Yellow escrita por Eduardo Mauricio


Capítulo 2
Capítulo 02 - Detenção




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/657164/chapter/2

Troye já estava naquela sala há quase quinze minutos e ninguém havia aparecido. Estavam apenas ele e os outros quatro. Os dois amigos conversavam baixinho e o garoto gótico continuava com seu fone.

Ele olhou para trás. A garota simpática continuava lendo seu livro.

— Ei, qual é o seu nome? — perguntou uma garota. Ele se virou e viu a garota de calça aveludada olhando para ele com o chiclete sendo mascado dentro da boca. O garoto também olhava, esperando a resposta.

— Ah, Troye — respondeu ele.

— Você não parece o tipo de pessoa que se mete em confusão, Troye — falou ela.

— O que houve? — perguntou o garoto, ajeitando seu cachecol.

— Eu esqueci um trabalho de biologia... Pela terceira vez.

— Ah, não é nada — disse a garota.

Ambos se aproximaram do garoto, sentando-se mais perto.

— Eu sou a Mia — falou ela. — Esse é o Alfie.

— Ou Patricia, se preferir — interrompeu ele fazendo passos de vogue.

Troye riu.

— Aquele é o Harry. — Ela apontou para o garoto gótico, que nem percebeu, e em seguida apontou para a garota no fim da sala. — E ela não conversou com ninguém ainda.

Ele olhou para a garota, que os observou com vergonha.

— Sally — disse ela.

— Venha mais pra perto, Sally — disse Mia. — Vamos ficar um bom tempo aqui.

A garota fechou o livro e se aproximou, sentando-se mais perto.

— Por que vocês estão aqui? — perguntou Troye.

— Eu não consigo aturar meus professores — respondeu Mia. — Às vezes acontece um bate-boca e eu venho para cá, já estou acostumada.

— E eu tentei defender essa vaca, por isso estou aqui.

— Você não poderia ficar lá sozinho, né amigo?

Ele fez um bico e revirou os olhos.

— O que você fez, gata? — perguntou Alfie para Sally.

— Uma garota vivia me enchendo o saco, eu não aguentei mais e explodi — respondeu ela.

— Quem é a vadia? Mia pode cuidar disso pra você.

Neste momento eles ouviram uma voz feminina do outro lado do corredor. Era uma garota e parecia estar falando com alguém ao telefone, quase gritando.

— Essa — disse Sally.

(Miss Eighty 6 – Ring A Ling)

A porta se abriu e a garota entrou. Tinha cabelos loiros e olhos claros. Ela usava um vestido rosa claro sob um enorme casaco de pelos de uma tonalidade mais escura. Suas botas brancas que iam até pouco mais da altura do joelho produziam um barulho ao bater contra o piso.

Ela desligou o telefone, uma enorme barra preta com uma antena, e colocou dentro da bolsa rosa. Em seguida caminhou glamourosamente até uma das cadeiras, olhando para Sally com desdém.

Mia estava quase rindo e Alfie estava com a boca semiaberta, olhando a menina de cima a baixo. Ela os olhou e fez uma cara feia.

— O que foi? — perguntou, rispidamente, sentando-se com as pernas cruzadas.

Manteve a cabeça erguida, com um bico, e ficou em silêncio.

Era Molly Masterson, a garota mais popular do colégio. Quem não a conhecia?

— Bem-vinda à detenção, docinho — disse Mia.

Molly olhou para ela e abriu um sorriso forçado e irônico.

— Eu já vou sair daqui — falou ela, olhando as unhas pintadas de rosa-choque. Em seguida encarou Sally com raiva no olhar.

A outra garota também retribuía.

— Então, nós vamos ficar aqui até alguém decidir nos tirar? — perguntou Troye.

— Não, nós vamos ter aula normalmente, com o sr. Harrison — respondeu Alfie. — Ele deve estar cagando, velhos fazem muito isso, não é?

Mia sorriu.

— Você é má.

— Só disse a verdade.

Houve um breve silêncio constrangedor, quebrado por Molly, quando cutucou o ombro do garoto gótico à sua frente.

— Com licença, garoto — disse ela, delicadamente.

Ele virou-se com mau humor e a encarou.

— Você poderia abaixar um pouco o volume? Eu estou conseguindo ouvir daqui.

O garoto a fitou por alguns instantes em silêncio.

— A sala está praticamente vazia, você pode sentar em qualquer uma das outras milhões de cadeiras, sinta-se à vontade.

Ela cerrou os olhos e fez um bico. Ele virou-se para frente e voltou a ouvir música.

— Estúpido — disse ela.

Mia pegou uma pequena caixinha de dentro do bolso da sua calça roxa e estendeu na frente de Troye.

— Quer pastilha? — perguntou.

Ele sorriu e pegou um. Ela fez o mesmo com Sally e a garota também pegou uma.

Em seguida, Mia olhou para Molly.

— Ei — disse ela, atraindo a atenção da garota. — Pastilha? — perguntou, balançando a caixinha no ar.

— Não, obrigada.

— Ok, então.

Molly estendeu o braço e olhou a hora no seu relógio rosa com orelhas de gatinho.

— Quando esse sr. Harrison vai chegar mesmo? — ela perguntou, impaciente.

— Não sei, mas é melhor você se acomodar, porque você não vai sair daqui nem tão cedo — respondeu Mia.

— E como você sabe disso exatamente?

— Acredite, eu sou uma visitante frequente dessa sala. — Ela riu e Alfie também.

— Eu liguei pro meu pai, ele vai resolver tudo.

Mia caiu na gargalhada.

— Vocês patricinhas sempre acham que podem resolver tudo ligando pro papai, não é?

— Você com certeza não deve saber, já que seu pai provavelmente fugiu quando percebeu seu senso de moda.

— Partimos para as ofensas pessoais agora? — perguntou Mia, levando as duas mãos. — Porque esse casaco é horrível...

Alfie deu um tapinha no ombro dela e riu.

— Vá comer meleca.

— O quê? — Mia gargalhou de novo. — Quantos anos você tem? Oito?

Ela se virou para frente e empinou o nariz.

Um som metálico ecoou pela sala e Molly pegou o seu telefone na bolsa. Puxou a antena e abriu um sorriso. Os outros observaram quando ela caminhou até o fim da sala.

— Papai? — disse ela, animada.

Sally, Mia, Alfie e Troye ficaram observando-a, vendo o sorriso da garota se transformar em uma careta de raiva. Ela bateu o pé no chão duas vezes com sua bota branca de salto alto e fez um grunhido como se fosse chorar.

— Mas papai — falou, com uma voz fina e irritante.

No final, ela bufou de raiva e desligou o telefone. Olhou para os outros, que a observavam curiosos, e voltou para o seu lugar, andando com passos rápidos e pesados, deixando transparecer toda a sua raiva.

— Parece que você não vai embora nem tão cedo — disse Mia, sorrindo. Ela mostrou o dedo do meio.

Neste momento, o garoto gótico tirou os fones e colocou em cima da carteira. Ele se levantou e começou a caminhar até a porta.

— Ei, você não pode sair — disse Mia.

Ele parou e a olhou.

— Então eu devo mijar aqui?

Ela não disse nada e ele saiu.

— Que rude — disse Sally.

— Góticos são todos assim — falou Alfie. — Eu acho que eles também comem carne humana e matam bodes para rituais satânicos.

— Minha vó disse que se você ouvir algumas músicas de heavy metal de trás para frente, pode ouvir o diabo falando — disse Mia.

Alfie fez o sinal da cruz.

— Deus me livre.

— Qual é, gente, isso não é verdade — falou Sally. — É?

— Claro que é, garota — respondeu Mia. — Você não viu aquele menino? Ele tem cara de delinquente... Não que nós sejamos, mas aquele ali... Acho até que ele fuma maconha.

— Oh meu deus — disse Troye. — Será?

Mmm-hmm

— Ele pode ser um delinquente, mas é uma gracinha — falou Alfie.

— É uma gracinha mesmo, ainda mais bebendo sangue de virgens inocentes. — Mia levantou a mão como se segurasse uma faca e arregalou os olhos, tentando assustá-lo.

Alguns instantes depois, eles ouviram a porta se abrir e o garoto gótico entrou.

— Vocês não vão acreditar — disse ele.

— O quê? — perguntou Sally.

Todos olharam para ele.

— Eu acho que estamos presos aqui.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Yellow" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.