Yellow escrita por Eduardo Mauricio


Capítulo 7
Capítulo 07 - Aquário




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/657164/chapter/7

— Ok, eu começo — disse Mia, quando os seis estavam sentados ao redor da mesa de madeira. — Meu nome é Mia Morello, tenho 18 anos, sou americana, minha matéria favorita é biologia, mas eu quero fazer faculdade de psicologia...

Ela fez uma pausa, tentando encontrar algo mais pra falar.

— Minha cor favorita é roxo, sou apaixonada pelo Johnny Depp... Hm, não quero ter filhos.

— Isso é estúpido — falou Troye.

— Não, não é — disse Mia. — E por dizer isso, você é o próximo, pode começar.

Ele riu.

— Eu não sei...

— Vamos lá, Troye, quem é você?

— Tá bom... Meu nome é Troye Thompson, tenho 16 anos, minha matéria favorita é física e eu quero fazer faculdade física. Minha cor favorita é azul, eu acho, eu quero ter dois filhos e um cachorro e morar na Florida.

— Boa — falou Alfie.

— Acho que é só isso.

— Ok, quem é o próximo? — perguntou Mia.

Molly levantou a mão, animada.

— Meu nome é Molly Masterson, tenho 17 anos, minha matéria favorita é literatura, e eu quero fazer faculdade de moda... Hm, minha cor favorita é rosa e eu não quero ter filhos... Ah, eu adoro os Backstreet Boys, 'N Sync e as Spice Girls! Acho que é só isso... Quem é o próximo?

— Meu nome é Sally Silverman, tenho 16 anos, acho que minha matéria favorita é matemática, mas eu quero fazer teatro. Minha cor favorita é amarelo e eu acho que não quero ter filhos. É isso, eu acho.

— Meu nome é Alfie Adams, tenho 19 anos, minha matéria favorita é... História? Não sei, acho que sim. Meu maior sonho é ser cantor, mas eu me contentaria em fazer jornalismo. Minha cor favorita é vermelho e eu não quero ter filhos... Por que essa pergunta dos filhos, aliás?

— Não sei, só pra encher linguiça — disse Mia.

Todos olharam para Harry.

— Eu passo.

— Qual é, todo mundo falou! — disse Molly.

— Mas eu prefiro só ouvir.

— Pelo amor de Deus, fala! — falou Troye.

— Ok, vocês querem que eu fale? Tá bom... Meu nome é Harry Hausen, eu tenho 18 anos, moro com minha avó porque meus pais morreram eu tinha 12 anos. Eu não tenho matéria favorita, não quero ir pra faculdade, não quero filhos e não sei o que quero da minha vida. — Ele havia se exaltado um pouco.

Todos o olharam surpresos e um pouco assustados.

— Ah, e minha cor favorita é preto. — Harry terminou com um sorriso irônico.

Os outros ainda estavam em silêncio.

— Me desculpem — disse ele, abaixando a cabeça e colocando as mãos nas têmporas. — Hoje não é um dia legal.

— Eu preciso ir ao banheiro — falou Molly, levantando da cadeira.

— Ei — disse Sally.

Ele a encarou com um olhar de tristeza.

— O que está acontecendo? — perguntou.

Neste momento, Mia, Alfie e Troye se levantaram da mesa e foram para outro lugar.

— Nada... Eu... Eu não gosto de falar sobre isso — respondeu ele, parecendo frágil por um momento.

Ela não disse nada e suspirou pesadamente.

— Quem é você, Harry Hausen? — ela perguntou retoricamente, com um leve sorriso e uma grande incógnita na mente.

Ele a olhou, mas não sorriu. Ainda tinha o olhar de tristeza estampado na face.

— Você pode falar comigo sobre isso — disse ela. — Eu posso não saber como você se sente, mas sei uma ou duas coisas sobre dor.

Ela tocou o braço dele e desta vez Harry não se afastou. Ele deixou.

Mia, Alfie e Troye observavam os dois de longe. Ela sentada em cima do balcão e eles embaixo.

— Tem alguma coisa acontecendo entre eles? — perguntou Troye.

— Está bem óbvio que sim — respondeu Mia. — Aposto que aconteceu alguma coisa quando ela voltou sozinha pra biblioteca.

— Será que eles se beijaram? — indagou Alfie.

Troye tinha os olhos fixados nos dois.

— Você sente algo por ela? — perguntou Mia.

— O quê? — Ele deu um sorriso envergonhado. — Claro que não, não... Claro que não.

— Oh meu deus, você está a fim dela! — falou Alfie, sorrindo.

— Você não ouviu o que eu falei?

— Mas é claro que você vai negar.

Troye suspirou.

— É, talvez eu esteja, mas ela nunca vai dar bola pra mim.

Troye olhava para Harry, observando seus cabelos loiros, olhos azuis e o lindo rosto. Definitivamente não era de Sally que ele estava a fim.

***

Sentados na mesa novamente, eles passavam por mais uma onda de tédio. Molly e Troye estavam com as cabeças abaixadas, Alfie e Mia olhavam para lá e para cá sem fazer nada e Sally tinha os olhos fixos em algum ponto atrás de Molly e a mente em um lugar bem longe dali.

Harry estava com os pés na mesa e as mãos atrás da cabeça inclinada, olhando pro teto e pensando mil coisas.

— Merda! — disse Mia, mas sorrindo, como se tivesse descoberto algo importante.

— O quê? — perguntou Molly, levantando a cabeça.

Harry olhou para ela com curiosidade. Troye continuou com a cabeça abaixada e Sally saiu do seu transe.

— Tem uma máquina de comida na sala dos professores!

— O quê? — Troye levantou a cabeça.

— E você me fez acreditar que eu precisava comer aquelas batatas fritas do inferno? — disse Molly.

— Eu esqueci.

— Eu não estou mais com fome, então vou ficar — falou Sally.

— É, eu também não — disse Troye, quando Molly, Mia e Alfie se levantaram.

Mia arregalou os olhos, querendo dizer alguma coisa.

— Venha — disse ela.

Troye tinha entendido o sinal. Mia queria deixar Harry e Sally sozinhos. Mas para quê?

— Não, eu vou ficar — concluiu ele.

Ela revirou os olhos e foi. Os três saíram da biblioteca e os outros ficaram.

No corredor, Molly perguntou a Mia:

— O que diabos acabou de acontecer?

— O quê?

— Você e Troye.

— Você não percebeu o clima que rolou entre a Sally e o outro garoto?

— Harry?

— Sim, esse mesmo.

— Não sou muito atenciosa.

— Está na cara, meu bem — disse Alfie.

— Eu acho que o Troye gosta dela ou algo assim.

— Mas eu achava que ele era gay.

— O que a fez pensar isso?

— Sei lá, eu só pensei.

***

A biblioteca estava mergulhada em um silêncio desconfortável. Desta vez era Sally quem estava com a cabeça abaixada. Harry continuava com os pés na mesa e a cabeça inclinada, equilibrando a cadeira em duas pernas.

Troye o observava sem que ele percebesse. Seu coração começava a acelerar um pouco mais sempre que aquele garoto estava por perto. Mas ele não estava nem aí para ele, só tinha olhos para Sally. Talvez, na verdade. Troye não sabia.

— Alguém já provou chili? Não é engraçado? — perguntou ele, percebendo segundos depois que era a pergunta mais idiota a ser feita. Estava nervoso. O silêncio o deixava nervoso.

Sally levantou e a cabeça e o encarou com estranheza. Harry o olhou de soslaio, sem esboçar nenhuma reação aparente.

— Já, por quê? — disse Sally.

Harry não falou nada.

— Nada... Nada — Troye respondeu, nervoso.

— Eu estou com um pouco de fome — disse ela. — Acho que vou acompanhar os outros.

Sally se levantou.

— Querem alguma coisa?

— Não, obrigado — respondeu Troye, com um sorriso pequeno.

— Não — Harry falou.

Ela saiu e o silêncio voltou a permear o local. Harry permanecia do mesmo jeito.

— Ei, qual é o seu signo? — perguntou Troye.

Harry o olhou aborrecido.

— O quê?

— Seu signo... Você sabe... Áries, aquário, touro...

— Eu não sei.

— Qual a data do seu aniversário?

Ele demorou alguns segundos para responder, parecendo nada interessado naquilo.

— 11 de fevereiro — ele respondeu, voltando a olhar para o teto.

— Hm, Aquário. — Troye riu. — Você é criativo, inventivo, original e radical.

Harry soltou uma risada de deboche.

— É, devo ser mesmo.

— Pra mim, você parece.

Ele olhou para Troye e não disse nada. O coração do garoto acelerou. O que ele estaria pensando?

— Esse negócio de signos é besteira — Harry finalmente falou.

Troye bateu os dedos na mesa de leve, pensando no que ia falar.

— Então... Você e Sally, né?

— Eu e ela o quê?

— Você está a fim dela?

— Por que você quer saber?

— Não sei, só... Curiosidade.

Ele o olhou com desconfiança, depois se levantou.

— Aonde você vai? — perguntou Troye.

— Ao banheiro, por acaso você quer segurar meu pau enquanto eu mijo? Me deixa em paz.

Troye não disse nada, apenas observou ele sair e abaixou a cabeça, bufando.

Que droga, pensou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!