— Então... O que você achou daquilo? — perguntou Diego fitando-me.

— Aquilo... O que?? — questionei indiferente dando uma mordida em meu picolé de chocolate.

— Como assim o que, sua tonta— retrucou irritado— Sabrina me beijou e você não fez nada.

— O que esperava afinal de contas? Que eu voasse no pescoço dela? — falei debochando.

— É óbvio que sim, você é minha namorada.

— Não fantasie demais as coisas, afinal isso tudo começou porque você é um idiota. —terminei jogando o palito do sorvete fora.

Depois da cena desagradável que Sabrina causou o clima ficou tão estranho que convidei Diego a sair pra tomarmos um sorvete, eu preferia vir sozinha, mas... O papel exige nossa proximidade de namorados. Olhei para ele sentado no banco da praça com uma expressão nada contente, com seu picolé derretendo pela metade.

— Diego...

— Que foi? — disse ríspido.

— Você... Não vai terminar esse sorvete? — perguntei seriamente.

Ele me encarou com indignação e engoliu o restante do picolé numa mordida só, eu só queria quebrar um pouco a tensão e... Tá legal eu queria o sorvete.

Diego então se levantou e fiz o mesmo, quando duas garotas se aproximaram, eram bem bonitas, de cabelos longos e bronzeadas, bem... Femininas?

Começaram a falar com Diego, e ele não perdeu tempo em ser o mais gentil possível com elas, me sentei novamente tentando prestar atenção na paisagem a volta, era um lugar muito bonito, com árvores ao redor do centro da praça, pessoas correndo, alguns passeando com seus cachorros. — Pode passar seu número? —perguntou uma delas.

É claro que ele vai passar...

— Desculpa, mas não dá! — respondeu.

Que? Diego rejeitando garotas... Que??

— Aaaa mas por que? — resmungou.

— Eu tô com minha namorada, bem ali. — apontou pra mim.

Elas lançaram-me um olhar raivoso, deram de costas e foram embora murmurando coisas que acredito ser insultos a minha pessoa, permaneci ali parada e boquiaberta, surpresa com a súbita atitude dele, Diego então se encaminhou para o carrinho de sorvete que compramos mais cedo, comprou dois e voltou para onde eu estava sentada.

— Aqui. — ofereceu-me o sorvete.

Peguei de sua mão o encarando com suspeita, ele notou isso e me encarou de volta— O que é agora??

— Eu que pergunto, você tá bem? Não parece o Diego que conheço...

— Ora e por quê? — disse com desdém mordendo o picolé.

— Você rejeitou duas garotas... Lindas, que estavam interessadas em você. — soletrei cada palavra como se fosse para mim mesma entender.

— E? — retrucou desdenhoso.

— Pensa que me engana, tá tramando alguma coisa.

— Eu disse que você era minha namorada, logo eu preciso ser fiel, certo? — sorriu.

Aquilo me fez sentir um arrepio por todo o corpo, definitivamente ele pretende algo, mas ao mesmo tempo... Um aperto no coração, essa frase junto com um sorriso sincero dele me fez abaixar a guarda, foi tão... Fofo.

—Que? Nem pensar­—mordi o picolé engolindo metade de uma única vez— Nem pense nisso, Erika.

— Mas que droga foi essa? — retrucou irritado— Já disse pra não falar de boca cheia, sua nojenta.

Isso, continue assim, do jeitinho que sempre foi... Assim não corro perigo.

Olhei para ele, que ao mesmo tempo olhou para mim sério.

Assim não corro o risco... De gostar dele.

— Qual teu problema esquisitona, tá me olhando estranho.

— N-nada, meu cérebro congelou com o sorvete. — desviei o olhar para qualquer coisa.

Preciso me recompor, considerar essa possibilidade me deixou aflita, nem pensar que isso aconteceria, ele só me surpreendeu com essa atitude de antes.

Terminamos nosso segundo sorvete e decidimos voltar para o apartamento, embora essa ideia causasse desconforto mútuo, se não voltássemos logo eles iriam nos encher de perguntas, o porquê da demora, onde estavam e blá blá..

No caminho de volta, lá longe em um dos bancos da praça estavam as duas garotas que abordaram Diego antes— Olha lá, são aquelas meninas.

— Que merda! —resmungou Diego.

— Que isso?

— Vem aqui. — falou pegando minha mão.

— Que?? Ei o que voc-

— Cala essa boca. — deu um puxão brusco me fazendo ir para perto dele. — Você vai ficar quieta e com uma expressão feliz no rosto.

— Ora essa, mas eu n-

Sem me deixar terminar a frase ele começou a caminhar em direção onde as meninas estavam, se aproximado ele apertou ainda mais minha mão, aquilo estava me deixando nervosa e sentia minha mão suar.

Meu Deus, minha mão tá suando, o que ele vai pensar? Pera... Desde quando isso importa?

Respirei fundo tentando manter o controle, ele passou por elas fingindo não dar a mínima, quanto a mim não pude deixar de notar o peso do olhar delas sobre nós. Tentei ignorar, mas a energia negativa era tão grande a ponto de me deixar mal.

Olhei para ele, calmo e despreocupado, como consegue?

[...]