Numa época antes de descobrir um nó que imobilizava o Salgueiro Lutador, uma das árvores de Hogwarts, James se aventurou com seu bastão e vassoura de quadribol próximo demais da árvore, ficando inconsciente na ala-hospitalar por quase uma semana, até que a curandeira garantisse que nada mais estava quebrado.

A dor que James sentiu ao ser arremessado com um golpe de meia tonelada á metros de altura, por um tronco de madeira mágico não parecia nem de longe com a dor que ele sentia ao acordar naquela quinta-feira, quase duas semanas depois de ser atingindo no meio de um combate no St. Mungus.

A garganta áspera impediu que James falasse qualquer coisa, era como se tivesse comido areia por dias, quando abriu os olhos percebeu que estava sozinho no quarto, não que ele esperasse que alguém estivesse esperando por ele, parecia estar em casa, no seu quarto, notou que recebia algo na veia, talvez soro.

— Bom, vejo que você acordou, não! Não se levante! - Disse Lily quando ele fez menção de se levantar - tem um corte profundo no seu abdômen, e ainda não descobrimos nada que o cure, então eu suturei de forma trouxa e vai demorar um pouco mais para curar, mas você vai sobreviver. - Ela se aproximou da cama com algumas seringas e aplicou algumas delas no líquido intravenoso, James ainda não entendia direito o que estava acontecendo, mas ela não parecia disposta a esclarecer as coisas - Sirius vai ficar bem contente que você está bem, ele estava querendo acabar com você pessoalmente. Você está calado, não é mesmo? - A mulher disparou as palavras como se não conseguisse se conter - Você vai ter muito o que falar, Moody também está furiosíssimo.

— Brilhante! - Resmungou James, sarcástico.

— Oras, todos nós estávamos preocupados com você, o que tem nessa sua cabeça de vento para sair em campo todo alcoolizado? - Ainda próximo a cama, Lily pegou na mão do rapaz e entrelaçou seus dedos, como se nada tivesse acontecido, ela não parecia notar os próprios movimentos, James sentiu um arrepio agradável subir pela sua espinha e não fez menção de retirar a mão - Não faça mais isso James, precisamos de você bem, eu preciso de você.

O homem até se sentiu compelido a responder, talvez dizer que ela não tinha direito nenhum em precisar dele, talvez dizer que ele também precisava dela, mas nada foi capaz de sair, de repente ele sentiu-se sonolento e seus olhos começaram a pesar.

— O que você me deu? - Perguntou James se esforçando para manter os olhos abertos.

— Apenas antibiótico, um remédio trouxa, mas ele dá sono, e pelo jeito já está fazendo efeito. Não se preocupe James eu não vou a lugar nenhum - de repente James sentiu-se seguro, apertou sua mão á de Lily e em um lampejo antes de ceder e fechar os olhos ele observou Lily se aproximando do seu rosto.

Quando fechou os olhos imaginou sentir o familiar gosto de morando nos lábios, mas se isso foi um sonho ou não James Potter jamais soube.

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— Foi um erro termos voltado, não acredito que pensamos que seria diferente - Disse Alice, contendo a voz para não acordar as crianças que dormiam no andar de cima. - Eles atacaram o hospital em que trabalhávamos depois de atacar St. Mungus, que é o lugar onde vivíamos, você acha isso uma coincidência?

— Os meninos estão bem Alice, entendo que esteja apavorada, eu também estou. - Disse Lily confortando a amiga - E quem estava apavorada quando chegamos pela lareira em chamas foi a pobre coitada da vizinha, ainda não acredito que tive que Obliviar uma garota de 16 anos que é nossa babá, só por que fomos descuidadas; o que estávamos pensando quando entramos na rede de flú para casa? Erros assim não podemos mais cometer, ok?

— Estávamos sendo as boas mães preocupadas e corujas que sempre fomos, mas concordo com você, erros como esses são fatais; falarei com o Frank, vou ver se descubro como apagar a nossa viagem da rede de flú, ele parece ser o responsável pelo Departamento de Transportes no momento e bloqueamos a lareira, já não está nas redes ativas.

— E vocês já conversaram desde que chegamos? - Perguntou Lily se sentando ao lado da amiga na mesa e lhe entregando uma xícara de chá quente.

— Não de verdade, ele está bem chateado, quer dizer eu terminei com ele depois de desaparecer por meses, e por coruja, ele tem todo o direito de ficar com raiva, mas eu não conseguiria olha-lo nos olhos e dizer que eu estava melhor sem ele. Talvez seja melhor assim, ele está mais focado na careira. - Suspirou Alice dando um gole no chá

— Na verdade acho que ele ainda gosta de você, céus! Vocês eram noivos, isso não desaparece de uma hora para outra. Em algum momento nessa guerra, não me importa se for no fim ou no estopim, vocês vão se unir novamente - Lily sorriu para a amiga - Eu sei, sou tipo o Oraculo para essas coisas.

— Pois bem, espero que isso aconteça, espero mesmo. Mas me diga oraculo, como vão as coisas com James? Você pegou folga por duas semanas, apenas para cuidar dele. - Um sorriso nada inocente apareceu por debaixo da xícara de chá nas mãos de Alice.

O sorriso doce no rosto de Lily sumiu instantaneamente - Ah! Isso - disse desanimada - Ele está diferente, todas as vezes que eu o vejo está cheirando a álcool, parece outra pessoa Alice, há pouco mais de um mês, antes do ataque ao hospital, eu peguei uma mulher brigando com ele, aparentemente ele foi um canalha com ela, não que eu me importe, ele seguiu a vida afinal, mas não poderia deixa-lo novamente, ele precisava de mim, seja lá o que cortou-o não foi um feitiço normal, é algo novo, algo para o qual ainda não estamos preparados e os métodos trouxas parecem funcionar.

— Sinto muito Lily, mas assim como você acredita que talvez eu e Frank voltemos a nos entender, acho que você e James ainda tem muita história para viver. - Lily sentiu algo aquecer o coração, esperança. Se repreendeu mentalmente por isso - Esqueci de te contar, Sirius e Marlene vieram falar comigo há alguns dias, tentaram me fazer soltar algo sobre a França e por que não mantivemos contato ou até mesmo, o porquê de você não ter vindo ao funeral dos seus pais ou da Dorcas. Sinto falta deles, e de quando tudo era fácil.

— Também sinto, mas enquanto menor o número de pessoas souber de Harry e Neville, mais seguros eles vão estar.

— Mas, é irônico não é mesmo? Aqueles que repudiam a força trouxa, criarem algo no qual apenas essas forças vão ser capazes de ajudar. - Alice voltou no assunto do corte de James e levantou a sobrancelha direita em questionamento.

— Não sei, mas uma vez eu ouvi algo em que dizia que na guerra, as forças do bem sempre acham uma brecha, algo que alguém com más intenções não percebe, aquele ponto em que eles acham que são mais fortes, é na verdade a sua fraqueza, e então nós vencemos. - Disse Lily com um sorriso brotando em seu rosto com a lembrança.

— Quem disse isso?

— Remus disse.

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— Cara, vamos lá vai ser divertido, você só tem trabalhado nos últimos meses, ataques atrás de ataques. Aproveite seu descanso e venha conosco, você ainda é o melhor jogador, sem você nós vamos perder para o grupo das mulheres, e se a Marlene ganhar de novo eu juro que me jogo um Avada, ela não para de se gabar por semanas - Sirius disse olhando para James enquanto se arrumava e o moreno estava jogado no sofá

— Quadribol? Sério Sirius? Quantos anos nós temos? 12? - Perguntou James revirando os olhos, ele não jogava há anos era impossível ele ser o melhor jogador ainda.

— Eu tenho 22, mas você tem 96 para mais, qual é cara? Vai ficar sozinho de novo, ou chamar uma das suas 'amigas' para ficar mais um tempo no quarto, coisa que você já quase não faz? Quer saber? Eu não quero desculpas dessa vez! Você vai! A Lily vai estar lá, seria uma ótima oportunidade para vocês se matarem ou se acertarem de vez, então mecha esse traseiro enorme do meu sofá e vá tomar um banho que você está fedendo.

— Primeiro, desde quando eu me importo se a Lily vai estar lá? Segundo, achei que você estivesse de cara amarrada com ela e terceiro, eu não estou fedendo derrubei um copo de cerveja amanteigada em cima de mim.

— Você se importa desde o quinto ano, primeiramente. Depois, não consigo ficar com raiva daquela guria, muito menos você eu sei, ela é tipo "inodiável", e você não levantar agora, lançarei um 'accuament' eu mesmo.

— Está bem, já vou, mas só por que você disse que sem mim, o time perderia novamente, e inodiável? Essa palavra nem existe.

Sirius mostrou a língua para o amigo, em uma atitude bem madura. Ao ver o amigo se dirigir ao banheiro Sirius sentiu uma sensação boa correr em si, talvez tudo estivesse voltando aos eixos ao seu tempo.