Potens Summi escrita por Samantha


Capítulo 33
Aeternum vale.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— Finalmente! Pensei que nunca fossem chegar. – disse Aurelia, quando as duas jovens atravessaram o portal e caíram no piso de sua sala de estar. Deu um último trago em seu cachimbo e franziu o cenho ao ver uma terceira figura acompanhar as moças, mas nada disse.

— Estou com uma dor de cabeça horrível. – reclamou              Jude, massageando as têmporas.

Ellaria, que trajava um vestido longo em tons de bege e vermelho e desta vez havia ajeitado os longos cabelos negros com modernos dreadlocks, perguntou:

— Sabemos exatamente onde ir. Eu vi pelo fogo. – voltou sua atenção para o garoto - O que faz aqui, japonês?

— Sou coreano. – disse Bruce.

— Ele implorou para vir. Afinal, Sun-Hee é avó dele. – explicou Astrid.

— Eu posso ajudar no que for necessário. – o rapaz disse com uma expressão corajosa.

Oberlin se levantou e deslizou as mãos pelas vestes negras para desamassá-las enquanto dizia:

— Minha criança, você deve entender que iremos para um lugar perigoso e que não quero colocá-lo em risco. O que Dumbledore diria quando eu trouxesse você de volta cortadinho no meio de um pote de calbo e macarrão, querido yakisoba?

— Yakisoba é um prato chinês. – Bruce disse. – De novo: Eu sou coreano.

— Não vai acontecer nada com ele. Eu fico de olho. – disse Jude prontamente.

Ellaria e Aurelia se entreolharam por um instante, ponderando se seria a coisa certa a se fazer. No fim das contas, a mulher de pele negra caminhou até Jude e disse:

— Certo. Por sua conta e risco.

Bruce não disse mais nada, mas não parava de pensar no porquê precisaria da proteção de White. Seria o lugar tão perigoso assim? Sentia um aperto no coração ao tentar imaginar em que situação sua avó poderia estar no momento.

Aurelia abriu um de seus portais dourados com rapidez e todos eles entraram em silêncio, mergulhando na escuridão profunda e na expectativa do que estava por vir, torcendo para terem sucesso na tal missão.

~x~

Ao cair bruscamente no meio do que parecia uma estrada de terra, Bruce levantou-se com uma careta e tentou limpar a sujeira das vestes sem sucesso. Para o rapaz, que era um simples bruxo, era estranha a sensação de viajar em portais como aquele: Durante o percurso (que demorou cerca de cinco segundos), sentia-se como se estivesse flutuando em um lugar onde a escuridão era preenchida com pontinhos dourados. Eles o distraíam de um modo que não sabia explicar, fazendo com que não conseguisse pensar em mais nada a não ser na intensidade com que brilhavam.

Após todos se recomporem, Aurelia guiou-os para o lado esquerdo da estrada, onde havia uma grande quantidade de árvores.

— Vamos por aqui, não quis parar mais perto por medo do barulho atrair a atenção. Mas antes, algumas palavras: Todas as evidências que encontramos levaram a esse lugar, e não iríamos arriscar se não pensássemos estar pelo menos 80% certas. O local é um tipo peculiar de mansão sofisticada, protegida por muros altos de concreto, portões extremamente resistentes com barras de ferro e um bom sistema de segurança.

— Ouvimos sons diferentes. Há criaturas guardando alguns pontos da mansão, mas não sabemos o que são pois não conseguimos vê-las. Acredito que devam se aproximar apenas se pressentirem o perigo. – comentou Ellaria.

— Gostaria de estar mais preparada e saber mais sobre o estabelecimento ou sobre o tal Colecionador, mas não sei o quanto Sun-Hee pode esperar. Precisamos ajuda-la. – disse Oberlin.

Os cinco bruxos caminharam pela floresta em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Passados cerca de cinco minutos, Aurelia saiu do solo com grama e pisou na estrada de terra com firmeza.

— Chegamos.

Jude, Bruce e Astrid olharam para frente e franziram o cenho: Não havia absolutamente nada ali além da vista para o céu matutino. Oberlin elevou ambas as mãos e sussurrou algumas palavras, sendo audível apenas a última:

Somnium.

Rapidamente, algo concreto começara a aparecer a alguns metros da bruxa mais velha: Ali estava a tal mansão de paredes cinzentas, protegida pelos muros que Aurelia e Ellaria haviam mencionado. Astrid estava tão preocupada com o que precisaria fazer que não imaginou que a casa do Colecionador estaria invisível aos outros olhos por causa de algum feitiço de proteção. O homem podia ser inteligente e precavido, mas Aurelia havia desmascarado a ilusão sem muito esforço.

Os outros se aproximaram para contemplar o local mais de perto. Astrid, que estava alguns passos atrás, pediu gentilmente para um falcão que se aproximava que atravessasse o muro para que pudesse despertar a atenção de qualquer criatura que estivesse de guarda, fugindo para fora no mesmo instante.

O falcão piou e passou por cima do muro. Em poucos segundos, o grupo pôde ouvir urros violentos vindos do lado de dentro. O pássaro voltou para perto de Astrid, que lhe agradeceu e pediu que ficasse por perto. Bruce comentou:

— Trasgos de guarda. Geralmente essas criaturas são meio burras, mas se esses foram treinados para garantir a segurança do local, não serão tão estúpidos como os comuns.

— Daremos um jeito neles. – disse Ellaria firmemente - Preparem-se para entrar. White, por favor.

Bruce retirou a varinha das vestes. Jude aprovou o gesto com um aceno de cabeça e lhe lançou um olhar confiante antes de caminhar com passos rápidos até o portão de ferro. Segurou duas barras do portão com ambas as mãos e conseguiu arrancá-lo silenciosamente, pousando-o sobre o solo.

O grupo entrou correndo, mas não teve tempo para se esconder. As seis grandes criaturas – algumas seguravam porretes, todas de expressões estúpida e ombros largos – se aproximaram com violência, pisando com firmeza no gramado, curiosamente desviando das flores e dos arbustos e soltando urros incompreensíveis. Os bruxos nada disseram, apenas se entreolharam e acenaram positivamente com a cabeça antes de partirem para o ataque.

A partir deste momento, várias coisas aconteceram simultaneamente:

Astrid correu para o lado esquerdo, chamando a atenção do trasgo mais próximo. Estava desesperada, afinal, nunca havia estado numa situação como aquela antes. O grandalhão esmurrava o chão perto dela, fazendo-a acelerar o passo. Como o prenderia? As raízes da grama não eram fortes o suficiente para aguentá-lo.

Enfim, a garota teve uma ideia: Abaixou-se e com ambas as mãos tocou o solo, tentando se concentrar ao máximo no ato sem tirar os olhos do trasgo horrendo. Logo, a terra que estava debaixo da grama emergiu e se reuniu com rapidez, formando um pequeno furacão que arrancou muitas das flores e arbustos do jardim particular do Colecionador, mas não tão forte a ponto de destruir a grande mansão. Enquanto ela tentava manter o furacão – com as mãos ainda no chão e gotas de suor escorrendo pelo rosto – a grande criatura começou a ser afastada pelo desastre natural.

Aurelia, ao perceber o que a garota fazia, elevou as mãos e usou o Aer para que o furacão fosse jogado para fora da mansão, juntamente com o trasgo que se encontrava extremamente atordoado.

O segundo trasgo corria na direção de Bruce, que disparava uma série de feitiços contra o mesmo enquanto rumava para o lado direito. Pouco antes de ser atingido em cheio com um feitiço Confundus, a criatura já desnorteada acertara Bruce com um murro, fazendo-o se desequilibrar e cair. Ao bater com a cabeça no chão, a única coisa que o garoto conseguiu captar com sua visão turva foi a silhueta de Jude correndo em sua direção, carregando nas mãos o pesado portão que havia tirado quando entraram.

— Ô, bicho filho da puta! – a garota gritou com os dentes cerrados.

Jogou o grande objeto de ferro na desajeitada criatura, que recebeu o impacto em seu corpo e foi ao chão, desmaiando instantaneamente.

A garota correu em direção à Bruce. Abaixou-se e notou que sua cabeça estava cortada e sangrava. Rasgou um pedaço do suéter vermelho e amarrou-o em volta da testa do rapaz, dizendo com firmeza:

— Você vai ficar bem. Deixe-me só...

— MERLIN!

A garota foi interrompida por Bruce, que a puxara para si em um abraço e rolara para a esquerda, evitando que o porrete de um trasgo que havia se aproximado não acertasse ambos. A garota virara-se para ver o grandalhão, que já preparava seu próximo ataque com o objeto. Os dois jovens engatinhavam para longe, sem tempo para se levantarem.

— Minha cabeça... – a dor de Jude voltou com muito mais intensidade, fazendo seus olhos se encherem de lágrimas – As vozes...

Em poucos segundos, uma rajada de fogo passou por cima de suas cabeças, fazendo os jovens deitarem com a cabeça encostada no gramado. Jude virou o rosto e pôde ver Ellaria soprando a substância ardente em direção à criatura a plenos pulmões. O Trasgo, entrando em uma espécie de crise de pânico, começou a urrar desesperadamente e correr para fora da mansão, passando rapidamente pela saída entrando na floresta até sumir de vista.

Após enfrentar seu primeiro trasgo, Astrid sentia-se um pouco mais confiante. Mal teve tempo de descansar, pois mais um deles se aproximou com seus passos violentos e desajeitados. Astrid assobiou alto antes de dizer:

— Octavian, uma ajudinha aqui!

Eis que o tal Octavian apareceu para ajudar. O falcão que a havia ajudado minutos atrás voou rapidamente para perto de Astrid, que sussurrou algo gentilmente em seu ouvido. Tirando a varinha das vestes e apontando-a para o trasgo, a jovem feiticeira disse em alto e bom som:

Expelliarmus! — seu porrete voou para longe, desarmando-o.

Ao ver o aceno afirmativo de Trid, Octavian voou em direção ao trasgo e arranhou lhe o rosto com suas garras afiadas. O grandalhão tentava espantá-lo com as mãos sem sucesso. Aparentemente vencido, ele correu para fora da mansão com o feroz falcão em seu encalço. Segundos depois, Octavian voltou e pousou com elegância no ombro da moça:

— Ele se foi.

— Eu nunca terei como te agradecer propriamente. – disse Astrid.

Está tudo bem, jovem humana. Eu estou sempre por aqui. Se precisar, sabe que pode me encontrar. — o falcão abriu as asas e voou livremente para o céu azul.

Nesse meio tempo, Aurelia enfrentava os dois trasgos restantes. Movendo-se graciosamente, abriu um portal e entrou nele, saindo do mesmo exatamente atrás das costas largas do penúltimo trasgo. Pegando-o de surpresa, lançou uma série de feitiços Estupefaça seguidos, até que o maior trasgo do bando caísse no chão com um baque, desmaiado de fato.

No meio do ataque, não notara a aproximação do segundo trasgo, que a acertara no estômago com a mão esquerda, fazendo-a cair longe. Ela se levantou, levemente desnorteada, e passou a mão pelos lábios ao sentir o gosto de sangue na boca. Limpou a sujeira das vestes e cerrou os dentes ao dizer:

— Que deselegância.

Com um aceno de varinha e usando suas últimas forças, conjurou alguns lampejos dourados para chamar a atenção do trasgo, que veio correndo e urrando em sua direção. Ao estender o braço direito para tocar o lampejo, o tal revelou ser um de seus portais comprimidos. O círculo se abriu e ficou maior, puxando o trasgo para dentro dele e fazendo-o sumir na escuridão.

Com todos os trasgos vencidos, todos se juntaram no meio do jardim, exceto por Aurelia, que se encontrava de joelhos no solo com ambas as mãos cobrindo a boca. Ela teve uma crise de tosse, abaixando a cabeça.

— Aurelia? Tudo bem? – Trid perguntou, começando a andar na direção da velha bruxa.

— Eu estou ótima, não se preocupe comigo. – ela disse, levantando-se o mais elegantemente possível – Para uma velha, eu ainda me viro muito bem.

Caminhou até eles firmemente e disse com uma expressão séria:

— Vamos em frente.

Eles caminharam até a porta da mansão, todos com uma aparência extremamente cansada. Aurelia, que andava um pouco atrás do grupo, tirou um lenço do bolso das vestes e tossiu discretamente. Ao tirar o lenço do bolso, notou que havia tossido sangue, assim como havia feito quando enfrentou o último trasgo. Contudo, a bruxa mais velha nada disse. Nunca fraquejou e não iria fraquejar agora. Olhou para Astrid com orgulho e uma pontada de medo, pois sempre que pensava na garota de cabelos loiros e em quanto ela evoluía a cada dia, lembrava-se que seus dias como Potens Summi estavam contados.

 Após todos passarem pela porta negra da mansão cinzenta, puderam observar que o saguão de entrada era bem grande, porém simples. Haviam algumas pinturas antigas, espelhos espalhados pelas paredes, e algumas estantes com artefatos que eram em sua maioria desconhecidos. Duas escadas se encontravam no canto esquerdo e direito, e no meio havia uma grande porta com uma estátua de cada lado, ambas de dragões.

Ellaria franziu o cenho enquanto colocava um dos dreads atrás da orelha:

— Está tudo muito fácil.

— Fácil? – perguntou Jude, incrédula – Acabamos de enfrentar trasgos enormes!

— Mas estamos vivos, não estamos? – disse Ellaria, cruzando os braços – Estamos ótimos.

— Ótimos. – repetiu Bruce para si mesmo, enquanto passava a mão pelo tecido amarrado em sua testa.

— Claramente é uma armadilha. – concordou Aurelia.

— E vamos cair, mesmo sabendo que é uma armadilha? – perguntou Trid.

— E temos outra escolha? Precisamos salvar Sun-Hee. Não sabemos o quão frágil sua saúde está. - disse Oberlin.

— Exato. E então, para onde vamos? – perguntou Bruce.

— Acho que podemos descobrir. – Jude disse, apontando para seu pescoço, onde o pingente que Sun-Hee havia lhe dado começara a brilhar fracamente.

Caminhou sozinha para a escada da esquerda: Nada demais. Decidiu rumar para a escada da direita. No meio do trajeto, o colar começou a brilhar intensamente no momento exato em que Jude se encontrava na porta do meio.

— É por aqui.

— Mais óbvio impossível. – debochou Aurelia – Uma armadilha que até o mais estúpido deveria evitar.

A mais velha tomou a frente do grupo e eles a seguiram até a porta. Ao abrirem a mesma sem dificuldade, puderam contemplar um grande salão de jantar. Havia uma longa mesa de madeira que se encontrava vazia. No fundo do salão, haviam duas poltronas vermelho-sangue e uma pequena mesa no meio, com um bule, uma porção de xícaras e um pequeno pote de cubos de açúcar. Na primeira estava sentada uma mulher oriental magricela de aparência idosa e frágil, com as mãos trêmulas pousadas sobre o colo.

Na segunda, estava sentado um homem de porte alto e forte, de cabelos castanho escuros cacheados e bem cortados, trajando um terno e camisa negros, com uma calça cinza e sapatos também negros. Ele virou o rosto para ver o grupo: Seu rosto era fino e seus olhos cinzentos, e havia algo de sarcástico e bizarro em sua expressão facial. Após analisar todos de cima a baixo, disse com simplicidade:

— Vocês estão horríveis, me desculpem a indelicadeza. – e abriu um pequeno sorriso – Bem vindos, meus convidados. Gostariam de dar alguns passos a frente? Estávamos prestes a beber um delicioso chá. – tirou a varinha do bolso com a mão esquerda e disse – Accio poltronas!

Os cinco se entreolharam silenciosamente. Jude, que massageava as têmporas, pigarreou antes de dizer:

— Só pode estar de brincadeira.

— Se há alguma brincadeira aqui, eu desconheço, bela senhora.

— Você sequestrou a minha avó! – gritou Bruce.

— Essa afirmação está incorreta, caro Bruce. Sun-Hee me falou muito de você... Um jovem tão adorável. – disse o homem – E então, podemos conversar direito? Aproximem-se, eu não vou morder.

Aurelia acenou afirmativamente com a cabeça, como quem concorda e incita os outros a segui-la. Bruce foi o primeiro a ir correndo até a avó. Envolveu-a em um abraço, suspirando de alívio. A mulher chorava silenciosamente, abrindo um pequeno sorriso:

— Meu Bruce...

O rapaz se sentou na poltrona ao lado da velha senhora, entrelaçando sua mão na sua. Os outros também se sentaram extremamente desconfiados. Jude lançou um olhar significativo para Sun-Hee, que pareceu compreender. As duas se encararam por longos momentos.

— Finalmente, as Potens Summi todas reunidas. Estava muitíssimo animado para conhecer vocês. Fizeram um estrago e tanto no meu jardim, mas são águas passadas. Tudo perdoado. – ele disse como quem conversa com um amigo, enquanto colocava chá nas xícaras. Ninguém se atreveu a pegar uma das xícaras.

— Também estávamos interessadas em conhece-lo, Colecionador, visto que tem um interesse especial em Potens Summi. Estou correta? – disse Aurelia, com seu melhor tom sarcástico.

— Pode me chamar de Klaus. É meu apelido para amigos. – disse ele, sorrindo afetadamente - De fato. Venho estudando sobre essa espécie de bruxas há mais de dez anos, é algo que me interessa muito. Minhas anotações tem ficado cada vez melhores, ainda mais depois que Sun-Hee veio morar por aqui.

— Veio por espontânea vontade, é? – perguntou Ellaria.

— Diga a eles, querida. – pediu Klaus – Diga.

Estavam todos esperando por qualquer ação do Colecionador para poderem atacar. A tensão preenchia aquela parte do salão de jantar. Os sete tão perto um do outro... Qualquer movimento suspeito poderia acarretar um grande desastre.

Sun-Hee parou de encarar Jude por um instante. Apenas olhou para Klaus com uma expressão distante e peculiarmente sábia, dizendo com sua voz rouca:

A figura paterna irá padecer e, no fim de tudo, apenas um lado poderá vencer. — e voltou a encarar Jude.

Ellaria e Aurelia se entreolharam com o cenho franzido: Como Sun-Hee podia ter conhecimento da profecia? Havia muito para se pensar.

Por um instante, Klaus fitou Astrid e ela finalmente pode se concentrar nos olhos do homem: Eram cinzentos e frios, um tanto enevoados, de um jeito que ela não conseguia explicar. Havia algum tipo de distúrbio neles; uma loucura interna gigantesca que só o próprio homem poderia entender. E, explorando mais a fundo, tudo o que conseguiu ver foi escuridão. Ouviu-a lhe chamar pelo com uma voz suave e doce em sua mente. Um calafrio percorreu sua espinha.

O Colecionador também se sentiu levemente incomodado. Desviou o olhar rapidamente e deslizou os finos dedos por sua varinha, dizendo:

— Essa não foi uma boa resposta. Olhe, sei que seus dias foram difíceis aqui. Viu e ouviu muitas coisas que não deveria e, além do mais, compreendo que não sou uma pessoa fácil de lidar. Mas tudo isso vai acabar, eu posso garantir.

— Vai libertá-la? – perguntou Bruce.

— Mas é claro, ela já me ajudou a conseguir o que queria: A atenção de vocês. Eu tinha palpites, mas precisava saber quem realmente eram. Seus rostinhos... – ele disse com os olhos brilhando – Não sei como me portar, me desculpem. Aposto que é de seu conhecimento que são algumas das pessoas mais poderosas no mundo bruxo. Já a velha Sun-Hee... Serviu seu propósito como Potens Summi nos anos passados, e como ajudante na minha residência.

— Ouviu, vó? Você está livre! – disse Bruce animado.

A velha Sun-Hee encarou o neto com seus olhos tristes e abriu um pequeno sorriso:

— Estou livre, de fato. Bruce, meu pequeno, estou tão orgulhosa do homem que você se tornou! Nunca se esqueça de suas origens e de seus valores. Viva para o bem. Na linha tênue que existe entre luz e escuridão, é muito fácil escorregar para o lado ruim... Mas você é um anjo. Agora eu sei disso. – e beijou-lhe a testa com ternura, fazendo Bruce sentir um arrepio percorrer seu corpo – Eu amo você.

O rapaz sorriu com uma expressão confusa:

— Eu também te amo, vó. Mas por que fala assim? Estamos indo para casa.

— Eu estou indo, Bruce. Você não. Você fica para ajudar os amigos.

Por fim, Sun-Hee voltou a olhar para O Colecionador e disse com uma expressão enigmática:

— Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão. Aeternum vale.

— Enfim livre. – suspirou o homem, como quem entendeu o que a senhora quis dizer -  Não volte nos meus pesadelos, não quero saber tão cedo o que tem no outro lado.

Sem aviso prévio e rápido o bastante para que ninguém pudesse intervir, Klaus apontou a varinha em direção à Sun-Hee e disse:

— Avada Kedavra!


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