Já havia se passado uma semana após a chegada de Anna e dos irmãos Black. A família havia se reunido na cozinha para, finalmente, decidir o que seria de seu futuro. Anna e Sirius estavam de pé, discutindo como duas crianças choronas. Peter e Astrid estavam sentados tomando leite e chá de hortelã – respectivamente - e observando a cena com ar de riso.

– Anna, por favor... – murmurava o maroto, fazendo um biquinho.

– Não, Sirius. Eles já passaram o tempo combinado aqui. Eles estão muito bem na A.M.B. – decretou Anna autoritariamente.

– Anninha...

– Não. Me. Chame. De. Anninha! – Anna esbravejou, enquanto tentava acertar murros na cara do homem.

Trid começou a rir e se engasgou com o chá. Sirius gargalhou:

– É tão bom te irritar... Estava com saudades.

– Vá procurar o que fazer, pulguento! – a mulher retrucou, bufando.

Pete e sua irmã trocaram sorrisos cúmplices: Os pais ainda pareciam sentir muito carinho um pelo outro. Por um instante, Trid pensou tristemente em como seria se tivesse vivido – desde seu primeiro ano - com seu pai e sua mãe, todos juntos em uma casa.

– Podemos voltar ao assunto, pombinhos? – Peter perguntou.

– Claro que podemos, Pete! – Anna sorriu e em dois segundos voltou a fechar a cara – Vocês não vão. Fim de papo? É, fim de papo. Isso aí.

– Mas mãe... - Trid choramingou. Calou-se ao receber um olhar impaciente da mulher.

Peter pousou sua caneca sobre a mesa com uma expressão chateada. Astrid se sentiu extremamente tentada a caçoar do bigode de leite que havia se formado debaixo de seu nariz, mas sentiu que não era uma boa hora. A menina lançou um olhar significativo para o pai, como se pedisse ajuda.

– Você perguntou a eles o que querem pelo menos? – perguntou Sirius cautelosamente.

Anna parou por um instante e uma expressão culpada surgiu em seu rosto. Puxou uma cadeira, se sentou e passou a mão pelos cabelos, suspirando.

– Você tem razão, Sirius. Me desculpem. Desde que chegamos eu só tenho pensado em mim mesma...

– Ei, não é verdade. Você é uma ótima mãe! – disse Sirius, dando um sorriso reconfortante e se voltando para os filhos - E então?

– É óbvio... – disse Peter.

– Que queremos ficar. – completou Trid – Queremos estudar em Hogwarts.

– Já que é assim tudo bem. - Anna disse em tom baixo - Eu vou... Buscar minhas malas. Já volto.

Ela fez menção de sair da sala, mas Sirius segurou seu braço fazendo-a virar o rosto para ele.

– O que pensa que está fazendo? – perguntou o maroto, confuso.

– Você não vê que eles querem ficar com você? – ela disse um tanto desapontada – Eu vou voltar para o Brasil.

– Nada disso! – disse Sirius, abrindo o sorriso favorito de Anna: O chamado “Te-Derreti-Por-Inteiro”.

– Nós precisamos de você, Anna. Eu preciso. – ele segurou suas mãos carinhosamente - Por favor. Se não for por mim, por nossos filhos.

Peter, Astrid e Sirius se esforçaram para fazer suas melhores caras de cachorro que caiu da mudança. Anna passou os olhos pelas três expressões faciais idênticas com uma expressão séria, mas não aguentou e abriu um sorriso.

– Está bem, está bem. Droga, por que vocês sempre ganham? – ela disse, fazendo os três rirem.

– Vamos mesmo nos mudar? - perguntou Pete.

– Sim. – a mãe disse, se dando por vencida.

– YEEAAH! – os dois irmãos berraram, batendo as mãos e fazendo uma dancinha da vitória.

Sirius deu uma piscadela para Anna, que revirou os olhos e riu.

– Eu e sua mãe vamos buscar suas coisas, ok? – disse Sirius – Não demoramos.

O homem ofereceu o braço para Anna, que o aceitou e sorriu. Os dois aparataram com um estalo.

Fred, Jorge, Gina, Hermione, Harry e Rony, entraram na sala comemorando, rindo e gritando cerca de três segundos depois.

– Ei, sabiam que é feio ouvir conversas familiares? – perguntou Trid, colocando as mãos na cintura.

– Por que só pensam o pior de nós? – perguntou Gina, com um sorrisinho inocente.

– Nós só estávamos passando por aqui, sabe como é... Observando o ambiente... – disse Fred.

– E sem querer, ouvimos as palavras ‘mudar’, ‘Hogwarts’ e ‘Sim’ juntas. Fiquei um pouco curioso, tenho que admitir. – falou Jorge.

– Me engana que eu gosto. – disse Peter, rindo.

– O importante é que vão para Hogwarts com a gente. – disse Rony.

– Isso aí, falou tudo! Vamos nos divertir bastante, eu espero. – falou Astrid, gesticulando animadamente.

– Mas primeiro temos que nos preocupar com os estudos, obviamente, porque os NIEMs...

– Cala a boca, Peter. – os outros disseram em uníssono.