Sabrina

— Como está o jantar, Henrique? — perguntou minha mãe esperançosa em receber elogios.

— Está ótimo! Como sempre você cozinha muito bem. — respondeu tio Henrique como ela queria ouvir.

Seus olhos brilharam alegremente, Mônica permanecia imparcial trocando poucas palavras vez ou outra com meu pai, eu sei que ela não gosta de mim, nem da minha mãe.

Olhei para eles e... Ai Diego, não me canso de olhar o quanto é perfeito, meu peito se enche de alegria apenas por estar próxima a ele— Diego me passa sal. — disse a garota ao lado dele.

Sua horrorosa.

 Eu ainda não consigo acreditar nessa história, ele namorando uma desqualificada como essa coisa ai??! Definitivamente algo está errado. Diego sempre foi do tipo muito exigente, suas namoradas eram todas lindas, perfeitas e elegantes, e eu o conheço muito bem pra saber que o tipo dessa garota é o que ele mais repudia.

Magrela, chata e sem graça, sem contar a personalidade de velha, e além de tudo ela rejeita os carinhos e toques dele... Pensar nisso me deixa revoltada.

Ela então olhou de relance para mim, como se ouvisse meus pensamentos, lancei um olhar de desprezo dando outra garfada no jantar. Ter ela aqui, junto a nós na mesa me deixa enjoada.

— Depois que terminarem tem uma surpresinha para todos— exclamou mamãe contente— Uma sobremesa deliciosa feita por mim, com a ajuda da Sabrina. — sorriu em minha direção.

Sorri em resposta— Sim, e está incrível.

— Talvez você se torne uma cozinheira tão boa quanto sua mãe, Sabrina. — disse tio Henrique gentilmente.

— Obrigada tio, fico feliz em ouvir isso. — adoro receber elogios.

— Ou talvez não— falou Mônica cortando o clima— Afinal não é comprovado que os filhos herdam certas habilidades dos pais. — sorriu indiferente.

Mulherzinha irritante... Eu juro que se não fosse mãe do Diego já teria dado um jeito nela também. Mas para um bem maior, devo aguentar, faço de tudo pelo meu amor.

Henrique tentou desviar o assunto e novamente voltei minha atenção para ele... Sua expressão estava fechada e com certeza irritado, Diego nunca gostou dos jantares sociais entre nossas famílias, mas em festas onde todos são estranhos ele é um completo cavalheiro, galante e sedutor.

Eu já o acompanhei em festas antes, assim como boates ou aniversários, sempre a contra gosto, da parte dele é claro... Mas eu insistia tanto que ele acabava cedendo, por isso tenho certeza de que se continuar insistindo, vou conseguir o Diego, mesmo que no inicio seja apenas porque ele se irritou ou teve pena de mim, um dia ele vai me amar.

Após o almoço todos foram para sala tomar uma taça de vinho e conversar, sentei ao lado de Diego e ela sentou do outro, apenas o cheiro dessa garota me enoja, decidi acabar com ela desde o momento em que se intitulou namorada dele, não importa o que eu tenha de fazer, eles vão terminar. Passei o braço tocando o dele e mostrei meu sorriso mais sincero— Diego eu senti muito a sua falta.

— Dá pra se afastar? — respondeu friamente— Tá calor e não quero você grudada em mim.

— É, então porque está pertinho dela? — questionei irônica.

—Porque ela é minha garota, oras—passou o braço nos ombros dela—Isso é natural, gosto do suor dela me impregnando. — disse sarcástico.

— Você é muito ridículo— falou se afastando dele— Suas piadinhas nunca tem graça.

— E você é uma estraga prazeres, sempre com essa cara de quem chupou limão e não gostou. — terminou rindo.

— Isso porque você é meu “limão”.

— Ai meu Deus, não precisa contar nossas intimidades assim tão abertamente... Hahaha. — Diego riu de maneira tão inocente.

Eu adoro a risada dele.

— Você é uma mal amada, não é mesmo? — perguntei a encarando.

Ela olhou para mim com aquela cara de peixe morta, pareceu que ia falar alguma coisa mas decidiu ficar quieta se recostando no sofá.

Eu te odeio.

Comecei a tremer de raiva considerando a ideia de voar pra cima dela e dar fim agora mesmo, mas Diego estava entre nós e ele a protegeria, cheguei perto de seu rosto e disse— Fala pra mim, qual é a dessa esquisita?

— Ela é assim mesmo... E já disse pra se afastar.

Se é assim então...

— Diego... — murmurei.

No momento em que ele se virou o agarrei e beijei, eu segurei ele com tanta força, mas no momento que nossos lábios se tocaram minhas forças se foram, me senti em outra dimensão.

Eu já havia tentado várias vezes beijá-lo, mas foi tudo em vão, Diego sempre dava um jeitinho de escapar, mas agora... Aqui, sentindo ele enquanto sua “namorada” boboca nos assiste, nunca me senti tão feliz.

Mas durou pouco.

Ele se levantou rapidamente como um gato assustado e me encarou— Nunca mais faça isso, sua aproveitadora.

Suas palavras não me tiraram a felicidade do momento— Sabrina!! — gritou meu pai indignado— Você está louca?

— Não pai, você sabe o que eu sempre senti por ele! — falei em seguida a procura da cara daquela garota e... — Huh? Que cara é essa sua estúpida?

— Tá falando comigo? — perguntou indiferente.

— Sim estou falando com você sua ridícula, eu acabei de beijar seu namorado e o que você faz...? Nada! Fica parada com essa cara azeda de cachorro vira-lata.

— Que ceninha mais vergonhosa... — retrucou Mônica.

— Sabrina minha filha se acalme. — disse minha mãe tocando-me os ombros com carinho— Isso foi errado.

— Gente vamos com calma... — disse tio Henrique em sua tranquilidade natural.

— Não sei por que está brava comigo se foi a única errada aqui— ela disse fazendo todos ali se calar. — Se você é do tipo que sai beijando o namorado alheio assim tão descaradamente só lamento, sua reputação não será nada boa. — terminou indiferente.

— Poderia ter ficado sem essa Sabrina. — falou Diego debochando.

Meus olhos estão queimando e não pude conter as lágrimas— Diego!! Preste atenção no que fala. — repreendeu Henrique.

— Você vai me pagar... —murmurei.

Então sai correndo em direção ao meu quarto, bati a porta trancando em seguida, me joguei na cama apertando o travesseiro raivosamente.

Eu juro que vai me pagar...

[...]