Assim que Skye conseguiu sair da caverna, ela começou a andar em linha reta. Não sabia para onde estava indo, mas só esperava que acabasse chegando à praia. Ela não se preocupava em olhar a sua volta, e às vezes acabava tropeçando. Mas após alguns minutos, acabou chegando onde queria.

Ela parou bem na beira do mar, e ficou olhando para o horizonte. Ao seu redor, os marinheiros carregavam cestas com suprimentos encontrados na ilha. Skye não sabia quanto tempo havia se passado no momento em que a voz de Ripchip adentrou nos seus ouvidos.

— Majestade?

— O quê? – perguntou Skye sem tirar os olhos do mar.

— Só queria saber se está tudo bem.

— Sim! Tudo perfeito. Não precisa se preocupar Rip.

O rato deu de ombros, voltando com os seus afazeres. Uma vontade imensa de andar tomou Skye, fazendo com que ela saísse de onde estava e adentrasse novamente a ilha. Seus pés pareciam ter vida própria e acabaram levando Skye para a borda de uma enorme cratera.

O que havia dentro da cratera surpreenderia qualquer pessoa. Ouro. Quase não dava para ver o chão de tanto ouro espalhado. Mas Skye só conseguiu pensar uma coisa no estado de apatia no qual se encontrava.

— Edmundo adoraria esse lugar. – sussurrou para si mesma.

E novamente, Skye ficou parada olhando para o nada. Uma chuva de pensamentos dominou sua mente e por alguns segundos ela esqueceu onde estava ou o que havia acontecido. Mas a voz de Caspian interrompeu seus devaneios.

— Skye!

A garota virou-se na direção do irmão. Edmundo vinha logo atrás dele.

— O que está fazendo aqui? – perguntou Caspian – Nós estávamos procurando por você.

— Para falar a verdade, eu não sei. Só comecei a andar e acabei vindo até aqui.

— Você viu o Eustáquio? – perguntou Edmundo.

Skye sentiu vontade de ignorá-lo ou dar uma resposta rude, mas ela sabia que aquilo não ajudaria em nada.

— Não.

— Ele também sumiu. – explicou Caspian – Então nós pensávamos que talvez vocês estivessem juntos.

— Eu não o vejo desde que saímos da praia. – disse Skye, com uma calma anormal – Mas talvez nós já saibamos onde procurar.

A garota apontou para algo na sua frente. Só então os dois perceberam que estavam na beira de uma cratera coberta por ouro.

— Um tesouro! – exclamou Edmundo.

— Problema. – sussurrou Caspian.

— Vamos. – disse Skye, já descendo até a cratera.

De inicio, o tesouro parecia intocado. Não havia nenhum vestígio de que alguém um dia já havia sequer descoberto aquilo.

— Acho que ele não veio aqui. – declarou Skye.

— Não, olhe! – exclamou Edmundo.

 O garoto pegou algo no chão. Era um sapato com um aspecto queimado.

— Eustáquio...

Mais a frente, as roupas que pertenciam a Eustáquio jaziam no chão, e tinham o mesmo aspecto que o sapato. Edmundo abaixou-se ao lado das roupas, pegando-as. Entre elas, ele encontrou um pequeno caderno. Skye jurava que já havia visto Eustáquio escrevendo nele diversas vezes.

— Meu primo... – sussurrou Edmundo.

— Eu lamento. – disse Caspian.

— Ele era só um menino. Eu não devia ter deixado.

— A culpa não é sua. – proferiu Skye.

Apesar da raiva que sentia de Edmundo, Skye não era tão insensível a este ponto. Eustáquio podia ser desagradável as vezes, mas mesmo assim, ele não merecia aquilo.

O silêncio pairou sobre os três. Edmundo olhou para Skye. A garota continuava com uma expressão apática e desviou seus olhos para as roupas queimadas. A última coisa que ela queria agora era relembrar o que havia acontecido.

— O que será que aconteceu com ele? – perguntou Edmundo.

— Neste lugar? Qualquer coisa. – concluiu Caspian levantando-se e indo até um esqueleto que nem Skye nem Edmundo ainda haviam notado – E ele não foi o primeiro.

— Um dos fidalgos! – exclamou Skye, aproximando-se do esqueleto.

— Lorde Octasiano.

— Caspian, nós temos que...

— Achar a espada dele. – completou Caspian.

Ao virarem para Edmundo, o garoto estava com a espada do lorde em suas mãos.

— Ótimo. – disse Skye.

— Vamos embora. – pediu Edmundo.

[...]

— Vocês ouviram isso? – perguntou Skye.

Um barulho estranho, como um rugido. Foi isso que Skye escutou. Ela não tinha certeza, mas pareceu vir de um lugar não muito longe de onde os três estavam.

— Eu ouvi. – sussurrou Edmundo, olhando a sua volta a procura do causador do barulho.

— Nós precisamos sair daqui. – disse Caspian, apressando os dois enquanto os empurrava na sua frente – Agora!

Skye e Edmundo andavam rapidamente, lado a lado, enquanto Caspian ficava um pouco atrás dos dois. O trio já estava muito próximo do bote que os levariam de volta para o Peregrino.

Por alguns segundos, Skye não escutou os passos do irmão e no momento em que se virou para checar se estava tudo bem, a garota se deparou com algo que ela nunca esperava ver.

— Abaixem! – gritou Caspian.

Um imenso dragão voava na direção de Skye e Edmundo. Mas antes que os dois pudessem se abaixar, o animal agarrou Edmundo com suas garras.

— Não! – gritou Skye, em vão.

Skye ficou em choque, olhando o dragão levar Edmundo pelos ares. O terror tomou conta de Skye e ela só conseguia pensar no pior. Caspian andou devagar até sua irmã e os dois se entreolharam boquiabertos.

— O que a gente faz agora? – perguntou Caspian.

— Eu não faço a menor ideia. – sussurrou Skye, juntando todas as suas forças para poder falar.

Os dois continuaram parados, olhando para a direção que o dragão havia ido, até que novamente, Skye ouviu um rugido logo atrás de si.

Skye virou-se rapidamente. O dragão acabara de pousar a poucos metros de onde Caspian e Skye estavam. E de alguma forma que Skye não conseguia imaginar, Edmundo estava de pé, bem na frente do dragão.

O terror que Skye sentia se transformou em alívio, e a primeira coisa que a garota fez após se dar conta do que estava acontecendo, foi correr até Edmundo.