— Terra à vista!

Skye e Edmundo pararam de rir e procuraram algum sinal de terra pelo mar.

— Ali! – apontou Skye – Olha.

Não muito longe de onde estavam, havia uma grande ilha. Demorou poucas horas até que o Peregrino da Alvorada chegasse até uma distância segura da ilha misteriosa.

Skye trocou poucas palavras com Caspian, e seu plano de fazer o que quisesse ainda estava de pé, mas teve que concordar com a ideia do irmão de irem até a ilha.

— Os Fidalgos não pararam aqui Alteza. – disse Ripchip, na proa de um dos botes que remavam em direção à ilha – Não há o menor sinal de vida.

— Tem razão! – exclamou Caspian de outro bote – Assim que formos à praia leve seus homens em busca de água e comida.

— Espera um pouco – começou Skye – Se você também acha que os Fidalgos não vieram aqui, o que diabos estamos fazendo remando na direção dessa ilha?

— Nunca se sabe. Nós não temos certeza se eles realmente não passaram por aqui. É por isso que assim que chegarmos à praia, nós quatro vamos procurar por pistas.

— Não quis dizer nós cinco?

Todos que estavam no bote se viraram para Eustáquio. De uma coisa eles tinham certeza: ninguém queria Eustáquio por perto em um lugar como aquele.

— Por favor, não me deixem sozinho com aquele rato. – implorou.

— Eu ouvi rapaz. – avisou Ripchip.

— Orelhudo. – sussurrou Eustáquio.

— Continuo ouvindo. – disse Ripchip, fazendo todos rirem.

[...]

— Você acha que... Caspian vai se importar se eu for com vocês?

O grupo havia acabado de chegar à praia, e enquanto os outros ainda desciam dos botes, Skye e Ethan conversavam aos sussurros.

— Ele não tem que se importar com nada! – exclamou Skye – Você vai e ponto final.

— Então ta bom. – sussurrou Ethan.

— Skye! – chamou Edmundo – Vamos!

Enquanto o resto da tripulação descarregava os botes, Os Reis e Rainhas juntamente com Ethan começaram a adentrar a ilha, que parecia completamente feita de pedras. Eles andaram por alguns minutos até que chegaram à boca de buraco que levava até o subsolo. Muito próximo ao buraco, havia uma grande pedra onde uma corda estava amarrada, dando acesso ao buraco.

— Vejam! – exclamou Caspian – Não somos os primeiros nesta ilha.

— Os fidalgos? – perguntou Edmundo.

— Pode ser. – respondeu Caspian, analisando o buraco e jogando uma pedrinha dentro do mesmo – O que será que tem lá embaixo?

— Vamos descobrir.

Skye foi a primeira a descer pela corda. Era uma imensa caverna subterrânea, e dentro dela havia um pequeno lago. A garota se aproximou do lago, analisando-o.

— Eu definitivamente não gosto desse lugar. – sussurrou Skye.

Edmundo chegou ao lado de Skye e os dois se entreolharam rapidamente. A água era límpida e dava para ver o fundo. Mas algo chamou a atenção dos dois.

— O que é aquilo? – perguntou Caspian.

— Eu não sei. – respondeu Edmundo – Parece ser uma estátua de ouro.

— Será que tem algum jeito de puxá-la? – perguntou Skye.

Edmundo foi até uma das paredes da caverna, puxando de lá um galho de trepadeira. O garoto voltou até a borda do lago e enfiou o galho na água, na direção da estátua. Mas assim que o galho encostou na água, sua ponta se transformou em ouro e antes que todos percebessem o que estava acontecendo, Edmundo soltou o galho, derrubando-o na água.

— Mas o que foi isso? – perguntou Skye, olhando para o galho enquanto ele submergia.

— Você não percebeu? – perguntou Ethan, se aproximando de Skye para poder olhar o galho, já no fundo do lago – A água transformou o galho em ouro. Ela é enfeitiçada.

— Deve ter caído lá dentro. – disse Caspian sobre a estátua de ouro.

— Pobre homem. – suspirou Lúcia.

— Espera... – sussurrou Skye – Olhem o escudo dele!

— Ta mais para pobre Lorde! – exclamou Edmundo.

— O brasão de Lorde Restimar. – disse Caspian

— E a espada dele.

— Precisamos dela.

— Tome cuidado. – pediu Lúcia, assim que o irmão desembainhou sua espada.

Edmundo puxou com cuidado a espada do Lorde, que estava na beira do lago, com a ponta da sua.

— As espadas não viraram ouro. – observou Lúcia.

— Elas são mágicas. – explicou Caspian, pegando a espada do lorde.

— Ele nem deve ter se dado conta do que aconteceu.

— Pode ser. – começou Edmundo – Mas quem sabe ele não foi tentar alguma coisa?

— Por exemplo? – perguntou Caspian.

Edmundo pegou uma concha na beira do lago e molhou apenas a ponta dela na água. Em questão de segundos o objeto se transformou em ouro. O garoto olhava hipnotizado para a concha de ouro.

— Eu não estou gostando disso. – sussurrou Skye.

— O quê você está olhando? – perguntou Lúcia, tão preocupada quanto Skye.

— Quem tiver acesso a essa fonte, pode ser a pessoa mais poderosa do mundo.

Skye e Caspian se entreolharam. A cada segundo que se passava, Skye gostava cada vez menos daquela ilha. Desde que descera até aquela caverna, a garota se sentiu de uma forma estranha. Aquilo não podia ser bom.

— Lúcia! – chamou Edmundo – Ficaríamos tão ricos que ninguém poderia nos dizer o que fazer ou com quem viver.

— Você não pode levar nada de Nárnia, Edmundo. – disse Caspian.

— Quem disse? – perguntou Edmundo

— Eu disse.

Edmundo levantou-se devagar, com a espada em punho e se aproximou de Caspian. Algo em seus olhos fez Skye perceber que ele estava fora de si.

— Eu não sou seu súdito! – exclamou.

— Ficou só esperando, não foi? – perguntou Caspian – Para me desafiar! Duvida da minha liderança?

— Skye. – sussurrou Ethan, para a garota – Se nós tivermos que intervir nisso, acho que a hora é essa.

— Você duvida de si mesmo.

— Você é uma criança! – proferiu Caspian.

— E você é um covarde sem força. – declarou Edmundo.

— Edmundo! – exclamou Lúcia, tentando intervir, mas o irmão lhe empurrou.

— Estou farto de ficar em segundo plano! Primeiro com o Pedro e agora com você. Sabe que sou mais corajoso do que vocês dois. Por que ficou com a espada do Pedro? Eu mereço um reino só meu! Eu mereço governar!

— Se você se acha tão corajoso, prove! – desafiou Caspian, empurrando-o.

Os dois começaram a lutar. Skye assistiu a cena boquiaberta, colocando Lúcia e Ethan atrás de si. O que estava acontecendo com aqueles dois?

— Seus idiotas. – gritou Skye, se colocando no meio dos dois após algum tempo e desembainhando sua espada. – Parem com isso.

— Não se meta! – berrou Edmundo – Isso não tem nada a ver com você. Espera... Tem sim. Você também não me trata da maneira que eu mereço. Desde que voltamos você só da atenção para o seu amiguinho. – vociferou, apontando a espada para Ethan – Você realmente não acha que eu vejo o jeito que você olha para ele? Ou o jeito que ele olha para você? Depois de tudo que nós... Que nós fizemos. Eu não caio nessa história de “Ele era meu único amigo”.

Aquilo atingiu Skye como um soco. O soco mais dolorido que alguém poderia lhe dar. As palavras que haviam saído da boca de Edmundo nunca mais seriam esquecidas pela sua mente. Mas apesar de tudo, ela prometeu que nunca choraria por ninguém, e não seria agora que sua promessa seria quebrada.

Ela olhou para Ethan. O garoto estava boquiaberto e seu rosto estava levemente corado. Novamente, Skye olhou para Edmundo, que só agora pareceu perceber o que havia dito.

— Obrigada. – sussurrou Skye dando um sorriso forçado, antes de jogar sua espada no chão e seguir em direção da saída da caverna.