Sonho x Realidade escrita por M1ssingN0


Capítulo 12
Capítulo Doze – Confusão




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— Estou com sede, traga algo para beber.

É difícil acreditar que isso está acontecendo comigo, o que é esse cara afinal?

Em tão pouco tempo ele vem me trazendo tantos problemas, suspeito que ele seja uma criatura do submundo que foi enviada para me testar, fazer da minha vida um inferno— Por que está me olhando com essa cara de tapada? — resmungou.

Quando olho para fora e vejo um carro parado em frente ao portão, era um camaro branco, embora não entenda muito sobre carros reconheço alguns que já vi em filmes, havia um homem lá dentro, ele então buzinou para mim e acenou com a mão— Dá tchau pra ele. — disse Diego me fitando da sala.

Eu fiquei em silêncio e imóvel tentando conectar os fatos— Faça logo. — mandou.

Eu levantei meu braço e acenei com a mão, o homem fechou os vidros do carro e foi embora, então olhei para ele, sentado todo desleixado no nosso sofá— Aquele era seu pai?

— Ele deve ter se assustado vendo-a assim— disse com desdém— Provavelmente vai me encher o saco depois perguntando o que deu em mim para ficar com alguém como você.

— Eu não sei descrever o que estou sentindo agora. — fechei a porta e fui em direção à sala, me aproximei dele e retirei seu pé que estava em cima do sofá— Aqui em casa não colocamos os pés no sofá usando tênis, depois eu que sou a mal educada aqui.

Ele não olhou para mim, continuava em seu celular, acho que nem prestou atenção no que eu disse— Diego como ousa aparecer assim? E se meus pais estivessem em casa, como explicaria isso a eles? — perguntei séria.

Ele continuou quieto, impassível, isso está me tirando do sério...

— Estou falando com você, gigolô safado. — gritei pegando o celular de suas mãos.

— O que você quer garota? — disse enquanto tentava pegar o aparelho de mim.

— Como assim o que eu quero, você ouviu o que eu disse, explique-se. E também como soube onde eu morava. — não me lembro de ter dito a ele, será que ele me seguiu alguma vez no caminho de casa?

— Seu endereço consegui com a Carol— ah, a secretária de seu pai— E eu sabia que não tinha ninguém aqui, agora devolva isso. — exclamou irritado.

— Como sabia disso? — perguntei duvidosa segurando o celular com força.

— Intuição. — disse com desdém.

— Você é um cretino mesmo, faz tudo o que quer sem pensar nas consequências — quando termino de falar ele me puxou pelo braço e eu caí deitada sem jeito no sofá.

É agora que ele vai me agredir, sem dúvida.

— Você tem coragem, Erika— ele está em cima de mim, o que vai fazer?

Com apenas uma mão ele segurava meus braços acima da minha cabeça, tentei me soltar, mas ele usou força demais, com sua mão livre veio em direção ao meu rosto, isso está me deixando nervosa. — Me solta— falei com a voz falha, estou com vergonha.

— Idiota— disse puxando minha orelha com força— Acho que estou sendo mole demais com você, precisa de treinamento adequado. — então ele tirou seu celular das minhas mãos e saiu de cima de mim. Levantei-me e fiquei encarando-o com desprezo.

— Parando para pensar nisso— falou olhando-me dos pés a cabeça— Você é branca demais, suas pernas são finas e seu cabelo parece um ninho de ratos, nem um pouco feminina— voltou a ver seu celular rindo feito um idiota.

Bom, infelizmente sou obrigada a concordar com o que ele disse, e notei que minhas roupas estão horríveis, coloquei para dormir um short de moletom preto velho com uma camisa de mangas longas de cor branca, o que me faz parecer um fantasma sendo que minha pele é quase transparente, sem falar do meu cabelo... Cretino.

Não sou obrigada a ouvir seus insultos, também não estava nos planos o encontrar hoje a essa hora, de outra maneira com certeza não estaria nestas condições dando-o mais motivos para implicar comigo. — Pare de me encarar e traga-me algo para beber, não me faça repetir, garota espantalho. — criticou.

Levantei-me e fui em direção à cozinha, algo para beber ele diz, a única coisa que darei a esse panaca é água e nada mais, eu poderia deixá-lo sozinho e subir para me trocar, mas ele já me viu assim então não faz diferença, abri o armário e peguei um copo, quando paro e vejo meu reflexo sobre o vidro. — Meu rosto está inchado... — que se dane, não ligo para o que ele pensa de mim afinal de contas.

Voltei para sala e entreguei o copo a ele, sua expressão não estava nada agradável— Água? — questionou incrédulo— Não tem suco ou qualquer outra coisa?

— Fica quieto e bebe logo, se o problema for sede isso resolve.

Quando vou em direção ao outro sofá para me sentar ouço Diego resmungando palavrões, tanto alvoroço por um copo d’água? Garoto mimado e irritante, de repente vejo Luna miando e se aproximando dele— Luna vem cá. — chamei rapidamente, do jeito que ele está nervoso não sei o que pode fazer com a gata.

Ele a encarou por uns segundos em silêncio— E esse gato?

— É uma gata e se chama Luna. — não me ouviu acabar de dizer o nome dela?

E então Luna começou a esfregar-se em sua perna e ele delicadamente a acariciou.

Nossa, uma caixinha de surpresas, como sempre...

— Os animais gostam de mim, não entendo o porquê sendo que não ligo muito para eles. — disse com desdém ainda acariciando Luna.

— Isso é bem estranho, quem poderia gostar de você? —droga, isso saiu sem querer, pensei alto demais. — Quero dizer, haha... Também não entendo. — sorri sem graça virando meu rosto na direção oposta. — E então, seu pai já foi, você bebeu sua água, já pode ir embora.

— Ainda não.

— Porque não?

— Ela me disse que vai demorar 4 horas. — exclamou sério.

— Tá de brincadeira comigo? — 4 horas, nesse tempo preciso me arrumar para encontrar Júnior.

Droga!

Se Júnior ver que ele está aqui na minha casa, isso só aumentará as suspeitas dos boatos que correm pela escola de que Diego e eu temos alguma coisa, sem contar que isso pode acabar em confusão, os dois não aparentam ir com a cara um do outro e minha situação ficará pior, muito pior. — Diego não dá, você tem que ir embora.

— Por que deveria? — disse pegando Luna no colo— Não estou afim de sair, vou esperar aqui.

— Eu tenho um compromisso— admiti— Não posso esperar esse tempo todo, e também meus pais podem chegar a qualquer momento. —meus pais não vão chegar, mas você que se vire com essa mulher, a culpa é dela por exigir tanto tempo assim.

— Erika desiste, não vou sair daqui. Se chegar alguém dou meu jeito. — sorriu.

— Não! — gritei me levantando— A casa é minha e quero que vá embora.

— Aí, que medinho dela— exclamou rindo— É melhor abaixar o tom, não me irrite.

Sinto meu rosto pegando fogo, que raiva é essa que sinto por ele? Eu poderia chamar a polícia, mas não saberia o que dizer “um gigolô invadiu minha casa”, isso não... “um maníaco manipulador e gigolô safado invadiu a minha casa”, isso também não. O que eu faço?

Levo um susto quando o telefone começa a tocar, vou até a mesa ao lado do sofá em que Diego está para atender— Alô?

– Erika, já está acordada?-

É minha mãe, é claro que estou acordada, estou falando com você— O que foi? — perguntei encarando Diego que ria divertido para mim, enquanto Luna dormia em seu colo.

– Só liguei para avisar, eu me esqueci de falar mais cedo graças ao seu péssimo humor, um colega do meu trabalho vai passar aí para pegar uns documentos-

— Documentos? Onde estão?

– Em cima da mesa no meu quarto, entregue a ele-

— Ok. — respondi apenas.

– E se divirta no seu encontro hoje-

Desliguei o telefone sem me despedir, ela insiste nessa história de encontro, olhei para Diego com ódio— Quem era?

— Isso não te importa. — tudo isso é culpa sua, eu deveria estar dormindo.

Subi as escadas e fui até o quarto da minha mãe, encontrei os tais documentos, estavam dentro de um envelope marrom, peguei e voltei à sala, não confio em deixá-lo sozinho, ainda mais com a Luna.

Quando chego e vejo que ele continua alisando ela— Nossa, gostou mesmo dela né? — falei deixando os documentos ao lado do telefone— E você diz que não liga para animais.

— Cala a boca— falou desviando seu rosto— Só achei divertido a sensação de tocar o pêlo dela.

O que foi isso? Está envergonhado? Essa é nova pra mim, começo a pensar em maneiras de usar isso contra ele mais tarde.

–DING DONG-

— Maldita campainha— exclamei irritada.

— Quanto ódio por uma coisa tão simples.

— De quem será a culpa? — caminhei em direção à porta e a abri.

Só então recordei que deveria ter me arrumado antes disso, caramba, hoje o dia promete, o homem parado a porta era alto, absurdamente alto, sua cabeça se igualava a altura da entrada, estava vestindo um terno preto, tive de olhar para cima na intenção de ver seu rosto, sua feição era séria, porém amigável, talvez ele seja...

— Bom dia— sorriu— Estou aqui para pegar alguns documentos, você deve ser a Erika, sua mãe me falou sobre você.

— Ah, sim— acho que estou ficando vermelha, ser vista assim por um colega de trabalho da minha mãe, e ele aparenta ser bem elegante. — Já vou buscar, se quiser fique à vontade para entrar e beber alguma cois— Essa não!

Me esqueci completamente de que Diego está aqui, e eu já o convidei para entrar, eu agi completamente no automático com as regras de educação básicas que minha mãe me ensinou, e agora? — Obrigado, com licença. — disse educadamente enquanto se abaixava para passar pela porta.

O que eu faço?! Acho que estou entrando em pânico, não consigo pensar em nada, ele está indo justamente em direção à sala— Ah, espera— gritei com a voz alterada— É, qual seu nome?

Ele se virou e me fitou com um olhar de surpresa, pude ver melhor seu rosto, seus cabelos são compridos e negros na altura dos ombros, seu rosto me lembra muito as estátuas gregas que já vi no museu, seu maxilar quadrado e nariz fino, ele deve ser descendente de estrangeiros.

Que diabos estou pensando em uma hora crítica como essa?

— Sou Artur— sorriu gentilmente— Prazer em conhecê-la— estendeu sua mão para me cumprimentar.

Eu com um reflexo mais que rápido apertei sua mão, ainda tentando pensar em alguma coisa para resolver esse problema, se ele visse Diego aqui em casa, ele e eu, sozinhos, iria pensar coisas estranhas e ter ideias, e possivelmente isso chegaria aos ouvidos da minha mãe. De uma forma ou de outra eu sofreria as consequências. — Igualmente— falei abobalhada.

Ele educadamente soltou minha mão e voltou a caminhar em direção a sala, é agora, não tem mais jeito, ele vai encontrar Diego lá e estou perdida...

— Que linda, você tem uma gatinha. — exclamou surpreso.

Corri em direção a ele e para minha surpresa no sofá estava apenas Luna, ainda bem, mas onde aquele idiota se meteu. — S-sim, seu nome é Luna— sorri sem graça sentindo um grande alívio — Os documentos estão aqui.

Entreguei o envelope a ele, tenho que aproveitar o sumiço do Diego e dar um jeito dele ir embora logo— Acho que está tudo aí, segundo as informações da minha mãe.

— Com certeza deve estar tudo em ordem— disse pegando Luna no colo— Sua mãe é uma mulher muito organizada. — minha mãe? Será que estamos falando da mesma pessoa?

— Precisa de mais alguma coisa? Algo para beber talvez— por favor, diga que não e vá embora.

— Não, era só isso mesmo— se abaixou e colocou Luna no chão— Preciso ir, estão esperando esses documentos.

Quando ele vinha em direção à saída estranhamente parou e uma expressão suspeita dominou seu rosto— Olá. — disse educado.

— O que?

— E aí— ouço Diego, ele está atrás mim, porque, de onde ele saiu?

Quando me viro para lançar lhe um olhar mortal fico boquiaberta ao ver que está sem camisa, o que é isso Diego? Canalha idiota!

— O que pensa que está fazendo? — falei assustada.

Ele me ignorou e caminhou em direção a Artur, — Prazer, sou Diego.

— Prazer, Artur. — estenderam as mãos e se cumprimentaram.

Eles ficaram se olhando por um tempo e logo em seguida Diego caminhou e veio até mim, ficando ao meu lado. — Desculpe perguntar, mas— falou Artur sem graça— Vocês dois são...?

— Ah isso— Diego colocou o braço sobre meu ombro— Estamos juntos. —sorriu.

Não estamos não, ele é só um demônio das trevas disfarçado de humano que está aqui para me infernizar.

— Agora eu entendo— disse pensativo— Estava curioso para saber o porquê de você estar com o rosto tão vermelho e o cabelo em pé Erika— sorriu. — Você também parece estar bem ansiosa, faz sentido.

— Não senhor, isso não está certo— eu sabia que isso aconteceria— Não aconteceu nada... Aí. — sinto minhas costas arder, olhei para Diego, ele me beliscou de novo.

— Sim? — exclamou confuso.

— Não é nada, ela só está tímida. — disse Diego gentilmente.

— Bom agora vou indo— Artur caminhou em direção à porta, se abaixou para sair— Obrigado novamente e não se preocupe Erika— sorriu— Não vou contar nada a sua mãe se é isso o que está pensando.

— Agradecemos a compreensão— falou Diego educadamente, esse fingido— Até mais Artur.

Quando o homem entrou em seu carro e foi embora, Diego começou a rir feito maluco, me irritei e dei um soco em seu braço— Seu patife, olha só a besteira que você fez, o que ele vai pensar?

— Isso foi muito engraçado. — caminhou rindo a minha frente, me deixando a visão de suas costas. — Ainda com você nesse estado.

— Isso não tem graça nenhuma, porque está pelado? — perguntei indignada— Tudo o que aquele homem pensar de errado sobre nós é culpa sua.

— Não estou pelado, só sem camisa— indagou indiferente— E se for culpar alguém culpe sua gata pulguenta.

— O que ela tem a ver com isso? — querendo culpar Luna, que palhaçada é essa.

— Tudo— me fitou sério— Ela fez xixi em mim.

— Ein?

— Exatamente, essa gata fez xixi em mim enquanto eu fazia carinho nela, logo depois que fui tão gentil... Então procurei o banheiro para tentar lavar minha camisa, que inclusive agora está manchada, você dará um jeito nisso. — disse irritado.

Olhei para Luna sentada no chão e olhei para Diego, não pude deixar de pensar que bem feito para esse idiota, mas isso tudo parece tão surreal.

Céus... Se isso é um sonho espero acordar logo.

[...]


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