Legami Di Amore escrita por Tahii


Capítulo 23
Anestesia


Notas iniciais do capítulo

OLÁ, MINHAS FRAMBOESAS QUERIDAS ♥ Como vocês estão nesse belo dia chuvoso? Na minha cidade está chovendo muito, o que me levou a terminar esse capítulo lindíneo {finalmente!}. Peço desculpas pela demora, mas vocês sabem... Estava procrastinando com as minhas shorts! Carpe Diem está lindamente finalizada, caso queiram saber o que eu fiquei fazendo nesse tempinho *-*

Quero agradecer aos novos leitores, aos novos favoritos. Estamos quase em 400 e quase em 70, JUNTOS CONSEGUIREMOS! Estou muito feliz com isso, com a participação de lindezas nos coments, obrigada a todos! Sou grata pelo carinho ♥

Devo dizer que ainda não mudei essa capa, mas assim que eu tiver coragem farei alguma coisinha diferente. Certíssimo? :P

Espero que gostem do cap! Boa leitura e força no #core ♥

► PLAYLIST
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*Anestesia = Anestesia



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Ao ver o céu nublado através da janela de seu dormitório, Rose deu meia volta e foi pegar suas coisas para a aula de Poções. As três haviam acordado atrasadas naquele dia, o último da semana, e deveriam correr caso não quisessem ouvir abobrinhas do professor Slughorn, mesmo que Rose fosse uma de suas alunas favoritas.

Ela havia se recuperado consideravelmente bem nos últimos dias. A única coisa que estava lhe incomodando era um vazio que sentia em seu coração, o qual suas primas atribuíam à conversa que ainda não havia acontecido entre ela e seus pais. Por outro lado, sentia-se melhor quando estava perto das garotas, já que distraía a cabeça e desfocava sua energia vital do buraco que parecia consumir cada dia mais seus batimentos cardíacos. Tudo estava dentro dos conformes, pelo menos do esperado segundo os efeitos colaterais de uma anestesia mal sucedida.

— Hoje começaremos a fazer uma das poções mais fortes que existem, e mais eficazes também. — o professor sorria gentilmente enquanto apoiava-se em sua mesa. Os alunos estavam dispostos em duplas, como sempre, esperando sem muito ânimo as coordenadas para a aula. Rose estava junto com Roxanne, que tentava de alguma forma prestar atenção na ladainha que viria. — Alguém tem alguma ideia?

— Amortentia. — uma garota da sonserina falou após abaixar o braço levantado. Um sorriso travesso apareceu nos lábios de alguns estudantes. Rose observava a sua bancada, ainda vazia, e sentia um leve embrulhar de estômago. Ergueu a cabeça para respirar fundo e olhou para Scorpius, mas ele sussurrava algo com o seu primo. Engoliu a seco.

— Boa tentativa, senhorita Nott, mas não. É uma eficácia que pode ser aplicada a todos, para interesses que ultrapassam os limites amorosos, se é que me entende. — cruzou os braços calmamente, e fitou a dupla que estava à sua direita. Rose apoiou seu braço na bancada e olhou na mesma direção que o professor. A dupla era Ryan McLaggen e um tal de Miller que, por sorte, não conhecia muito bem. — É uma poção que induz à solução da humanidade, e também à sua ruína. O quão bom seria usá-la como um inseticida de mistérios ocultos.

— Veritaserum. — Alvo respondeu, fazendo alguns grifinórios rolarem os olhos. Rose percebeu que Ryan imitou o gesto geral, e ele notou que ela o estava olhando. O velho Slughorn sorriu e enfeitiçou a varinha para que letras garranchadas aparecessem no quadro negro.

— Muito bem, senhor Potter. Antes que eu dê pontos para a sua casa, quero que responda uma pergunta que martela na minha mente todas as vezes que vejo um frasco dessa poção. — o rapaz assentiu. Rose conseguiu achar ar o suficiente para fazer a sensação desconfortável no estômago passar. Ryan arqueou uma sobrancelha para ela e sibilou um “o que foi?”, ela apenas negou com a cabeça. — Para qual finalidade o senhor usaria?

— Para o de sempre, confissão de crimes.

— E como o senhor convenceria o bruxo a ingerir? — “depois da aula”, Ryan fez um singelo movimento com a mão, “conversamos”. Rose assentiu, não conseguindo evitar um sorriso.

— Eu misturaria com alguma bebida.

— E o senhor não seria descoberto? Pelo cheiro ou

— A poção Veritaserum é incolor, inodora e insípida, e o ser humano em geral costuma ficar muito seguro quando as coisas seguem seu rumo comum. Principalmente os que têm alguma culpa. — a sala ficou em silêncio enquanto o professor batia os dedos sobre a mesa, em um claro sinal de aprovação à resposta do aluno.

— Trinta pontos para a sonserina. — Rose respirou bem fundo após voltar a atenção para o professor, e expirou todo o ar sentindo que tudo em si estava normal novamente. — Como sabem, ou deveriam saber, essa poção leva um mês inteiro para ficar pronta. Isso significa que se começarmos nessa aula, terminaremos em Abril. Não precisam ficar chateados, faremos outras poções enquanto esta não fica pronta. Algumas aulas dedicadas à Veritasserum, e as outras dedicadas à poções extras. — a sala resmungou em desaprovação. — Podem pegar seus livros, ditarei algumas informações.

A agitação causada por tal ordem passou depois de alguns instantes, quando todos se viram preocupados em não conseguir fazer a poção. Alvo e Scorpius preparavam os ingredientes em profundo silêncio, embora trocassem olhares cúmplices de vez em quando.

Eles estavam confabulando teorias há dias, sem nada certo. Mas algo palpitava tanto na mente elétrica de Alvo quanto no coração frágil de Scorpius, dando indícios de que o óbvio estava bem na frente de seus olhos e eles simplesmente não conseguiam enxergar. Scorpius se sentia mais tranquilo ao ver Rose cada dia melhor, e encontrava um tipo de porto seguro todas as vezes que conversava com ela e percebia que o que tinham tentado começar ainda era válido, ainda existia. Só que por alguma razão oculta, como diria o professor Slughorn, suas mãos ficavam geladas quando se aproximava demais. Ele não conseguia discernir se a causa era seus sentimentos por ela, ou se era medo de que a nata que tinham desaparecesse completamente. Fosse pela sua imaturidade, ou por tamanho peso que estava deixando-lhe exausto.

Ele sabia que o peso não era Rose, tampouco o bebê. O peso era ter que lidar com tantas coisas ao mesmo tempo, de uma forma tão intensa e confusa. Talvez fosse esse o motivo de estar consideravelmente mais calado.

— Você acha que ele vai permitir que fiquemos com a poção? — Alvo perguntou enquanto Scorpius folheava o livro de forma displicente.

— Se você pedir talvez ele dê todas que estamos fazendo. — um sorriso malvado nasceu no rosto do Malfoy, que levou um tapa na cabeça em seguida. — Provavelmente não. Quem seria sua vítima?

— O imbecil do você-sabe-quem. — suspirou mexendo o caldeirão. Scorpius ergueu o rosto para ver onde o verme do McLaggen estava; e para a sorte da sala, ele estava concentrado no que fazia.

— Eu poderia até concordar com isso, Alvo, mas acho que está muito cedo para qualquer passo.

— O que quer dizer com isso?

— E se não for ele? — Alvo fez uma careta de desgosto.

— É claro que foi ele, quem mais teria a capacidade de pensar em — Alvo deu um passo para o lado, a fim de ficar mais próximo do companheiro. — matar?

— Não sei. — suspirou um pouco irritado. — Mas se não for ele e dermos essa informação de mão beijada, ele pode se mobilizar a fazer algo, Alvo, e talvez conseguir.

— E se for, mandamos ele direto pro inferno. — grunhiu com o cenho franzido.

— Podemos considerar a ideia, mas não agora. Quantas vezes já te disse isso?

— Você é outro idiota, Malfoy, francamente.

Scorpius preferiu não responder nada, já haviam conversado sobre o assunto no dormitório junto com Adam. Todas as informações haviam sido batidas e rebatidas, desde a alteração da poção até tudo o que aconteceu dentro da sala em que fizeram. Quando Scorpius contou sobre a aparição de Ryan naquela noite, tudo passou a fazer sentido.

O problema era que ele não estava tão convicto — mesmo que não soubesse o verdadeiro motivo disso —, e estava com medo de causar mais furdunço em volta do bebê. Poderia ser qualquer pessoa, e ele sabia bem das consequências de acusar o McLaggen. Se não fosse ele, com certeza se tornaria, porque Scorpius o conhecia bem o suficiente para saber que ele faria algo mil vezes pior. Não que estivesse defendendo aquele ser desprezível, mas pensava que estava defendendo Rose e seu filho de qualquer consequência de ações mal pensadas e executada. A sua decisão solo era manter tudo do jeito que estava, pelo menos até acertar as coisas com os pais de Rose e, de certo modo, com a própria. Depois que o bebê nascesse em segurança, poderiam pensar no assunto com mais afinco.

Alvo discordava totalmente, e alegava que se uma pessoa havia pensado em matar um bebê que nem havia nascido ainda, as coisas teriam a tendência a piorar. Só que Alvo não era o pai para tomar qualquer decisão.

Quando as aulas do período acabaram, Rose deu de cara com Ryan a esperando em um corredor. Desvencilhou-se das primas a muito custo e foi de encontro ao rapaz.

— Rose. — Ryan sussurrou seu nome em meio a um sorriso que nascia em seus lábios. Rose não fez outra coisa senão andar até ele segurando com força a alça de sua bolsa de couro, enquanto que acabou por ser envolvida pelos braços magros do rapaz em uma tentativa de abraço. — Parece que faz séculos que não nos vemos.

— Pois é. — ela sorriu amarelo ao vê-lo voltar à posição anterior. Ele cruzou os braços, aparentemente animado. Rose conseguiu perceber o brilho estranho que havia em seus olhos verdes comumente opacos, que de alguma forma a fez diminuir a intensidade a qual segurava a bolsa. — Mas e aí? Como você está?

— Eu que devo te perguntar. O que houve?

— Pelo que parece, uma reação alérgica na aula de Herbologia.

— O professor Longbottom explicou uma de suas hipóteses sobre o que poderia ter desencadeado a alergia em você, mas eu achei muito estranho. — Rose deu ombros, sentindo o pesar de sua não mais ingenuidade. — Não vemos isso acontecendo sempre por aqui.

— É verdade. Ainda estou para conversar com ele e com a Madame Pomfrey sobre isso, quero entender a fundo, mesmo que meus dotes em Herbologia não sejam dos melhores. — riu um pouco nervosa, sentindo as pontas de suas orelhas queimarem. Rose desviou sua atenção do olhar brilhante e curioso de Ryan, e fitou seus próprios pés.

— E com o pai do Malfoy também. — acrescentou após alguns instantes de silêncio. Rose tossiu antes de voltar a encará-lo. — Fiquei sabendo que ele veio para Hogwarts especialmente para checar como você estava.

— Às vezes o Scorpius se desespera.. — disse um pouco sem jeito, prestes a desviar do assunto. — Quando voltaremos com a nossa rotina de estudos?

— Quando você estiver bem para isso.

— Que tal semana que vem?

— Pode ser.

— Certo. Eu, hum, tenho que ir para o dormitório agora.

— É melhor você descansar mesmo, e tomar suas poções direito. — Ryan respondeu imediatamente, enfiando a mão dentro de sua bolsa para tirar, então, um saquinho cheio de balas azuis. — Essas balas têm a base de tulipas, dizem que se você ingerir uma por dia pode se sentir muito bem. Por isso quero dá-las para você.. — estendeu o saquinho, sorrindo.

— Obrigada, Ryan, de verdade. — Rose sorriu e, ao vê-lo se aproximar para um abraço, desistiu de desviar de tal afeto. Apesar da rixa com Scorpius, ele estava sendo um bom amigo.

Após se despedirem, Rose caminhou lentamente até seu destino. Seu coração estava muito acelerado, e seu nariz coçava com o perfume forte do rapaz. Antes que uma tontura lhe tirasse do eixo, deitou-se e fechou os olhos para aliviar o mal estar.

O que foi uma péssima ideia, inclusive, pois perdeu o horário do almoço e quando foi brutalmente acordada por Dominique, sentia-se tão fraca quanto seu irmão nas aulas de História da Magia. Engoliu um pedaço de torta salgada a caminho da sala de aula e viu-se obrigada a esforçar-se ao máximo para manter os olhos abertos e a atenção focada na matéria.

Debruçou-se na carteira, apoiando a cabeça com a mão direita e escrevendo com a esquerda displicentemente cada palavra que ouvia. Nunca havia visto sua letra tão garranchada, nunca havia sentido seu estômago roncar tanto de fome, e seus olhos nunca pesaram tanto quanto naquela aula. Ao ouvir o sinal tocar, sentiu-se bem por ter vencido aquela aula, mas seu coração falhou ao ver Scorpius em frente a porta, bocejando. Ele estava com sua bolsa no ombro, sua gravata não tão perfeita, seu cabelo meio amassado e ainda deixava transparecer pelos seus olhos opacos todo o seu cansaço.

— Rose. — ele a chamou assim que ela saiu da sala. O olhar de Scorpius se fechava em uma grande tarde chuvosa conforme Rose se aproximava, ingênua. — Posso saber por que não foi almoçar?

— Estava um pouco tonta e decidi ir para o dormitório. — respondeu cruzando os braços e desviando seus olhos dos dele. Scorpius estendeu os braços para puxá-la em sua direção e envolvê-la em um abraço. — Mas eu comi antes do período começar.

— Você está parecendo um fantasma, Rose Weasley, deve estar no mínimo faminta. — ele acariciou seus cabelos, repousando um beijo. — Eu até te convidaria para matar aula e ir à cozinha agora, mas talvez esse seja um bom programa para depois. A diretora McGonagall está solicitando a nossa presença na sala dela imediatamente.

— Vamos ser expulsos? — perguntou verdadeiramente temerosa, sentindo o peito de Scorpius subir e descer com a risada genuína que saiu pelos seus lábios.

— Não. Apenas ouvir um interminável sermão, eu acredito.

— Só nós estaremos lá, não é? — ela se distanciou do abraço, tendo os dedos entrelaçados aos do garoto. Diferentemente do costumeiro, Rose sentiu os dedos quentes, e os de Scorpius quase congelados.

— Se a sua pergunta é se o meu pai estará presente, não. Nem os seus. Ainda.

— Isso não foi nem um pouco confortante.

Um sorriso apareceu no rosto de ambos, que caminharam até a sala da diretora.

A gárgula de pedra sempre causava arrepios em Scorpius, embora não costumasse causar tantos problemas a ponto de ter que visitar Minerva McGonagall com muita frequência. Daquela vez, contudo, a culpa era o fio condutor de seu corpo, que eletrizou completamente ao perceber que a cada dia a realidade estava batendo mais à sua porta.

— Entrem e sentem-se, por favor. — sua voz era melodiosa, calma e autoritária. Rose abaixou a cabeça ao ver a costumeira imagem em sua frente. Nenhum fio fora do lugar, olhos verdes profundos e, no ponto de vista da Weasley, deveras misteriosos.

Cumpriram a ordem quietos, esperando que a diretora terminasse de escrever um pergaminho para que pudessem iniciar a conversa. Quando ela repousou a pena, enrolou o pergaminho e cruzou as mãos para fitar diretamente os dois, Rose começou a sentir seu corpo inteiro amolecer. Levou sua mão à bolsa, procurou uma das balas de Ryan e colocou na boca, a fim de controlar qualquer sintoma relacionado à fome ou falta de açúcar. As coisas não pareceram melhorar, contudo.

— O que vocês têm a dizer sobre a situação? — requereu sem delongas.

— Estávamos de férias, temos dezessete anos, fomos em uma festa e dormimos juntos. — a voz de Scorpius soou arrastada, como era de costume quando assumia uma posição defensiva. Ele encarava a diretora nos olhos, como ela realmente esperava, mas com uma leve aura de arrogância. — Obviamente não foi algo planejado, diretora, mas — deu ombros. — aconteceu.

— De fato, senhor Malfoy. — pigarreou. — Tive que levar essa situação aos diretores das casas, para que chegássemos a um consenso do que deve ser feito. É quase inimaginável pensar que em Hogwarts tem uma aluna grávida de outro aluno, e completamente inadmissível. Ambos deveriam ser expulsos.

— Expulsos? — Rose arregalou os olhos, sentindo o coração bater mais forte.

— Sim, senhorita Weasley, expulsos. — repetiu mecanicamente. — Contudo, houve apenas um voto entre os diretores a favor da expulsão. Vocês dois são, notoriamente, alunos excepcionais. Devo dizer, inclusive, que o professor Slughorn e o professor Longbottom defenderam arduamente a permanência de ambos. Concluímos que, conforme as informações de Draco, isso não aconteceu dentro dos limites do castelo, tampouco dentro do período de obrigatória supervisão da instituição sobre vocês. Além disso, a gestação está apenas em seu início e até a data da formatura estará.

— Indo para o sexto mês. — completou Scorpius, baixinho. — Isso significa que não seremos expulsos?

— Sim, senhor Malfoy. — a diretora conseguiu ouvir o suspiro aliviado da garota, que se ajeitou na cadeira, ainda incapaz de olhar para a mulher diretamente. — Porém, vocês não devem fazer um furdúncio em cima disso, não devem compartilhar com pessoas demais. Estão proibidos de se encontrarem clandestinamente durante a noite, e só poderão ir a Hogsmead mais uma vez até o final do ano letivo. Além disso, todas as semanas a senhorita Weasley deverá comparecer à Ala Hospitalar para ter a gestação acompanhada. Draco se incubiu, como medibruxo, dessa função. — ambos assentiram, calados. — Não muito em breve eu convocarei os seus pais, senhorita Weasley, para estarmos conversando acerca do assunto. Agora, tenho algo a perguntar para os dois e quero que respondam a verdade. A senhorita Weasley tomou alguma poção de aborto ou você, senhor Malfoy, lhe deu uma para tomar?

— Não, diretora. A única coisa que Rose ingeriu foi uma poção para descobrir sobre a gravidez, que descobrimos ter sido modificada.

— Disso eu sei, senhor Malfoy, tanto seu pai quanto o professor Slughorn proferiram teorias acerca da modificação da poção. O ponto que devo e quero chegar, é que, por hora, isso deve ficar encoberto. É perigoso pensarmos que algum aluno de Hogwarts fez tamanha façanha para prejudicar a senhorita Weasley de forma tão grave, pois ele poderá agir contra a criança. Esperem que ela nasça para que posteriormente investiguemos as raízes do que aconteceu. — McGonagall encostou-se à cadeira e observou o jovem casal por alguns instantes. — Por hoje é só. Em breve os chamarei novamente.

— Obrigada, senhora diretora.

Rose nunca havia se sentido tão constrangida em toda a sua vida, e ao sair da sala sentiu um arrepio percorrer a espinha. Podia, finalmente, respirar ar fresco. Scorpius estava ao seu lado, não tão abalado quanto ela. Ele lhe observava com paciência, e carinho, mas seus olhos opacos deixavam Rose tremendamente incomodada. Antes que pudesse voltar a andar, fora envolvida por um abraço carinhoso de Scorpius, cujo perfume revirou seu estômago mais uma vez. Não sentia o costumeiro cítrico, suave e eletrizante; pelo contrário, parecia algum doce malfeito de Hugo durante algum fim de semana. Isso a fez distanciar-se dele.

— Estamos juntos nessa, Rosie, juntos. — declarou beijando as duas mãos da garota.

— Eu sei.

[...]

— Eu odeio você, Adam Zabini, odeio. — Alvo grunhiu dolorosamente ao abrir o seu baú no dormitório, e praticamente sozinho. Scorpius estava terminando de ajeitar sua gravata para irem tomar café da manhã, enquanto que o Potter remexia o baú em busca de sabe-se lá o quê.

— Isso não é uma surpresa. — disse quase que para si mesmo. Alvo bateu o baú, causando um estrondo incômodo aos ouvidos sensíveis do Malfoy. — Se você não desse liberdade para as pessoas mexerem nas suas coisas, não daria chiliques logo de manhã.

— Cala a boca, Malfoy. O problema não sou eu e a minha confiança nas pessoas, o problema são as pessoas desorganizadas que remexem as minhas coisas. — esbravejou imediatamente fechando os olhos em busca de paz. — Eu vou esganar ele, arrancar cada pelo daquela barbinha estúpida com a pinça de sobrancelha da minha irmã.

— Muito ameaçador, realmente. Podemos ir?

— Podemos. — sibilou saindo na frente. — Porque eu preciso achar o meu pote de asfódelo até à tarde, se não eu não vou conseguir fazer a poção com seiva de acanto, e vai ser um desastre.

Scorpius limitou-se a olhar para os próprios pés, às vezes erguendo a cabeça para cumprimentar algum colega. Sentia-se cansado, com a cabeça muitíssimo pesada, e o que mais queria era ficar em algum lugar silencioso, sem as ladainhas de Alvo e sem a voz de Minerva McGonagall rebatendo em sua cabeça.

Céus, o que ele mais queria era, sem dúvidas, se encontrar com Rose clandestinamente durante à noite, ou de dia. Queria beijá-la, sentir sua pele macia, afagar seus cabelos, ouvir sua voz, inalar seu perfume maravilhoso, olhá-la de perto. Mas se antes as coisas já estavam complicadas, tudo havia piorado, e ele conseguia sentir os espinhos na pele.

Às vezes calhava de andarem de mãos dadas, mas ele havia percebido que os abraços estavam mais curtos, os carinhos mais raros e fazia dias que nem um selinho davam. Claro, ele não era um troglodita, sabia que era uma fase sensível, por tudo que acontecera, acontecia e iria acontecer; no entanto, ainda tinha sentimentos e desejos. Queria ficar junto, mais junto. Só que seu coração não se importava em esperar o tempo dela, o que era levemente confortante.

Ao chegarem no grande salão, Alvo foi tirar satisfação com Adam por causa da bagunça gigantesca em suas coisas, e Scorpius apenas se sentou para colocar algo em seu estômago.

Rose estava sentada um pouco mais à direita de seu campo de visão. Em algum momento, ela olhou de volta para Scorpius enquanto ele a fitava levemente saudosista. Os dias estavam fazendo um grande bem à ela, de certa forma, já não estava mais tão abatida. Estava linda, como sempre. Foi pensando nisso que ele sorriu espontaneamente, e ela retribuiu de onde estava.

Alguns instantes depois, ele a assistiu levantar e andar em sua direção, causando uma aceleração dos seus batimentos cardíacos.

— Você pode me acompanhar hoje? — perguntou quase em um sussurro. Scorpius arqueou uma sobrancelha, não fazendo ideia do que a garota estava falando. — Ala Hospitalar.

— Ah, sim, claro que posso. — assentiu, estendendo a mão para ela, que repousou a sua e recebeu um beijo delicado. — Quando?

— Antes do primeiro horário após o almoço.

— Tudo bem.

Ambos sorriram e, ao receber uma piscada do rapaz, ela lhe deu as costas, juntando-se a Roxanne e Dominique na mesa da grifinória. Scorpius voltou sua atenção ao café da manhã e, estando avoado em seus pensamentos, foi cutucado por Alvo, que tinha em suas mãos duas cartas.

— Essa é sua. — ele lhe estendeu o envelope, suspirando enquanto abria a própria. Provavelmente era sua mãe discorrendo acerca de sua implicância com Lily.

Scorpius já sabia que era de Astoria antes de sequer pegá-la. Seu frio na barriga era inconfundível quando estava prestes a receber palavras duras de sua mãe.

“Scorpius,

O que tenho a dizer é que algumas coisas na vida são realmente surpreendentes, e devemos saber lidar com elas de uma forma a diminuir a área de danos. Não estou nada contente com essa situação, pois ela apenas comprova a sua irresponsabilidade. Seu pai não passou por isso, nem seu avô, nem nenhum outro Malfoy, pelo o que bem sei. Estamos em outra época, uma bem mais liberal graças ao nosso bom Merlin, mas algumas coisas transcendem a história.

Eu, seu pai e sua avó conversamos sobre isso. Por sorte você é minimamente esperto, e decidiu assumir essa criança — porque pode ter certeza que as coisas ficariam piores caso fossemos forçados a te convencer disso. Não sei como “daremos a notícia” para seu avô, não sei como lidaremos com o fato de que você engravidou uma Weasley e também não sei o que faremos quanto à essa situação de quase aborto. Estou completamente decepcionada com tudo isso, porque não foi para isso que te criamos.

Conversaremos pessoalmente.

Não faça nenhuma (outra) besteira.

Malfoy, A.G.”

Colocou a carta de volta ao envelope, sentindo alguns quilos a mais serem adicionados aos seus ombros.

Scorpius não sabia como agir, como pensar, como sentir. De um lado estava feliz por, pelo menos, isso ter acontecido com Rose, pois sabia que de uma forma inacreditável era apaixonado por ela e não se importaria de fazer tudo por ela e pela criança. A fantasia de ter uma família com Rose lhe satisfazia de uma forma quase que assustadora, e o desafio de criar e amar um filho parecia não ser uma carga se ele estivesse com ela. Talvez não fosse o melhor momento para isso, mas ele não se importava em enfrentar o mundo por eles. No entanto, saber que estava sendo julgado por seus pais, pela família de Rose, por Hogwarts e até mesmo pelos seus amigos lhe incomodava a ponto de sentir-se um incompetente frente a uma muralha que, sinceramente, não era capaz de ultrapassar.

Sabia que teria de seguir o que sua mãe determinasse, o que os pais de Rose determinassem. Eles não iriam fugir para ter uma vida feliz e tranquila em um apartamento em Londres do modo como bem queriam. Não. Era pouco provável que todos os seus sonhos irreais verdadeiramente se concretizassem como impossíveis. E isso arranhava o seu coração de uma forma dolorosa.

No horário combinado com Rose, Scorpius a encontrou em frente ao Grande Salão para irem até a Ala Hospitalar. Ver seu pai novamente era quase a mesma coisa de levar um tapa na cara, mesmo que não fosse de uma maneira tão agressiva como poderia ser com sua mãe.

O local estava vazio, cheio de camas intacta e apenas Madame Pomfrey andava pelo lugar causando um leve som por conta de seus sapatos não tão macios. Havia uma cortina cor de musgo que envolvia a última e mais distante cama, até onde ambos caminharam sem pestanejar. De pé ao lado da cama, olhando uma prancheta enquanto brincava com uma caneta entre os dedos, estava Draco Malfoy.

— Papai. — Draco lentamente tirou os olhos dos papéis e olhou para os dois adolescentes com uma expressão que, para Rose, era de poucos amigos. Nunca havia se pegado imaginando como seria conhecer os pais de Scorpius, mas definitivamente o melhor jeito não era como acontecia. Draco não respondeu nada, apenas fitou a garota mais alguns instantes.

— Como vai, senhorita Weasley? — perguntou pigarreando, desviando sua atenção para pegar as coisas que precisaria.

— Consideravelmente bem. — ela o olhava com curiosidade, principalmente porque os dois tinham traços muitíssimos semelhantes.

— Certo. — Draco arrumou os travesseiros da cama e fitou o filho. — Por que você não vai dar uma volta e, quando acabar, peço para que te chamem? — Scorpius levantou as sobrancelhas, um pouco incomodado, mas assentiu prontamente, o que ocasionou a dolorosa separação das mãos antes entrelaçadas.

— Tudo bem. — virou-se para Rose e deu-lhe um beijo na testa e garantiu, de uma forma silenciosa, que tudo ficaria bem.

Alguns segundos depois, Rose sentiu o ar ficar mais denso pela tensão instalada. Não sabia o que dizer, ou fazer; ele era seu medibruxo e o avô de seu filho. Era mais uma situação que não havia pensando em como seria viver. Quando ele fez sinal para que se sentasse na cama, agradeceu mentalmente por conta do bambear de suas pernas.

— É um prazer conhecê-la acordada, senhorita Weasley. — a voz de Draco era autoritária, embora Rose conseguisse reconhecer sua tentativa de ser cordial. Ele lhe estendeu a mão, e a jovem não demorou a apertá-la.

— Pode me chamar de Rose, senhor.

— Pode me chamar de Draco, Rose. — ela deu um sorriso fraco, observando-o sentar-se em um banquinho de madeira bem em sua frente. — Passou realmente bem todo esse tempo?

— Em comparação aos primeiros dias, sim. Apenas sinto tontura, às vezes dor de cabeça e um revirar de estômago.

— Está tomando as poções que prescrevi?

— Sim, senhor.

— Certo. E como você está lidando com tudo isso? — era uma boa pergunta. Rose não tinha uma resposta muito boa.

— Não sei ao certo. Ainda não conversei os meus pais, então estou com um pouco de medo de… — ele arqueou as sobrancelhas, do mesmo jeito que Scorpius costumava fazer. — Do que pode acontecer.

— E o que pode acontecer?

— Exatamente, eu não sei. — riu nervosa, franzindo os lábios.

— Escute, Rose… Não é a melhor situação do mundo, não é o que eu, minha esposa e os seus pais desejamos para você e Scorpius, mas o que todos nós podemos fazer se não ajudar vocês a passar por isso? — disse como se fosse óbvio. — Com certeza seu pai vai ficar irado, mas jamais vai abandonar a própria filha. Não faz parte dos seus pais fugirem de problemas, ou abandonar pessoas que amam. Eles não vão desamparar você em nenhum sentido. — ela assentiu, abaixando a cabeça. — Quanto à nós, também não vamos desamparar o Scorpius. É claro que vocês dois merecem uma lição bem dada, mas não dá para mudar o que já aconteceu. Astoria está completamente desolada por isso, eu estou desolado também. O que sonhamos para Scorpius era algo bem diferente de ser pai aos dezessete. Mas e daí? Como eu disse para ele, pelo menos temos condições de criar esse bebê, temos duas famílias distintas, mas que sem dúvida amam seus filhos. Ninguém vai sofrer, ninguém vai morrer; pelo contrário, pelo o que bem entendo de gestações e partos, quando essa criança nascer, muita coisa vai ser amenizada e vocês dois vão ter que correr atrás de resolverem suas respectivas vidas e… Enfim. Não dá para se arrepender do que já foi. E eu dou a minha palavra a você, embora ela possa não ter muito valor, de que na pior das hipóteses, eu vou estar com você, com o Scorpius e com essa criança. Foi o que eu prometi à minha mãe quando o Scorpius nasceu, que eu estaria com ele em todos os momentos da vida dele.

Rose pôde respirar fundo e descarregar todo o desconforto que sentia desde o dia em que descobrira que estava grávida. Havia alguém, além de Scorpius, que estaria com ela, o que era reconfortante. Ela não conseguiu segurar lágrimas rebeldes e grossas, mas tentou conter o choro em frente ao senhor Malfoy. Sabia que não deveria se mostrar tão fraca, embora se achasse.

Ele lhe estendeu um lenço e pegou a prancheta de volta, assim como sua varinha, para que pudessem fazer o que ele havia se proposto.

— Estamos conversados? — perguntou assim que ela deixou o lenço ao seu lado na cama. Ela assentiu, achando o brilho apagado dos olhos de Scorpius nos de seu pai. — Então vamos ver como esse bebê está.

Rose respondeu a uma série de perguntas, teve seu coração examinado, novas poções para tomar e a certeza de que havia, realmente, um bebê se desenvolvendo dentro de si. E, ainda, que ele estaria seguro, em diversos sentidos.


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Notas finais do capítulo

O meu problema é que eu gosto por demais do Draco, então ele não vai ser bem um pai barra pesada por aqui. Ele vai ter uma desenvoltura muito paciente e digna, diferente de certas pessoas por aí... ~~suspiros dolorosos~~ E não me perguntem o gosto de bala de tulipa porque eu realmente desconheço. E azuis ainda? kkkkkkkkkkkkkk aiai

Espero que tenham gostado desse capítulo. Conto com todos vocês [já pensou que doidera??] nos coments me dizendo o que acham. Se vocês soubessem de uma coisa que eu sei [rs] já estariam com as varinhas em mãos. ENFIM!

Muita gente tá chegando perto de UMA PARTE DO MISTÉRIO, que diz respeito ao culpado. Mas ninguém está prestando atenção em um detalhe muito ÓbviO. Vamos por os neurônios para pensar. Depois desse cap, tem uma leitora em especial que vai pegar no ar algo kakakakakaka

Desejo a todos boas festas, esse é o meu presente de Natal para vocês: o bebê está vivo [ainda] e provavelmente continuará [99,9999% de chance] :D Podem decidir o nome e o sexo kakakakakakaka ♥

Um grande beijo a todos!
Tahii ♥

Ps¹: https://fanfiction.com.br/historia/769914/Carpe_Diem/ eis o link para quem não deu uma olhadinha, olhar.

Ps²: estou com um desafio lá no meu perfil, deem uma passadinha lá!