Ecos escrita por Laís


Capítulo 4
Mulder e Scully


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Então, desculpa mais uma vez pela demora, eu tava louca pra voltar a escrever e... meu notebook fica com problema. Peguei o da minha prima emprestado porque adorei alguns reviews que recebi, obrigada mesmo! Também percebi que meu número de leitora aumentou *yey* e adoraria que vocês falassem comigo, qualquer coisa ta valendo, eu sou tão legal gente sério um docinho de leite.
Enfim, me perdoem por qualquer erro (e me avisem), to bem enferrujada.
Esse capítulo tem trigger de relacionamento abusivo e foi bem difícil pra escrever porque eu ficava bem triste, mas né tinha que falar sobre isso :(
Até daqui a pouco!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/657203/chapter/4

Quantico – Virginia

2014

O sol ofuscava a vista de Julia e acrescentava um fulgor místico na paisagem. Quando criança, ela gostava de brincar com as cores ao seu redor, principalmente quando descobriu que, se apertasse bem forte os olhos por alguns segundos depois de ter contemplado a luz vívida da lâmpada, algumas bolhas de luz eram formadas. Eram especiais porque eram unicamente dela. Olhando de soslaio para o rapaz que caminhava ao seu lado, a iluminação deixava seus cabelos mais claros e sua pele mais pálida. Seu sobrolho franzido lhe acrescentava uma expressão de alguém que esconde um segredo do resto das pessoas, como se pensasse em algo que só ele pudesse conhecer.

Eles já haviam se afastado um pouco do local onde haviam se encontrado, andavam em passadas curtas e lentas. Julia entrou em um daqueles raros e brilhantes momentos onde lembrava a pessoa que era antes das coisas darem terrivelmente errado na sua vida. Uma garota enérgica, irritante com tantas perguntas na ponta da língua que eram provenientes das suas longas observações de tudo que acontecia ao seu redor, o olhar ansioso de uma criança fácil de ser surpreendida. Por alguns instantes, deixava de ser tão severa consigo mesma, tão autoconsciente.

—Você é professor, Spencer? – questionou logo que começou a se sentir à vontade com o desconhecido. Algo no semblante dele lhe passava confiança suficiente para que ela quisesse saciar sua curiosidade, ou talvez sua repentina onda de energia seja devida à facilidade que algumas pessoas possuem de contarem segredos a estranhos em bares. Afinal, eles não fazem parte de sua vida, são pessoas que ficam para trás e é muito mais simples fazer confissões a eles, sem correr o risco de precisar encarar um olhar de reprovação ou pena nos dias seguintes.

—Essa é uma pergunta bem específica – um tímido sorriso brincava nos lábios dele. Julia adorava pessoas que reprimiam um sorriso enquanto falavam – O que levou você a tirar essa conclusão?

—Da primeira vez que notei sua existência na cafeteria – explicou em um tom divertido, reprimindo uma risada de ansiedade – você falava ao telefone sobre a pluviosidade de Virginia...

—Ah, claro – ele interrompeu, recordando-se.

Spencer frequentemente sentia que grande parte do que ele era ou sentia ser, fora resumido e condensado no seu trabalho. Lembrou-se de John Watson dizendo a Sherlock Holmes que este fazia grandes coisas pelo mundo ao que o consultor particular respondeu com uma citação de Gustave Flaubert. O homem não é nada, o trabalho é tudo. Mas, apesar de amar a função que exercia na BAU, ajudando pessoas e, acima de tudo, amar a família que lhe foi concedida através de seu emprego, ele também queria ser algo por si só. Algo que transpusesse as linhas do agente FBI. Por algum motivo, naquele momento, não quis ser agente Reid, o gênio excêntrico da BAU.

—Sim, sou professor substituto, por isso naquele dia não pude lhe acompanhar. Meus horários são imprevisíveis – mentiu.

—Sem problema. E por que motivo você ficou tão nervoso achando que eu podia estar te seguindo?

A vida na BAU exigia que ele ficasse atento a qualquer coisa fora do mundo, mas é claro que não podia mencionar isso.

—Eu sou um pouco paranoico. Talvez. Às vezes – deu de ombros.

—Um daqueles sujeitos viciados em teorias da conspiração? – Julia zombou, andando mais rápido que ele para que ficasse na dianteira e contra o sol, podendo vê-lo sem que a luz machucasse seus olhos. – Fox Mulder?

Spencer riu.

—Provavelmente eu estaria mais próximo de ser a Scully.

—Eu sempre me identifiquei mais com a crença e a esperança do Mulder – Julia indicou um banco em um local protegido pelo sol e eles sentaram um ao lado do outro. – Eu imagino que isso seja uma coisa boa, certo? Assim não nos tornamos um extremo só.

—Bom... Parece ter funcionado para os dois. – ambos riram, algo que indicava mais nervosismo do que humor.

—Eu ouvi seu colega praguejar sobre você ser um adversário terrível no xadrez – afirmou, resolvendo mudar de assunto.

—Melhorei bastante há alguns anos, graças a um grande amigo – sua voz assumiu um tom distante, porém não perdurou – Você joga?

—Não, não, de forma alguma. Não sou tão inteligente, muito menos estrategista. Mal consigo tomar boas decisões na vida, imagina em um jogo... – Olhava em frente, evitando a direção de Spencer.

—Eu não acredito nisso.

—Bom, você não me conhece, não é mesmo? – retrucou peremptória e subitamente ríspida. As oscilações do seu humor eram imprevisíveis, o rancor e a agressividade surgiam tão bruscamente quanto a melancolia profunda ou os picos de energia e serenidade.

A simples verdade era que Julia era uma bagunça, entretanto tentava fazer o melhor que podia com os fragmentos que lhe restaram. Achava que estava fazendo um bom trabalho, em alguns dias chegava até a gostar de si mesma.

—Eu gostaria – a resposta veio em um tom doce e quebradiço, quase inaudível, em contrapartida com a pergunta repleta de farpas gratuitas.

As pessoas possuem a terrível mania de rebater raiva com mais raiva. Aparentemente, nunca perceberam que qualquer tipo de gentileza faz com que a fúria se dissipe. O que é um pouco ruim, pois causa um espesso remorso em quem começa a pensar que não merecia um tratamento tão plácido. Julia sentia-se dessa forma. Irritada consigo mesma pela grosseria e surpresa pelo que recebeu em troca.

Receio que não tenha restado muita coisa a conhecer, pensou.

Bemidji – Minnesota

2000

Era um dia quente, as duas garotas estavam cansadas de toda a limpeza que tiveram que fazer na casa e reclamando do que ainda precisava ser feito.

—Pelo menos vamos poder ficar aqui o fim de semana inteiro. Filmes e mais filmes, nada de escola – Melinda comemorou jogando-se no sofá com braços e pernas estirados.

—Não sei, estou começando a ficar preocupada com as provas desse semestre – admitiu Julia enquanto terminava de tirar a poeira da estante da sala.

—Ah, fala sério! Você é a melhor da sala em todas as matérias, só iria se dar mal nos testes se realmente se esforçasse muito. Então, por favor, eu preciso de uma folga. Eu até assisto seus filmes espaciais de 5 horas intermináveis.

—Não julgue Star Wars se você só assistiu A Ameaça Fantasma.

—Nem consigo acreditar que ano passado você me convenceu a ir ao cinema ver esse filme.

—E eu não consigo acreditar que você passou uma semana falando igual o Jar Jar Binks só pra me irritar.

Ambas riram e Melinda rolou no sofá, ficando de cara nas almofadas.

—Você é a pessoa mais preguiçosa que existe. Se me ajudasse nós terminaríamos tudo bem mais rápido, é um raciocínio lógico que você deveria testar – reclamou para a amiga.

Com algumas bufadas em protesto, Melinda levantou e começou a varrer a sala.

—Preciso agradecer sra. Collins por deixar a gente ficar aqui esse fim de semana.

Os pais adotivos de Melinda possuíam alguns imóveis que alugavam esporadicamente. O lugar favorito das duas amigas era a casa do lago, onde podiam conversar por horas enquanto admiravam as águas do lago de Bemidji.

—E por ter ligado pra minha mãe dizendo que ficaria aqui supervisionando a gente – complementou.

—Sim, meus novos pais são muito legais quando querem ser e, principalmente, quando param de ficar pegando no meu pé por causa das minhas notas.

Melinda passara a infância pulando de lar adotivo em lar adotivo. Tinha TDAH e agressividade o que a tornava uma criança difícil de lidar e foi frequentemente devolvida aos assistentes sociais depois de uma semana com as famílias que tentaram recebê-la. Já estava com os Collins há dois anos e parecia ter encontrado seu lar. Em parte, devia agradecer isso a Julia que a convenceu de que se voltasse ao orfanato seria mais difícil permanecerem amigas.

—Você tem 17 anos, Melinda, é obrigação deles.

—Desculpa, vossa adulteza Julia, não quis lhe ofender com minha imaturidade adolescente. Por favor, faça o obséquio de me perdoar, oh, sábia anciã – disse em tom zombeteiro. Julia era dois anos mais nova que ela, porém, muitas vezes, parecia ser mais velha. Em diversos pontos da sua vida, precisou da força e da maturidade que a tenra idade dos 15 não concedia.

—Vai pro inferno, estou tentando ajudar.

—Eu sei, só estava brincando. Não existe isso na terceira idade? Aliás, como andam as coisas na sua casa?

Julia suspirou e fez um leve meneio com a cabeça.

—Minha mãe continua se recusando a terminar com o novo namorado. Diz que a gente não teria dinheiro pra sustentar a casa sem ele mesmo eu achando que conseguiríamos. Ele a trata de uma forma terrível e ela se recusa a ver isso. Às vezes, eu odeio a fraqueza dela.

—Julia, não fala assim. Você não entende como é isso, não entende como é estar em um relacionamento abusivo dessa forma. Sua mãe não é fraca, é uma sobrevivente.

—Eu sei, eu sei... Mas certas coisas me dão muita raiva, ela parece ter esquecido completamente a pessoa que é.

—Isso acontece sempre. A autoestima de alguém preso em uma relação tóxica dessa forma é completamente aniquilada. Uma pessoa chega à sua vida e, aos poucos, faz você acreditar que não vale absolutamente nada. Que não é inteligente, bonita ou capaz de alcançar qualquer coisa sem ajuda. Faz você acreditar que precisa de outra pessoa pra viver porque, aliás, você não é nada sozinha. Você crê quando ele diz que nunca vai encontrar ninguém pra te amar como ele, aliás, quem poderia amar alguém como você? Você acredita que a culpa é sua quando ele perde a paciência. Não é de uma hora para outra que alguém subjuga uma pessoa assim, é gradativamente, quase nem percebemos que estamos afundando.

Melinda Jacobs falava tudo isso por experiência própria. Dois anos, atrás se envolvera com um rapaz de 23 anos que arruinara boa parte da sua vida por quase um ano, chegando até mesmo a bater nela. Foi assim que Julia a conheceu, na fase mais conturbada que tivera e, aos poucos, ajudou a amiga a ter sua vitalidade restaurada, até que Melinda teve coragem de contar aos pais o que estava acontecendo. Para terceiros, sempre parece fácil sair de uma situação como essa, para não se afogar basta nadar, todavia, desconsideram a força que a água exerce e como você é puxado violentamente para baixo até se afogar. Essas pessoas lutam a vida toda e nem sempre conseguem chegar à superfície.

—Não é fácil, Julia – prosseguiu Melinda – a vontade de superar isso tem que partir da própria pessoa e como isso pode acontecer quando ela não acredita em si mesma? Eu só consegui terminar com o Mark e denunciar ele depois de muito tempo conversando com você, demorou muito pra eu achar que valia a pena lutar por mim. Você acha que eu fui fraca?

—Não, Linds, você é uma das pessoas mais fortes que eu já conheci.

—Sua mãe também é. Você precisa restaurar a força dela, não pode desistir achando que ela não quer ser ajudada.

Julia passou um tempo refletindo, sentiu-se impiedosa e má. Os olhos começaram a arder e ela quis lutar contra as lágrimas, mas foi em vão.

—Eu só queria que tudo fosse normal. – pequenas mechas do cabelo comprido e revoltoso grudavam em sua face corada do choro.

Melinda sentou-se ao seu lado e passou o braço ao redor dos ombros da amiga.

—Tudo vai ficar bem, eu prometo. Um dia você, escritora com livros traduzidos pra todos os idiomas, vai me ligar para passar o fim de semana na sua casa de praia e eu tentarei encaixar um lugar na minha agenda de modelo internacionalmente conhecida – apertou carinhosamente o braço de Julia, fazendo-a rir. – Isso mesmo.

Julia dream, dreamboat queen— Começou a cantarolar.

—Não canta Pink Floyd, você sempre entra em crises existenciais quando ouve – falou, já estava mais calma.

—Mas essa é sua música – respondeu – Prometo uma coisa pra você, Julia, o que eu passei e o que sua mãe passa nunca vai acontecer com você. Eu não vou deixar. Prometo. Tudo bem?

Deu mais um abraço forte em Julia e levantou-se para pegar um pequeno embrulho na mochila.

—Não, Linds, você prometeu que ia parar de usar drogas – esse era um vício adquirido da época de seu relacionamento com Mark.

—Eu vou parar, Julia. Prometo.

2016

Julia estava deitada no chão do banheiro, chorando compulsivamente e não conseguiu reter o pranto mesmo quando a porta foi aberta.

—Meu amor, você fez muito bem em me contar – disse agachando-se na frente dela e a levantando pelos ombros – ela estava tentando tirar você de mim e não podíamos permitir isso, certo? Agora não existe mais ninguém para atrapalhar nossa felicidade, vamos ficar juntos para sempre.

Julia não conseguiu impedir suas lágrimas, soluçava violentamente. Sentiu o completo torpor do tapa que atingiu suas têmporas.

—Se continuar chorando por aquela prostituta miserável, vou começar a acreditar que queria se ver livre de mim.

Com muito esforço, conseguiu se defender.

—Não, não, de forma alguma. Preciso de você, sabe disso.

—Só queria ter certeza de que você não tinha esquecido.

Quantico – Virginia

2014

—Então, há quanto tempo está na cidade?

—Seis meses.

—Gostando?

Julia deu de ombros.

—Só o fato de conseguir sair da minha cidade natal foi uma grande aventura.

—De onde você é?

—Bemidji. O máximo que fiz foi dirigir para algumas cidades nas redondezas, fora isso, nunca tirei os pés de casa.

—E o que te fez resolver mudar isso agora? – Spencer a questionava em um tom genuinamente curioso e interessado.

Julia sentiu um arrepio na espinha lembrando o que a fizera tomar coragem para sair de casa. Melinda. Esse era o nome da sua força.

Lembrou-se da época em que se conheceram. Tão sonhadoras. Julia queria lecionar e escrever livros ou artigos, Melinda queria ser uma modelo e ativista do meio ambiente e dos animais. Por que, se perguntava, as coisas deram tão errado? Em que momento isso acontecera? Qual decisão específica a levara para onde estava hoje?

Aos 17, Melinda começou a usar drogas pesadas e, quando a família Collins não quis lhe dar mais dinheiro, ela passou a roubar deles. Quando completou 24, eles a expulsaram de casa. Julia, recém-formada na faculdade de Letras, ofereceu seu lar que, naquele momento, não era o melhor lugar do mundo, mas era algo. Tentou ajudar a amiga, porém não demorou muito até que ela achasse outro meio de sustentar seu vício e foi morar nos fundos de uma casa de prostituição que se fazia passar de brechó. No seu aniversário de 26 anos, Julia conheceu James, cinco anos mais velho, futuro promissor, sua válvula de escape para tudo de ruim que havia em sua vida. Ele era filho do prefeito da cidade e aspirante a empreendedor. Logo cedo, montou sua própria companhia de viagens para lugares exóticos. Era a pessoa mais doce que Julia já conhecera e também prometera ajudar Melinda. Da primeira vez que batera nela, chorou, pediu desculpas e disse que se mataria se ela o deixasse. Da segunda vez, pediu desculpas com presentes. Da terceira, a convenceu de que a culpa tinha sido dela. As traições começaram depois do primeiro ano juntos, quando ela quis brigar por isso, ele se irritou de uma forma como nunca vira antes. As marcas foram aumentando, mas seus bonitos vestidos em ocasiões sociais importantes cobriam os hematomas. Quando pensava em deixa-lo, lembrava que Melinda passara um ano em uma clínica de reabilitação de luxo, tinha uma casa e um emprego na agência de viagens. Sua mãe era sócia da companhia e tinha a vida completamente diferente do que conhecera durante muito tempo. Julia nunca a vira tão feliz. Elas não podiam ter conhecimento do que acontecia com ela. Mas quem sabe? Talvez fosse só uma fase. Talvez ele voltasse a ser a pessoa doce que fora com ela no início.

Julia saiu da cidade quando Melina descobriu. Após meses de brigas, Linda a convenceu a fugir. Sem pensar no que estava deixando para trás, correu. Pela primeira vez admitiu a si mesma que aquilo não estava certo.

—Eu precisei. Simplesmente precisei. – respondeu peremptória.

Reid contou a ela sobre sua infância e até mesmo sobre sua mãe, um assunto delicado para ele. Contou tudo que podia sem revelar que era um agente do FBI e ela ouviu, deleitada. Adorava histórias de pessoas reais e falar com Spencer a fez esquecer-se do barril de pólvora em que se encontrava.

Quando o sol ameaçou se pôr, eles sentiram fome e procuraram algum lanche de esquina para comer. Continuaram falando sobre tudo que vinha à mente, contudo ambos escondendo toda a essência do que realmente eram. Ambos querendo fingir que eram outras pessoas, indivíduos com histórias extraordinariamente normais. Julia contou da faculdade e Spencer de toda sua grade de conhecimento, impressionando a moça.

Caminharam noite adentro pela cidade, invencíveis a qualquer medo urbano. Spencer a deixou na porta do prédio onde morava.

—Então... Aqui é onde eu fico.

Os dois pareciam desconfortáveis com a separação, sem saber exatamente o que dizer, quando na verdade queriam muito que esse momento não chegasse.

—Posso ligar pra você mais tarde? – Spencer quebrou o silêncio.

Julia sorriu abertamente.

—Claro – em seguida, passou seu número para ele.

Sem jeito, abraçou Spencer.

—Até qualquer hora.

—Tchau, Julia.

—Tchau, Spencer – acenou enquanto entrava no prédio. Subiu as escadas correndo, com uma euforia desconhecida para ela.

Todavia, antes de entrar no apartamento, sentiu sua espinha gelar. Tinha medo do que encontraria atrás daquela porta. Subitamente, lembrou-se de que não era livre e começou a chorar encostada na parede. Uma extrema agonia e vontade de ser dona de sua própria vida lhe atingiram. Sentia que batia nas grades, mas não conseguia se ver livre.

Ficou sobressaltada quando seu celular tocou.

—Alô?

—Ei, sou eu.

—Spencer, não faz nem 10 minutos que você me deixou na porta – disse, rindo e tentando disfarçar a voz de choro.

—Eu sei, mas estou no táxi e até onde sabemos posso ser sequestrado. Nem vou começar a dizer a porcentagem de coisas ruins que acontecem com passageiros de táxi – fez uma pausa e sua voz ficou mais abafada – Senhor, desculpa, por favor, não se ofenda. Enfim, só queria ter a segurança de ter alguém falando comigo.

—Tudo bem, eu não estava fazendo nada mesmo.

—Perfeito. O que eu perdi nesses 10 minutos?

Julia gargalhou, ainda não conseguindo acreditar que aquilo era sério.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então?
Esse capítulo ficou um pouquinho maior que o outro, né? Inclusive, gostaria de fazer uma perguntinha: vocês preferem capítulos curtos ou longos? Me ajudaria muito se respondessem.
Milhões de beijos de luz! Que a Força esteja com vocês!