Sonho x Realidade escrita por M1ssingN0


Capítulo 10
Capítulo Dez – Confissão


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas tem dias que eu simplesmente não consigo escrever, mesmo tendo o capítulo inteiro já planejado, a "coisa" não sai. T-T
Este ficou até enorme comparado aos outros.
Mas segue capítulo novo! `-´



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Depois que saímos da diretoria Diego me disse “até mais” e foi embora, nem sequer agradeceu por tê-lo ajudado com seu pai, mas creio que isso nos deixa quites. Toda essa tensão me deixou com dor de estômago, fui em direção à sala de aula e Letícia já estava lá como de costume, porém não estava sozinha, Lukas estava sentado ao seu lado, bem próximo e com um sorriso suspeito no rosto, quanto a Letícia... Não parecia estar nada contente.

— Erika— chamou Letícia notando que estava parada a porta.

Fui em direção ao meu lugar, os dois me encarando, me sinto desconfortável com esse garoto— Bom dia. — falei sem graça.

— Bom dia Erika, como vai? — disse Lukas sorridente.

— Normal, só com uma leve dor no estômago— graças a seu amigo idiota— E vocês?

— Erika, você não deveria comer tanto, lembre-se que é uma menina, pode acabar gorda assim, e manter um corpo esbelto é quase uma obrigação. — falou indiferente colocando sua mão sobre meu ombro, que intimidade toda é essa?

— Lukas não enche, você é um panaca— bufou Letícia— Não deveria dizer coisas assim para uma mulher.

— Letícia você é tão doce com as palavras, me apaixono cada vez mais por você. —sorriu.

Que clima estranho é esse? Sinto-me fora de lugar, mas eu me sento aqui, espero que ele saia logo, Letícia também não me parece estar de bom humor, o que é raro para ela que vive sempre animada e cheia de energia. — Suma daqui, não tenho nada pra falar com você. — exclamou visivelmente irritada.

Ele então se levantou e foi para seu lugar, pensei que não iria tão fácil assim, se bem que ela foi curta e grossa. — Eu não aguento, ele vive insistindo que quer sair comigo.

— E tem algum problema? — perguntei inocente, embora eu faça alguma ideia do por que.

— É claro que tem, ele é tão galinha quanto o Diego, ou talvez até mais— suspirou decepcionada— Não quero sair com um cara que só me trará problemas de fidelidade, não confio nele.

Mas se é assim, então por que você gosta do Diego?

Eu queria perguntar, mas me falta coragem, até porque nunca ouvi dela mesma algo que comprovasse se era verdade ou não, só escuto boatos pela escola e também, lembro-me do que ouvi das meninas da nossa sala sobre ela. Mas não devo confiar em boatos, muitos são mentiras, coisas fantasiosas que inventam para ter o que falar.

— Erika— chamou— Me diga o que está pensando.

— Não é nada— isso me pegou de surpresa, até parece que pode ler meus pensamentos.

Ela me fitou séria— Pensei que não iria me esconder mais as coisas, pode ser sincera comigo.

Ela tem razão, mas isso me deixa sem jeito— Bem é só... —não sei como dizer— é só que...

Letícia batia com seu dedo indicador sobre a mesa, conforme minha demora em responder seus movimentos iam ficando cada vez mais rápidos. — Desembucha logo! — gritou impaciente.

— O que você sente pelo Diego, realmente? — perguntei envergonhada.

Não sei por que essa simples pergunta me foi tão difícil, ela me encarou surpresa— Era isso? — indagou — Erika se era isso o que estava pensando, deveria ter me dito há muito tempo. — sorriu.

— Mas isso— pausei— Não te incomoda?

— Haha é claro que não, sua boba.

— Mas é que escuto esses boatos pela escola. — falei relutante— E sei que esse tipo de coisa perturba.

— Ora, também escuto vários boatos sobre você e Diego ultimamente, mas vejo que isso não te incomoda, é o mesmo comigo. — disse gentilmente.

Ahh, Letícia é tão legal, talvez eu tenha pensado demais no tipo de reação que ela teria quanto a isso, pensei que ficaria chateada ou irritada... — Mas então, estou curiosa sobre o porquê de todas essas meninas não irem muito com sua cara, digo— Erika sua idiota, está sendo indiscreta— Quero dizer, sabe...

Olhei sem jeito para ela, acho que entendeu o que eu queria dizer porque ficou balançando a cabeça divertida. — Você é cautelosa demais, pare de pensar tanto nas coisas. Bom, eu gosto do Diego— então é verdade, ela gosta mesmo dele, coitada... — Mas não da maneira como dizem por aí.

— Que? Como assim? — perguntei confusa.

— É como eu disse, meu lance com Diego está mais para admiração, eu o respeito— disse com um olhar distante para o nada— Eu devo muito a ele. — sorriu.

— Letícia, sinto muito, mas.... De tudo que eu poderia pensar em relação a ele, respeito e admiração não está na lista— nem pensar, não aquele cara.

— Ele me ajudou em um momento delicado, e isso eu nunca vou esquecer.

Quando eu estava prestes a fazer mais perguntas Diego entra na sala, logo em seguida o professor de biologia, o que será que ela quis dizer com momento delicado? Eu sei que eles se conhecem por pelo menos 3 anos, algo aconteceu nesse tempo para fazer Letícia pensar assim.

— Diego— disse Letícia sorrindo— Bom dia, seu lindo.

Ele a encarou visivelmente desconfiado— O que você quer? — perguntou seco.

— Nada, não posso simplesmente cumprimentar você?

— Letícia, quando noto um comportamento diferente do seu eu chata, irritante e trapaceira, eu logo sei que está planejando alguma coisa.

— Ah cara qual é? — levantou-se batendo fortemente em sua mesa— Você é um porre, eu não posso ser gentil que vem me insultando, você é mesmo um idiota. — disse mostrando a língua para ele, isso só aumenta ainda mais minha curiosidade, eles parecem ser bem, próximos.

— Essa é você— falou Diego— Bem-vinda de volta. — sorriu.

Letícia sorriu de volta e sentou-se, Diego olhou para mim com desdém e não disse nada, eu não entendo esse garoto, nunca sei o que esperar dele, é como um camaleão, vive mudando sua personalidade conforme o ambiente.

E isso me irrita... — Peguem seus livros e vamos fazer alguns exercícios, chega de moleza, as férias estão chegando— gritou o professor com um livro enorme nas mãos, ele está certo, apenas mais 20 dias de aula e as férias de julho vão começar, isso me tranquiliza um pouco, pensar que vou ficar livre do Diego e de suas besteiras. Mas sentirei falta da Letícia, talvez eu a convide para ir lá em casa.

Não tive a oportunidade de voltar ao assunto com ela, as aulas foram bem puxadas com provas e exercícios, pelo jeito terei de esperar até o intervalo, ainda falta mais uma aula.

— Mas que saco— resmungou Letícia— Essa hora que não passa logo, estou com dor nas costas. — disse esticando os braços para cima.

— Sim, estou com fome. — minha dor de estômago passou dando espaço para uma fome absurda— Talvez hoje eu pegue 2 sanduíches de atum. — admiti contente, eu adoro os sanduíches de atum do refeitório, Letícia me encarou surpresa.

— Erika você tem sorte de não engordar, sua genética é muito boa, porque mocinha... —suspirou— Você come igual a um soldado a dias sem se alimentar em um campo de batalha. — sorriu.

Começamos a rir juntas, quando percebo um pequeno papel sobre minha mesa, olhei para os lados tentando ver quem tinha jogado, quando vejo Diego me fitando seriamente, o que será que ele quer agora? Peguei o papel com cuidado para que ninguém visse e o abri para ler;

– Me encontre sozinha no intervalo-

Olhei para ele com um olhar questionador— Pra que? — sussurrei.

Ele mostrou a língua para mim logo em seguida voltando a prestar atenção na aula, ou pelo menos fingindo que estava interessado no que o professor dizia, não deixo de pensar que ele pretende fazer algo que não me agradará muito. No decorrer da aula não consegui me concentrar corretamente, a ansiedade tomou conta de mim, esse cretino... Como ele consegue brincar com minhas emoções desse jeito? Isso é inaceitável, eu prometi que nunca mais deixaria alguém mexer com meus sentimentos, que iria ser sempre calma e pensar com cuidado antes de qualquer coisa.

Mas Diego simplesmente quebra tudo o que me esforcei tanto para criar, preciso resolver isso logo, o mais rápido possível, não quero me prender ainda mais a ele!

Quando o sinal tocou finalmente fomos comer, peguei meus 2 sanduíches como havia dito, e uma caixinha de suco de maçã, Letícia optou por tomar uma vitamina de frutas, ela é sempre tão saudável, até mesmo nisso somos diferentes, quando terminamos fiquei olhando para ela na esperança de continuarmos com o nosso assunto anterior, ela percebendo isso abriu um belo sorriso. — Erika, você é tão engraçada, se quer saber o final da história deveria me perguntar e não esperar que eu note isso.

— Desculpa, é que não gosto de ser intrometida.

— Não está sendo intrometida, somos amigas, não é? — perguntou curiosa.

— Sim. — somos amigas, mas não estou muito acostumada a isso— Talvez eu deva rever meus conceitos sobre como ser uma boa amiga. — admiti envergonhada, isso envolve muitas coisas, incluindo meu segredo com Diego, que não contei a ela nem ninguém. Mas também nos conhecemos a pouco tempo, meu lado desconfiado é muito difícil de controlar.

— Não se esforce tanto, esse é seu jeitinho, afinal de contas— sorriu— Tudo no seu devido tempo. Bom, continuando...

— Sim— balancei a cabeça impaciente, como uma criança ansiosa por uma história antes de dormir.

— Quando fui transferida para cá, na sexta série, eu costumava ser um tipo de menina muito... — fez uma pausa— Bobinha, chorona e inocente.

— Sério? Eu não consigo imaginar você dessa maneira.

— Pois é, né? — admitiu— Era bem difícil para mim, as pessoas notando minha fraqueza costumavam pegar muito no meu pé, abusar da minha falta coragem, e por esse motivo fui transferida, porque não queria voltar para minha antiga escola.

Então ela tem esse tipo de passado... Ela é parecida comigo.

— Então com apenas uma semana de aulas aqui eu não falava com ninguém, e ninguém falava comigo, óbvio— disse decepcionada— Mas desde o primeiro dia eu notei que Diego era bem popular, com apenas seus 12 anos de idade. Sempre rodeado de pessoas, principalmente meninas, eu tinha inveja dele, queria ser como ele.

Ela estava me fitando seriamente, esperando que eu dissesse alguma coisa, ou questionasse, mas fiquei calada, a espera de sua história que me envolvia tanto, como se eu estivesse lá para ver tudo. — Até que chegou um dia, em que esqueci meu caderno de anotações na sala, e voltei para pegar, e então aconteceu.

— O que aconteceu? — perguntei curiosa.

— Fui assediada por alunos do primeiro ano, eram 3 se não me engano, estavam passando e me viram sozinha na sala, sabe como é...

— Fizeram alguma coisa com você? — falei com a voz um pouco alterada, isso é horrível.

— Calma Erika— sorriu gentilmente— Não fizeram nada comigo, porque Diego me salvou.

— Diego... Ajudou você? — perguntei incrédula.

— Sim, parece estranho vendo o tipo de pessoa que ele é certo? Mas quando aqueles garotos vieram para cima de mim, me provocando e dizendo coisas nojentas— disse com um olhar distante— Diego chegou e vendo aquela situação, disse algo do tipo “sumam daqui, seus idiotas” —sorriu.

— Isso me parece meio improvável. — está parecendo uma pessoa completamente diferente do Diego que conheço.

— Então, os meninos do primeiro ano foram para cima dele, e eu fiquei muito assustada, Diego teve dificuldades contra os 3, ele apanhou bastante, mas o danado é bom de briga, e conseguiu dar um jeito neles. — disse séria— Quando os meninos foram embora fui chorando até Diego perguntando se ele estava bem, e ele me disse “idiota, precisa aprender a ser mais esperta”. Haha só de lembrar eu caio na risada, sempre tão gentil, esse Diego.

Isso está me parecendo um conto de fadas, onde a jovem em perigo é salva pelo herói.

— Parece um conto de fadas, não é? — perguntou rindo.

— Sim, está sendo difícil de acreditar. — admiti.

— Bom, depois disso comecei a perseguir o Diego, decidi que iria ser amiga dele, e queria ser mais segura e confiante como ele. Eu admito que em certa época cheguei a me apaixonar por ele— suspirou— Mas creio que confundi admiração com amor, e isso não durou muito tempo.

— Mas e essa hostilidade toda que as meninas da escola sentem por você? Dizendo que alguns relacionamentos dele acabaram por sua culpa?

— Ah isso— falou revirando os olhos— É porque elas eram insuportáveis, e não gostavam da nossa amizade, e também... — disse se aproximando do meu ouvido— Algumas vezes, o próprio Diego pediu minha ajuda para se livrar delas, mas isso é segredo, fica entre nós, tá? — sorriu travessa.

Caramba, é muita informação para assimilar em pouco tempo, inacreditável. Diego é mesmo uma caixinha de surpresas.

— Droga— eu me esqueci, ele quer me ver antes do intervalo acabar. — Letícia eu preciso fazer uma coisa, te encontro na sala.

Me levantei e sai correndo para ver se o encontrava seja lá onde estivesse, ele me disse que queria me encontrar, mas não mencionou onde, não estava no refeitório, nem na quadra de esportes, nos corredores também não, os únicos lugares que faltam é o jardim e a diretoria.

Mas nem pensar que entrarei lá de novo, fui em direção ao jardim e lá estava ele, com a menina despida daquele dia...Estavam sentados, ela o abraçando e ele com o braço sobre seu ombro, quando viram que eu me aproximava a garota me olhou desconfiada— O que você quer?

— Bem... — falei sem jeito, foi ele quem me chamou afinal.

— Ana, pode ir na frente. — disse Diego se levantando.

— Mas Diego, essa menina...

— Vai logo. — disse ríspido.

Ela me encarou carrancuda e foi embora, com certeza ele deve me odiar, assim como aquelas do fã clube. — Você demorou, idiota. Fiquei entediado e chamei ela para me fazer companhia.

— Isso não me surpreende— falei decepcionada— O que foi?

— Estenda sua mão. — disse sério.

Olhei visivelmente desconfiada, seu rosto como sempre indiferente, o que ele vai fazer? Estendi minha mão como ele pediu, ele tirou algo do bolso de sua blusa.

— Ein? — exclamei surpresa, era uma trufa de chocolate. — Que isso?

— Você é cega? É uma trufa de chocolate.

— Sim, mas o que devo fazer com isso?

— Comer, eu acho... — disse sarcástico. — É para compensar o serviço de hoje, parece que meu pai acreditou, então foi tudo bem. Você está sempre comendo doces, não é? Então fica quieta e come logo.

— Não me diga que está envenenada?

—É claro que não, você é mais útil viva. —sorriu— Até.

Virou de costas e foi embora, o sinal tocou, olhei novamente para o chocolate em minha mão, o recheio era licor de morango.

Eu adoro isso.

Acho que meu rosto está ficando vermelho, não sei explicar, meu coração deu uma leve acelerada, por quê? Talvez pelo fato dele ter me agradecido indiretamente com isso, ou estou apenas feliz por ter ganhado uma trufa.

Prefiro acreditar na segunda opção...

[...]


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