– Vamos! – exclamou Edmundo, ajudando Eustáquio a sair do bote – Caspian está nos esperando.

– Ele está bem? – perguntou Skye, preocupada.

– Está. A propósito, nós encontramos um dos fidalgos.

Skye insistiu para que Edmundo contasse exatamente tudo o que havia acontecido, mas o garoto prometeu que Caspian contaria tudo com detalhes.

Eles subiram a rampa e Edmundo lhes guiou até a praça onde a pouco, a batalha havia acontecido. Vários homens estavam algemados, sendo vigiados pelos homens de Drinian, enquanto outros permaneciam no chão. Skye correu até Caspian, abraçando-o com toda a força que conseguiu.

– Você está bem? – perguntou Caspian, após o fim do abraço – Aquele homem... Não tentou nada?

– O que? – perguntou Skye, demorando alguns segundos para entender o que o irmão queria dizer, substituindo sua cara de dúvida por uma feição enojada – Por Aslam, não.

– Só queria ter certeza.

– Isso não importa agora. – disse Skye, balançando a cabeça na tentativa de espantar esse tipo de pensamento da sua cabeça – Edmundo me contou que vocês encontraram um dos fidalgos.

Então Caspian contou-lhe tudo que aconteceu após eles serem separados. Skye escutou tudo calada e após o fim da explicação, a garota suspirou.

– Você me contou tudo isso, mas eu ainda não vi esse lorde em nenhum lugar. – disse Skye, olhando a sua volta.

– Ele sumiu enquanto estávamos lutando. – explicou Caspian – Mandei alguns homens procurá-lo. Espero que sejam rápidos, pois temos que partir.

Mas Skye não havia prestado muita atenção no que seu irmão havia dito, pois havia se lembrado de algo.

– Caspian!

– O quê?

– Cadê o Ethan? – perguntou Skye, com uma feição assustada.

Caspian sorriu, pois sabia o quanto o garoto significava para sua irmã, e às vezes ele tinha certeza que Skye nutria um sentimento maternal por Ethan. Por esse motivo, Caspian não poderia deixar que alguém machucasse o garoto.

– Ele está com Lúcia. Ali. – Caspian apontou para o pequeno grupo formado pelos recém-chegados Edmundo e Eustáquio e também por Lúcia e Ethan – Cuidei dele para você.

– Obrigado. – sussurrou Skye, antes de começar a correr novamente.

A garota só parou de correr quando já estava com os braços ao redor do pescoço de Ethan. Ele foi pego totalmente desprevenido e se desequilibrou, quase caindo e levando Skye junto.

– Ok. – proferiu Ethan com dificuldade – Não esperava por essa demonstração de afeto.

– Cale a boca, antes que eu mude de ideia e te dê alguns pontapés. – disse Skye, enfim soltando-o – Tem certeza que está bem?

– Estou mamãe! – exclamou ironicamente – Apesar de que quiseram me vender como escravo.

– Isso deve ter ferido o seu ego. – disse Skye, fazendo Lúcia rir – Mas não se preocupe, não deixarei mais nada disso acontecer a você.

Skye não ligava para quem estivesse vendo a cena/, que até fez Eustáquio dar um sorriso quase imperceptível e Lúcia suspirar. Mas Edmundo assistiu tudo com a cara amarrada.

[...]

Uma multidão estava nas ruas enquanto a tripulação do Peregrino da Alvorada andava em direção ao cais. Todos aplaudiam e alguns gritavam os nomes dos Reis e Rainhas. Um homem tentou se aproximar de Caspian, mas foi impedido por Drinian.

– Majestade! Minha mulher foi levada esta manhã.

– Está tudo bem Drinian. – disse Caspian.

Só então o Capitão soltou o homem, deixando-o se aproximar de Caspian. Uma menininha ia ao seu encalço, tentando chamar a atenção do homem.

– Eu imploro que me leve, por favor. – pediu o homem a Caspian.

– Papai! – gritou a menina – Eu quero ir.

– Não, Gael. Fique com a sua tia. – disse o homem, afastando a menina e voltando sua atenção para Caspian – Sou um bom marinheiro. Passei minha vida inteira no mar.

– É claro, venha. – concordou Caspian.

– Qual seu nome? – perguntou Skye.

– Rhince, majestade. – respondeu o homem, fazendo uma leve reverência.

– Seja bem-vindo. – sorriu Skye.

– Obrigado.

A filha de Rhince ainda não havia desistido, e continuava atrás do homem.

– Mas papai...

– Eu já deixei de voltar para você? – perguntou Rhince.

A menina negou com a cabeça, sendo abraçada pelo pai. Lúcia estava vidrada naquela cena e Skye teve que cutucá-la algumas vezes para que pudessem continuar andando.

Eles já desciam a rampa do cais, quando novamente foram interrompidos por uma voz que clamava:

– Meu Rei! Meu Rei!

A voz pertencia a um homem com uma das maiores barbas que Skye já havia visto. Ele era magro e carregava uma espada completamente coberta por material branco com aparência grossa. Ele se aproximou do grupo e começou:

– Recebi esta espada do seu Pai. Escondi-a em segurança numa caverna, por todos esses anos.

– É uma espada narniana antiga. – observou Edmundo.

– É da Idade do Ouro de Nárnia. – continuou o homem – Existem sete espadas iguais a essa. Presentes de Aslam para proteger Nárnia. Seu pai as confiou a nós. Aqui, pegue. E que ela proteja o senhor.

Os olhos de Caspian brilharam e ele pegou a espada. A multidão aplaudiu mais ainda.

– Obrigado, milorde. – agradeceu Caspian, virando-se para Skye em seguida – Vocês ainda não foram apresentados. Lorde Bern, conheça minha irmã, Rainha Skye.

Skye se aproximou do homem, enquanto o Lorde se ajoelhava na sua frente.

– Majestade!

– Não, por favor! – pediu Skye – Reverências não são necessárias.

O homem se levantou, analisando o rosto de Skye minuciosamente.

– Você é tão bela quanto sua mãe, Minha Rainha. – disse Lorde Bern.

– Sou obrigada a discordar, milorde. – disse Skye, sorrindo – Para mim, nunca existira alguém como ela. Mas mesmo assim, agradeço.

– Vamos achar seus cidadãos perdidos, milorde. – proferiu Caspian – Eu prometo.

Lorde Bern acenou com a cabeça e se afastou. O grupo continuou andando e quando finalmente já estavam no cais, Caspian entregou a espada que ganhara a pouco para Edmundo. O garoto sorriu agradecido e Skye empurrou-o de leve.

– Parece que alguém ganhou uma espada nova.

– Muito bem observado. – disse Edmundo, agarrando a mão de Skye com sua mão livre. Ele parecia radiante

– Bom pra você! – exclamou Skye – Mas vamos logo para o Peregrino, pois a única coisa que eu desejo no momento é dar o fora daqui.