Potens Summi escrita por Samantha


Capítulo 30
Feche a boca.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Feche a boca.

 

 Sapphire havia se mudado para o dormitório das meninas há alguns dias, McGonagall a autorizara. Na cama recém colocada no quarto, a garota se lembrava do que havia acontecido na sala de Umbridge. Recordava-se da pontada de dor que preenchera sua mão quando ela começara a escrever, de como sentira que algo estava sendo sugado dali. E, quando a cor vermelha começou a preencher o pergaminho, ela entendeu que a pena que a professora lhe dera utilizava seu sangue como tinta.

Em sua visão, a frase que Umbridge lhe mandara escrever possuía mais de um significado. Fechar a boca para os alimentos, é claro, seria o mais óbvio a se pensar. Mas Sapphire apostava que a professora queria que ela se calasse não apenas perante a isso. A jovem entendera que Dolores queria mesmo é que ela se calasse em meio às injustiças e insultos cruéis que eram feitos à ela, pois haviam assuntos mais importantes a tratar. Que se fechasse e não compartilhasse sua dor, pois não interessava à ninguém. Que continuasse invisível e calada, mais silenciosa que as armaduras do castelo de Hogwarts.

Deslizava os dedos gorduchos da mão esquerda pela mão ferida quando Isabelle, Rachel e Guadalupe entraram no quarto. Belle começou a tagarelar rapidamente sobre algo que havia acontecido em sua detenção, mas Sapphire não conseguia prestar atenção.

— Vamos deixar isso para a reunião de amanhã, Belle. – disse Lupe.

— É, estou sem cabeça para isso. – bufou Rachel.

— Alguma coisa aconteceu? – perguntou Isabelle – Parece irritada.

Janice Dermott aconteceu. Aquela menina asquerosa... Se acha a incrível só porque é monitora. E quinta à tarde, quando fui até a biblioteca para ensinar Peter, adivinha onde ela estava? – antes que as garotas responderem, Rach completou com os dentes cerrados – Sentada ao lado dele, alegando ter dúvidas de Astronomia, passando a mão nos cabelos dele, rindo alto, toda vagabunda...

— Isso tudo é ciúme? – Isabelle gargalhou.

— Não, nós não somos namorados. – Rachel se recompôs, fingindo indiferença – O problema é que ela nem ao menos faz aula de Astronomia! E tem mais: Roubou quinze minutos da minha aula com aquelas dúvidas estúpidas.

— Rach... – disse Lupe.

— Ela não estava nem ao menos anotando! – resmungou Rachel – Aquela nojentinha... Se ela começar com graça, vai se ver comigo.

— Se você conversasse logo com ele e resolvesse esse rolo, nenhuma garota ia chegar perto. – Lupe comentou.

Após alguns segundos de silêncio, Rach perguntou:

— Está tão na cara assim que eu gosto dele? – as duas garotas assentiram com a cabeça, rindo – Que merda.

Notando que Sapphire estava silenciosa demais, Rachel, foi a primeira a se aproximar da garota cautelosamente, voltando sua atenção para a mão que a jovem tanto esfregava.

— Que droga é essa? – Rach ficou de joelhos, segurando sua mão – Umbridge...?

Sapphire moveu a cabeça afirmativamente sem dizer mais nada. As outras duas também se aproximaram para ver do que se tratava.

— Essa sapa do inferno passou dos limites! – bradou Lupe – Conte a algum professor, Sapphire.

Ela moveu a cabeça em sinal de negação:

— Eles já tem preocupações demais. Não é nada importante...

— É claro que isso é importante, Walsh. A mulher praticamente fez uma sessão de tortura contigo! – Isabelle começou a andar de um lado para o outro – Isso não vai ficar assim.

— O que querem dizer com isso? – perguntou Sapphire.

— Que vamos revidar. – disse Lupe.

Sapphire riu sarcasticamente:

— E o que vão fazer? Ir até ela e dizer que deve pedir desculpas pelo que fez? Ela vai rir, vai achar que foi bem feito. Além do mais, talvez ela tenha razão. Talvez eu deva ficar calada.

Rachel segurou a outra mão de Sapphire e disse firmemente:

— Olhe para mim. – a jovem obedeceu, hesitante – Não deve ficar calada. Nunca. Você tem a nós, nos importamos com você e com o que tem a dizer. Estamos juntas nessa, sempre ajudaremos umas as outras. Eu sempre estarei ao seu lado, Sapphire, e sei que as outras garotas também. Porque é isso que os amigos fazem.

— Se precisarmos tomar mais uma detenção para ensinar uma lição àquela nojenta, faremos com gosto. – disse Lupe com convicção – Porque te amamos.

Isabelle, Guadalupe e Rachel juntaram-se para abraçar a moça com força e, naquele momento, Sapphire compreendeu que nunca estaria sozinha e que protegeria aquelas garotas com a sua vida, sem se importar com o que pudesse acontecer.

~x~

— Eu não acredito... A senhora podia ter detido Voldemort! – bradou Astrid, incrédula.

— Eu nem sabia para que ele queria construir aquelas Horcrux, garota. – disse Aurelia rispidamente – E se eu abrisse o bico, ele me deduraria para o Ministério.

— E por que ele perguntou tanto sobre as tais Horcruxes? – perguntou Trid. – Ele as criou, afinal?

— Isso é assunto sigiloso. Apenas poucos podem saber. – resmungou Aurelia.

— Harry precisa saber disso. – disse a garota firmemente.

— Não! Feche a boca, Black. Ordens de Dumbledore. – disse Aurelia ameaçadoramente – Harry é muito jovem para lidar com tudo isso e, se Tom criou horcruxes ou não, ele é quem terá que descobrir. Não temos nada a ver com isso.

— Mas...

— Se eu souber que disse um pio para ele, obliviarei os dois. Não estou brincando, Black. – disse Aurelia, cerrando os dentes. – Prometa!

— Certo, fique calma. – a jovem levantou ambas as mãos em sinal de rendição – Não contarei a ele. Prometo.

Dando a discussão por encerrada, as duas bruxas foram até a cozinha e tomaram chá com os outros. Ninguém conseguiu voltar a dormir, então ficaram por ali até um pouco antes da primeira aula começar. Antes que os três jovens entrassem no portal, Aurelia prometeu a eles que tentaria conseguir alguma informação sobre o paradeiro de Sun-Hee.

Quando voltaram para Hogwarts, Aurelia e Ellaria esperaram que os jovens saíssem do escritório de Dumbledore para que elas pudessem informar a ele sobre Riddle e a profecia.

Os estudantes tiveram suas aulas normalmente e à noite se reuniram na Sala Precisa, desta vez com a presença de Bruce. Astrid revelou-lhes tudo o que fora discutido, até mesmo seus sonhos com Riddle (só não mencionou o que vira nas memórias de Aurelia, era muito pessoal para que ela compartilhasse com os outros o que a velha Potens Summi confiara apenas a ela).  Peter e Rachel disseram que iam trabalhar arduamente para tentar entender a profecia, e os outros concordaram em informa-los sobre qualquer bom palpite que tivessem.

Trid esperou que todos saíssem para que pudesse ter uma conversa com Harry. Pediu que ele se sentasse em um dos pufes disponíveis. O moreno, franzindo o cenho, disse:

— Seu olhar me preocupa. O que houve?

— Nos meus sonhos, Tom disse que conseguiu invadir minha mente por sua causa. – disse Astrid – Não estou te acusando, não me entenda mal... Mas você sabe o que isso quer dizer?

Harry mexeu a cabeça negativamente mas, um pouco hesitante, revelou a ela que também tivera sonhos com Voldemort ultimamente. Contou-lhe que, enquanto dormia, também visitou a Sala de Profecias e que vira o Senhor Weasley lá. Em poucos segundos, vira o homem sendo atacado por um animal peçonhento.  Contudo, disse que no sonho, ele não era apenas um mero espectador: Harry era a cobra que atacara Arthur Weasley.

Contou que conversara com Dumbledore sobre isso e que o diretor fora averiguar a situação. No fim de tudo, Weasley havia sido atacado de fato. Comentou também que Dumbledore estava tratando-o com certa frieza e indiferença.

— Eu não sei o que está havendo comigo Astrid. Eu sinto tanta raiva às vezes... – o rapaz disse com os olhos marejados de lágrimas – E se eu não for tão bom como as pessoas dizem? E se, depois desse, outros ataques vierem?

— Não seja bobo, Harry. – disse Astrid, segurando a mão do rapaz delicadamente – A cobra atacou o senhor Weasley, não você.

— O problema é que, quando eu era a cobra, eu me senti bem fazendo aquilo, sabe? – disse ele sombriamente – Ferindo alguém.

— Esse não é você, Harry. É só Voldemort querendo mexer com a sua cabeça, assim como fez com a minha. Não sei quando ele vai parar... Mas devemos nos manter fortes. Você tem o maior coração que já vi e sei que não vai ceder àquele doente. E não se esqueça: Temos um ao outro.

— Talvez seja melhor que nos afastemos um pouco. Se Voldemort conseguiu entrar na sua cabeça através de mim...

— Feche a boca, Potter. Isso não vai acontecer. Ficaremos juntos, pois assim somos fortes. Eu não o deixarei sozinho. – disse a garota - Sempre que se sentir mal, ou tentado a fazer algo, não hesite em me chamar. Passaremos por tudo isso juntos.

Repentinamente Harry a abraçou, chorando silenciosamente. Encaixou o pescoço em seu ombro, sussurrando:

— Obrigado por ser minha amiga.

Ela sorriu e respondeu com os olhos marejados de lágrimas:

— Estaremos sempre juntos.

A garota também desatou a chorar, é claro. Estava tudo uma bagunça e seus problemas voavam em seu redor, assombrando-a todas as noites. Mas, independentemente de qualquer coisa, nunca deixaria Potter para trás. Eles ficariam juntos até o fim e ela seria para Harry o que Sirius foi um dia para James. Os dois sabiam que carregavam peso demais em suas costas e que não podiam se curvar nunca, pelo bem das pessoas que amavam.

No fim das contas, Harry Potter e Astrid Black mereciam paz.

~x~

A semana passou rapidamente. Na quarta-feira, as meninas contaram para Trid e Jude o que Umbridge fizera com Sapphire. Astrid, inconformada, prometeu à amiga que faria a professora pagar pelas coisas horríveis que disse e fez. Disse também que logo revelaria o que estava pensando em fazer com a Cara-de-sapo.

No sábado, o passeio para Hogsmeade finalmente chegou. O dia amanhecera nublado e o céu cinzento exibia algumas nuvens carregadas, mas nem mesmo a chuva impediria os jovens de desfrutar um bom passeio.

Rachel havia aceitado sair com Peter. Os dois foram ao Três Vassouras e se sentaram em uma mesa mais reservada ao fundo do pub. Não foi bem um encontro, afinal, ambos eram tímidos e não sabiam por onde começar. Após pedirem duas cervejas amanteigadas, ambos começaram a discutir sobre a profecia, um assunto que merecia atenção e que não deixaria ambos envergonhados.

— Os quatro elementos são as quatro Potens Summi, isso já está claro. – disse Peter, colocando sobre a mesa um pedaço de pergaminho, onde ele havia anotado os dizeres proféticos.

— Mas e Sun-Hee? – questionou Rachel.

— Não sei, talvez ela não faça parte dessa profecia. – Peter respondeu – Não sabemos nem ao menos seu paradeiro.

— Os quatro elementos se uniram, então a tal guerra está próxima. Provavelmente o tal Colecionador deve estar bolando algo. – disse Rach.

—  Das quatro grandes guerreiras, uma irá cair. – recitou Rachel, sentindo um calafrio percorrer sua espinha – Sabemos o que significa e não é nada bom. É possível mudar profecias?

— É uma boa pergunta. Acredito que não. – disse Peter com uma expressão reflexiva – Espero que eu esteja errado.

Das outras quatro aliadas fieis, uma irá sucumbir às trevas.— leu Peter – Talvez esteja se referindo as Potens, talvez não. Mas acredito que elas sejam as guerreiras, e as tais aliadas são outras pessoas.

Rachel disse prontamente:

— Talvez... Nós? As garotas, digo. Porque está no feminino.

— Rachel, Sapphire, Isabelle, Guadalupe... – disse Peter, contando nos dedos – Talvez seja mesmo feminino, ou não faça diferença. Se for no masculino: Peter, Harry, Bruce e...?

— Fred, quem sabe. – disse Rach sombriamente – Acho que a versão feminina faz mais sentido, mas não sei. O que será que “sucumbir às trevas” quer dizer?

— Não sei, mas não é bom. – Peter voltou a ler - Das grandes amizades, algumas perdas.

— Não vou abandonar o barco, é claro, mas as coisas estão começando a ficar perigosas demais. – disse Rachel, após beber um gole de sua cerveja – E isso é tão vago... Vamos perder alguém, mas não saberemos quem até que chegue a hora.

— Eu odeio quando as coisas saem do controle. – resmungou Peter – Não gosto de me sentir impotente, inútil.

— Você não é inútil, Pete. Pare de bobagem. – disse Rach, bagunçando os cabelos negros do rapaz com a mão direita – Olhe para tudo que estamos fazendo! Estamos trabalhando duro nisso.

Ambos tocaram o pergaminho no mesmo instante, lendo juntos:

O filho do Cruel terá uma escolha a fazer: Ajudará a lutar ou às trevas também irá ceder?

— Quem é Cruel? – perguntou Peter.

— Talvez Voldemort... – disse Rachel, logo após mudando de ideia – Ou O Colecionador!

— O Colecionador tem um filho? Coitada da criança. – resmungou Peter.

— Se ao menos soubéssemos quem é, poderíamos persuadi-lo a nos ajudar. – disse Rach.

A figura paterna irá padecer e, no fim de tudo, apenas um lado poderá vencer. – recitou a garota – Talvez esse seja o final feliz. Se a penúltima linha se refere ao filho do Cruel, talvez a última seja sobre o fim do próprio.

— Mas quem garante que o filho do Cruel não continue os serviços do pai? – perguntou Pete – Não sabemos se ele irá cooperar.

— São muitas hipóteses... – Rach massageou as têmporas, sentindo uma leve dor de cabeça – Eu vou ao banheiro.

— Está tudo bem? – perguntou Peter, levemente preocupado.

— Sim, não se preocupe. Já volto. – Rachel levantou-se e rumou até o banheiro.

Em meio as conversas alheias, Peter Black começou a pensar que aquilo não parecia nada com um encontro: Quem ficaria discutindo problemas e profecias malucas em uma ocasião como essa? Pete e Rach não eram nada convencionais, o que era extremamente perceptível ao concluir que eles se sentiam muito mais confortáveis estudando latim juntos do que lidando com seus sentimentos.

— Oi, Peter. – o rapaz foi tirado de seus devaneios quando reconheceu a voz de Janice Dermott, do sétimo ano.

Janice era uma garota muito bonita. Tinha pele negra, cabelos cacheados da mesma cor que caíam até a cintura e um corpo magro e curvilíneo. Seus olhos eram castanhos e seu sorriso era muito bonito.

— É. – ele assentiu afirmativamente, franzindo o cenho – Posso ajudar?

— Que bom que perguntou! Na verdade, pode sim. – Janice lançou lhe uma piscadela, fazendo-o corar – Lembra de mim? Fazemos aulas juntos e você ajudou com minhas dúvidas de Astronomia.

— Janice, certo?

— Pra você é Jan. Então... Não tenho motivos para enrolar. – ela se sentou no lugar de Rachel e lançou lhe um sorriso – Eu te acho muito fofo e te vi aqui sozinho... Queria saber se não posso ficar por aqui.

— Ah, me desculpe. Eu já tenho companhia. – disse Peter, com um sorriso educado – Mas agradeço.

— Que pena... – disse Jan, forçando uma cara triste – Se me permite perguntar, quem é a sortuda e por que ela não está desfrutando de sua companhia agora?

— Rachel Darling, da Sonserina. Ela foi ao banheiro, mas já volta.

— A garota que vive doente? – perguntou Janice – Pobrezinha... Dizem por aí que ela deve ter algo muito grave, está sempre na enfermaria.– e ela se aproximou do rosto do rapaz – Se eu fosse você, ficaria longe dela.

— Com todo o respeito, por que eu deveria ouvir o seu conselho? – perguntou Peter, cauteloso com a distância entre os dois.

— Porque eu sou uma pessoa que te quer bem, Pete. Conheço Darling desde que entrou. É uma sabe-tudo, quer sempre tirar vantagem das coisas... E imagina se essa doença dela for contagiosa? Que horror, seria terrível se você a pegasse. – ela aproximou-se um pouco mais – Por que não saímos daqui? Podemos encontrá-la em Hogwarts depois e damos alguma desculpa, tenho certeza de que ela não vai se importar. Acredite em mim, ela preferiria passar o sábado com a cara nos livros do que aqui com você.

Após alguns segundos de silêncio, Peter respirou fundo antes de dizer:

— Para a sua informação, Rachel não tem doença contagiosa nenhuma. E se tivesse, isso não lhe diz respeito. Você disse tantas coisas ruins sobre ela que acredito que não estamos falando da mesma pessoa. A Rachel Darling que eu conheço é bondosa, inteligente e humilde. – ele abriu um sorriso empolgado - Por Merlin, quem eu quero enganar? Ela é incrível! Rach é daquelas pessoas que todos querem ter por perto. Não sei o que vocês têm uma contra a outra, mas tenho certeza que ela não deve ter feito nada de mal. Se você quer prejudica-la vai ter que tentar de novo, porque eu não vou colaborar com isso.

— Ah, isso foi rude. – ela disse, abrindo um sorriso sarcástico – Mas você vai mudar de ideia logo.

Janice se aproximou ainda mais para beijá-lo. Antes que Peter pudesse se afastar, alguém tocou a testa de Jan com o dedo indicador, afastando-a para trás.

— Você ficou maluca, garota? – Jan afastou o dedo de Rach com um tapa, com uma expressão raivosa no rosto – Eu não te dei permissão para tocar em mim, sua doente. E você não viu? O seu namoradinho ia me beijar. O encontro dele estava tão entediante que ele precisava de algo para se distrair.

— Rachel, eu não... – Peter tentou explicar desesperadamente.

— Eu escutei tudo o que ele disse, Dermott. – interrompeu Rachel, com os dentes cerrados – Não tente nos colocar um contra o outro. E por favor, pare de testar nossa paciência.

— Por que não vai embora? Já passou vergonha demais por aqui. – disse Peter firmemente.

— Tudo bem, Peter. Não vai ficar comigo, eu entendo. – e depois, voltou-se para Rachel – Mas acha que ele vai ficar com você? – Janice gargalhou sarcasticamente – Dá um tempo. Olhe só para você, magricela.  Horrenda.

— Será que dá pra parar de me importunar? Nós tivemos nossos problemas, mas isso já passou. Se você é infantil demais para seguir em frente, eu sinto muito. Acho que passar o resto de seu ano nesse castelo tentando tirar as coisas boas da minha vida é um jeito muito deprimente de viver, mas você quem sabe. Pode tentar, mas não vai conseguir.

— Por que você não vai tomar no meio do seu...

— Cansei. Fecha a boca. – Rachel disse casualmente e, segundos depois, acertou um belo soco no lado direito do rosto de Janice, fazendo-a se desequilibrar e cair da cadeira.

— Caramba. Isso foi muito maneiro. – disse Peter, impressionado.

— Quando eu disse cansei, é porque cansei mesmo. E você vem aqui.

Antes que Peter pudesse dizer algo, Rach aproximou-se rapidamente e passou os braços em volta de seu pescoço, tascando lhe um beijo.

~X~

Astrid estava se divertindo muito com Fred. A primeira parada dos dois foi na Dedos de Mel: compraram pacotes e pacotes de doces. Depois, visitaram a famosa loja de travessuras Zonko’s e Fred, como bom conhecedor da loja, orgulhosamente mostrou todas as boas mercadorias (as favoritas de Astrid foram o Pó de Arroto e os Chumbinhos Fedorentos).

Enquanto caminhavam por um dos corredores, Trid contou a Fred sobre a detenção de Sapphire. O garoto ficara irritado e ambos passaram bons minutos xingando a sapa velha, enquanto se divertiam com alguns logros da loja.

— Digamos que eu queira dar uma lição em Umbridge... O que acha que eu deveria fazer?

— Quer pregar uma peça nela? – Fred ergueu uma das sobrancelhas, impressionado.

— Quero que ela suma de Hogwarts, mas como isso provavelmente não será possível, um pouquinho de vingança seria bom. – disse Astrid.

— Nisso eu posso ajudar. – Weasley abriu um sorriso empolgado - Tenho o plano perfeito.

E contou-lhe tudo o que estava pensando. A garota achou a ideia incrível, e adicionou algumas coisas ao plano enquanto eles compravam o que seria necessário para dar uma lição em Dolores Umbridge.

Em meio a toda empolgação, Fred beijou-a de surpresa. Após o ato, ambos ficaram em silêncio por alguns segundos, antes de Astrid puxá-lo pelo casaco e beijá-lo fervorosamente. O rapaz enlaçou sua cintura, e ela passou os braços em volta de seu pescoço. Os dois paravam um pouco para respirar, vez ou outra, e riam. Quando uma pessoa passou por eles resmungando, ambos se desequilibraram e derrubaram uma estante inteira da loja, tomando uma bela bronca de um dos funcionários.

Após saírem da loja cheios de sacolas nas mãos e gargalhando por conta do ocorrido, Trid teve que se segurar em Fred para não cair quando um garoto baixinho esbarrou nela.

Thomas parou para pedir desculpas. Quando olhou para cima e encarou Astrid, a garota notou que sua expressão parecia um tanto assustada.

— Tommy, o que faz aqui? – perguntou Astrid, confusa – Você ainda não tem autorização para visitar Hogsmeade.

— Eu... Eu preciso ir. – e o garoto saiu em disparada.

— Que diabos acabou de acontecer? – perguntou Fred, franzindo o cenho.

— Não sei, mas não parece coisa boa. – e começou a andar na direção contrária.

Fred seguiu-a com passos apressados, perguntando:

— Vamos atrás dele?

— Sim, senhor! Viu a cara dele? Pode estar em apuros.

Os dois seguiram Tommy discretamente por alguns minutos até ele entrar no Cabeça de Javali e fechar a porta com cuidado. Trid e Fred correram até uma das janelas sujas para observarem melhor: O garotinho andou até uma das mesas e sentou-se à frente de um homem que estava sentado com mais dois. Quando a garota voltou sua atenção para ele, sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

O homem aparentava ter bons trinta anos: Era alto, gordo e forte, não tinha cabelo. Não se podia ver muito de seu rosto por conta da distância e do vidro sujo das janelas.

Ele conversava com o pequeno Tommy, que parecia extremamente desconfortável sentado ali. O misterioso homem tirou do bolso dois pequenos embrulhos e deu aos outros que estavam sentados com ele, e estes lhe pagaram com algumas moedas.

— E aí, entramos? – perguntou Fred.

— Acho melhor não. Só sei que esse homem me traz um mau pressentimento e... – antes que Astrid pudesse completar a frase, o estranho virou a cabeça em direção ao vidro de onde ela e Fred espiavam.

Por um pequeno instante, Trid pôde vê-lo dar um sorriso de escárnio. Ele pediu licença para Tommy e caminhou em direção à saída. Mesmo sentindo as pernas bambas, Astrid puxou Fred e ambos desataram a correr para longe dali.

Os dois avançavam com passos desajeitados. A garota olhou para trás e viu que o homem também acelerou o passo, buscando alcança-los.

— Quem é esse homem? Por que estamos fugindo? – perguntou Fred, confuso.

— Apenas continue correndo!

Olhando para trás novamente, notou que o homem estava prestes a sacar a varinha. Em um movimento rápido da mão esquerda em direção à uma árvore próxima, fez com que uma das raízes da planta se esticasse até os pés do homem, fazendo-o tropeçar.

Após correrem por mais alguns minutos, Astrid jogou as sacolas atrás de um muro de pedra e pulou-o, Fred fez o mesmo. Ambos se abaixaram e se sentaram, apoiando as costas nos tijolos equilibrados.

— Agora pode me explicar?

— Eu não sei... Só senti algo muito ruim em relação àquele homem, como se ele fosse uma ameaça...  Quando o vi, um calafrio horrível passou por mim.

— Ele parecia estar fazendo negócios e não queria ninguém xeretando. – disse Fred, ofegante.

— Acho que o despistamos. – comentou Astrid, ficando de joelhos e esticando o pescoço para ver por cima do muro – Tommy está vindo!

Fred esticou o pescoço para ver melhor também. O pequeno Tommy caminhava com passos largos em direção à Dedos de Mel, olhando para os lados como quem não quer ser seguido e entrando no estabelecimento silenciosamente.

— Ele está indo embora. – concluiu Fred.

— Como assim? Ele acabou de entrar na loja. – disse Astrid.

— Ele é mais novo, não tem autorização para estar aqui. E tem uma passagem secreta para Hogwarts no armazém da Dedos de Mel.

— Espertinho. – resmungou a garota – Eu quero respostas. Preciso saber quem é esse homem.

Os dois se levantaram, tiraram a sujeira dos jeans, pegaram suas sacolas e pularam o muro novamente. Fred segurou a mão de Astrid e começou a guia-la para a saída do vilarejo.

— Vamos, loira. Eu sei exatamente onde essa passagem vai dar, se nos apressarmos podemos pegar o moleque de surpresa.

 

 


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