Estou tremendo, preciso me acalmar...

Respirei fundo, apertei firmemente as bombinhas em minha mão, e então joguei com força em direção a eles, não exatamente para acertá-los, isso acabaria em problemas e alguém machucado.

Enquanto olhava as bombinhas se espalhando ao redor, o tempo se moveu em câmera lenta, quando escuto o primeiro estouro, seguido do clarão forte; — Que isso? — gritou a menina.

Em questão de segundos mais estouros, mais clarões, a menina se desesperou e saiu cambaleando com as mãos na cabeça na intenção de se proteger, enquanto Diego olhava para os lados furioso e confuso— Mas que droga é essa? — gritou indignado.

Ele virou-se em minha direção, e então começou a andar rapidamente— Foi você quem fez isso? — indagou.

Ele me viu, porcaria.

Meu coração congelou, sai correndo dali o mais rápido que pude, me esgueirei por detrás da pedra para que ele não pudesse ver em que direção eu ia, se Diego descobrir que fui eu a fazer isso ficará furioso e sabe se lá o que poderia fazer. Corri em direção a um amontoado de pessoas perto do mar, olhei para trás e ele continuava vindo.

— Heeey você, o que está fazendo? — indagou um homem com voz arrastada.

Provavelmente outro bêbado.

Todos em volta começaram a me encarar, me escondi atrás de duas meninas que ficaram rindo, o porque eu não sei— Sinto muito, mas poderiam fingir que não estou aqui? — perguntei ofegante.

— Que isso, tá fugindo da polícia? — questionou rindo uma das garotas.

Dei uma espiada novamente e Diego estava olhando para todos ali em volta, a multidão se aglomerava mais a cada momento e isso estava a meu favor, meu rosto estava quente e comecei a transpirar loucamente quando sinto alguém me tocar. — Você está bem? — indagou um rapaz colocando a mão em minha testa. — Está quente e suando, deve estar doente.

Novamente uma onda de risos ecoou por todos os presentes ali, qual é a graça afinal de contas? —Estou bem, só com calor. — respondi com desdém.

— Foi você seu idiota. — escuto Diego gritando.

O que?

— Eitaa olha lá, vai rolar briga. — disse novamente o homem com voz arrastada e mole.

Sai detrás das garotas e pude ver, Diego discutindo com o rapaz que me deu as bombinhas, mas que droga é essa? Porque esse cara tinha de estar ali?

Caminhei em direção onde estavam, se começarem a brigar isso vai ser terrível— Qual o teu problema cara? Sai fora. — gritou empurrando Diego com força.

— Por que fez aquilo imbecil? Achou graça é? — gritou Diego também o empurrando.

A sacola de bombinhas caiu no chão, uma roda de pessoas se formava para ver a discussão, os amigos do garoto gritavam incentivos de briga, Karen que se agarrava com Diego minutos atrás apareceu para discutir também— Qual o seu problema? Poderia ter nos cegado, ou machucado.

— Do que estão falando? Seus malucos, eu não fiz nada. — se defendeu.

— Como não fez nada, e essa sacola de bombinhas? — apontou Karen para o chão.

— E daí, isso não é da sua conta garota maluca.

— E daí? Jogou essas porcarias na gente— berrou Diego furioso.

Apressei meus passos ainda mais e deixei um dos chinelos cair, olhei para trás e decidi jogar o outro fora também, estavam me atrapalhando e não havia tempo para isso, preciso consertar essa situação— Você vai me pagar imbecil. — gritou Diego indo para cima do rapaz.

Então eu cheguei e o agarrei pelas costas o segurando— Para com isso Diego.

— Erika? Me solta sua paspalha. — disse furioso tentando tirar meus braços que o agarravam pela cintura.

— Não vou soltar, vamos embora daqui. — falei ofegante.

Ele continuava tentando livrar-se de mim quando o soltei parando em sua frente, no caminho do cara das bombinhas— Para de dar chilique e vamos embora. — exclamei séria.

— Ei, você é aquela garota. — disse o garoto atrás de mim.

Meu coração parou naquele momento, se ele abrisse a boca eu estaria perdida, não virei meu rosto para ele— Você deve estar me confundindo. — afirmei aflita.

— Chega de papo furado, vou acabar com essa cara. — berrou Diego.

— Você conhece esse maluco? Ele veio pra cima de mim do nada... Está me ouvindo? — disse vindo em minha direção.

Nesse momento meu instinto de sobrevivência falou mais alto, agarrei Diego pelo braço e o puxei com todas minhas forças correndo para longe daquela bagunça, minha mente estava em branco, não ouvia mais nada do que falavam enquanto me afastava com Diego— O que pensa que está fazendo? — indagou me parando bruscamente— Me solta idiota, não se meta.

Virei-me para ele sem reação— Não... Vamos embora.

— Eu não sou covarde para fugir de uma briga. Deixe de ser ridícula. —exclamou irritado balançando seu braço com força, tentando soltar-se. — Agora larga de mim.

— Não vou largar— afirmei o puxando novamente— Precisa acalmar essa sua cabeça oca.

— Cala a boca— disse com desdém—Sabe muito bem que não pode me puxar, sou mais forte que você. — virou seu rosto e olhou para trás.

Mesmo reunindo todas minhas forças o puxando com as duas mãos ele parou de se mover, enquanto nem sequer prestava atenção em mim, olhava para a multidão resmungando palavrões e juras de acabar com o cara das bombinhas. Preciso impedi-lo a qualquer custo.

— Diego! — gritei.

— O que? — indagou impaciente.

Quando ele olhou para mim dei-lhe um tapa com força em seu rosto, ele fitou-me incrédulo e surpreso enquanto seu rosto se avermelhava onde acertei. Com Diego imóvel e me encarando dei alguns passos para trás, tomando uma distância segura para correr. Eu não consegui pensar em outra coisa para tirar seu foco da confusão anterior, então o que eu fiz foi...

Dar-lhe um tapa para focar-se em mim. E agora eu estou muito... Mas muito encrencada.

[...]