Potens Summi escrita por Samantha


Capítulo 24
Quem é vivo, sempre aparece!


Notas iniciais do capítulo

Miss Riddle, obrigada por comentar. Boa leitura e não se esqueçam de ler as notas finais!



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O resto da tarde havia sido tranquilo: Depois do almoço, Trid e suas amigas foram para a reunião da Armada de Dumbledore, que aconteceu em um local do qual ela nunca havia ouvido falar desde então: A Sala Precisa. Hermione explicara à garota que aquela sala só aparecia quando alguém precisava muito dela, e estava sempre equipada com coisas úteis de acordo com as necessidades da pessoa. A AD parecia promissora e Harry era um ótimo professor.

Passou o resto da tarde com Fred nos Jardins, debaixo da árvore onde eles usualmente gostavam de conversar e, a partir daquele dia, beijar. Os dois concordaram em aproveitar o momento e deixar a conversa para depois. Por enquanto, se rotulariam apenas como duas pessoas aproveitando a companhia uma da outra. Astrid gostava das coisas daquele jeito.

Antes de escurecer, Astrid foi até a Ala Hospitalar visitar Rachel, pois a garota havia pedido para que Belle dissesse que estava desesperada para vê-la.  Após pedir permissão para Madame Pomfrey, entrou no quarto e fechou a porta com cuidado. Sorriu ao encontrar a garota com um aspecto bem mais saudável. Ela estava colocando os sapatos quando disse:

— Ah, oi Trid.

— Se sente melhor? – perguntou a garota cautelosamente.

— Não muito, mas só por hoje e amanhã, depois estarei bem. – ela abriu um sorriso fraco.

— Que bom! – Astrid sorriu também – Belle disse que você queria me ver.

— Ah, sim! Eu acabei de acordar, por um momento eu havia me esquecido... – o olhar de Rachel foi de calmo para desesperado – É sobre o seu irmão.

— O que tem o Pete? – perguntou Astrid, arqueando as sobrancelhas.

— Ele veio aqui enquanto os outros estavam assistindo ao jogo. Quando ele entrou, eu fingi que estava dormindo. Ele passou alguns minutos fazendo algo e saiu. Depois que ele se foi, dei falta de algo que ele provavelmente levou consigo.

— E o que seria? – questionou Astrid.

Rachel respirou fundo antes de dizer:

— Olha, não quero que me julgue, está bem? – Astrid assentiu silenciosamente – Eu acredito na cura, de verdade. Por isso, eu tenho testado alguns... métodos. E uma das minhas experiências, que eu havia deixado dentro de um pequeno frasco, na minha bolsa, sumiu! Foi isso que ele levou.

— Rachel... Eu concordei em não te julgar. Mas se eu não tivesse concordado, diria que testar esse tipo de coisa em si mesma é extremamente estúpido. Você é boa em Poções, mas não é especialista. Mas como eu disse que não julgaria... – disse Astrid, cruzando os braços.

— Ele é esperto, vai descobrir tudo! – a garota disse, com os olhos arregalados.

— De fato, Peter é inteligente. Vamos torcer para que não descubra mas, caso isso aconteça, as vezes é até melhor. Lidamos com isso e pronto, sem mais segredos. – Trid disse – Sei que se importa com o que ele vai pensar, mas eu o conheço desde sempre. Pode ser difícil, mas ele vai aceitar numa boa, você vai ver.

— Espero. – Rachel engoliu em seco.

As duas se despediram e Rach rumou para a Casa dos Gritos, onde encontraria Belle e Sapphire. Astrid foi para o Salão Principal e, ao chegar, viu Lupe acenando para ela. Sentou-se ao lado da garota, que a recebeu com um leve cutucão:

— Então... Você e o Fred, hein?

— Merlin, você já está sabendo? – perguntou Astrid.

— Eu e mais um monte de gente, querida. As fofocas correm aqui em Hogwarts. – Lupe riu – Vocês formam um belo casal.

— Obrigada, mas não somos um casal. – Trid respondeu.

— Claro que não. – ironizou a latina.

Astrid passou os olhos pelo local, procurando um rosto familiar. Ao encontrá-lo, percebeu que ele já a observava: Peter Black moveu os lábios como se dissesse:

Precisamos conversar.

Astrid moveu a cabeça em sinal afirmativo. Lupe franziu o cenho:

— Aconteceu alguma coisa?

A loira contou a ela o que Rachel havia lhe dito. Após o relato, a morena disse:

— Se ela não contar, ele vai descobrir logo. Isso se já não descobriu...

~x~

Depois do jantar, as garotas se encontraram com Peter. Ele, foi o primeiro a se manifestar:

— Eu já descobri o que estão escondendo. Eu só preciso que me confirmem e espero que sejam sinceras: A Rachel realmente é...? – ele não conseguiu completar a frase, mas a expressão em seu rosto denunciava o que queria dizer.

 As duas garotas se entreolharam antes de confirmarem com a cabeça. Peter passou a mão pelos cabelos:

— Achei que talvez eu pudesse estar errado... Cara, deve ser difícil para ela.

— Não está assustado? – perguntou Lupe.

— Não vai correr, xingar, julgar...? – Trid completou.

— É claro que não. Logicamente estou assustado, quem não ficaria? Mas eu nunca deixaria ninguém na mão, numa situação dessas. – ele disse firmemente – E é por isso que eu tenho um plano.

— Estamos ouvindo. – disse Lupe.

Peter contou-lhes detalhadamente o que pretendia fazer. Ao terminarem de escutar, as garotas aprovaram com animação.

— Deixem tudo comigo, só precisam que digam à Rach para ir até a Sala do Diretor na terça à noite. Na segunda feira teremos outra reunião na biblioteca, certo? – elas concordaram.

— É muito legal o que está fazendo por ela. – Astrid abriu um sorriso malicioso. – Podia chama-la para sair na próxima visita a Hogsmeade.

Peter sentiu a face ficar rosada:

— É, sei lá.

— Fofíssimo! Ainda lembro do dia em que te beijei... Ficou todo vermelho. – Guadalupe gargalhou.

— Eu só tinha dez anos! – Pete revirou os olhos, irritadiço – Parem as duas, por favor.

— Certo, certo. Não está mais aqui quem falou. – Astrid conteve o riso.

 - Não fique de mal da gente, Pete... – Guadalupe o abraçou com força – Amigos para sempre?

— Amigos para sempre. – ele disse, ofegante – Caramba, Lupe, você está fedida!

— EU? – soltou Peter e levantou o braço, aproximando a axila de Astrid – Sério?

— Sai pra lá! – a loira gargalhou, se afastando.

— É brincadeira, eu só queria você me soltasse mesmo. – Pete riu e saiu em direção ao Salão Comunal da Corvinal com passos largos depois de dizer – Nos vemos amanhã, garotas.

~x~

No domingo de manhã, as garotas tomavam café calmamente no Salão Principal. Trid contou às outras garotas que Pete já sabia de tudo e sobre seu plano. Sapphire achou bem bolado. Belle também, mas estava com medo da reação de Rachel ao descobrir sobre Peter, e todas concordaram quando Isabelle disse que não sabia se Rachel queria que ele se envolvesse.

Antes que pudessem continuar o assunto, Patricia Lewis, do sétimo ano, sentou-se ao lado delas. Isabelle mexeu-se no banco e ajeitou sua postura. A garota deu-lhes convites, dizendo:

— Festa Secreta de Halloween anual, espero que Isabelle tenha lhes dito.

— Disse sim, obrigada. – Astrid sorriu.

— A data e local estão escritos aí. – direcionou seu olhar para Belle e sorriu - Espero vê-las lá!

— Verá todas nós, com certeza. – Lupe respondeu antes que Isabelle pudesse fazê-lo.

Patricia despediu-se das garotas e foi sentar-se ao fim da mesa com seus amigos. Astrid franziu o cenho para Guadalupe, que nada disse.

— Preciso ir, Aurelia está me esperando na sala do Dumbledore. – Trid disse, se levantando.

— Boa sorte. – disse Sapphire.

~x~

— Bom dia, senhorita Black. – Dumbledore sorriu quando a viu entrar.

— Até que enfim! – Aurelia, que se encontrava até então sentada em uma poltrona, se levantou - Olá, Black.

— Bom dia aos dois. – a garota respondeu educadamente.

Oberlin tirou a varinha das vestes e conjurou um de seus portais dourados, desenhando um círculo imaginário no ar.

— Não se esqueça de me entregar relatórios semanais sobre isso, Aurelia. Seria terrível se as coisas saíssem do controle. – o diretor disse calmamente.

— Pode deixar, Alvo. Até mais. – a senhora, sem dizer mais nada, puxou Astrid para dentro do círculo.

A sensação de entrar naquele portal foi a mesma da primeira vez em que o fez. Trid parecia estar caindo muito rápido e sua visão se tornava embaçada. Geralmente o desagradável efeito só durava alguns segundos, mas daquela vez demorou um pouco mais do que um minuto, para o desespero da jovem.

Quando seus pés finalmente tocaram o chão e sua visão voltou ao normal, a garota levou as mãos ao estômago, enjoada. Olhou ao redor e franziu o cenho, confusa: Aquele lugar não era a casa de Aurelia Oberlin.

O local era uma sala retangular, iluminada apenas com luz de velas. As paredes eram repletas de estantes com inúmeros artefatos curiosos: partes do corpo de animais e pessoas, frascos com líquidos suspeitos e outros objetos que Astrid nunca havia visto na vida. Algumas cobras rastejavam lentamente pelo piso. No fundo da sala, uma mulher negra se encontrava sentada ao chão perto de um vaso de cerâmica. Chamas ardiam dentro do objeto, e das laterais escorriam algumas gotas de sangue. Mesmo com o barulho de sua chegada, a moça continuava de olhos fechados e sussurrava palavras incompreensíveis. Ela usava um vestido branco e um turbante da mesma cor que cobria seus cabelos.

— Passei a semana na Coreia do Sul procurando por informações. Fui até Seul, a cidade onde houveram casos estranhos de magia, e conversei com alguns fanáticos para saber acerca dos rumores que assombravam o local. A grande maioria deles eram pescadores e aposentados, que disseram ter visto uma forma estranha perturbando as águas dias antes de um maremoto atormentar a cidade. Isso na época da Barb, é claro... Mas dois ou três deles disseram ter visto a mesma forma bizarra nas águas há umas duas semanas atrás, e desde então os pescadores não conseguiram pegar muitos peixes. – Aurelia relatou rapidamente, tirando os sapatos – Tire os seus também, são regras da anfitriã. Você pode usá-los nos outros cômodos da casa, mas aqui é considerado falta de respeito.

Astrid tirou os sapatos e colocou-os ao lado dos da senhora de cabelos loiros:

— E eles descreveram a tal forma estranha?

— Não conseguiram, a visão deles se tornou turva. Contudo, o mais velho dos pescadores com quem falei disse que, por um instante, parecia uma silhueta de mulher.

Antes que a jovem pudesse perguntar algo mais, a mulher que estava no chão abriu os olhos, respirou fundo e se manifestou pela primeira vez desde que as outras duas haviam chegado:

— Peço perdão pela demora, eu tenho estado muito ocupada ultimamente. – Levantou-se e, com uma expressão que Astrid instantaneamente julgou como feroz e venenosa, analisou a jovem feiticeira da cabeça aos pés – É ela? Tem certeza?

— Sim. – Aurelia disse firmemente, e depois olhou para Trid ao completar – Black, quero que conheça alguém.

A mulher misteriosa fez um sinal com as mãos para que as outras a seguissem até uma mesa redonda de madeira com três cadeiras. Ela pediu para que as moças se sentassem e também o fez.

— Meu nome é Ellaria. – ela olhou fixamente para Astrid e abriu um pequenino sorriso – Seja bem vinda, minha irmã.

O coração da jovem quase saiu pela boca quando ouviu o nome. Ela abriu e fechou a boca várias vezes antes de dizer:

— Então é verdade... Você conseguiu vida eterna. Não envelheceu nada!

A mulher mexeu a cabeça afirmativamente:

— Não só consegui vida eterna, como também mantive meus poderes. A um preço extremamente caro que prefiro não comentar. Além disso, passei séculos sobrevivendo e me adaptando ao mundo enquanto meus amados morriam. É uma vida bastante solitária, mas foi o que escolhi. Vivi escondida de tudo e de todos por muito tempo, até que decidi que queria ser encontrada e assim aconteceu: sua mentora veio até aqui ontem e decidimos que seria importante que você soubesse da minha existência. – Ellaria sibilou a última palavra como uma cobra – Você precisa de mim.

— Então me digam o que está havendo. – pediu Astrid, tentando manter a calma.

— É sabido que Você-Sabe-Quem está reunindo pessoas para sua causa e que uma serva Potens Summi seria de grandíssimo valor e ajuda para ele. Com a ajuda de qualquer feiticeira dessa raça com poderes no auge, ele seria capaz de derrotar Harry Potter, o menino que sobreviveu; e até mesmo Dumbledore. Se uma de nós caísse nas graças daquela criatura, seria o fim. Entendeu? – a loira assentiu – E há um outro problema: Você-Sabe-Quem não é a maior ameaça.

Astrid franziu o cenho e olhou para Aurelia, que confirmou com a cabeça:

— Achávamos que precisaríamos lidar apenas com Aquele Que Não Deve Ser Nomeado, mas estávamos muito enganadas.

— Fiz muitas viagens até descobrir isso. – Ellaria disse - Há uma outra pessoa por aí, cheia de ganância e maldade. Muitos bruxos maus o conhecem por ser um coletor de artefatos mágicos, mas mal sabem que ele também coleta criaturas. É conhecido como O Colecionador, e acredito que, se souber da nossa existência, vai adorar ter uma Potens para brincar.

Astrid sentiu um calafrio percorrer sua espinha:

— O que mais sabe sobre ele?

— Não muito, mas já estive perto dele o bastante para dizer que é perigoso. – a mulher disse sombriamente – Não sei do que ele é capaz, mas irei descobrir. Por enquanto, devemos ter cautela e não revelar muito sobre nós. Não estamos seguras.

— E se houver mesmo mais uma Potens Summi por aí, devemos encontrá-la o mais rápido possível. – disse Oberlin – Antes que ele encontre.

Trid engoliu em seco:

— Vocês têm razão. A pobrezinha deve estar sozinha por aí...

— Se bem que nem é tão pobrezinha assim. – Aurelia resmungou - A garota causou a merda de um maremoto!

— Enfim... Trataremos disso depois. Agora, vamos ao que interessa: Oberlin me contou sobre o seu treinamento. – Ellaria disse casualmente – Diga-me o que pode fazer.

Astrid contou sobre o Animalium e como sua presença influenciou o comportamento de um lobisomem. Depois relatou o ocorrido no jogo de Quadribol e desceu a meia: Terram estava  tatuado em sua perna também.

— Não senti dor dessa vez, aconteceu enquanto eu estava dormindo.

Aurelia abriu um sorriso orgulhoso:

— Muito bem, mais uma incrível habilidade! Você conseguiu um dos quatro elementos, assim como eu. – Aurelia fechou os olhos e a única pequena janela presente naquela sala se abriu, fazendo com que uma forte e fria brisa envolvesse as pessoas no local. A brisa tomou a forma de uma garotinha e, após rodopiar, saiu voando pela janela – Aer.

Ellaria riu sarcasticamente e voltou seu olhar para o vaso de cerâmica que estava usando: Em poucos instantes, o objeto inteiro se envolveu em chamas e estas começaram um tipo de dança lenta, algo incrivelmente bonito e exótico. O fogo contava uma história: a silhueta de uma bela moça dançava sobre o vaso. A dançarina, com um salto, pulou para dentro do vaso e todo o fogo foi junto com ela:

Ignis.

Astrid bateu palmas animadamente e, sentindo-se corajosa o bastante, fechou os olhos e tentou com muita força buscar em sua mente a memória das sensações que tivera no Jogo de Quadribol quando seus poderes se manifestaram. Para sua surpresa, o lírio branco dentro do vaso em uma das estantes de Ellaria moveu-se e começou a dançar por alguns instantes, enquanto a terra dentro do objeto fazia o mesmo tremer. Quando o vaso estava prestes a se quebrar, a flor fez uma pequena reverência e voltou a sua posição normal.

Abriu os olhos e as outras mulheres sorriam para ela.

— Isso foi um bom começo para o primeiro dia. – disse Aurelia – Ellaria, seria ótimo se me acompanhasse nos ensinamentos da jovem Black.

A mulher pareceu pensar por um instante antes de dizer:

 - Pensei que nunca fosse pedir. 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Acho interessante a ideia da protagonista ter seus próprios problemas para resolver... O Voldemort a gente deixa para o Harry ldfgmdflgn



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