Sonho x Realidade escrita por M1ssingN0


Capítulo 11
Capítulo Onze – Surpresas




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— Achei você! — escuto alguém dizendo de repente e colocando as mãos nos meus olhos— Adivinha quem é?

Essa voz, só pode ser do Júnior, ele me assustou, estava tão distraída pensando coisas desnecessárias e encarando esse chocolate na minha mão que nem notei sua aproximação.

— Júnior, precisa de algo?

— Uau, acertou de primeira— disse tirando as mãos do meu rosto— Vi você parada toda pensativa e me lembrei que fazia um tempo que não conversávamos, estou com saudades. — disse com uma voz branda e gentil, não faz tanto tempo assim.

— Mas nem somos assim tão próximos para sentir saudades. — nos falamos poucas vezes, e ainda não sei nada sobre ele.

— Você é tão insensível— fez bico— O que você tem aí? Ah, é um chocolate.

— Ah... — automaticamente escondi meu braço— Sim, é uma trufa.

— Eu adoro chocolate, se importa se eu der uma mordida?

— O que?

— Na trufa— sorriu— Mas se quiser posso morder você também. — ele continua atirado como de costume, esse garoto.

— Nem pensar, é minha— falei guardando-a no meu bolso— E então, queria falar algo comigo?

— Na verdade sim, eu estava pensando, está livre amanhã?

— Amanhã? — amanhã é sábado, provavelmente vou estar livre mas, tenho coisas a fazer, e dormir é uma delas— Não sei dizer, por que?

— Que tal sair comigo? — perguntou sorridente. — É a oportunidade perfeita para nos conhecermos melhor, e então você não irá estranhar quando eu disser que estou com saudades.

— Eu não sei... — respondi sem jeito.

— Vamos, já que gosta de chocolates posso te levar a um lugar ótimo.

Ele está me encarando muito mais que o normal, isso me deixa sem graça, eu nunca passei por coisas assim, então não tenho muita experiência em rejeitar convites de meninos que me chamam para sair. — Olha Júnior, não sei se é uma boa ideia.

— E por que não? Vamos lá, vai ser divertido. — insistiu.

— Bem, eu não conheço muito bem a cidade então... — droga, diga não— Conhecer um bom lugar onde vendam chocolates parece válido pra mim. — Erika sua idiota, você não tem mesmo salvação, sabe que ele não é flor que se cheire e Letícia também não gosta dele, mas não consegui pensar em uma boa desculpa.

— Ótimo— disse contente— Aqui está meu número, me liga para eu saber onde você mora, nos encontramos às 11 da manhã, pode ser? Depois posso te levar para conhecer outros lugares e passamos o dia juntos.

Entregou-me um papel com seu número de telefone, porque tão cedo, e por que o dia todo? Ele aparenta estar bem animado com isso, acho que não posso dizer o mesmo— Entendi, até lá então. —respondi.

Quando ele se aproxima de mim dando um beijo no meu rosto—Até Erika. — mas o que? — Estou ansioso por isso. — sorriu se afastando, preciso tomar cuidado com essa história, não quero que ele interprete mal tudo isso, até porque não pretendo ter nada além do que uma amizade com ele.

Ah... Esqueci, acho que Letícia não vai aprovar essa ideia.

— O que? — gritou surpresa.

— Pois é...

— Erika, você disse que não, certo? — perguntou aproximando-se do meu rosto, intimidante.

— Bem, eu — acho que mentir não é uma boa opção, ela já ficou brava comigo por tê-la deixado sozinha no intervalo sem dizer para onde iria. — Disse que sim. — minha voz estava baixa.

— Francamente— disse beliscando minha bochecha— Você não tem jeito, como pôde aceitar sair com ele?

— Eu não consegui dizer não, nunca passei por isso antes, não pensei direito. — admiti.

— Aí aí— suspirou — Parece que o delito já foi cometido. — disse soltando minha bochecha, isso arde, esse pessoal adora me beliscar.

— Eu não cometi nenhum crime.

— Mas vai ter que arcar com as consequências— falou séria— Espero que ele não tente nada, depois quero que me diga tudo com detalhes. Certo?

— Sim— até parece minha mãe com esse tom de voz. — Só aceitei também porque ele mencionou um ótimo lugar de doces. — ela me olhou desapontada.

— Então quer dizer que quando se trata de comida, você é facilmente influenciada.

— Não é assim também— falei carrancuda— E essa é uma boa oportunidade para ver quais as intenções dele.

— Erika... A intenção dele é conquistar você, simples assim.

Mesmo que ela diga isso, ainda não entendo o real motivo, porque ele quer fazer isso afinal de contas, se for realmente verdade— Acho que preciso descobrir eu mesma.

— Você ein. — suspirou— Só espero que tenha cuidado.

Agradeço a Letícia por se preocupar comigo, mas preciso ver com meus próprios olhos onde isso vai dar, embora possa me arrepender depois, é um risco que preciso aceitar.

Diego não me importunou nas aulas restantes, pelo que vi estava muito entretido mexendo em seu celular, acho que está falando com alguém, inclusive ignorou Lukas e se recusou a ir flertar com as garotas da classe como de costume, comportamento estranho da parte dele. Outra coisa também me incomoda, porque estou observando tanto esse cara? Até mesmo me acostumando aos padrões sacanas dele.

Ao término das aulas me despedi de Letícia e fui para casa, pensando em como dizer a minha mãe que ia sair amanhã, com um garoto, ela com certeza vai distorcer as coisas e pegar no meu pé quanto a isso, meu pai provavelmente vai estranhar, mas ele não é do tipo de se intrometer quanto as minhas decisões, acho que isso é o que chamam de confiança entre pai e filha. O clima está frio, perfeito para comer doces, embora eu não seja a melhor pessoa para dizer isso reconhecendo meu vício quanto a chocolates e afins.

Chegando em casa fui ao meu quarto trocar de roupa, coloquei a mão no bolso e lembrei que tinha colocado a trufa que Diego me deu ali. — Estava mesmo com fome.

Abri e dei uma mordida, o licor de morango estava ótimo, assim como o chocolate que parece ser de ótima qualidade— Mesmo ele sendo um idiota tem bom gosto. — sorri inconscientemente, estava uma delícia, espero que o lugar ao qual Júnior mencionou venda trufas como essa. Desci as escadas cantarolando, eu sempre fico mais animada depois de ingerir açúcar, encontrei minha gata Luna parada em frente à porta e fiz carinho nela, logo em seguida fui até o quintal alimentar minha cachorra, seu nome é Peach, em homenagem a princesa do Mário Bros, jogo que por sinal era viciada na infância.

Peach é uma dálmata de 3 anos e meio, ganhei de aniversário dos meus pais porque sempre adorei ver o desenho dos dálmatas, ela é bem dócil e amigável com estranhos, então não serviria como cão de guarda. — Oi, está com fome? — passei a mão acariciando suas orelhas, quando paro e olho para o céu, o tempo estava nublado, talvez chova, de novo minha mente estava se perdendo em pensamentos vagos, me lembrei da minha antiga cidade, dos meus amigos e tudo o que aconteceu.

Quando Peach me traz de volta a realidade dando uma lambida em meu rosto— Obrigada, prometo não me perder— me levantei e voltei para dentro de casa.

Dando o horário vejo minha mãe entrando pela porta, com as botas molhadas e seu guarda-chuva pingando, realmente durante a tarde choveu bem forte— Nossa, essa umidade acaba com meu cabelo— bufou deixando suas coisas jogadas pelo chão— Estou cansada, filha seja gentil e faça a janta para mim ok? — disse se jogando no sofá ao meu lado.

— Tudo bem.

— O que? — me fitou surpresa— Sem reclamações? Você está bem?

— Estou, não precisa exagerar— disse me levantando em direção a cozinha— Amanhã, eu vou sair.

— Sair, pra onde? — perguntou olhando para tv, até agora estou indo bem, ela não demonstrou interesse.

— Um amigo vai me levar para conhecer a cidade.

— Como é? — gritou— Você vai ter um encontro? — sorriu animada, estava demorando.

— Não mãe, isso não é um encontro. — falei com desdém.

— Ora, mas isso é ótimo— sorriu— Significa que você já fez amigos na escola e tudo está indo bem, fico aliviada.

Sabe de nada, inocente.

Como eu queria dizer estas palavras em voz alta, mas só a faria ficar mais curiosa e quero evitar isso, porque minha mãe curiosa é igual a dor de cabeça para mim. Meu pai chegou não muito depois e eu fiz a janta como ela tinha pedido, conversamos um pouco, escovei meus dentes e fui me deitar, olhei meu celular para ver se Diego havia se manifestado mandando alguma mensagem e nada, só Letícia me dizendo que eu deveria contar para ela tudo que acontecer no encontro amanhã. Bom, hora de dormir.

—Erika— sinto alguém tocar minhas costas— Erika— gritou minha mãe.

— Mãe, o que foi? — exclamei visivelmente irritada, olhei para meu celular e eram 7 horas da manhã. — Isso é hora de me acordar em um sábado?

— Você e esse humor negro pela manhã, só vim avisar que seu pai e eu vamos ao centro— suspirou— Vamos fazer umas compras, precisa de algo?

— Não— falei colocando o travesseiro sobre minha cabeça.

— Menina chata— disse irritada dando um tapa em meu ombro— Se divirta no seu encontro hoje. — saiu batendo a porta com força.

— Isso não é um encontro— gritei alto para ela ouvir.

Embora eu tente me controlar simplesmente fico insuportável pela manhã, ainda mais em dias que sou acordada sabendo que poderia dormir até mais tarde, agora vai ser muito difícil voltar a dormir, o sono estava tão bom.

Fala sério...

— Já faz mais de uma hora... — e não consegui voltar a dormir, fiquei esse tempo todo encarando o teto com um silêncio que inundava a casa inteira, e nada!

Virei-me para o lado e estava me sentindo incrivelmente exausta, como se tivesse passado a noite em claro, quando sinto que finalmente o sono estava voltando, isso é bom.

–DING DONG-

O que é isso? A campainha... Ouço mais uma vez, e de novo, depois mais uma vez.

— Mas que droga é essa? — gritei me levantando a procura dos meus chinelos na escuridão.

Quem poderá ser a essa hora da manhã? Olhei para o relógio e marcava 8 e 30, não podem ser meus pais, mesmo se tivessem esquecido algo eles tem a chave. A campainha tocava sem parar, um som que parecia ensurdecedor, minha raiva aumentava cada vez mais, será algum vendedor? Se for serei muito grossa, ninguém merece.

–DING DONG-

— Eu já estou indo, caramba. — gritei escancarando a porta. Quando olho...

— E aí, bom dia.

— Tá de sacanagem comigo— falei irritada— O que você está fazendo aqui, Diego?

O que esse panaca faz na porta da minha casa em plena manhã de sábado, o que ele pretende, sem contar que ficou apertando a droga da campainha compulsivamente. — Seu cabelo está em pé— disse rindo— Parece que bateu no liquidificador, e eu disse bom dia, sua mal educada.

— Não estou com humor para isso, diz logo que preciso voltar a dormir. — idiota, quero matar você.

— Você parece um espantalho— disse vindo em minha direção para entrar.

— Opa, pera aí. — coloquei meu braço bloqueando o caminho— Onde pensa que vai?

— Vou entrar— disse sério. — Saia da frente.

— Não vai entrar não, o que pensa que está fazendo?

— Eu que pergunto— tirou meu braço com força entrando em casa— Até parece que perdeu o respeito.

Dito isso ele pegou meu cabelo e começou a puxar— Olha eu não queria estar aqui, de verdade, mas não tive outra escolha.

— Aí, me solta— exclamei dando um tapa em seu ombro— O que quer dizer?

— Eu disse ao meu pai que iria passar o final de semana na sua casa de novo— disse me fitando— Então quando estava prestes a sair ele decidiu que queria me levar até sua casa, o que foi um saco. — bufou irritado.

— Isso não é problema meu. — nada disso me importa, eu sabia que essa história me traria mais problemas. Ele estreitou seus olhos para mim, impaciente.

— Que seja, só preciso ficar aqui até ela me dizer que está pronta. — falou e foi em direção à sala, logo em seguida sentou-se no sofá.

Que folgado.

— Ela quem? — perguntei carrancuda.

— A mulher com quem vou realmente me encontrar— uma mulher? Possivelmente deve ter passado aquele final de semana com ela, mas porque não quer que seu pai saiba? — Estou com sede, traga algo para beber. — disse olhando para seu celular.

Isso não está acontecendo... Ele é o pior.

[...]


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