— Eu... Preciso dormir. — sussurrei adentrando o quarto em direção ao sofá.

— Você é mesmo uma idiota. Porque está tão cansada assim? — questionou Diego logo atrás de mim.

— Por quê? Acha pouco o que passei nesse jantar? — indaguei irritada.

Fala sério, eu não tive paz um minuto sequer, Henrique e Mônica me fizeram várias perguntas sobre minha vida enquanto Diego ficava me provocando por debaixo da mesa, me beliscando ou fazendo cócegas, tudo para me desconcentrar e passar por boba na frente de seus pais.

Nem consegui aproveitar a deliciosa comida devidamente, inclusive estou com dor de estômago. Joguei-me em cima do confortável sofá, tentando deixar toda a tensão de lado e apenas dormir, esquecer esse pesadelo. — Você é uma molenga. — disse Diego longe.

Embora eu não saiba dizer se ele afastou-se ou eu já estava pegando no sono, estou sem forças para dizer a ele o que merece ouvir... —Levanta. — ordenou dando-me um tapa nas costas.

— Que? —dei um pulo de susto.

— Levanta. — repetiu com desdém.

Olhei para ele com raiva, o confrontando— Para que? — perguntei irritada.

—Vamos sair. — disse tirando a camisa.

—Sair? São oito e quarenta, tá tarde e eu preciso dormir.

— O que é você, uma velhota? — riu vestindo outra camisa— Hoje foi um dia desgastante, preciso relaxar.

— Desgastante? Isso digo eu, não seja hipócrita— falei afundando o rosto no sofá— Se quer sair, vá sozinho.

— Eu iria se fosse assim tão simples— disse empurrando-me do sofá para o chão— Não posso ir sozinho, eles vão pegar no meu pé. Como se eu quisesse sair com uma mala feito você.

— Eu não vou. — afirmei sentada ao chão.

— Você vai por bem... — abaixou-se me encarando— Ou por mal.

Depois de um minuto de silêncio, ele notou que eu estava determinada a não ir, francamente, esse garoto não tem limites?

— Tudo bem então. — falou com desdém.

Quando o vi afastando-se fechei meus olhos e suspirei cansada, quando sinto duas mãos agarrando-me pela cintura me tirando do chão— Hey— gritei assustada. — Me larga seu mané.

— Você não é tão pesada quanto eu pensei— admitiu rindo— Pare de se debater.

Diego me carregou como um cobertor velho debaixo do braço para fora do quarto, continuei me debatendo, dando socos e arranhões, porém ele não demonstrava sentir dor. — Diego estou falando sério, me solta. — gritei irritada.

— O que é isso? — indagou Mônica pasma— Que estão fazendo?

— Tsk... Mais essa agora. — bufou Diego irritado.

— Ah... Err— pensa rápido— Sr. Mônica isso é... Uma brincadeira nossa. — sorri sem graça.

— Brincadeira...? — indagou desgostosa.

— Sim, Diego faz isso para tentar me animar, sabe... — pausei insegura— E realmente funciona, já até me sinto melhor. — sorri novamente.

— E porque ele está tentando te animar?

— Responde minha mãe, Erika. — sorriu debochado.

—Por que... Comi demais no jantar, estava indisposta e com enjoo.

— E ser chacoalhada feito uma boneca de panos nos braços do meu filho te fez melhorar? — perguntou duvidosa— Você é mesmo uma mocinha estranha. — sorriu forçado.

Tamanha semelhança entre Diego e ela não é mera coincidência...

— Vamos sair um pouco, mais tarde estamos de volta. — exclamou Diego andando novamente.

— Para onde vão? — perguntou Mônica curiosa.

— Andar por aí. — respondeu indiferente.

Estando já longe de sua mãe ele me encarou sorrindo— Essa história foi mal planejada, não faria sentido te carregar assim sendo que estava enjoada.

— Fique quieto, foi a única ideia que eu tive— respondi ríspida— Não pensei direito.

— Tanto faz, foi engraçado. Me controlei para não rir na frente dela. — sorriu.

— Para onde vamos?

— Andar por aí. —disse novamente.

Vindo dele isso não espero nada de bom.

[...]