Potens Summi escrita por Samantha


Capítulo 25
Gratias


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por comentar, Miss Riddle!
Boa leitura e não se esqueçam de ler as notas finais o/



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A segunda feira havia sido terrível: Umbridge passara uma tonelada de deveres para os alunos do quinto ano, que mal podiam protestar. Hermione contou a Astrid o que a cara de sapo havia feito com a mão de Harry na detenção e ela ficou horrorizada: Algum dia iria ensinar uma boa lição àquela velha nojenta.

De noite, Trid e os amigos se encontraram na biblioteca para mais uma reunião. Desta vez, Rachel estava presente e saudável o bastante. A garota Black deixou-lhes a par de tudo que havia acontecido no dia anterior quando se reuniu com Aurelia e, inesperadamente, com Ellaria.

— Se for um padrão e não uma coincidência, provavelmente essa tal garota sumida deve ter habilidades relacionadas à água. – disse Rachel, cruzando os braços.

Peter concordou com a cabeça:

— E como vão as buscas? Alguma coisa?

— Nada ainda... Aurelia disse que me avisaria se soubesse de algo. – comentou Astrid.

— O importante é manter tudo isso em segredo... Esse tal Colecionador não deve ser gente boa. – resmungou Sapphire.

Belle, que parecia um tanto distraída e aérea, disse:

— Cara, isso é muito maneiro... É tipo uma organização secreta em defesa das Potens Summi. Devíamos ter um nome legal.

Lupe concordou animadamente. Rachel revirou os olhos:

— Claro, Isabelle! Vamos até mandar fazer umas jaquetas de couro e personalizar.

— Estraga prazeres. – Guadalupe mostrou-lhe a língua.

Harry pigarreou antes de começar a dizer:

— Como a Sapphire disse, é importante que isso não saia daqui. Por isso, acho que esse não é o melhor lugar para discutirmos isso... Muito aberto, acessível. Qualquer pessoa pode estar escutando, mesmo que estejamos falando baixo. – olhou para Astrid antes de continuar. Ela assentiu com a cabeça – Eu e Trid estávamos falando sobre isso mais cedo e decidimos realizar as próximas reuniões na Sala Precisa.

— As reuniões da AD são só no sábado, então podemos usá-la livremente de segunda-feira. – completou Astrid.

Todos murmuraram em concordância. Depois disso, todos rumaram para seus dormitórios. Sobraram apenas Peter (que estava procurando por um livro) e Astrid, que decidiu acompanhar o irmão.

Enquanto seus dedos passavam cuidadosamente pelos livros da estante, Pete disse:

— Ouvi falar de você e Fred. – Astrid, que estava distraída, engasgou.

— Por Merlin... Fulano espirra e em cinco minutos todos já sabem que assoou seu nariz.

O garoto puxou um livro de capa verde musgo, intitulado Plantas Aquáticas dos Lagos da Escócia. Virou-se para a irmã e perguntou:

— O que há entre vocês afinal?

— Só estamos aproveitando as coisas boas da vida. – a garota deu de ombros e abriu seu típico sorriso de quem apronta: idêntico ao de seu pai.

— Ele é gente boa. Você não pediu... Mas eu dou a minha benção. – Peter disse casualmente.

Se isso significa que você não vai surtar ou ameaçar colocar baratas no travesseiro dele, eu agradeço. – ela riu – Mas não é nada demais, não somos namorados.

— Sei, sei... – o rapaz revirou os olhos – Só quero ver o que o papai vai achar disso.

— Ele vai achar bem feito, vai me dar os parabéns – cantarolou Astrid.

— Eu também te daria os parabéns... Se eu fosse mulher, já tinha agarrado o Fred faz tempo. – e, fazendo uma pose feminina, completou – Vai que é tua, menina!

Os dois caíram na gargalhada. Riram tão alto que foram expulsos da biblioteca por Madame Pince e Peter teria que voltar no outro dia para pegar o livro novamente. Pete se despediu dela e rumou para o dormitório da Corvinal.

Astrid estava a meio caminho das Masmorras quando ouviu uma voz conhecida chama-la, fazendo-a abrir um sorriso de orelha a orelha:

— Ei, loira! Já vai dormir? É cedo.

Ela parou de caminhar e esperou que Fred se aproximasse.

— Na verdade, estou sem sono. Só ia para o dormitório por falta do que fazer.

— Tá aí, vou te arranjar o que fazer. – Fred passou o braço por trás de seus ombros e começou a conduzi-la para fora do Castelo – Vamos dar uma volta.

Os dois caminharam silenciosamente até sua árvore favorita. Astrid deitou sobre a grama macia e Fred a imitou, deitando-se a seu lado. A garota contemplou o céu noturno cheio de estrelas e disse, após alguns minutos de silêncio:

— O que quer fazer depois daqui, Fred?

O rapaz franziu o cenho:

— O que quer dizer?

— Suas ambições, seus desejos... O que espera da sua vida adulta? – perguntou Astrid.

 Ela ouviu o ruivo suspirar antes de dizer:

—  Jorge e eu queremos abrir uma loja de Logros e Brincadeiras chamada Zonko’s. – ele abriu um sorriso - Nunca servimos pra isso, sabe? Estudar, ser bons alunos... Às vezes me pergunto se mamãe pensa que somos a vergonha da família.

— É claro que não, deixe de ser bobo! – a loira repreendeu-o – Molly ama vocês dois.

— Eu sei que ama, mas ela não nos entende. Na verdade, quase ninguém entende. – o garoto mordeu o lábio inferior antes de continuar – E não parece, mas as vezes me sinto mal porque não quero ser o que as pessoas querem que eu seja, sabe. Eu só quero viver feliz e o que vier de resto é lucro. Os NIEMs e tudo o mais, é muita pressão.

— Eu sei bem o que é viver cheia de problemas. Antigamente eu tinha uma vida normal e não sabia. – a garota sussurrou.

— Do que está falando exatamente? – ele perguntou.

— Eu não devia estar falando sobre isso... – Astrid repreendeu a si mesma.

O ruivo virou o corpo em direção a ela e seu rosto se iluminou quando disse:

— Já sei! Você me conta esse seu segredo e eu te conto o meu. O que acha?

— Justo.

Ela riu, respirou fundo e começou a falar. Foi mais um desabafo do que um segredo: Contou tudo o que lhe acontecera desde o seu primeiro dia em Hogwarts. Decidiu não omitir nada a ele, nem mesmo os sonhos com o estranho rapaz chamado Tom (coisa que ela não havia dito para nenhum de seus outros amigos). Quando soltou essa última informação, sentiu um grande alívio dentro do peito. Como se uma bomba, preste a explodir, fosse desativada nos últimos segundos.

No fim do relato, depois de alguns segundos de silêncio, o rapaz assobiou:

— Caramba, como consegue viver com tudo isso?

— Eu realmente não sei como funciona, só continuo respirando. – a garota disse e ele riu – Agora chega de falar de mim... Sua vez.

— Não vou terminar o sétimo ano. – ele disse rapidamente.

— O que?

Como eu disse, Jorge e eu não servimos para isso... Não queremos ser aurores, nem curandeiros, nem nenhuma bobagem dessa. – Fred abriu um sorriso bobo - Queremos fazer as pessoas rirem!

— Vocês são mesmo bons nisso. – Astrid sorriu tristemente.

— Qual o problema então? – o ruivo perguntou.

— Ah, sei lá. – a garota sentiu seu rosto ficar quente – Não vai ser a mesma coisa sem vocês dois aqui.

O garoto, entendendo o que queria ser dito, suspirou antes de dizer:

— Sabe que não vai se livrar de mim tão fácil, não é? Eu vou te perturbar a vida toda, Astrid Black.

Seu sorriso tornou-se alegre quando disse:

— Que bom, não tenho nenhum plano a longo prazo mesmo.

Fred Weasley aproximou seu rosto do dela e a beijou carinhosamente. Astrid sentia borboletas dançando uma suave canção em seu estômago e lírios florescendo em seu coração; era algo tão grande e especial que sentia que tudo aquilo sairia de sua boca e tentaria abraçar o mundo.

~x~

A terça feira passou rapidamente, mais rápido do que Astrid e as garotas desejavam: Passaram boa parte do tempo livre tentando adiantar as tarefas acumuladas, mas sem sucesso.

Após a noite anterior, a garota Black passara o dia de bom humor: acontecimento que não foi ignorado por Guadalupe e Rachel, que a encheram de perguntas. Ela nada dizia, simplesmente dava de ombros. “Esse mistério aí deve ter cabelos cor de fogo. Isso me cheira a Fred Weasley.” Lupe disse para Rach, que riu e concordou.

De noite, após o jantar, Astrid foi a primeira a chegar no dormitório. Estava exausta e cheia de deveres para fazer. Sentou-se na cama, pegou pena, tinteiro, pergaminho e o livro do qual deveria fazer um resumo: Homens Notáveis da Magia do nosso Tempo. Quando começou a fazer as anotações iniciais, ouviu uma voz sibilar:

Que sorrisinho é esse?

Sr. O’Donell pulou com graciosidade na cama da loira e se ajeitou perto de seus pés.

— Até você? Por Merlin! – Astrid riu e tirou algo dos bolsos, jogando-o para o gato – Roubei uma rosquinha das Cozinhas. Ocupe sua boca felina comendo, eu preciso me concentrar nesse resumo agora.

Você é quem manda. Coberta com açúcar, minha favorita!

~x~

Rachel caminhava com os braços tensos, colados ao longo do corpo. Se perguntava por que Dumbledore a havia chamado para seu escritório naquele horário. Teria feito algo errado? Nada que ela se lembrasse...

A garota disse a senha para entrar na sala e a passagem se abriu, revelando uma porção de degraus. Subiu-os rapidamente e parou, estática, quando viu não só o diretor ali, mas também Peter Black, Severo Snape e um homem de cabelos castanho-claros, com alguns fios brancos, e olhos cor de âmbar. Tinha uma aparência cansada e usava um terno cinzento.

— Boa noite, senhorita Darling. – disse Dumbledore calmamente – Pronuncie-se, senhor Black.

Peter deu um passo a frente, aparentemente nervoso:

— Eu sei o que você é. Digo, não estou te julgando, nem caçoando de você. Só estou dizendo que sei. -  passou a mão pelos cabelos negros e suspirou profundamente antes de dizer – Ouvi uma conversa entre você e Sapphire, não era minha intenção, eu juro. Contudo, o que ouvi foi o que me fez ter suspeitas. Te visitei enquanto dormia, mas já deve saber disso. Peguei um pequeno frasco perto de sua cama com um conteúdo suspeito, algo que eu nunca havia visto antes.

A garota nada disse, apenas deixou-o continuar.

— Fiz uma pesquisa extensa na biblioteca para saber o que havia nesse frasco. Foi então que li sobre um tal de Elixir anti licantropia, que tinha exatamente a mesma cor e textura. Uma poção extremamente complexa, ilegal e não aprovada pelos curandeiros do mundo mágico. Além de não ser segura, pode causar sérios danos a quem a ingere.

Rachel não sabia onde esconder a cara. Dumbledore provavelmente a expulsaria por ser tão irresponsável e fazer coisas ilegais em Hogwarts. Os presentes na sala esperavam que ela dissesse algo. Mas o que diria? Eles a haviam descoberto e ela estava errada.

O homem desconhecido disse calmamente:

— Você estuda aqui desde o primeiro ano?

A garota franziu o cenho com a pergunta:

— Não... Eu era de Beauxbatons e me mudei no início do quarto ano.

— Eu lecionei Defesa Contra as Artes das Trevas aqui, um ano antes de você se mudar. Sou Remo Lupin. – o homem disse – Você não me conhece, Rachel Darling, mas nós temos algo em comum. 

— O que quer dizer com isso? – a garota perguntou.

— Seu pai é Fenrir Greyback. – a garota cerrou os dentes ao ouvir o nome – Ah, eu conheço Greyback. Eu também tenho licantropia, graças a ele.

— Então você também...?

— Sim. E sei que vai me ouvir agora, porque sabe que me entenderá mais do que qualquer um, assim como eu te entenderei. – Peter puxou uma cadeira para Rachel, que se sentou – Greyback invadiu meu quarto quando eu era criança e me atacou. Sei que não é pior do que ter nascido com isso mas, ainda assim, é um grande fardo. Apesar do amor de meus pais, tive uma infância solitária. Eles tentaram de tudo para me ajudar: Feitiços, poções... Inclusive esse elixir. E eu aprendi, da pior maneira, que não podemos nos arriscar tanto.

Rach sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto:

— Eu sinto muito... Eu só queria fazer parar. – mais lágrimas desciam e ela estava envergonhada demais para conseguir falar o que realmente queria – Eu não aguento mais...

Peter caminhou até ela e segurou sua mão. A garota não sabia o que pensar sobre o garoto Black, mas o sentimento certamente estava entre enchê-lo de beijos ou cobri-lo de porradas. Ela lançou lhe um olhar agradecido.

— Eu sei como se sente, acredite. Sei como é saber que, por ora, não há solução eficiente para nosso problema e os desejos obscuros que isso traz. Vamos falar como adultos: Perder a vontade de viver é algo comum para pessoas com licantropia. – disse Lupin.

— O senhor Black fez a coisa certa em nos alertar quando soube. Queremos ajuda-la, senhorita Darling. – Dumbledore lançou lhe um sorriso cheio de ternura.

— Conversei com suas amigas, a senhorita Lawrence e a senhorita Walsh, que a acompanham de perto durante suas transformações, e dizem que geralmente a senhorita não costuma ser agressiva. Mesmo assim, é bom tomar precauções. – Remo disse - O professor Snape, um exímio preparador de poções, já me ajudou muito. Ele lhe preparará a poção Mata-Cão, que irá permitir que você mantenha sua mente humana. Não impede a transformação física, mas ainda assim é de grande ajuda. Com ela, você não oferecerá risco aos outros alunos.

Snape, que não havia dito nada até então, murmurou:

— Vá até minha sala um dia antes de suas transformações e sempre terei alguns frascos prontos.

— Também tomei a liberdade de conversar com sua mãe e acalmá-la sobre isso. – disse Lupin – Sempre que precisarem de ajuda, não hesitem em me mandar uma coruja.

Rachel, que havia parado de chorar, lançou a Remo um olhar de profunda gratidão:

— Obrigada. Sério.

Ele assentiu com a cabeça. Dumbledore, ao ver Rach se levantar, disse:

— Podem ir para seus dormitórios agora. E senhorita Darling, lembre-se: Hogwarts sempre estará aqui para ajudar a quem dela precisar.

A garota agradeceu e, com Peter em seu encalço, saiu da sala do diretor.

Os dois caminhavam em silêncio, até que o rapaz disse:

— Eu sei que talvez você esteja pensando em me matar, mas eu precisava fazer isso. Não pode se arriscar desse jeito, e muito menos ter vergonha de pedir ajuda. Sempre que precisar, estaremos aqui. – ele completou, pigarreando – Eu estarei.

Ela parou por um instante e virou-se para o garoto, contemplando seu rosto envergonhado. Decidiu que, após toda a ajuda que havia recebido, teria que descartar a opção de lhe dar uma boa surra. Peter Black era muito bondoso e bonito demais para que seu rosto fosse estragado com um soco.

Além do mais, tudo aquilo havia sido ideia dele. Peter não tinha medo. Ele se importava.

Gratias. — a garota beijou-lhe a bochecha e saiu com passos alegres.

— O que isso significa? – ele gritou, para que ela pudesse ouvir.

— Obrigada, em latim. – ela disse ao longe, e o garoto abriu um sorriso bobo enquanto observava Rachel sumir de vista.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Esse capítulo foi simples, mas se preparem... No próximo, teremos a tão aguardada festa de Halloween o/



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