Os dias se passaram rapidamente e dessa vez eles foram agradáveis. Sansa dividia-se entre organizar o castelo, conversar com as senhoras, passar tempo com os filhos e comparecer nas reuniões do conselho. Sua convivência com Jon estava melhorando aos poucos e a mudança já podia ser sentida pelos outros. Na ultima reunião os dois já eram capazes de apoiar as idéias um do outro, como aparentemente eles faziam antes. As crianças pareciam felizes em voltar a brincar com os pais, em uma tarde calma, depois que Gendry Baratheon e seu irmão partiram com uma pequena comitiva para caçar, ela, Jon, as crianças e mais um grupo de pessoas foram para uma tenda montada no lado de fora dos muros, em uma grande planície onde as crianças podiam brincar.

                Fantasma corria atrás de Ben e Pate. Leona, a filha de Wynafryd, divertia-se correndo atrás das gêmeas, tentando pegar uma delas. Os filhos de Mya juntaram-se a Ben, eles pareciam animados com o lobo gigante, já os filhos de Alla Tyrell eram mais temerosos. Renly tinha decidido ficar com a mãe provando as tortinhas de limão que Sansa havia pedido para a ocasião e Megara estava mais do que feliz em perseguir uma borboleta azul.

                Wynafryd conversava com Alla Tyrell segurando o bebê Will. O pequeno Sam estava dormindo em um berço improvisado perto da mesa, protegido do sol e sob o olhar vigilante da ama. Mya contava para ela e para Jon como tinha sido sua ultima visita a Porto Real. Eles haviam passado por lá no caminho para Winterfell, Mya contou sobre os dragões e o modo impressionante como Aegon havia sido capaz de controlá-los, mesmo depois da morte de Daenerys Targaryen. Jon tinha montado em um deles, Sansa sabia disso, e ela se pegou perguntando mentalmente como seria a sensação de voar nas costas de um ser tão grande.

                - Ryman sempre fica impressionado com os dragões, mas eu não gosto de deixá-lo chegar muito perto, mesmo que Aegon tenha garantido que eles não atacam humanos sem uma ordem prévia. – Mya sorriu. – Margaery me contou que tinha certo receio, mas seus filhos parecem ser tão familiarizados com os animais quanto o pai.

                - Viserion voou até Winterfell no nascimento de Sam. – Jon contou. Aquela era uma história que Sansa tinha ouvido e ainda custava em acreditar. – Ben ficou brincando com seu focinho.

                - Uma cena memorável, eu imagino.

                E aterrorizante, pensou consigo mesma.

                - As historias com dragões são suas favoritas, eu ainda tento decidir se isso é bom ou ruim.

                - Ele é um garotinho, é normal que seja fascinado por dragões. – Mya respondeu. – O mundo anda muito fascinante ultimamente, o meistre de Ponta Tempestade fala que os dragões trouxeram a magia de volta ao mundo. Porto Real está cheio de bruxas que podem ver o futuro e pessoas que se dizem mágicas.

                - Não acredite em tudo o que ver.

                A mulher riu.

                - Eu não o faço, mas tem que concordar comigo que é um espetáculo interessante. – queria perguntar detalhes sobre esses espetáculos e essas bruxas, mas com os soldados, a ama e as outras mulheres por perto, ela preferiu se manter calada. – Outro espetáculo interessante deve estar sendo encenado agora mesmo.

                - Qual? – Perguntou ela.

                - Gendry e Arya caçando juntos.

                Mesmo Jon riu um pouco do comentário.

O dragão branco é seu? Ela perguntou apontando para a enorme criatura voando no céu.

                Eles pertencem a Aegon agora.

                Mas você o comandou nas batalhas. Respondeu ela. Jon a puxou mais para perto. O represeiro os olhava atentamente, ela desejou levantar-se da manta e tocá-lo, talvez conseguisse ouvir a voz de Bran de novo.

                Eu sou um Stark de Winterfell, eu tenho um lobo gigante, não um dragão.

                Mas você também é um pouquinho Targaryen. Bocejou. Ela não tinha se dado conta do quão cansada estava. Talvez tirar um cochilo no Bosque Sagrado fosse uma boa ideia. Não se mova, você é meu travesseiro agora.

                Ela sentiu o peito dele tremer com a risada.

                Como minha senhora comandar.

— Eu sou Aegon o conquistador. – Ben gritou para logo depois dar um salto que assustou as gêmeas e o pequeno Sam. – Eu sou o seu rei agora.

                - O trono é meu. – Brianna agarrou-se a coroa falsa que tinha na cabeça. Ela apontou o dedo para o irmão. – Você não vai roubar a minha coroa.

                - Eu tenho dragões. – Ben insistiu.

                - Eu tenho dragões também.

                - Não tem não, todo mundo sabe que apenas Aegon tinha dragões.

                - As irmãs dele também tinham. – os dois ficaram se olhando, ambos irritados. Sam riu no seu colo e Eddara suspirou e sentou-se quieta como se esperasse pelo fim daquilo.

                - Devíamos intervir? – ela sussurrou para Jon que estava sentado do seu lado. Brincar com ele e as crianças se mostrou bastante prazeroso e fácil, afinal, os dois não precisavam conversar muito, as crianças tomavam conta dessa parte.

                - Só se as coisas ficarem físicas.

                - Eles já se bateram? – perguntou com horror e depois olhou para eles. Brianna sempre agia como uma perfeita senhora, assim como ela tinha sido quando criança, mas começava aprender que a menina tinha outras camadas que Sansa desconhecia.

                - Brianna pulou encima de Ben uma vez e o bateu com sua boneca até que eu a tirasse de cima dele. – Jon tinha um breve sorriso nos lábios. – Nós a deixamos de castigo, caso esteja se perguntando sobre isso.

                - Esse foi o único incidente?

                - Sim. Ben adora as irmãs e Brianna ama Ben, mas os dois gostam de ser soberanos nessa brincadeira, o que acaba com eles disputando uma guerra imaginaria por um trono.

                 As duas crianças continuaram discutindo, até que Ben se virou para a outra menina e perguntou:

                - De qual lado você está Dara?

                A menina demorou apenas alguns segundos para responder:

                - De quem ganhar.

                Sam bateu palmas como se estivesse concordando.

                - Papai, diga a ele que eu venci. – Brianna abraçou as pernas do pai.

                - Diga a ela mamãe. – dessa vez quem pediu foi Ben, depois dele piscar seus bonitos olhos azuis em sua direção.

                Dois conquistadores, pensou rindo.

                - Vocês podem dividir o trono. – sugeriu, mas as crianças fizeram careta.

                - Nunca.

                - Nunca.

                Gritaram ao mesmo tempo.

                Mais tarde, ela foi até o grande salão acompanhada de Sandor. O homem lhe contou que Alys e Alysane tinham voltado e estavam nesse momento relatando o que presenciaram o para Rickon. Sansa perguntou o que ele achava da questão, se os saqueadores eram mesmo do Povo Livre ou homens tentando se passar por eles. Ele demorou alguns instantes para responder.

                - Os selvagens não gostam de seguir um rei, mas eles parecem confortáveis com seu irmão e principalmente com seu marido. – Sandor deu uma longa pausa e então complementou. – Pelo menos a maioria parece estar.

                A maioria parece ser o suficiente, pensou.