Apenas um sonho escrita por Florrie


Capítulo 14
Sansa


Notas iniciais do capítulo

Era para eu estar postando em outras histórias, mas depois dos feels do último episodio acabei escrevendo isso e então resolvi postar logo.



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Eu devo ir embora.
Apesar de suas palavras, Jon não deu nenhum passo. O vento e a neve cantavam do lado de fora, a morte espreitava em cada canto. A guerra contra os Outros se aproximava e havia tantas coisas com que se preocupar, mas cá estavam os dois, no quarto dela, no meio da noite, não pensando em nada disso.

            Fique. Ela pediu.

            Iria culpar a morte iminente, a insegurança ou mesmo o frio pelo que faria em seguida. Sansa o abraçou e beijou seu queixo. Não eram mais irmãos, não depois dos beijos que insistiam em trocar escondidos. Um som estranho soou no céu. Dragões, ela pensou. Os dragões estavam por toda parte ultimamente, especialmente o que era afeiçoado a Jon. Ele estava quente, como se houvesse fogo debaixo da sua pele.

            Talvez houvesse, afinal, ele era parte Targaryen.

            Sansa, nós não devemos. Novamente ele não fez nada para pará-la. Eram palavras sem força, sem propósito. Cuidadosamente começa a despi-lo, primeiro o dorso, onde o abdômen se contrai com o toque dos seus dedos. Alguém...

            Estão todos dormindo. Ela desce os dedos e beija o seu pescoço. Jon finalmente coloca as mãos na sua cintura e então as sobe procurando as presilhas do seu vestido. Somos apenas eu e você.

           




Ela acordou ofegante e corada. Os dedos desceram para entre as pernas onde um formigamento estranho a impedia de relaxar. No instante seguinte Sansa notou um par de braços forte a segurando. A respiração de Jon batia no seu pescoço e, por alguma razão, fazia seu corpo inteiro ficar arrepiado. O que é isso? Ela não se mexeu, temeu acordá-lo. Sansa ficou parada, olhando para o teto, tentando acalmar sua respiração.

            Teria sido uma memória?

            Lembrava do modo como tinham caído na cama, do jeito desajeitado dela e até mesmo lembrou-se de pensar que ele parecia saber o que estava fazendo e de como isso tinha trazido uma onda de ciúmes. Ciúmes. Também recordou de como as mãos dele passearam por todos os cantos, inclusive os proibidos e ele também tinha descido o rosto, fazendo uma trilha de beijos até chegar lá embaixo e... Sansa corou novamente e os braços se apertaram ao seu redor como se soubessem as coisas que passavam pela sua cabeça.

            A sensação, o modo como seu coração batia, aquela necessidade de mais, foi tudo muito intenso.

            Ela virou o rosto com o cuidado de fazer o mínimo movimento. Jon parecia sereno em seu sono, havia uma insinuação de um sorriso nos seus lábios, como se estivesse tendo um sonho bom. Estavam tão próximos, bastava um pequeno avanço e ela poderia beijá-lo... Deuses, no que é que estava pensando?

            Devia acordá-lo. Eles tinham dormindo de lados oposto da cama e era para continuar dessa maneira. Esse contato todo... Sansa abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Passou vários minutos olhando para ele, esforçando-se para dizer o que tinha que dizer, mas acabou não fazendo nada. Gradualmente o seu sono voltou, antes e voltar à inconsciência, ela notou que Jon a tinha puxado, novamente, para perto. Estavam enroscados agora, com a mão dela no peito dele e o rosto encaixado debaixo do queixo.

            Aquilo foi estranho, mas ao mesmo tempo, terrivelmente familiar.

            Sansa acordou sozinha, com o sol lambendo o seu rosto através das cortinas. Vestiu-se sem pensar na noite que teve e então saiu do quarto. Passou na ala das crianças, onde descobriu que Ben e as gêmeas tinham sumido junto com os gêmeos Lannister. O bebê Sam, quando a viu, a chamou animado.

            – Mamãe. – ele piscou os olhos cinzentos na sua direção e sorriu. – Bincar.

            – Ele é um bebê lindo.

            O comentário veio da rainha Tysha, que estava sentada em um sofá de veludo azul. A mulher segurava nos braços à pequena Tya, um bebê dourado como um Lannister. A menininha estava agitada, falando sem parar, algumas vezes sem fazer o mínimo sentido. Sansa notou que a mulher não parecia se importar com o falatório, na verdade, ela parecia deleitada.

            – A princesa também é. – respondeu educadamente.

            – Pincesa. – Sam riu e apontou para a garotinha e depois apontou para ela. – Pincesa.

            – Ele é esperto. – Tysha comentou. – Aposto que será um menino bonito.

            Seu filho se remexeu querendo descer e quando ela o colocou no chão, ele, com suas perninhas, correu aos tropeços até a pequena Lannister no colo da mãe. A menina esticou o bracinho e os dois deram as mãos aos risinhos. Outras duas crianças interromperam no cômodo. Geremy Frey e Minisa Tully lutavam com pedaços de madeira. A menina estava com os cabelos lisos todos despenteados e bagunçados, parecido com os de sua irmã Arya nessa idade. Os dois ignoraram os adultos e saíram em disparada com seus gritos de guerra por um dos corredores.

            – Tão energéticos. – Tysha riu.

            – Acho que todas as crianças o são nessa idade.




— Você sabe por onde anda Arya?

            Ela tinha evitado Jon por quase toda manhã e pelo inicio da tarde, mas em breve a noite chegaria e ela não o mandaria dormir no chão. Não seja patética Sansa, o que ela achava que tinha acontecido entre eles afinal? Como você acha que ficou grávida? O pensamento trouxe uma cor rosada para o seu rosto. Quando viu Jon parado no pátio, Sansa resolveu que era hora de deixar esse medo ridículo de lado, contudo, assim que chegou perto, perguntar sobre Arya foi à única coisa que veio a sua mente.

            – Tenho quase certeza que ela estava no pátio com Gendry. – respondeu ele. – Os dois sumiram há algum tempo, creio que foram cavalgar.

            Sansa parou do seu lado e olhou na mesma direção que ele, os portões abertos do castelo.

            – Acha que teremos um casamento? – Jon deu um sorriso.

            – Em outros tempos eu diria que não, mas ela parecia tão feliz com Gendry que eu acho que existe uma boa chance de dessa vez ela dizer sim. – Sansa se remexeu desconfortável procurando qualquer coisa para dizer.

            – O dia está nublado. – quis joga-se nas águas ao redor de Correrrio pelo comentário inútil. Jon não pareceu se importar, ele olhou para cima de concordou com um aceno de cabeça. – Espero que não chova durante as celebrações.

            Já havia tendas ao redor de Correrrio, com cavaleiros andantes e comerciantes. Não seria algo nas proporções de Porto Real, mas grande o bastante para ser memorável.

            – Eu... – ela nunca soube o que ele iria dizer, pois um homem gritou de cima das muralhas. – Avistaram alguém.

            Demorou ainda algum tempo até que os novos convidados alcançassem os portões. Ela e Jon permaneceram no pátio externo, mas não se preocuparam em chamar as crianças. Não havia necessidade. Seu tio e sua esposa Roslin apareceram acompanhados de Mya e Lothor. A presença dos dois últimos não era uma surpresa, considerando que aqueles que chegavam eram os Hardyng do Vale.

            Sansa ficou animada com a ideia de ver mais rostos conhecidos.

            Um homem alto e bonito com os cabelos claros apareceu encima de um garanhão branco. Ela sentiu as bochechas corarem ao pensar que se as coisas tivessem sido diferentes, ela teria acabado casando com ele. Era o plano de Mindinho, ele lhe prometeu o herdeiro do Vale e Winterfell. Sansa olhou de soslaio para Jon. Ainda não sabia como os dois chegaram aonde chegaram, mas preferia permanecer em Winterfell com os seus do que governar no Vale.

            Com Harry Hardyng chegou o resto de sua comitiva. A primeira que reconheceu foi Myranda. Estava igualzinha ao que se lembrava, ainda mais bonita. A mulher saltou do cavalo e sem grande cerimônia correu para abraçar Mya e depois veio na sua direção.

            – Minha querida Sansa. – beijou suas duas bochechas e então olhou maliciosa para Jon. – Muito bem acompanhada, pelo que vejo. Como está Jon?

            – Muito bem majestade.

            – É tão bom vê-los. – disse para então dirigir a atenção à carruagem onde um grupo de crianças descia. A primeira era uma jovem donzela de cabelos castanhos claros e depois um garoto da idade de Edmyn, com olhos castanhos e cabelos da cor do mel.

            Ao seu lado, Mya pareceu surpresa.

            – Elys está morando no Vale? – perguntou ela para Myranda.

            – Desde que Saffron se casou, mas ele ainda fica um tempo com o avô.

            Sansa se lembrava de Mya lhe falando sobre Alys Stone, mas pouco foi dito sobre o outro bebê de Harry. Lembrava que ele tinha lhe falado sobre a garota Saffron e de que a tinha engravidado. Filha de um rico comerciante recordou-se.

            – Mas também, um homem rico como aquele, eu também gostaria de ficar com meu avô. – Randa comentou aos risos. Harry falava com Edmure e deixou que a esposa levasse as crianças para apresentações.

            Depois dos dois mais velhos, vinham mais quatro. Essas eram de Myranda, podia ver isso pelos olhos, eram os mesmos da mãe.

            – Alys e Elys. – Myranda parecia ser muito gentil com os bastardos do marido. A menina e o garoto se curvaram com perfeição, o que a fez imaginar que os dois tiveram a mesma educação dos filhos legítimos. Depois ela apontou para os mais novos. – Jasper, Rowena, Artys e Elbert.

            Jasper e Rowena tinham olhos claros e cabelos castanhos cheios de cachos. Artys era tão loiro quando o pai e o Elbet, que não passava de um bebê da idade do seu Sam, tinha uns tons de loiro mais escuro que o irmão. Todos eles, inclusive Alys e Elys, tinham covinhas quando sorriam. Herança do pai.

            Não houve muito tempo para conversas depois dos cumprimentos iniciais. A noite havia chegado e as crianças estavam exaustas. Sansa ficou mais do que feliz em voltar para o seu quarto, mas o conhecido nervosismo voltou ao encontrar Jon, já deitado, esperando pelo sono.

            Não trocaram muitas palavras enquanto ela vestia sua camisola, falaram apenas quando Sansa tomou seu lugar na cama.

            – Arya não voltou. – disse enquanto encarava o teto.

            – Espero que ninguém tenha notado. – Jon respondeu, também encarando o teto. – Gendry também não apareceu.

            Sansa virou a cabeça e olhou para o homem ao seu lado.

            – Acha que eles poderiam ter se casado em segredo?

            Jon riu e aquilo trouxe uma centelha de memória.



Você está rindo de mim?
Ela arremessou a espada de madeira na cara dele, mas Jon foi rápido e desviou. Eu posso bater nesse seu rosto ridículo com as minhas próprias mãos.

            Desculpe-me... É só que foi engraçado. Ele tentava parar de rir, mas claramente não conseguia. Viu que o vestido estava estragado, a lama não sairia nem com mil lavagens. Se eu caísse de bunda no chão você também riria.

            Claro que não!

            Ela correu atrás dele prometendo mostrar toda a força do seu soco.

            Minha senhora, você não vai querer um marido desdentado. Ele gargalhou novamente e não pareceu nenhum pouco tímido com a chegada da ama com o pequeno Ben e os dois bebês.

            Jon Stark, se não parar de rir eu juro que vou pegar essa espada e bater na sua cabeça até que aprenda a ser cortês.



— Sansa? – quando seus olhos voltaram ao foco, Jon estava muito perto, com as mãos apertando o seu ombro. – Você está bem?

            Ela não respondeu nada, o que só aumentou a preocupação.

            – Vou chamar o meistre...

            – Não é necessário... – respondeu segurando o braço dele. – Eu... Eu acho que tive uma memória. – o modo como os olhos dele brilharam foi uma coisa nova. Nunca os tinha visto dessa maneira.

            – Isso é bom... Isso é bom... – percebeu que ele quis abraçá-la, mas então mudou de ideia e manteve uma distancia respeitável. – O que você lembrou? Talvez tenha alguma relação ou podemos achar um gatilho...

            – Foi quando você riu. – falou. – Eu me lembrei de você rindo. Estávamos em um pátio e eu estava irritada. Ben e as gêmeas apareceram, mas eles eram mais novos.

            Jon vasculhou o quarto com o olhar, como se pudesse achar a resposta que procurava escondida por entre as sombras.

            – Então eu deveria rir mais. – ela não se conteve e soltou um risinho.

            – Eu não reclamaria.

            O clima ficou estranho, como se os dois não soubessem como prosseguir. Quem quebrou o silencio foi Jon.

            – Talvez coisas ou situações familiares possam despertar algo. – disse. – Podemos tentar. Ver se algo vem a sua mente.

            Ela acenou positivamente, sem saber ao certo o que responder. Ela queria lembrar, era claro que sim, uma década inteira foi perdida e Sansa precisava saber tudo o que aconteceu, no entanto, não conseguiu afastar inteiramente aquele medo dentro do seu coração.

            Um medo pelo desconhecido e por todas as lembranças e sentimentos que viriam junto dele.



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Notas finais do capítulo

Falando na batalha dos bastardos... Que episodio. A morte do Rickon foi bastante previsível, mas cara, fiquei tão triste. Espero que o mesmo não aconteça nos livros. E eu ainda shippo Rickon e Lyanna no meu coração - inclusive Lady Lyanna vai aparecer kkk
Espero que gostem :)
Beijos ;*