhos acabaram, agora só falta receber as notas ~dedos cruzados.
Espero que gostem do capítulo :)



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Eu os vi,
disse a criada aos prantos, eles estavam andando.

Quem estava andando? Perguntou.

Os mortos.




O bosque sagrado lhe trouxe muitas lembranças, infelizmente nenhuma das que tinha perdido. Ela podia fechar os olhos e se ver correndo com Jeyne Poole para logo depois lhe contar segredos. Também podia ver o seu pai rezando com sua espada Gelo nas mãos e Bran escalando as árvores.

Ela sorriu. Ali ela podia se sentir como a menininha de onze anos que fora um dia.

– Alguma coisa? – Arya perguntou ao seu lado.

– Nada novo. – respondeu.

Ficaram em silêncio por um tempo antes de sua irmã voltar a falar.

– Eu amo o Bosque sagrado, amo mais do que qualquer outra parte de Winterfell. – Sansa a olhou curiosa. Arya estava sorrindo nostalgicamente e sua loba Nymeria passou a cabeça na cintura dela como se sentisse o mesmo que a dona. – Tudo mudou, mas esse lugar continua o mesmo. Aqui não preciso ser a princesa Arya Stark, eu posso ser simplesmente Arya, a filha mais nova do Lorde Eddard Stark.

Sansa concordou com um aceno de cabeça.

– Poderíamos trancar os portões de ferro e ficar aqui dentro para sempre. O que acha? Ser apenas Sansa e Arya para o resto de nossas vidas.

Sua irmã riu.

– Essa não é uma ideia tão ruim, mas então quem ajudaria Rickon a comandar o reino? Nosso irmãozinho é um rapaz capaz, mas precisa de ajuda. – Arya falou se aproximando do lago negro. – Especialmente agora.

– Por que especialmente agora?

– Ele já tem seus quinze anos, em breve será um homem completo. É um dos únicos governantes de Westeros que não é casado.

– Ele ainda tem tempo. – respondeu. – É só um garoto.

– Com essa idade Robb já comandava um exército. Lorde Umber lembrou-nos desse fato da ultima vez que tocou no assunto. – Arya fez um semblante de desagrado. – Ele também teve a gentileza de também lembrar que com onze anos você já estava prometida.

Prometida a Joffrey, o príncipe dourado que se revelou um vilão. Odiava recorda-se do quão tola ela era.

– As pessoas não param de especular sobre esse assunto, vários lordes já apresentaram suas filhas. Na ultima festa da colheita foi como um desfile de mulheres, Rickon ficou irritado e só você conseguiu convencê-lo a ser cortês com todas. – Arya contou. – Eu havia tentado antes, mas não é como se eu fosse um grande exemplo.

– Isso é verdade. – Sansa provocou e as duas acabaram sorrindo.

– De qualquer maneira, você lida melhor com essa questão do que qualquer outra pessoa.

– Existe alguma moça por quem ele tenha alguma afeição? – perguntou. – Assim poderia se firmar um compromisso que acalmaria os lordes, Rickon não precisa casar agora, ele pode esperar.

– Eu creio que não, mas se bem me lembro ele disse que Lyanna Mormont era mais agradável do que as outras.

– Mais agradável do que as outras é um caminho a se andar.

Arya sorriu.

– Você disse algo parecido quando ele falou isso para nós duas.

Sansa também sorriu.

– Isso é um bom sinal, eu creio.

Mais tarde, naquele mesmo dia, seu irmão pediu pelo o conselho e ela, conseqüentemente, foi chamada. Sansa tremia, havia conhecido pouco do castelo até então e não tinha posto os olhos nos demais moradores. Winterfell é agora um castelo real, assim como na Fortaleza Vermelha, havia pessoas de fora morando no castelo com o intuito de servir o rei. Ela foi até o quarto onde escolheu um vestido de veludo azul escuro, uma criada a ajudou com as presilhas de prata e também a arrumar o cabelo. Sua irmã Arya a esperava do lado de fora junto com Sandor Clagane.

Sansa puxou a irmã para dentro do quarto e fechou a porta.

– Tem algo que quero lhe perguntar antes de ir.

– Fale.

– Quantas pessoas sabem... Sabem que eu esqueci de tudo?

Arya demorou alguns instantes para responder.

– Além de mim, Jon, Rickon e o meistre, Brienne de Tarth e Sandor Clegane. – Poucas pessoas, refletiu, não sabia se isso era ruim ou bom. – Jon achou melhor não contar para muita gente...

– Então as outras pessoas dessa reunião não sabem.

– Não.

– Terei que fingir que sou... Que sou a mesma Sansa Stark que eles conhecem?

– Você não precisa vir se achar que não deve. – ela falou. – Não tem grandes assuntos para serem discutidos de qualquer maneira.

– Não, eu gostaria de ir... Eu só não sei o quão bem poderei mentir. – lembrou-se de mindinho em Porto Real lhe dizendo que ela era uma péssima mentirosa. Sansa havia melhorado no Vale, mas seria o suficiente para enganar pessoas muito mais experientes do que ela?

– Fingir é uma das coisas que você faz melhor. – sua irmã disse com um sorriso triste. – Você aprendeu bastante disso com seu tempo com Mindinho.

– Disso eu me lembro, ao menos uma parte. – ela iria, tinha dito a Rickon que iria. – Vamos ou iremos nos atrasar.




Assim que se sentou à mesa ela observou as outras pessoas. Algumas lhe eram estranhas, outras nem tanto. Rickon estava sentado em um lugar de prestigio e ao seu lado esquerdo havia Arya e do lado direito ela. Jon sentou-se ao seu lado, Sansa teria ficado mais confortável com ele do outro lado da mesa, mas aparentemente aquele era o seu lugar de costume. Os dois não trocaram muitas palavras além de cordialidades. Suas mãos tremeram debaixo da mesa e ela as apertou. Não é hora para isso.

Olhou ao redor esforçando-se para se lembrar de cada nome e descrição que sua irmã lhe disse.

A senhora Brienne estava do lado de sua irmã e ao lado desta estava um homem não muito alto com uma grossa barba e um ar feliz. O homem deveria ser o tal Tormund, um dos selvagens que viviam para cá da Muralha. Ele tem vários apelidos, alguns como o terror dos gigantes, punho de trovão e bebê de gigante. Ele a tinha cumprimentado e ela respondeu com um sorriso educado, porém nervoso.

Felizmente a mulher ao lado dele lhe deu uma leve pontada de reconhecimento. Deveria ser Alys Karstark, com seus cabelos escuros e rosto bonito. Ao lado dela estava seu marido, um selvagem chamado Sigorn de olhos cinzentos. Sansa tinha ficado surpresa quando Arya contou-lhe sobre o casamento, os selvagens das historia da Velha Ama ainda lhe povoava a cabeça. Sigorn não parecia especialmente galante ou cortês, mas sua irmã havia dito que ele era gentil com a esposa e os dois se davam surpreendentemente bem.

Do lado de Jon estava o meistre Artos e do lado deste havia um homem de cabelos castanhos acinzentados e porte orgulhoso. Lorde Robett Glover, novo senhor de Bosque Profundo. Depois deste tinha um jovem homem de aparência agradável, provavelmente se tratava de Larence Hornwood, um bastardo legitimado que agora era senhor.

Também havia um homem grande e gordo com um grosso bigode e uma mulher bonita e robusta que tinha suas mãos calejadas. A mulher poderia ser Alysane Mormont e o homem dificilmente seria outra pessoa senão Wylis Manderly.

Esperava que tivesse deduzido tudo certo, seria constrangedor trocar o nome de alguém.

O meistre abriu a boca para falar quando outra pessoa entrou. Ela é linda, foi seu primeiro pensamento. A mulher tinha longos cabelos loiros e olhos pálidos que transitavam do verde para o azul, vestia-se completamente em branco, quase como uma encarnação da própria Donzela. Ela não estava sorrindo, mas também não precisava, ela viraria cabeças por qualquer lugar que passasse.

Sansa sentiu uma agitação no peito e em um gesto despercebido pousou sua mão sobre a de Jon. No instante seguinte notou o que fez e a tirou rapidamente.

– Senhora Val, fico feliz que pôde se juntar a nós. – seu irmãozinho disse cortês com as bochechas levemente coradas.

– Sinto muito pela demora Vossa Graça. – ela respondeu ao se sentar do lado de Alysane

– Estávamos para começar na verdade. – Rickon apressou-se em dizer. Sua irmã Arya segurou o riso do outro lado da mesa, mas Sansa não tinha uma expressão boa. – Comecemos com os relatos de Lorde Umber, ele fala de saques em suas terras liderados por homens com o rosto pintado.

– Selvagens. – disse Lorde Robett rapidamente. – Como o ultimo bando.

– Acusa o Povo Livre muito rápido Lorde Robett. – disse o senhor Tormund com um sorriso sarcástico. – Pois eu digo que se trata do seu povo que acha que pintando o rosto vai enganar alguém.

Os dois trocaram olhares irritados.

– Somos um só povo agora. – falou Alys.

– Discordo. – rebateu Robett. – Somos dois povos convivendo na mesma terra.

– Deixe-me lembrar quem foi que lutou lado a lado com vocês quando os Outros chegaram. – a loira disse atraindo as atenções para si. – Quem também deu o sangue por este lugar.

Sansa novamente sentiu uma pitada de irritação. Isso era estranho. Ela tinha absoluta certeza que não se lembrava dessa Val, mas seu corpo parecia lembrar.

– Sem brigas. – disse Jon. – Não é hora para isso.

– Jon Umber será capaz de fazer a justiça do Rei, contudo, acharia sábio mandar outra pessoa para verificar de perto a situação. – Val mexeu em seu colar branco antes de prosseguir. – Os Umber nunca foram simpáticos a nós, isso pode desvirtuar seu relato.

– Eu posso ir. – ofereceu Wylis Manderly.

– Outro sulista? – disse Tormund – Acho que não. Eu irei e trarei a verdade.

– Não queremos nenhuma morte. – falou Alysane pela primeira vez. – Todos nessa mesa se lembram da cena que você e o Umber protagonizaram da ultima vez.

Sansa observou calada enquanto a discussão seguia. Não conhecia aquelas pessoas a fundo para formar uma opinião e tinha aprendido em Porto Real que não deveria julgar alguém apenas pela sua aparência. Joffrey era tão bonito quanto um sonho, mas jamais poderia ser digno como um cavaleiro das canções que tanto gostava. Quando Larence Hornwood se ofereceu para ser os olhos do rei Sansa podia imaginá-lo como um cavaleiro de grande valor, mas será ele realmente um? Talvez não, mas parecia uma escolha mais sábia do que Tormund.

– Alys, – seu irmão disse. – Estaria disposta a ir e ser meus olhos e ouvidos?

A mulher demorou apenas alguns instantes para responder.

– Ficarei honrada.

– Alysane poderá acompanhá-la.

Tormund pareceu que iria falar mais alguma coisa, mas acabou por não abrir a boca.

– Já que estamos decididos, vamos para a próxima questão.

Ele parece um pequeno homem, pensou Sansa ao observar Rickon.

– Arya?

– Por que eu?

Notou um discreto sorriso brincalhão no rosto do rei. Sansa sorriu ao encontrar um pouco menino que tinha deixado em Winterfell. Sua irmã emburrada disse:

– Você sabe que eu odeio falar sobre colheitas.




Ela quer levá-lo embora.
Disse com o tom estranhamente irritado. Ela quer tomar você como segundo marido, sempre quis.

Isso a irrita tanto?

Então quer mesmo ir embora? Aposto que o Sul será mais agradável, os mortos não andam por lá com tanta facilidade. Ele suspirou. O modo como ela olhou para você, por um acaso veio lhe fazer uma visita de noite?

Está parecendo uma esposa ciumenta.

Não estou com ciúmes! Seu grito o assustou.

Somos irmãos Sansa, não vou embora, não se preocupe.

Arya é sua irmã e Rickon é seu irmão, mas eu não sou.

Houve um minuto de silencio antes de ele responder com a voz baixa.

Eu sei disso.


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Notas finais do capítulo

Comentários são apreciados.
Beijos ;*



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