Potens Summi escrita por Samantha


Capítulo 35
Pugnare


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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No domingo de manhã, muitos dos alunos se preparavam para o passeio a Hogsmeade, contudo o astral de Astrid e seus amigos não estava tão bom para aproveitar a excursão. Trid e Jude tinham a reunião com Aurelia e Ellaria, onde discutiriam seus próximos movimentos para encontrarem Klaus.

Rachel e Peter estavam extremamente desesperados com as provas que se aproximavam, e limitaram-se a passar o domingo com a cara enfiada nos livros da biblioteca.

Bruce saíra da Enfermaria e passava bem, mas ainda estava um tanto inconsolável. Na última partida de Quadribol seu desempenho fora horrível e ele mal conseguia se concentrar nas aulas.

Sapphire fora a Hogsmeade. Quando as garotas questionaram se ela iria sozinha, a garota corou e disse animadamente que tinha um encontro com Robert Oric, da Lufa-Lufa. Ao menos alguém teria um dia agradável.

No sábado a noite, antes da hora de dormir, Astrid puxou Belle de canto e pediu que ela contasse o seu problema às outras. Ela concordou, mas disse que queria contar para Guadalupe a sós. Enquanto Belle se reunia com as outras garotas, Astrid convidara Lupe para uma partida de Xadrez de Bruxo no Salão Comunal e distraiu-a enquanto a tal conversa acontecia no dormitório.

 Confessou tudo o que havia feito para Jude, Rachel e Sapphire horas depois da conversa. A primeira conteve sua raiva e decidiu ignorá-la completamente antes que fizesse alguma besteira; a segunda chocou-se e ficou extremamente desapontada, e após um discurso cheio de lições de moral teve empatia pela garota e disse que a ajudaria a resolver o problema; já a terceira desferiu lhe um soco no estômago (Rachel precisou usar um feitiço para que ela não a ferisse mais) e chamou-a de traidora: Chorou, gritou, e logo após pediu desculpas e disse a Belle que tudo ficaria bem. Sapphire era um tanto...intensa.

Enquanto terminava seu banho, Astrid sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao desligar o chuveiro. Enquanto as últimas gotas d’água caíam, uma pequena massa escura, como uma fumaça, tomou seu lugar por poucos segundos – o bastante para assustar a garota. Nesse meio tempo, ela ouviu uma voz sussurrar:

Chegou a hora. Você sabe onde me encontrar.

Renda-se.

Era Klaus. Ela tinha certeza.

Estaria a garota ficando louca?

Afastou os pensamentos da cabeça e saiu do banheiro o mais rápido que pôde. Encontrou Jude, Guadalupe e, incrivelmente, Isabelle perto da entrada do Grande Salão. As três estavam extremamente caladas.

— Pronta?

— Tenho que estar. – resmungou Astrid. Lançou um olhar significativo para Isabelle e depois voltou-se para Lupe – Algum plano para hoje, garotas?

— Vamos à Hogsmeade. – Isabelle disse com firmeza. Tocou a mão de Guadalupe e entrelaçou seus dedos, fazendo a latina lhe lançar um olhar surpreso – Preciso esclarecer algumas coisas...

 - É, precisa. – e deu um pequeno sorriso, apertando a mão da garota loira - Nos vemos mais tarde.

— Certo, se cuidem. – disse Astrid.

White esperou que as outras duas garotas se afastassem para puxar Astrid pelo braço e começar a guia-la para a Sala do Diretor.

— Calma, eu sei o caminho. – Trid riu.

— Eu preciso falar com você. – Jude disse com seriedade – Hoje de manhã, algo aconteceu.

Chegou a hora. Você sabe onde me encontrar. Renda-se. — adivinhou a loira.

— Você ouviu também? – perguntou a morena com um misto de surpresa e alívio – O que a gente faz?

— Contamos para Aurelia e Ellaria, elas devem saber o que fazer.

A velha Potens Summi buscou-as na Sala do Diretor como de costume, sem dizer uma única palavra: Apenas lançou lhes seu conhecido olhar que dizia Estamos com problemas. Ao chegarem na Mansão Oberlin, as duas jovens se assustaram com o que se depararam na sala de estar: Em cima de uma poltrona, Ellaria estava sentada com as pernas cruzadas. Seus olhos estavam abertos – olhava fixamente para a frente - e apresentavam a tão temida e característica cor de fogo que aparecia quando ela usava seus poderes. Ela segurava os braços da poltrona com muita força e dizia várias palavras que nenhuma das garotas pôde compreender.

— Que porra é essa? – perguntou Jude – Por Merlin...

— Shhhh, não a atrapalhe. – disse Aurelia, visivelmente curiosa – Está assim há uns dez minutos.

— E não vamos fazer nada? – perguntou Astrid, perplexa.

A velha mordeu o lábio inferior antes de dizer:

— Se ela não voltar em cinco minutos, eu vou...

A senhora foi interrompida pela aparição de uma luz branca que extremamente forte que irrompeu do corpo de Ellaria e preencheu todo o cômodo com sua claridade, fazendo com que Aurelia e as garotas levassem as mãos ao rosto e fechassem os olhos.

A seguir, a voz mais melodiosa e bonita que as mulheres já haviam escutado disse calmamente:

— Saudações.

E, em questão de segundos, a luz voltou para o corpo de Ellaria. A bruxa piscou: Seus olhos se tornaram brancos como cal. Levantou-se lentamente e disse com firmeza:

Minhas queridas... Não há razão para se esconderem agora. Deixem-me ver seus rostos.

Hesitantemente, as três olharam para Ellaria com o cenho franzido. Jude abriu a boca para perguntar algo, mas a mulher disse:

— Sua amiga ficará bem, não se preocupem. Eu precisava tomar uma forma humana para me comunicar com vocês. Meu verdadeiro eu poderia tê-las matado apenas com o olhar.

— Quem é você? – perguntou Astrid, sentindo os pelos dos braços se arrepiarem.

— Imagino que estejam se perguntando isso. — ela sorriu. O coração de Trid acelerou de modo peculiar e as pernas de Jude ficaram bambas – Eu sou neutra e atemporal. Dou o sopro do poder às mulheres escolhidas a dedo pelo Destino, meu querido pai. Eu sou Potens Summi.

As três mulheres ficaram em silêncio momentaneamente, tentando processar o que acabaram de ouvir. Aurelia abriu e fechou a boca várias vezes antes de dizer:

— Me desculpe, não sabemos o que dizer. Deveríamos lhe oferecer um pouco de chá ou o quê?

— Eu adoraria desfrutar de um pouco de diversão na forma humana, mas não tenho tempo para isso. Minha visita deve ser rápida.

— Então diga-nos o que precisa dizer. – disse Jude, ainda um pouco abalada.

— Sei que devem ter inúmeras perguntas, mas temo que elas não serão respondidas. Na verdade, muitas respostas devem continuar nebulosas para sua própria segurança. Um humano não conseguiria conviver com tanto conhecimento... — Potens disse, sua voz ecoando por toda a sala de estar – Devo ir direto ao assunto: Em raras épocas, eu sou autorizada a aparecer para minha afilhada: A bruxa mais poderosa de todos os tempos, a Potens Summi atual. Contudo, pelo visto, Destino quis que houvesse mais de uma existente aqui e agora: Vocês. Quatro Potens Summi... Eu diria que é um episódio nunca visto e um acontecimento extremamente perigoso.

As garotas continuaram em silêncio, extremamente atentas às palavras da tal entidade.

— A minha função é olhar pelas Potens Summi e impedir que estas se tornem más. Quando se segue o caminho escuro, sua magia se torna igualmente negra e muito mais poderosa, o que pode causar grandes danos à sociedade. — ela disse tristemente – Foi o que aconteceu com Matilda Rivers - a mulher que assassinou 20 mestiços, 65 nascidos trouxas e 80 trouxas, além dos outros delitos gravíssimos – e outras Potens Summi antes dela.

— Existiram Potens Summi antes de Ophelia Slytherin? – perguntou Aurelia.

— Sim, minha querida, desde o início da civilização humana. — disse Potens – Conhecem Stonehenge, o monumento pré-histórico?

As moças assentiram com a cabeça.

— Uma das primeiras Potens Summi, Cressida, foi instruída por mim a construir tal monumento para honrar a morte da anterior. Desde esse dia, não importa onde faleçam, seus corpos, cinzas e almas sempre vão para lá e ficam para sempre na minha memória. — Potens lamentou – Eu chorei por todas elas, fossem boas ou ruins... Afinal, ninguém escolhe ser uma Potens Summi.

Potens Summi se recompôs e começou a dizer com firmeza:

— Ao longo dos anos, as Potens Summi têm feito amigos, sim, mas muito mais inimigos. Muitas vezes porque estes não temem o desconhecido e são movidos pelo medo a fazer coisas horríveis, outras porque há pessoas ruins que querem saber a fonte de todo esse poder. Esse é o caso que vocês enfrentam.

— Klaus é um homem instável, com problemas psicológicos devido traumas da infância. Com isso, ele se tornou um Obscurial. É muito difícil que alguém assim viva tanto, e quando acontece, mostra o quanto o portador desta condição é poderoso.

Astrid e Jude, sentindo-se um pouco mais à vontade, contaram para Potens o que haviam de alguma forma sentido naquela manhã. Ela se limitou a dar um suspiro triste e dizer:

— Sinto que a guerra está para começar e vocês devem se atentar a estes sinais, eles podem dar pistas de onde o homem está e quando poderão resolver tudo isso.

— Você pode nos ajudar de alguma forma? – perguntou Trid, esperançosa.

— Eu gostaria de poder ajudar, mas é estritamente proibido que eu me envolva em questões mundanas. Destino nem sabe que estou aqui há tanto tempo... O que eu posso dizer é: Tomem muito cuidado e lutem. Klaus tem alianças com pessoas e criaturas que vocês não imaginam que existem. Sua vitória não beneficiaria apenas a ele mesmo, mas também a outras pessoas.

— Voldemort. – disse Jude, engolindo em seco.

— Exatamente, e não só ele. Vocês não podem deixar que a raça acabe. Desde os primórdios, eu tinha planos para as Potens Summi: Seriam guerreiras da luz, ajudando de maneira positiva no funcionamento da sociedade e tornando o mundo melhor, livrando-os das Trevas. Vocês ainda podem fazer isso, eu sei. Eu sinto. Por favor, não desistam. Lutem pela causa. Ajudem as Potens futuras. Não desistam.

— Não escolhi ser assim. – disse Jude com certo ressentimento – Não pedi para ter uma vida cheia de horrores, nem para ser defensora de ninguém. Eu só queria a minha vida de volta...

— Jude White, foi exatamente por isso que a escolhemos. Você pode ter essa armadura de ferro, mas por baixo dela há um coração de luz tão enorme que quase transborda. Você é corajosa e bondosa, sei que quer lutar para dar um futuro melhor para seus filhos e os filhos dele.

A garota corou e trocou um peso de um pé para outro.

— Ellaria, a mulher que habito agora, já passou por muito durante sua interminável vida. Ela foi escolhida porque é especial, porque quer paz, justiça para os sofredores e, no fim de tudo, um descanso.

Astrid sentiu-se mal ao pensar sobre esse aspecto de Ellaria. Devia ser horrível viver anos e anos e ver pessoas com quem ela se importava irem e virem, nascerem, morrerem e ela ali; presa na eternidade.

— Aurelia, você é uma das Potens Summi mais poderosas que já conheci. Junto com a falecida Barb Scamander, fez avanços incríveis com seus estudos sobre Potens Summi e ajudou essas duas incríveis pupilas — acenou com a cabeça para Astrid e Jude – a chegarem até aqui, até esse ponto. Sei que irá lutar com toda a força.

— Como se fosse meu último dia de vida. – Aurelia disse, cerrando os punhos.

— Astrid, minha querida. É uma jovem extraordinária, contudo, é muito difícil falar sobre você. Tão misteriosa... Tem uma alma dourada e reluzente! Está destinada a grandes feitos. — e acrescentou tristemente – E, infelizmente, grandes perdas. Entretanto, tudo é por um bem maior, minha criança, e sei que irá entender. Ainda tenho assuntos pendentes com você.

Após receber um olhar enigmático de Potens Summi, Astrid sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

— Se Klaus conseguir extrair seus poderes, o mundo bruxo estará perdido. E se ele não conseguir o que quer de vocês, irá expô-las a todos e serão capturadas e assassinadas por gente do Ministério. Não deixem que isso se concretize. — repentinamente, a luz que emanava do corpo de Ellaria começara a falhar – Eu preciso ir, meu tempo está acabando. Não posso ficar por muito tempo em uma só forma, não nos tempos de hoje quando estou mudando tanto e minhas habilidades estão se adaptando.. Desculpem não poder ajudar mais do que isso... Antes de ir, devo avisá-las que Sun-Hee deixou algo para vocês. De alguma forma, ela passou pelas regras sem quebra-las... — e, em um tom de voz impressionado, disse -  Vocês reconhecerão o Anjo quando o virem.

Segundos antes de sair do corpo de Ellaria, Potens Summi olhou cada uma das bruxas nos olhos e disse:

— Sejam fortes. Pugnare.

~x~

Após fazer todo o relato (em algum ponto do mesmo ela começara a se debulhar em lágrimas) sem interrupções Isabelle pousou as mãos sob a mesa no canto esquerdo do Três Vassouras e passou a fita-las enquanto Maria Guadalupe tentava processar o que acabara de ouvir.

— Pode ir embora se quiser. Eu já disse o que precisava.

O silêncio estava a matando. Com toda a coragem que reuniu, Belle levantou a cabeça para olhar a garota à sua frente. Quando seus olhares se encontraram, a loira pôde notar o misto de dor e mágoa nos olhos negros de Guadalupe. Algumas lágrimas desciam pela face da latina, mas seu rosto permanecia neutro enquanto contemplava a garota de cabelos loiros.

— Então... Você nunca me traiu do jeito que pensava?

— Não, não! Por Merlin. – Isabelle colocou alguns fios de cabelo atrás da orelha – E acho que essa é a única merda que eu nunca seria capaz de fazer.

Guadalupe se limitou a acenar com a cabeça, cruzando os braços contra o peito. Belle suspirou e disse:

— Me desculpe, esse silêncio está me matando. Sei que não mereço nem posso pedir nada a você, mas por favor, se está brava comigo, apenas me dispense e...

Cállate, Isabelle. – Guadalupe interrompeu-a – Por un momento. Já disse e fez o bastante.

A garota calou-se instantaneamente. Lupe esperou pacientemente que todas suas lágrimas caíssem e se recompôs antes de dizer:

— Eu te amo.

— O quê?

— Você fez a coisa mais estúpida. Eu não vou dizer que está tudo bem, porque não está. Você foi egoísta, prejudicou a todos e tatuou a porra da marca negra no braço. Você é, oficialmente, uma seguidora de Você-Sabe-Quem. Entende isso, Isabelle? – Guadalupe mordeu o lábio e respirou fundo, tentando manter o tom de voz baixo – Espero que sim, porque agora corre mais riscos do que nunca. Eu acredito quando diz que o que fez foi para me proteger e foi a maior coisa que já fizeram por mim, mas não podemos nos dar o luxo de pensar apenas em nós mesmas. Estamos lutando por algo maior aqui!

Isabelle permaneceu em silêncio.

— Eu vou lutar com Astrid. Ela é minha melhor amiga e eu nunca a deixarei na mão. Está na hora de você cair na real. Sabe que, quando a batalha chegar, podemos perder pessoas. Podemos perder uma a outra, droga.

— Não diz isso... – Isabelle disse.

— É parte da vida, porra! Coisas ruins acontecem, Isabelle. E se acontecer, nenhum de nós terá morrido em vão. Eu terei partido para o outro lado com a sensação de que dei o meu melhor e de que estava lutando por uma boa causa.

Repentinamente, Guadalupe descruzou os braços e deslizou a mão sobre a mesa até tocar na de Isabelle. A garota se surpreendeu com o gesto.

— Seja o que for, terei ido com o pensamento de que tive uma vida feliz porque fiz os melhores amigos que poderia ter e conheci alguém que me amasse de verdade. O que mais eu poderia querer?

— Me desculpe. – Isabelle disse, aos soluços.

— Com uma guerra dessas chegando e com nosso destino incerto, sabe pelo que eu nunca me perdoaria? – perguntou Lupe, recebendo um aceno negativo de Belle – Por estar brava com você. E é por isso que eu te perdoo, Isabelle. O que está feito, está feito. Nós passaremos por isso juntas e tudo será resolvido, você vai ver. Só quero que me prometa uma coisa.

— O que você quiser. – assegurou Isabelle.

Guadalupe soltou sua mão e se levantou. Fez um gesto para que a loira também se levantasse, e ela o fez.

— Não importa o que aconteça, você não vai se juntar a Você-Sabe-Quem. Você não dirá nada a ele, não se submeterá a ele e não fará absolutamente nada por ele. – entrelaçou suas duas mãos com firmeza enquanto dizia - Essa marca estará aí para sempre como um lembrete de seus dias escuros, Isabelle, e de como nunca mais terá de passar por eles sozinha.

— Prometo. – disse a garota decididamente. – Eu te amo.

— Eu sei.

E - sem ligar para o que os outros clientes do Três Vassouras pudessem pensar - as duas garotas se aproximaram e se beijaram fervorosamente, selando a bela a forte promessa que jamais seria quebrada. Com o perdão de Lupe, Belle sentia um peso enorme sendo retirado de suas costas, substituído por uma enorme paz de espírito. Sem mais traições. Sem mais egoísmo.

Ela estava pronta para lutar.


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