Legami Di Amore escrita por Tahii


Capítulo 4
Specchio


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEEEEEEEEEEY!
Eu disse que iria postar quarta-feira (hoje) e aqui estou ♥ Fiz esse cap com muito amor e carinho, hehehehehehe, ficou grandinho porque eu amo vocês ♥

VAMOS AOS AGRADECIMENTOSSSSSSSS!
Black, Courtney, AnnaRoseMalfoy, Mazu, Jir, Miss Belle, Miss Valdez, brunapmo e nopereira MUITO OBRIGADA pelos lindos reviews ♥ Fico muito feliz em saber o que estão achando da fic ♥
OBRIGADA TAMBÉM umaasgardiana por ter favoritado a fic ♥
E é claro, MUITO OBRIGADA AOS 75 LEITORES LINDOS QUE ESTÃO ACOMPANHANDO!
Amo todos vocês ♥

Boa leitura ♥

► PLAYLIST
https://www.youtube.com/watch?v=tNx1y8AXZxw&list=PLm_bv0SbG68UdaGyxvje2S6Vyd79Z5tmc

*Specchio = Espelho



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/656892/chapter/4

 Olhos arregalados, bocas semiabertas e palidez foram as reações de Roxanne e Dominique à fala de Rose Weasley. Claro que esta achou que poderia ser muito pior, mas os cinco minutos de silêncio que se sucederam foram definitivamente estranhos.

Apesar de tudo, automaticamente, Rose sentiu um peso sair de suas costas. E se o pequeno ocorrido fosse um problema, agora teria duas garotas para lhe ajudar a resolver.

— Como e por quê? — foram as únicas palavras que saíram da boca de sua prima Roxanne, que a encarava como se um ser de outro planeta tivesse raptado sua prima e colocado uma cópia muito exótica no lugar. Rose suspirou, era mesmo de se esperar que tivesse de contar os mínimos detalhes, que nem estavam tão claros assim em sua cabeça.

— Olhem, vocês têm que levar em consideração que eu tinha brigado com o Brian, estava furiosa, precisava descontar em alguém. O Malfoy tomou algumas doses comigo, não porque ele queria, mas porque não estava em uma situação muito melhor do que a minha.

[27 horas atrás]

— Weasley, eu realmente não esperava te encontrar aqui — comentou Scorpius Malfoy, segurando uma garrafa de firewhisky. Com um sorriso no rosto, ocupou o lugar vago ao lado de Rose no sofá da casa dos Scamander. — Pensei que estaria ocupada com o seu querido Wood.

— Digo o mesmo, Malfoy — ela sequer olhou para o garoto, sabia exatamente como estava cada músculo de seu rosto. Depois de anos olhando para sua cara de otário, era óbvio que saberia até o que estava pensando de acordo com algum movimento, às vezes, involuntário. — Mas para você ver como a vida é engraçada. Uma hora estamos por cima e outra estamos por baixo. Ou você acha que estava nos meus planos vir para essa festa?

— É... — Scorpius pegou dois copos que estavam em cima da mesinha de centro e os encheu, entregando um à ruiva, que surpreendentemente não negou. — Meu plano era tentar me reconciliar com a minha ex, mas acho que o universo ou sei lá o que não aprovou muito a ideia. 

— Britney? — ele assentiu contragosto. — Vocês ainda estão... Indo e voltando?

— Não mais — tomou todo o líquido do copo e lhe encarou suspirando. — Ela quis terminar, depois de um ano infernizando a minha vida ela decidiu que “seria melhor para nós darmos um tempo”.

— Entendo. Brian me disse a mesma coisa hoje, a diferença é que ele não tem motivos suficientemente satisfatórios para tal… Atitude desnecessária.

— Ela também não tem, Weasley. Eu sou um excelente namorado.

— Era — corrigiu Rose, contendo a risada. Scorpius negou com a cabeça, estendendo o braço pelo sofá; os lábios tentavam evitar, sem muito sucesso, um sorriso. 

— O problema é que a Britney é muito encanada, sempre foi. Eu respiro e ela acha que eu estou flertando com outra garota, ou que estou desinteressado ou sei lá o que passa na cabeça dela. Disse que precisava de um tempo para ficar tranquila.

— Errada não está.

— Mas é claro que está errada — deixou o copo em cima da mesa de centro e pigarreou ao sustentar a cabeça com a mão. — Ela não me leva a sério e acha que eu não levo ela a sério.

— Eu também não te levaria a sério — Scorpius cerrou os olhos, não muito surpreso, mas tentando convencê-la de que havia acabado de falar uma coisa nada a ver. — Fala sério, se ela te infernizou todo esse tempo e de repente você decide dar uma chance pra ela, o mínimo é ela achar que você não vai levar o relacionamento pra frente, analisando quem você é, claro.

— Fala sério, Weasley. Cinco meses de pura fidelidade, paciência e…

— Amor? — tentou concluir por ele. Quando Scorpius ficou quieto por longos segundos, tudo pareceu fazer sentido na cabeça da ruiva. — Você não ama ela — Scorpius negou com a cabeça. — E nem é apaixonado.

— Eu cheguei em um ponto que eu quero ter uma namorada de verdade, sabe, Weasley, mas… Não dá para eu forçar um sentimento e tal se ela nem colabora — suspirou se encostando no sofá. Virou para o lado e encontrou o olhar baixo da ruiva, que mexia o copo vazio para fazer o firewhisky ir de um lado para o outro. — Você também não ama o Wood.

— Nem um pouco — murmurou logo após tomar um gole da bebida. Fechou os olhos ao sentir o álcool queimar em sua garganta, quase arrependendo-se de estar naquela situação. 

— Temos dezessete anos, não dá para amarmos ninguém da noite pro dia.

— Acho que é a primeira coisa sensata que sai da sua boca, Malfoy — ele riu, chacoalhando a cabeça. 

— Às vezes isso acontece... — Scorpius ficou lhe encarando por alguns instantes, as orbes fixas nas suas. Por fim, umedeceu os lábios, inclinando-se sobre a mesinha para colocar mais bebida em seu copo. — E o que houve com você e o Wood?

— Digamos que tivemos um grande desentendimento — ele arqueou as sobrancelhas.

— E aí você decidiu vir para uma festa — ela assentiu. — Sem ele saber, imagino. 

— É, nesse exato momento eu estou choramingando no ombro da minha mãe enquanto como um pote de sorvete inteiro.

— Entendi.

Rose suspirou.

Se Scorpius Malfoy estava deixando as diferenças de lado e se abrindo com ela para um intuito que talvez nem existisse, ela deveria deixar de ser cabeça dura e fazer o mesmo. Não havia nada a perder, no final das contas. 

Olhou para as próprias mãos e precisou de um pouco de coragem para enfrentar o silêncio recém instalado entre eles. Rose não era a melhor puxando assuntos, ainda mais com ele. Scorpius era... Bonito. Um pouco chato, arrogante, dramático e orgulhoso, mas... Era bonito. O cabelo, o contorno do rosto, os lábios finos, o nariz pontudo, a voz atenciosa; ele exalava um perfume gostoso, o sorriso parecia o de comercial de pasta de dente trouxas. Rose riu com o próprio pensamento, chamando a atenção dele sem querer. 

— Eu… — não conseguiu controlar a risada nervosa. — Eu e o Brian brigamos hoje a tarde. Sabe, apesar de ter uma pequena chance de eu estar errada e ter entendido tudo errado… Eu… Eu acho que nós não estamos mais dando certo, sabe. No começo ele foi muito simpático, muito atencioso e até tentou me entender. Depois de alguns meses começou a sua implicância comigo, essa história de mudanças e sei lá o que. 

Scorpius pendeu a cabeça, não acreditando no que ouvia. Sabia bem que o Wood era um idiota, mas não tanto assim. Talvez já fosse o efeito do pouquinho de bebida que ele tomou, mas… Não havia nada de errado com ela. Nem com a forma de ser, nem com qualquer outra futilidade; era um pouco nervosa sim, ficar brava e atingir novas nuances de vermelho era apenas um charme. Foi a vez dele deixar escapar uma risada, sem saber muito como agir. 

Ela estava toda de preto naquela noite, algo inédito para ele. Sandália preta, calça preta, blusa preta com um decote comportado e brilhos generosos. Sua maquiagem, clara e básica como sempre, realçava seus olhos azuis. Nunca que ela precisaria se esforçar para ficar mais bonita do que era, e aparentemente o Wood não precisaria se esforçar para ser ainda mais tapado. E, vendo pelo lado de homem, Scorpius Malfoy sabia que a garota era linda, sentia. Aquela cascata ruiva e as o céu azul dentro de seus olhos eram o suficiente para fazer qualquer um cair aos seus encantos. Foi por não saber lidar com tudo isso que Wood, provavelmente, deixou o lado burro do cérebro tomar conta do relacionamento. Talvez isso fosse algo bom. 

— Eu me cansei disso e tivemos uma discussão que… Sei lá — ela deu ombros. — Não me faz mais bem ficar com ele, porque todo dia acaba sendo uma briga diferente sempre pelo mesmo motivo… Eu não… Não aguento, Malfoy, sendo sincera.

— Pensei que você fosse mais resistente... — a ruiva abriu a boca, incrédula, e ele logo tratou de se retificar. — Digo, nós brigamos toda hora pelo mesmo motivo. Você insiste em não aceitar a ideia de que eu sou muito melhor do que você na maioria das matérias. Eu diria que sou o melhor aluno.

— Exatamente por isso que você está quase como trasgo em adivinhação, não é?

— É um argumento inválido. Você não faz adivinhação.

— Mas vou muito bem em aritmância avan-

— Avançada — ele a remedou, revirando os olhos. — Inválido. Para todos os efeitos, acho que estamos na mesma, Weasley.

— Estamos?

— É claro. Por que não brindamos por estarmos livres dos dois trastes?

Pareceu uma ideia excelente. Os dois estavam na bad, então não haveria motivos para competirem ou acharem motivos para ficarem gastando saliva à toa. Estavam precisando de uma trégua do cruel mundo da desilusão amorosa. E pior do que estava definitivamente não ficaria. 

Sorriram em cumplicidade — algo novo para ambos — e começaram a falar de assuntos não tão pesados enquanto as horas se passavam.

Ah, sim, eles se conheciam melhor do que imaginavam. Apesar de nunca terem tido uma conversa para descobrirem alguns detalhes como a cor favorita ou o que mais gostava, aprenderam bastante com os anos que passaram discutindo pelos corredores de Hogwarts. Inclusive como a voz de Rose era potente quando ficava nervosa com ele e Alvo. Depois de duas horas conversando naquele sofá, os ombros de ambos pareciam estar livres de qualquer peso, nada mais fazia tanto sentido e as emoções, que antes pareciam apocalípticas, tomaram proporções mais... Simples.

Aos poucos e sorrateiramente, ambos tinham se aproximado um do outro com a possível justificativa de que seria mais fácil de ouvir o que tanto conversavam se estivessem mais próximos. Contudo, nenhuma explicação caberia para a mecha de cabelo enrolada nos dedos de Scorpius por trás da nuca de Rose, ou dos pés dela que tocavam a perna do rapaz. 

— É, você tem razão, Scorpius, eu preciso desencanar — ponderou num suspiro, sustentando o olhar demorado que trocavam. Era como se, naquele momento, qualquer palavra fosse mera trivialidade, as íris pareciam ter uma conversa diferente. 

Foi Scorpius quem primeiro cedeu, descendo a atenção para os lábios entreabertos da garota. O batom escuro ainda estava intacto. Sentindo vontade de ficar ainda mais perto, soltou a mecha que enrolava para tocar sua nuca por debaixo do cabelo; a reação de Rose foi inspirar todo o ar dos pulmões, piscando algumas vezes ao sentir o polegar acariciar sua bochecha e parar bem no canto de sua boca. 

— Acho que vou pegar um pouco de água de gilly. Você quer? — ela disse de repente, atraindo a atenção dele para seus olhos. 

Scorpius não teria concordado caso soubesse que ela se levantaria naquele mesmo instante. Praguejou ao vê-la andar em direção a cozinha, e se apressou em segui-la, puxando-a pela mão antes que se metesse no meio das pessoas que deixavam aquele pequeno cômodo ainda menor. Ele conhecia bem a casa dos Scamander, embora não fosse tão próximo de Lorcan e Lysander, mas o suficiente para desbravar um corredor escuro no segundo andar. Rose nem pôde se fazer de desentendida quando ele parou de andar e se virou para segurar sua cintura com as duas mãos e beijá-la; fez questão de dar passos até a parede, envolver os braços em volta do pescoço de Scorpius e ficar entre suas pernas. Com a respiração um pouco comprometida, se esforçava para não se distanciar dele, do gosto de firewhisky, do perfume amadeirado que ele exalava, mas foi difícil não se dar uma pausa para suspirar ao sentir as mãos dele descerem pelas suas costas em direção a sua bunda, trazendo-a para ainda mais perto de si. 

Não dava nem para calcular há quanto tempo não se viam imersos num turbilhão daquele, respirando um ar mais denso, procurando o calor de outra pessoa e o recebendo. Embora soubessem que algumas pessoas poderiam estar passando por aquele corredor, não se importaram. Só se distanciaram quando Scorpius inverteu suas posições, erguendo Rose do chão, sustentando-a na parede com a pressão do próprio corpo. Aproveitou para beijar seu pescoço, descer com beijos sem muito pudor pelo decote comportado. Levando a mão para o seio da garota, ainda por cima da blusa, a ouviu gemer e foi puxado de volta para a realidade: precisavam e queriam mais privacidade.  

Entraram na primeira porta que viram, onde por sorte parecia ser uma sala de leitura ou algo do tipo. Scorpius sentou-se no sofá, puxou Rose para sentar-se em cima da ereção já evidente enquanto ía com a mão por debaixo do tecido preto, alcançando a pele perto do sutiã. Ela segurou seus cabelos com força, beijando-o como nunca antes havia sequer imaginado. Só foram abrir os olhos quando começaram a sentir um calor ainda maior e uma vontade inexplicável de avançar o estágio; num ato de apelo, tiveram uma ideia que, na hora, parecia ser a melhor. Arrumaram-se como melhor puderam antes de sair às pressas da sala e irem até a lareira para, em questão de instantes, estarem na casa da Weasley. Subiram as escadas sem muita cautela; Ronald e Hermione haviam saído, Hugo estava na festa e eles desesperados para chegarem logo ao quarto de Rose. Abriram a porta, enfeitiçaram o cômodo para que ninguém pudesse ouvi-los e quando se sentiram seguros, Scorpius não mediu esforços para tirar todos os pedaços de pano que o impediam de tocar a pele quente de Rose.

Jogaram-se na cama em uma luta para se encostarem de vez.

Com uma perna em cada lado de Rose, Scorpius tirou toda a sua camisa e tirou o seu cinto enquanto apreciava a beleza que a garota exalava naquela pouca iluminação.

E vendo como ela parecia delicada, intocável e sensível, fez um esforço antes de prosseguir.

— Você quer continuar ou…? — perguntou deixando a garota corada. — Podemos parar se você quiser.

— Não. — respondeu de imediato. — Só que eu… Nunca… — Scorpius assentiu como quem já havia entendido que era a primeira vez dela e selou seus lábios, tentando já começar a deixar ela o mais confortável possível.

Se era a primeira vez dela, era dele também.

O Malfoy nunca tinha feito parte da primeira vez de uma garota, provavelmente pelo fato de que nenhuma delas o levava a sério. Então se Rose Weasley estava sentindo confiança nele, ele faria o possível para não decepcioná-la. Caso fosse preciso — o que era —, ele a amaria, mesmo não sabendo o que isso significava, naquela noite.

Calmamente, Scorpius voltou com toda a sua animação ao ritmo que estavam, e quando chegou o momento certo ele cumpriu sua promessa para si mesmo de amá-la e deixou todos os seus sentimentos, e os dela, extravasarem fronteiras nunca antes quebradas.

Naquela noite, Scorpius Malfoy fez com que Rose Weasley se tornasse sua.

[...]

Rose olhava as amigas, que ainda estavam chocadas.

Era completamente inacreditável que Rose Weasley tinha mesmo feito uma coisa desse tipo. Se não fazia sentido nem para ela, quem dera para aquelas duas que estavam acostumadas a ouvir confissões como “eu deixei o meu irmão de castigo por um motivo injusto” ou “eu menti sobre a nota de Herbologia para a minha mãe”. Dominique olhava chocada para Roxanne, que tentava encontrar alguma coisa para dizer.

— Você gostou?

Há! Como ela não tinha contado isso para ninguém, não ouviu essa pergunta antes — e nem ousou fazer para si mesma já temendo a resposta.

Sentiu o sangue ferver em suas bochechas e as pontas de seus dedos ficaram mais geladas do que estavam. Nervosamente, arrumou seus cabelos atrás da orelha e pigarreou uma ou duas vezes, se sentindo completamente desconfortável. Foi o suficiente para Roxanne saber a resposta.

— Gostou — Roxanne riu, aliviando o clima. — E ainda repetiria, porque é bem danadinha — antes que a ruiva pudesse abrir a boca, a garota prosseguiu. — Não negue.

— Mas não tem problema — disse Dominique imediatamente. — Quer dizer, isso iria acontecer uma hora ou outra... Digo, vocês, ahn, vocês sempre tiveram uma química e eu sempre shippei, não vou mentir. Só não sei se a antiga Rose chatinha, um dia, cogitou essa remota possibilidade. 

— Não existe uma antiga Rose, eu sou a mesma Rose de ontem e de amanhã e eu sou eu — falou nervosa, se calando ao perceber que era a sua melhor opção. — Olha, não é o fim do mundo ou coisa parecida, nós apenas... Nos deixamos levar. 

— Não, claro que não, você só transou com o Scorpius Malfoy, nada demais — Roxanne deu ombros, sorridente, fazendo a ruiva franzir o cenho. — Não estou te julgando, longe disso... Só que é estranho ouvir isso de você. Eu tenho o direito de ficar chocada, obrigada. 

— Agora, a pergunta que não quer calar — Dominique se inclinou em direção às garotas. — Como ele foi?

— Muito... Bom — Rose passou a mão pelo rosto, sentindo as bochechas queimarem. — É estranho esse adjetivo na mesma frase em que o sujeito é o Scorpius, porém...

— Awn, agora você chama ele de Scorpius — suspirou Dominique, dando um tapinha no braço de Roxanne.

— Antes que você pense em talvez imaginar, nós não vamos ficar juntos para sempre e morar em um castelo encantado cheio de fadas e duendes — avisou Rose sorrindo divertida para a prima loira.

— Bom, vocês já estudam em Hogwarts, não é? — Roxanne fez as garotas esboçarem um sorrisinho. — Já que você teve essa ideia revolucionária de dormir com ele, por que não nos conta mais?

— Contar o quê?

— Como vocês dormiram depois de tudo? — a loira arqueou as sobrancelhas em uma dúvida cruel. — Ah, não me diga que vocês dormiram abraçadinhos!

— Próxima pergunta — disse Rose.

— Qual a sensação de ver o Scorpiustick? — Dominique insistiu, encarando-lhe com um sorriso sacana demais.

— Próxima. 

— Nunca pensei que eu iria ver vocês tão perversas assim — Roxanne abraçou Rose pelo ombro. — Estou pensando no presente de Natal que vocês vão, ou não, ganhar.

 [...]

O som de vozes tremendamente altas fazendo um zum-zum-zum interminável foi o que Rose Weasley ouviu pela manhã. Pra variar, ela não sabia que horas eram e nem que raio de dia era aquele para estar uma falação tão grande lá embaixo, mas tinha uma leve noção.

Abriu os olhos, fitou o teto ao se espreguiçar bem preguiçosamente. Ajeitou seu cabelo enquanto ia para o banheiro escovar os dentes, lamentando pela cara inchada de sono que estava. Afinal, já fazia duas noites seguidas que não havia dormido muito, seu organismo não aguentaria esse horário por mais uma semana. 

Desceu as escadas cambaleando e bocejando, logo tendo a visão de uma mesa gigante com várias pessoas falando ao mesmo tempo. Era por esse e outros motivos que amava a sua família super sensata e normal.

Sentou no único lugar que estava sobrando: o do lado de Roxanne, que provavelmente havia guardado para ela. Pegou seu pãozinho, uma faca e olhou para a manteiga que estava bem fora do seu alcance.

— Me passa a manteiga, mãe — pediu baixinho, mas nem foi escutada, do mesmo jeito que sua presença não foi notada. — Mãe! — grunhiu. — Me passa a manteiga fazendo favor.

— Ah, bom dia, querida — disse Hermione meigamente fazendo com que o seu pedido chegasse até ela. — Dormiu bem?

— Parece que um trator passou em você, Weasley — alfinetou Scorpius logo de manhã, como Rose adorava que ele fazia.

— Um trator chamado tristeza em ter que ver a sua cara de idiota logo de manhã — sorriu cinicamente para ele, que rolou os olhos enquanto tomava uma xícara de café, talvez, não importava.

— Ruivas, tão bem humoradas — riu Alvo se aproximando da família enquanto segurava um saquinho vermelho. Ah, merda, Rose reconheceria aquele saquinho mesmo se o mundo fosse em preto e branco. — Quem vai ser o primeiro a tirar?

E a falação começou novamente, só que com o barulho bem mais intensificado.

O saquinho que Alvo Potter estava segurando era o que estava todos os nomes da casa para que naquele dia, na Véspera de Natal, todos tirassem o seu amigo-secreto e tivessem menos de vinte e quatro horas para fazer um presente — e quase morrerem loucos.

No ano passado, Rose tinha tirado Dominique, ela levou seis horas para fazer uma moldura de espelho cor de rosa para a prima, que adorou o presente. Por outro lado, ganhou um desenho de seu irmão escrito: “Você é muito chata, mas posso te aturar até você sair de casa. Te amo.” Não foi bem o presente que estava em seus planos, mas tinha que aceitar e dizer obrigada, como uma boa garotinha faria.

É, naquele ano poderia ser diferente já que a última coisa que Rose Weasley estava tendo era nexo.

— Vai, Rose, sua vez — pediu Alvo com um sorriso animado demais para quem estava acordando cedo. Rose pegou, abriu o papel e praguejou mentalmente. Como se não bastasse respirar o mesmo oxigênio do que ele.

A Weasley dobrou o pedacinho de pergaminho e fez um feitiço para incendiá-lo. Sabia muito bem como a sua família era curiosa e tentaria descobrir o seu amigo secreto a todo custo, mesmo sabendo que seria revelado naquela noite.

Definitivamente aquele não era um bom dia para Rose Weasley.

Ela se lembrava bem de ter virado de um lado para o outro em sua cama depois da conversa que teve com as meninas. Foi muito estranho. De algum jeito que ela não sabia explicar, precisava de algo mais. De um travesseiro mais fofo ou uma manta mais quente, precisava que o ar estivesse menos denso e que sua mente parasse de trabalhar em favor do inimigo.

Rose chacoalhou a cabeça quando percebeu que voltaria a pensar na mesma coisa que não a deixou dormir: Scorpius Malfoy. Era inevitável não pensar nele. Claro que ela estava bem longe de gostar do rapaz, mas ela era um ser humano de carne, osso e sentimentos, seu lado sentimental gostou da ideia de se aconchegar nos braços dele.

Merda, praguejou mentalmente enquanto dava uma mordida feroz em seu pão com mel.

Levantou seu olhar e se atentou em observar a criatura que se divertia tomando café. Às vezes ele sorria com alguma coisa que Ronald falava e virava para Alvo, que tentava olhar o seu papelzinho.

— E aí? — Roxanne a cutucou. — Já sabe o que vai dar para o seu amigo secreto?

— Se eu não pensar em mais nada, um espelho provavelmente — sorriu amarelo. A prima murmurou algo como “de novo?”. — A culpa é minha se todos os meus amigos secretos tem uma autoestima muito mais elevada do que o recomendável?

— Ei — protestou Dominique fingindo-se de ofendida. — Eu não poderia ter imaginado um presente melhor, tá? Sempre que eu saio eu levo ele na bolsa porque a moldura rosa é muito fofa.

— Está vendo, Rox? A felicidade está nas pequenas coisas — sorriu satisfeita. — Na verdade, eu estou com duas ideias. Uma está guardada, porque era para dar de presente para o meu avô, mas a minha mãe disse que era melhor não. E a outra ideia é o espelho.

— Eu queria ganhar dois presentes também, ou três — Dominique disse a última parte mais alto, sorrindo gentilmente para a família. Roxanne apenas negou com a cabeça. — Rose, já pensou se você-sabe-quem te tirasse como amiga secreta? — a loira sussurrou mordendo seus dois lábios.

— Já sei até qual seria o presente — a prima morena disse rindo pelas narinas. — E a Rosinha ia gostar, não ia?

— Não sei se Voldemort me daria algum presente de amigo secreto — respondeu vencedora, fazendo as garotas revirarem os olhos. — Agora se me dão licença, eu vou providenciar a minha obra de arte.

Rose Weasley se levantou, subiu as escadas e foi checar se o presente que era para ser de seu avô estava ali ainda. Suspirou contente quando viu o objeto guardado em uma cômoda no quarto que seus pais costumavam ficar.

Fazer um espelho não era fácil, mas Rose faria um esforço. Passou cinco horas fazendo a tal moldura, decidindo a cor, a textura, os mínimos detalhes em prata. Claro que o seu amigo secreto iria adorar. Essa pessoa que Rose tirou era muito bonita e com certeza já havia passado horas e horas se admirando na frente de um espelho. Ela o faria se estivesse em seu lugar. 

Quando já pronto, ficou observando sua imagem refletida e percebeu o vazio que estava sentindo. Não sabia se a culpa era da atmosfera melancólica do Natal ou, simplesmente, de Scorpius Malfoy. Talvez por causa de Wood, só que seria ingênuo demais dizer que se importava com ele, acreditar que ele estaria pensando nela àquela altura. Nunca o fez. Só é que, como qualquer outro namorado do planeta, ele lhe dava espaço para falar deliberadamente sobre qualquer abobrinha, era carinhoso, preenchia suas horas vagas. Rose não se sentia tão só quando o tinha para conversar. E, naquela tarde em especial, ficou sozinha durante horas fazendo aquele presente. Foi divertido, mas um pouco confuso; uma hora pensava no ex, depois em Scorpius e, então, sobre a noite anterior. Chacoalhava a cabeça e acabava sorrindo, tentando se convencer de que ficar irritada com o Malfoy era a melhor forma de seguir em frente. 

 

Quando finalmente considerou o seu trabalho concluído, percebeu que ainda estava de pijama e que já passava das quatro horas da tarde. Não havia almoçado e nem ouvido ninguém lhe chamar, estava faminta em todos os aspectos. Levantou-se do chão, deixou o seu pequeno feito em cima de sua cômoda e abriu a porta. A correria não havia parado.

Seus tios e tias — exceto Gina que era um perigo gourmet — começaram a preparar a Ceia que aconteceria à meia noite para que todos estivessem lindos e cheirosos até as nove, segundo ordens expressas de Molly.  

Antes de pensar em talvez se arrumar, Rose tinha que matar a fome que estava lhe matando. Desceu até a cozinha, pegou o resto do almoço e foi até a sala para comer. Não havia ninguém ali além dela e um rapaz loiro que estava concentrado lendo um livro que…

— Ei, esse livro aí é meu — Rose esbravejou com a boca cheia. Scorpius a olhou por cima da página e sorriu. — E eu não lembro de ter permitido essa astrocidade.

— Astrocidade é você falar de boca cheia. Seja mais educada, Weasley — sibilou num suspiro. — Seu precioso está em ótimas mãos, você sabe disso.

— Você é um idiota — ela murmurou tomando suco. — E eu odeio você.

— Coincidentemente você também é uma idiota e eu também odeio você — retrucou. — Agora fique quietinha e me deixe terminar a minha linda leitura.

A ruiva bufou e ficou encarando ele com uma vontade imensa de tirar o seu queixo do lugar para ele parar com a mania irritante de mandar ela ficar quieta. Terminou a sua refeição tumultuada por alguns olhares faiscantes em direção a ele e uma preocupação excessiva com o bem estar do seu exemplar; logo foi até a cozinha para deixar a louça na pia.

Ela tinha duas opções: subir para o seu quarto e ceder ao insistente pedido de Dominique de deixá-la arrumar seu cabelo para a comemoração ou tentar sentar e ficar no mesmo ambiente que o Scorpius para que seu couro cabeludo ficasse à salvo.

Sim, a primeira opção foi a escolhida.

— Você está muito sedutora nesse pijama de coruja, Weasley — falou Scorpius Malfoy como se fosse algo muito corriqueiro. Rose se virou para olhá-lo e cruzou os braços. — É sério. Se essa coruja continuar me encarando desse jeito eu vou acabar me apaixonando.

— Será que você não consegue parar de ser idiota, Malfoy? — tentou soar indiferente, embora sentisse vontade de jogar uma almofada na cara dele. 

— Ah, mas a culpa não é minha se gosta de usar estampas com a sua cara.

Foi o que bastou para Rose realmente pegar uma almofada e começar a bater no garoto, que em meio a gargalhadas, foi derrubado no chão. Sem piedade alguma, a ruiva desferia golpes como se quisesse tirar algum músculo ou osso do lugar. Seu rosto já tinha atingido outro tom de vermelho, mas deu espaço para um sorriso divertido assim que Scorpius a colocou no chão e tirou a almofada de sua mão.

Ele a encarou vencedor.

Ela o encarou mais vencedora ainda após lhe dar um chute em suas partes baixas. O Malfoy caiu para o lado de dor e teve a ruiva em cima de sua barriga, com uma perna em cada lado de seu corpo.

Rose viu os olhos marejados de dor e, bom, quase sentiu culpa. Pensou que talvez seria o seu fim de verdade. Quando ele parou de se contorcer, respirou fundo, olhou para os lados e levou as mãos para as pernas dela. Engolindo em seco, Rose amaldiçoou-se por não ter simplesmente ignorado a provocação de quinta série. 

— Eu te odeio, Rose Weasley — murmurou tentando se sentar com ela ainda em seu colo. Com o rosto frente ao dela, não vacilou em olhar dentro de seus olhos. — E você vai se arrepender desse dia e implorar por misericórdia.

— Ah é? — ele assentiu, esgueirando as mãos para as costas dela. Pendeu o rosto para alcançar sua boca, mas Rose desviou, abrindo um largo sorriso ao começar a se desvencilhar dele. — É o que vamos ver, Malfoy.

Scorpius ficou no chão, fadado a acompanhá-la com o olhar até que desaparecesse escada acima. 

Como as horas estavam praticamente voando, ela tratou logo de ir tomar banho e começar a se arrumar para a ocasião. Deixou Dominique realizar seu sonho de criança e arrumar seu cabelo. Cuidadosamente, a loira prendeu a parte da frente e enrolou as pontas. Fez uma maquiagem bem básica na prima e sugeriu que vestisse um vestido azul petróleo que havia comprado na última ida a Hogsmeade. Sem pensar duas vezes, Rose aceitou a sugestão da prima.

Encarou-se no espelho, sorrindo com o resultado e se sentindo um pouco mais feliz. Era véspera de Natal, ela precisava exalar felicidade e contribuir para o bem estar de sua família naquele noite.

As garotas desceram para a sala quando deu nove horas e ela permaneceu no quarto, se sentindo nervosa de uma maneira completamente inexplicável — ou cuja explicação não queria aceitar. Talvez estivesse com um pouco de medo de…

— Alice, o Al perguntou se você sabe onde está a… — Scorpius abriu a porta e parou de falar quando percebeu que apenas a ruiva estava ali. Franziu o cenho, havia acabado de esquecer o que tinha ido buscar.

Os dois ficaram em silêncio.

Scorpius deu alguns passos após fechar a porta com cautela, sem desviar os olhos do reflexo do espelho, sem conseguir respirar tão bem quanto há alguns instantes. Ambos falharam na missão de aliviar a situação. Ele abriu a boca, uma ou duas vezes, para dizer algo, porém, apenas franziu o cenho e passou a mão em uma mecha do cabelo cor de fogo ao estar próximo o suficiente. Não queria dar tão na cara o que estava sentindo, só que Rose não facilitava a missão. Parecia tranquila, excessivamente tranquila, e linda. Apenas eu colo estava vazio, e ele pareceu notar isso. Ele ergueu a mão e fez um feitiço com os dedos, conjurando um colar que deveria estar guardado em algum lugar da mansão em Wiltshire.

Com a atenção fixa no que ele fazia, Rose conteve uma respiração mais profunda, embora algo deixasse o ar ainda mais pesado. Caso fosse seguir o ritmo descompensado de seu corpo, virar-se-ia para beijá-lo, mas a mente preferia colocar vários pontos de interrogação em sua frente. 

— Por que está fazendo isso? — ela sussurrou, dedilhando a corrente com admiração. Tentou lhe lançar um olhar duro, não estava preparada para prolongar nada até mesmo porque não existia nada a ser prolongado. — Nós não temos nenhum tipo de laço, Malfoy, para você me dar um colar do nada ou... — precisou de uma pausa ao receber um beijo cálido na curva do pescoço. — E nem vamos ter.

— Simplesmente porque eu quis — ele quase sorriu. Deu um passo para trás e passou a mão no cabelo, fingindo-se distrair com a própria imagem refletida. — Sua avó está te chamando. 

Foi o que ele disse antes de sair. Rose achou aquilo estranho, definitivamente estranho, no entanto gostou do colar. Era fino e de ouro, tinha um pingente azul e provavelmente deveria ter custado uma fortuna. Ela não iria aceitar, não mesmo, no dia seguinte acabaria devolvendo.

Respirou fundo mais uma vez, começando perceber que o corpo voltada a esquentar e o coração retornava ao ritmo normal. Tinha consciência de que era apenas a resposta do seu lado ingênuo respondendo à presença do Malfoy. Preferiu sair logo dali e encarar sua família que estava toda lá embaixo, embora não fosse lá uma das tarefas mais fáceis.

Sentou-se ao lado das primas no sofá, recebeu alguns sorrisos e elogios sutis da parte de seus pais e tios. Depois de alguns minutos, todos voltaram a atenção para Arthur Weasley, que foi até o meio da sala com um pacotinho na mão.

— Agora é a hora de revelarmos os nossos segredos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não sei vocês, mas eu estou perdidamente/loucamente apaixonada pelo Scorpius Malfoy♥²
O próximo capítulo já está sendo escrito, ok? (só pq amo muito vocês) u.u A próxima atualização vai ser provavelmente só semana que vem porque sábado eu vou ir para a cidade que eu vou prestar vestibular domingo e segunda, aí terça voltarei, então não sei quando vou atualizar, mas vai ser na margem de quarta/quinta, ok? ♥
ME CONTEM O QUE ACHARAM!
ME CONTEM TUDO!
ou apenas expressem o amor de vocês pelo Scorpius ♥
Eu senti falta de algumas leitores nesse cap anterior, então espero vê-las nos comentários deste, ok? ♥

AVISO A TODOS OS LEITORES:
Eu não mordo. Então podem mandar a opinião de vocês, favoritarem, recomendarem a história e amarem muito o nosso Scorpius Gostoso Malfoy ♥
Me contem o que acharam, o que gostaram, o que não gostaram, o que querem que aconteça, etc, TUDO!
Comentem, favoritem & recomendem, UHUUUUUUUU ♥

Espero vocês nos comentários ♥
Beeijos,
Taahii ♥