A primavera chegou. Jon disse. Ele segurava sua mão com firmeza. Enfim teremos paz.

                Mas quando tempo vai durar?  Ela tocou seu estomago. Seu bebê nasceria e ela desejava ardentemente que fosse em tempos de paz. Sansa olhou para Jon. A paz nunca dura por muito tempo.

                Essa vai durar. Ele respondeu e então pousou sua outra mão em sua barriga. Não será eterna, mas vai durar.

                Sansa sorriu, ele sorriu. Então ela fechou os olhos e sentiu os lábios dele apertarem contra os dela.

Ela acordou com a lembrança dos lábios de Jon contra os seus. Outra lembrança. Seu coração ainda batia acelerado e quando ela virou o rosto e o viu deitado, dormindo sereno ao seu lado, ficou ainda mais nervosa. Ergueu a mão e tocou com a ponta dos dedos o rosto dele. Sansa então virou o corpo, ficando de lado, e continuou a passar os dedos pelo rosto de Jon, descendo pelo seu pescoço e indo até seus braços desnudos.

                Ela queria mais. A realização disso a assustou. Podia não se lembrar de como era ser uma mulher experiente nesses tipos de assunto, mas era capaz de reconhecer isso. Encostou toda a palma da mão sobre o braço dele e fechou os olhos. Seu corpo estava mais quente do que devia, o dele também, como se houvesse uma fogueira queimando por debaixo da sua pele. Aquela sensação, de alguma forma, lhe era conhecida.

                Sansa, sem saber bem o que estava fazendo, encostou o rosto no pescoço dele, suas mãos se apertaram ao redor do braço de Jon. Ela fechou os olhos, seu coração acelerou ainda mais.

                — Sansa? — A voz de Jon a assustou, mas ela não se afastou, não completamente. Ele virou o rosto para ela, o semblante sonolento aos poucos realizando o que estava acontecendo. — Sansa? — Ele a chamou de novo. Seu rosto era pura brasa, agradeceu a escuridão por ele não poder ver o vermelho nas suas bochechas. — O que está fazendo?

                O que estou fazendo? Ela não fazia ideia.

                — Eu... — O rosto dele estava mais próximo do que jamais esteve, ela era capaz de sentir sua respiração. Pousou a mão em seu peito e sentiu o coração dele bater tão rápido quanto o seu.

                Sansa não saberia explicar o porquê, mas ela sentiu uma urgência estranha e então, sem nenhum aviso, colou os lábios nos dele. Foi uma sensação curiosa, havia um certo estranhamento por sua parte, mas ao mesmo tempo, algo pareceu acordar dentro dele. Der repente, um beijo rápido já não era mais suficiente.

                Ela queria mais.

                Sua mão se afundou nos cachos escuros dele, ela o trouxe mais para perto e ele a prendeu em seus braços. Por alguns instantes, tudo fugiu da sua mente...

                — Sansa... — Jon se afastou. — Você está bem?

                — Jon. — E então o rubor voltou ao seu rosto. Ele estava por cima dela, sua roupa de dormir tinha subido para cima do seu quadril. Deuses! — Eu... Deuses... Eu...

                Ele se afastou com cuidado.

                — Sansa, eu sinto muito. Eu não devia ter...

                — Eu tenho que tomar um pouco de ar. — Ela não esperou pela resposta dele, apenas se levantou e saiu correndo do quarto. Não se importou por estar com roupa de dormir, só precisava se afastar.

                Precisava urgentemente de um pouco de ar fresco.

Talvez eu devesse chamar uma aia para lhe ajudar a tirar o meu vestido. Provocou ela.

                Jon lhe lançou um olhar divertido e exibiu um de seus raros sorrisos. Deuses, como ela amava aquele sorriso.

                Não será preciso, Lady Stark. Ela sentiu o colete se despender e depois sentiu as mãos dele, quentes e calejadas, explorando por debaixo do vestido. Eu só preciso de um pouco mais de prática e estarei fazendo isso melhor do que qualquer aia.

                Ela se virou, ficando de frente para ele. Seus olhos azuis contra os cinzentos dele. Ela sentiu aquele calor conhecido se alastrar por cada membro seu, suas mãos desceram e ela sorriu quando elas chegaram lá embaixo.

                Pois então eu terei que trocá-las por você. Ele passou os braços pela sua cintura e a ergueu. Ela o abraçou com as pernas aos risos e o beijou com ferocidade. Mesmo agora, depois de tanto tempo, se assustava com o quão forte podia ser o seu desejo.

                Você gostaria muito disso, não milady?

                Eu adoraria.

— Sansa! — Ela virou-se surpresa por ele a ter seguido.

                Jon estava parado no vão da entrada para a varanda. Ele estava sem camisa e ela apenas de camisola, que belo espetáculo será para os guardas de sentinela, pensou enrubescida.

                — Eu não... Eu não queria machucá-la e nem a desrespeitar. Deuses, eu... É que por um momento você parecia...

                — Parecia ter lembrado? — Ele parecia meio desesperado e ela se apiedou dele. — Jon, você não me machucou e nem me desrespeitou... Eu sou sua esposa, afinal, temos quatro filhos.

                — Eu devia ter sido mais cuidadoso.

                Suspirou e então o encarou.

                — Eu quis aquilo, Jon. Eu... — Eu lembrei de algo, ela quase falou, mas por algum motivo não conseguiu. — Eu quis aquilo. — Reafirmou e então se aproximou em passos lentos, colocou ambas as mãos no rosto dele e lenta e cuidadosamente aproximou o rosto do dele, beijando-o outra vez na mesma noite.

                Porém, dessa vez, foi mais suave, como os beijos que as donzelas dão em seus amados nas canções. Ele mal correspondeu, parecendo surpreso demais para fazer qualquer coisa. Sansa sentia as mãos tremerem e o coração bater descontrolado novamente, porém, ela manteve sua melhor expressão de seriedade. Não vou parecer uma criança assustada, não de novo.

                — Vamos dormir?

                Ele não conseguiu dizer nada, apenas acenou com a cabeça.

                Já ela conseguiu deixar escapar um sorriso ao perceber que ele estava corando.