Potens Summi escrita por Samantha


Capítulo 37
Estômago


Notas iniciais do capítulo

OI :D
Meus agradecimentos à difa e Syh All Black pelos comentários! Espero que estejam gostando ♥
Boa leitura e não se esqueçam de ler as notas finais o/



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Aurelia mandou um portal para leva-los até a mansão Oberlin. Ao chegar lá, Astrid foi surpreendida pela presença de Fred, Jorge e Anna, que parecia estar um tanto abalada (seus olhos estavam vermelhos e seu rosto estava amassado, como se tivesse chorado muito). A garota correu para os braços da mãe e a abraçou, sussurrando para ela:

— Papai está...

— Eu sei, querida. Tempos atrás, quando eu e seu pai conversávamos sobre o seu problema, prometemos que nossos filhos seriam prioridade. Ele não está aqui, mas eu estou. Não vou deixa-la sozinha. Sirius irá ficar bem e logo estaremos todos reunidos.

— E vocês... – Astrid soltou a mãe e voltou-se para os gêmeos Weasley.

— Fred me contou rapidamente tudo o que houve... Por que não me contou antes? – indagou Jorge.

— Eu não queria envolver mais pessoas, me desculpe. – lamentou Trid.

— Não importa o que for, pode contar comigo, Trid. Saiba disso. – o ruivo sorriu para ela.

— Estaremos sempre aqui por você. – Fred envolveu-a num abraço, fazendo-a esboçar um sorriso.

— Como chegaram aqui? – perguntou a loira, franzindo o cenho.

— Eu os contatei. – Jude disse prontamente – Não sabemos o que irá acontecer, quanto mais gente puder ajudar, melhor.

— Tudo isso é muito lindo, mas não temos muito tempo para abraços e discursos motivacionais. – disse Aurelia firmemente, esboçando um de seus portais dourados com as mãos até que este tomasse forma – Precisamos ir, as garotas precisam de nós.

Ellaria, que estivera silenciosa até então, foi a primeira a adentrar o portal. Os outros a seguiram rapidamente e sem trocar palavras, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Havia coragem ali, com certeza, mas o medo também marcava uma forte presença e assombrava suas mentes com imagens do que poderia vir a acontecer naquele dia.

~x~

Ao chegarem no tal endereço – em uma cidadezinha nos EUA chamada Gallup, no Novo México – começaram a caminhar pela quase abandonada estrada mal feita de concreto. A cidade do interior parecia calma e, provavelmente, com poucos habitantes. Os bairros onde as pessoas morariam devia ficar um pouco mais afastado dali, porque não haviam casas nem sinal de algum ser vivo: apenas alguns armazéns que pareciam vazios e lojas de construção. A localização que Klaus havia passado estava no último e maior armazém, de paredes com tinta gasta na cor cinzenta.

Antes de entrarem, Aurelia fez um sinal para que todos empunhassem suas varinhas. Com um simples aceno, abriu as portas do local com rapidez, fazendo com que a luz do sol que estava se pondo adentrasse o lugar.

O tal armazém era muitíssimo grande, cheio de ferramentas penduradas nas paredes e máquinas que Astrid mal podia imaginar para que serviam. Eles procuraram algum sinal das garotas, mas não havia ninguém ali. Pararam de caminhar quando chegaram no fundo do local, onde havia um grande baú negro em frente a uma porta de madeira. Em cima da porta estava fixado um grande pedaço de pergaminho com os dizeres:

 

Aos corajosos, um passo à frente

Aos covardes, um passo para trás

Aos indecisos, não há tempo para pensar

Decida se quer partir, pois o baú se abrirá

A escolha é simples para atravessar: morrer ou matar.

 

— O que será que o imbecil tramou? – perguntou Aurelia.

— Com certeza é uma armadilha. – disse Rachel – Precisamos analisar esse pergaminho...

— Analisar uma porra. O próprio aviso disse: não há tempo para pensar, decida se quer partir pois o baú se abrirá. – Jude resmungou – Agora é a hora da verdade, não enxergam isso? O momento para qual nós todos pensávamos que estaríamos preparados.

Astrid concordou com a cabeça:

— Bom, preparada ou não, já me decidi. – por um instante, a garota sentiu a cabeça doer com mais intensidade, mas tentou não demonstrar o que sentia - Vou ficar e acabar logo com isso.

As duas trocaram um olhar cúmplice e, juntas, deram um passo à frente. Aurelia e Ellaria as acompanharam, e depois dela os outros, alguns mais hesitantes do que outros. Passaram-se cinco minutos de silêncio até que um misto de sons estranhos veio de dentro do baú. Peter abriu a boca para perguntar algo, mas foi interrompido pelo som da tranca do objeto se soltando e se abrindo com um estalo.

Do fundo do baú negro (que por dentro era mais grande do que eles imaginavam) emergiram duas dúzias de fadas mordentes e diabretes e, depois deles, muitas criaturas das quais Trid só havia visto em livros.

— Um nundu. – balbuciou Peter, perdendo o fôlego.

A segunda criatura era similar a um leopardo, porém maior que um elefante. A grande criatura movia-se silenciosamente e com graciosidade enquanto descia do baú e adotava uma posição de ataque.

— Erumpente. – Rachel sussurrou ao observar a próxima criatura que saía.

O animal era grande, cinzento e similar a um rinoceronte, com um chifre afiado em cima do nariz e uma enorme cauda que era parecida com uma corda. Parecia estar furioso por ter ficado preso lá dentro, saltando desajeitadamente para fora do baú e fazendo um barulho muito esquisito.

Trid notou que as criaturas estavam envoltas por uma espécie de campo de força, que só os deixava quando eles saíam por completo do baú. Rachel também notou, sussurrando para ela:

— Fizeram um feitiço para controlar os animais e fazer com que não se atacassem até chegarem até aqui... Isso é coisa de especialista.

Por fim a última criatura saiu: Uma dúzia de acromântulas médias, caminhando furtivamente pelo solo e estalando suas pinças. Rach abafou um grito.

O baú se fechou e, da porta atrás dele, saiu uma figura desconhecida para os jovens: uma mulher de longos cabelos ruivos, pele branca, nariz fino e expressão rígida. Era alta e esguia, trajava um sobretudo vermelho vinho e botas da mesma cor. Ela abriu um sorriso de escárnio e estendeu as mãos:

— Divirtam-se, meus bebês. Klaus deu a ordem, vocês obedecem. Ao ataque!

E em segundos, tudo virou uma bagunça.

Fred e Jorge começaram a lançar feitiços nas primeiras fadas mordentes, eliminando-as como podiam. Eram muitas, e a tarefa se tornou tão difícil que Jorge quase fora mordido.

Bruce, com certo esforço, exibiu suas magníficas asas e levantou voo para atrair a atenção dos diabretes da Cornualha, enquanto Jude os pegava desprevenidos com algum feitiço ou um forte jato d’água. Estava tão concentrada na tarefa que quase foi pega pelo Erumpente que corria em sua direção. Quando o chifre do animal estava perto de tocá-la, a criatura fora impedida de atacar ao receber um forte esbarrão de outro animal: Uma grande ursa negra. Sapphire, usando suas habilidades animagas, atraiu o estranho rinoceronte para longe dos dois jovens com seus grunhidos, movendo-se o mais rápido que podia. Anna correu em seu auxílio, lançando feitiços para atordoar a criatura.

Pete e Rachel corriam do Nundu que decidira persegui-los. Eles lançavam alguns de seus melhores feitiços mas nada parecia afetar realmente a criatura, que parecia estar brincando com suas duas presas, mas logo estaria cansada e partiria para o ataque.

— Ele está brincando com a comida, é só isso. Se quisesse nos matar já teria o feito. – disse Rachel, arfando - A Respiração do Nundu é tóxica e contém uma doença, ele é capaz de matar um vilarejo inteiro.

— Esse bicho nunca foi derrotado por menos de cem bruxos trabalhando juntos! – o rapaz disse com desespero. – Onde ela arranjou essa droga?

— Não sei, só sei que ele cansou de brincar!

O Nundu finalmente se preparou para atacar os dois jovens. Saltou rapidamente em direção à eles. Peter empurrou Rachel para o lado, fazendo com que a criatura caísse apenas em cima dele, colocando a pesada pata sobre seu peito.

— NÃO! – Rachel apontou a varinha para a criatura mas não lançou nenhum feitiço: Tinha medo de que isso a deixasse ainda mais irritada. – Não respire o hálito dele, Pete!

Contudo, o Nundu parou no meio do ato ao ouvir um assobio. Virou-se para ver quem o chamava: Astrid olhava fixamente para ele sem fazer nenhum movimento brusco.

— Ei, amigão. Podemos conversar?

Rach e Peter observavam a conexão dos dois sem mexer um único músculo. O rapaz segurou a respiração, fazendo com que seu rosto ficasse rubro. O animal soltou um grunhido agressivo e voltou-se para ela, ignorando os outros dois.

— Eu entendo, Norris. Esse é seu nome, certo? – de alguma forma, o Nundu assentiu – Nem imagino o que deve ter passado... Ter ficado tanto tempo dentro de um baú. Há quanto tempo está com essa mulher?

O animal rosnou e Astrid tremulamente assentiu com a cabeça, enquanto Pete e Rachel se entreolhavam com o cenho franzido.

— Que horrível. Quem ela pensa que é pra te manter nessa jaula e ainda querer te vender? Você é um ser vivo, merece respeito. Concordo com tudo que você disse, Norris. – ela começou a levantar as mãos lentamente – Sei que está com fome e que não quer fazer parte dessa guerra, não vou pedir que nos ajude, não é sua obrigação...

— Não acredito que está dando certo... – Rach sussurrou para Peter, que assentiu silenciosamente.

Ainda assim, Astrid ainda estava tendo certa dificuldade em impedir Norris de devorar seus amigos. Tudo que estava fazendo era atrasar ele. Sua cabeça começara a doer com ainda mais intensidade; ela não conseguiria manter a comunicação por muito tempo. Quando estava ficando sem argumentos, Aurelia caminhou até ela e disse:

— Pode deixar comigo, garota. – e voltou-se para o Nundu. Silenciosamente lançou para Norris um olhar profundo, comunicando-se com ele sem precisar dizer uma palavra. Após um longo silêncio e alguns grunhidos do grande leopardo, a velha abriu um de seus portais dourados e o bicho entrou nele com rapidez, sumindo para dentro da escuridão.

— O que você fez? – perguntou Astrid.

— Mandei-o para um dos Scamanders, ele vai saber o que fazer. Vai cuidar do bicho, afinal, não é culpa dele estar aqui. Acabei de fazer o mesmo com o Erumpente. – disse Aurelia. – Escutem, metades de vocês precisa distrair esses animais para que pelo menos alguns de nós possamos passar pela porta. Conseguem nos ajudar? – Voltou-se para Pete e Rachel, que assentiram.

Perto dali, Ellaria não deixava que as acromântulas se aproximasse dos outros. Não podia usar o fogo ou causaria um grande incêndio no armazém, então decidira usar o Arania Exumai para tentar pará-la. Contudo, as aranhas ficavam apenas levemente atordoadas e estava sempre preparadas para se mover novamente, o que anulava o ataque da feiticeira. Pete, Sapphire e Rachel correram até ela para ajudar a contê-las.

— Jude, Bruce! Precisamos ir agora! – gritou Aurelia, chamando-os.

Jude gritou enquanto três dos diabretes puxavam seus cabelos com força:

— Estamos meio ocupados aqui!

 Após um lampejo vermelho acertar um diabrete de cada vez e fazer com que a soltassem, Fred, que havia lançado os feitiços, disse para a garota:

— Eu e Jorge daremos conta de tudo.

— Tem certeza? – perguntou Bruce, pousando no chão.

— Sim, moleque fada. – disse Jorge.

— Anjo, não fada. – o rapaz cerrou os dentes.

— Vão logo! – Fred não pôde deixar de rir enquanto acertava mais um diabrete com um feitiço Confundus.

Aurelia, Ellaria, Trid, Jude e Bruce correram em direção à porta. Quando estavam perto da mesma, um lampejo vermelho passou raspando por Astrid; a mulher de vermelho apontava a varinha para ela:

— Onde vocês pensam que vão?

— Sua vagabunda! Quem você pensa que é para apontar essa varinha para a minha filha? – Anna vociferou, caminhando até a bruxa com uma fúria imensa.

— Falou comigo? – a mulher de cabelos vermelhos perguntou, abrindo um sorriso de escárnio.

— Não vejo mais nenhuma vagabunda por aqui então sim, falei com você. – Anna disse com um sorrisinho sarcástico.

— Sua nojenta... – resmungou a ruiva, apontando a varinha em direção à mãe de Astrid – Vou te ensinar a me dar respeito!

As duas feiticeiras começaram a duelar com uma ferocidade tamanha, produzindo uma saraivada de feitiços.

— Eu só vou sair daqui quando acabar com você, sua piranha! – gritou a mulher de cabelos cor de fogo.

— Menos conversa e mais ação, sua meretriz ruiva! Onde foi que arranjou essa roupinha brega?

 Anna deixava a mulher cada vez mais irritada, coisa que não era de seu feitio. E então Trid entendeu: Ela estava ganhando tempo para que eles pudessem ir. Ela foi a primeira a passar pela porta, sendo seguida pelos outros. Jude, a última a entrar, bateu-a com força.

~x~

Trid entrou rapidamente no local escuro. Antes que pudesse tentar ver alguma coisa, Aurelia trombou nela e a fez quase tropeçar no que seus pés perceberam ser um degrau.

— Calma aí, gente! – a garota acendeu a varinha e os outros fizeram o mesmo.

Quando o local se tornou luminoso, eles começaram a descer a escada em espiral que parecia extremamente longa. Todos eles desceram com cautela, usando a parede de apoio. Ninguém disse uma palavra, não havia o que planejar: Eles seriam pegos de surpresa de qualquer forma e, no fim, o Colecionador planejava tudo aquilo para sua mera diversão, pois sabia que com ou sem criaturas ferozes todos eles estariam onde ele queria na hora planejada.

Ao chegarem no fim da escada, Trid abriu a porta e a empurrou.

O local era sofisticado como um museu, com pilastras de mármore escuro ligando o teto ao piso de mesma cor. Nas paredes haviam centenas de prateleiras com os mais estranhos objetos, coisas que nenhum deles havia visto na vida. Havia também esqueletos de algumas pequenas criaturas e alguns ingredientes para poções em vidros e frascos. Contudo, nada deixara Astrid tão assustada quanto a cena que estava prestes a presenciar no meio do salão. Sua cabeça estava prestes a explodir e uma lágrima involuntária escorreu por seu rosto:

Lá estavam Isabelle e Guadalupe sentadas uma em frente a outra, assim como havia sido visto no espelho. Ambas estavam com uma aparência horrível, provavelmente devido à tortura a que haviam sido submetidas. Quando ambas viram os amigos chegando, Trid pôde vê-las esboçarem uma expressão aliviada. Entre elas, sentado em uma poltrona sofisticada, estava Klaus. Ele fingiu estar surpreso com a chegada dos visitantes, abrindo um sorriso:

— Bem-vindos, meus amigos! Espero que estejam prontos, porque vamos jogar um jogo hoje.

— Seu grandessíssimo filho de uma puta... – Aurelia avançou em direção à ele juntamente com Astrid, mas ambas pararam quando ele apontou a varinha para o pescoço de Guadalupe, que estava tão atordoada que nem ao menos se moveu. Todos eles também apontaram a varinha em direção à Klaus.

— Sugiro que não deem mais passos até que eu peça. Não seria uma atitude muito prudente, visto que este local pertence a mim e eu sou o homem que está apontando a varinha para o pescoço da garota bonita. – ele riu nervosamente – Nada pessoal... Só precisava mostrar a vocês quem está no controle no momento. Enfim, prontos para ouvirem as regras?

Aurelia assentiu, contrariada.

— Eu vou fazer perguntas a vocês. A cada pergunta respondida corretamente, vocês podem dar um passo a frente para chegar até suas amigas.

— E se errarmos? – perguntou Bruce, cerrando os dentes.

— Eu machuco elas. – ele disse casualmente – Mas não como fiz com sua avozinha... Aquilo foi uma morte limpa. Meus pêsames, Bruce. Que ela esteja descansando em paz.

O rapaz cerrou os punhos, mordendo o lábio inferior. Jude segurou sua mão e lhe lançou um olhar compreensivo, mas que pedia calma.

— Não me responsabilizo por fraturas, perdas de objetos ou mortes. – ele disse com humor, enquanto os outros o olhavam em choque – Vamos começar com perguntas simples para vermos se vocês colaboram.

— Não dissemos que íamos jogar esse jogo estúpido. Por favor, vamos ao que interessa. Diga logo o que quer. – disse Aurelia, cansada de tudo aquilo – Eu sou velha. Não vê que estou morrendo aos poucos? Não tenho tempo para suas brincadeiras. Se nos quer, venha nos pegar. Essas garotas não são Potens Summi, elas não tem nada a ver com isso. Deixe-as em paz.

Klaus balançou a cabeça em sinal de aprovação:

Tsc tsc... Não é assim que as coisas funcionam, Aurelia. Eu, como vendedor e expositor, tenho minhas técnicas. Nada pode ser feito, nem uma compra, nem uma exposição, muito menos um discurso, sem uma boa dinâmica antes, uma descontração. Eu estou tentando mostrar quem está no controle das coisas de forma amigável mas parece que você ainda não compreendeu. Tudo bem, vamos tentar de outra maneira. – e tirou a varinha do pescoço de Guadalupe, continuando a falar – E você acha que, por ser uma Potens Summi, tudo gira em torno de você, não é? Deve pensar que é a poderosa. Que pode me matar com um piscar de olhos... Mas, devo dizer, está enganada, flor. Até trouxas podem matar. Não usam varinhas, mas usam lâminas. Armas. Nunca deve se subestimar ninguém, querida. Você não pode pensar que está em um patamar maior do que as outras pessoas. Quando se está em um impasse, você obedece quem segura a lâmina. É preciso ter estômago para matar, mas as vezes é necessário. E sabe o que é ainda mais necessário em um momento como esses? Saber obedecer.

Aurelia abriu a boca para retrucar, mas Jude interrompeu-a com um pequeno beliscão e sussurrou:

— Você é minha mentora, mas juro que se disser mais alguma palavra eu vou te botar para dormir. 

Após uma grande pausa, Guadalupe, tentando sair de seu choque, virou o rosto lentamente para o lado e olhou para Isabelle:

— Eles estão aqui. Vai ficar tudo bem.

A garota se limitou a esboçar um pequeno sorriso e a concordar com a cabeça.

— Que gracinhas. – Klaus olhou-as com ternura. Ele era tão cínico que as vezes parecia realmente ter empatia por elas, o que deixava Astrid ainda mais furiosa. – Me dão até vontade de vomitar. Me diga, Astrid, como você consegue ser amiga dessas duas? Essas horas em que estive com elas foram as mais entediantes da minha vida. E elas são muito escandalosas, sensíveis e frescas.

— E você é um filho da puta.

Isabelle cuspiu na cara de Klaus, que lhe deu um tapa na cara.

— Olha como se porta, minha flor. Não se esqueça que você é quem está amarrada aí, sem ter o que fazer. Ah, estou me cansando de você. – e, após se recompor, voltou a dizer – Enfim, antes de mais nada, vou apenas chamar alguns amigos caso a coisa fique feia. Afinal, precisamos conter brigas grandes. Ninguém gosta disso.

E, com um assobio de Klaus, cinco pessoas – três homens e duas mulheres -  saíram de trás de uma das pilastras dos fundos, todas trajando a mesma roupa que eles haviam visto na mulher dos cabelos cor de fogo: sobretudo vermelho e botas.

— Esses são Edmund, Oliver, Jim, Ivy e Loretta. A adorável moça que conheceram há minutos é Sasha. Trabalhamos em conjunto nesse grande projeto onde estudamos as Potens Summi. – ele sorriu, levando as mãos aos bolsos – Todos compartilhamos do pensamento que é incrivelmente injusto apenas uma minúscula parcela da população poder ter acesso à essas habilidades, como se elas fossem exclusivas ou melhores que as outras. Lembram-se da Matilda Rivers? Aquela mulher achava que podia fazer o que quisesse e quando quisesse. As coisas não deviam ser assim... E mais: Por que as pessoas são tão estúpidas ao ponto de não pensarem que, se esses “genes” pudessem ser espalhados para as outras, poderíamos todos ser uma raça muitíssimo evoluída? Eu sei a resposta. Eles pensam pequeno. Mas nós não. – seu sorriso se tornou muito mais largo – Então, nesse jogo obteremos as respostas para tornar nossos objetivos realidade. E, sem mais delongas, a primeira pergunta é: quem lhes deu esses poderes e onde podemos encontrar a pessoa?

As quatro Potens Summi se entreolharam, pensando no que responderiam.

— O relógio está correndo... – Klaus apontou a varinha novamente para Lupe com a mão direita – Vamos, é uma simples pergunta.

— Você não conseguirá encontrá-la. Ela está em todos os lugares e em lugar nenhum. – disse Ellaria firmemente.

— Isso não foi uma resposta muito boa... – Klaus disse, preparando-se para lançar um feitiço em Lupe.

— Espere! – Astrid gritou – O que queremos dizer é... Que não é uma pessoa propriamente. Não é alguém que você pode sequestrar e obrigar a lhe dar os poderes.

— Vamos tentar mais uma vez. – O Colecionador disse, mostrando-se impaciente – Podem me dizer pelo menos o nome do ser que lhes deu essas habilidades?

— Potens Summi. – disse Jude.

— Vocês estão brincando comigo. – ele cerrou os dentes – Certo... Qual de vocês estaria disposta a se submeter a uma pequena quantidade de exames?

Nenhuma delas se moveu. Independentemente do que acontecesse ali, elas não podiam deixar que Klaus mexesse com o que não devia. E se, por meio dos exames, ele descobrisse exatamente como drenar os poderes das Potens Summi e usá-los para si? Elas não podiam fazer aquilo. Aquelas moças precisavam viver o bastante para fazer o bem e instruir as Potens Summi futuras para que as escolhidas pudessem também ser guerreiras de Luz.

— Vocês ainda não entenderam quem está no controle, não é? Pois bem, parece que terei de demonstrar de uma maneira mais direta, para que vocês possam entender melhor. E não há problema nenhum nisso, na verdade, o prazer é meu. Como eu disse, é preciso ter estômago para matar, mas as vezes é necessário. E qualquer um pode fazer isso, qualquer trouxa inútil com uma faca. – e, com um movimento rápido, tirou do bolso do sobretudo uma faca de caça com a mão esquerda e deslizou-a pela barriga de Isabelle Lawrence, abrindo-a e fazendo-a começar a sangrar imediatamente.

A garota, sem conseguir falar nada, começou a cuspir sangue. Lupe entrou em um estado de choque, desatando a chorar enquanto via a garota que amava fazer um enorme esforço para respirar enquanto, aos poucos e dolorosamente, morria sentada naquela cadeira. Belle lançou para Guadalupe um último olhar significativo antes que a luz deixasse seus olhos claros.

Astrid e Jude fizeram menção de correr até lá mas Ellaria as segurou com força pelo braço, sussurrando:

— Não se esqueçam, estamos jogando. E, pelo visto, precisamos mudar de estratégia ou sua outra amiga vai morrer também.

— Eu tenho estômago para matar e, se tiver que mostrar isso mais uma vez para que vocês possam me dar o que quero, eu o farei. – e, com um sorriso de escárnio, contemplou o rosto da bela garota morta – Já essa garota irritante não tem mais estômago pra nada... Coitadinha.


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Notas finais do capítulo

R.I.P.
Pois é, o final não vai ser feliz pra todo mundo :(
O que acharam? Quais são suas teorias sobre o que vai acontecer?
Deixem nos comentários!



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