Legami Di Amore escrita por Tahii


Capítulo 20
Labirinti


Notas iniciais do capítulo

(FIQUEM SUAVE NA NAVE PORQUE NÃO VAI CAIR NO CLICHÊ, EU JURO JURADÍSSIMO)

Olá, pessoas do meu core, como vocês estão?
Eu estou simplesmente ÓTIMA porque vocês são MARAVILHOSOS! Quero agradecer de coração à todos que comentaram e passaram a acompanhar a história, vocês são demais ♥
Quero dizer também que saiu uma capa nova de LDA, só que ela não está em jpg e eu estou com preguiça, então talvez só na próxima att saia uma capa nova. hehe.

E geeeeeeeeeente, que aflição a de vocês, heim, eu fiquei aflita com a aflição. Uns felizes, outros temerosos, outros querendo o Mcbosta (amei o apelido) saindo da história. Eu só digo para vocês prepararem o coração. O aviso aí em cima é apenas para tranquilizar vocês de que não vai cair no clichê, mesmo que pareça. Vocês ainda vão me matar, gente, fiquem todas calmas kkkkkkkkkkkkkkkkk

Espero que gostem desse capítulo. Eu, particularmente, achei muito fofo. Só não será o cúmulo da fofura porque é ligeiramente trágico, ops

Boa leitura ♥

► PLAYLIST
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*Labirinti = Labirinto



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— Tente comer bem. — as palavras de Alvo não poderiam soar mais doces aos ouvidos de Rose, que não pensou duas vezes antes de abraçá-lo. Ele havia sido tão paciente com ela, e carinhoso. Talvez se ele não tivesse aparecido no banheiro para ajudá-la a se acalmar, provavelmente estaria na Ala Hospitalar. — Se precisar de mim, dê um jeito de me chamar.

Ela assentiu ao se distanciar dele, sorrindo.

Alvo foi para a mesa da sonserina, perto de onde Scorpius e Adam estavam. Rose se sentou ao lado de Dominique, na frente de Roxanne. A troca de olhar entre as duas foi clara, mas a julgar pelo aspecto abatido de Rose, nada além de uma aura de preocupação ocupava suas expressões.

— Você sumiu. — comentou Dominique temerosa. — Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu. — Rose suspirou encarando seu prato. — Mas não vou contar agora. Preciso urgentemente comer e dormir. Amanhã eu prometo que conversamos.

Elas não disseram mais nada, pelo menos não relacionado à Rose. Dominique e Roxanne confabulavam teorias a torto e à direita sobre o comportamento esquisito da prima, sobre seus sintomas, sobre seu caso com Scorpius Malfoy. Só que elas não tinham — assim como ninguém além da própria Weasley — acesso ao seu coração. Não entendiam, não compreendiam o que ela sentia. Algumas coisas na vida temos de passar sozinhos, e Rose deveria passar sozinha pelo labirinto em que ela mesma havia se colocado. O máximo que as primas poderiam fazer seria acordá-la para a realidade de que ela tinha que achar uma saída, mais cedo ou mais tarde.

Alvo Severo era outro exemplo de labirinto. Em um instante havia achado a saída do seu problema com Alice Longbottom, estavam bem, felizes e matando a saudade em um corredor bem distante de onde todos os alunos de Hogwarts gritavam alucinadamente. Em outro, um estrondo de portas e uma cabeleira ruiva o fez ir ver o que estava acontecendo, e se por um acaso aqueles cabelos eram de sua irmã. Deu de cara com sua prima, chorando, e com uma história que não desconfiou por um minuto sequer. Para finalizar a sua entrada em uma grande bola de neve, havia ajudado a sua prima a descobrir que estava grávida do seu melhor amigo.

Melhor amigo esse, vale ressaltar, que não lhe contou nada. Se Alvo perguntasse, Scorpius juraria de pé junto que odiava Rose Weasley do fundo do seu coração, que nunca ficaria com ela, que nunca daria uma chance à eles por ela ser simplesmente insuportável, egoísta e chata. Alvo via um filme em sua cabeça que lhe mostrava como ele era sincero com Scorpius e como ele lhe contava tudo. Foi Scorpius quem ouviu sobre sua primeira paixão platônica, sobre seu primeiro beijo, sobre suas fodas inusitadas por aí. Era Scorpius quem ouvia seus problemas, suas reclamações, suas vitórias, derrotadas. Porra. Eles eram amigos. Melhores amigos.

O Potter se sentou, normalmente, na frente dele e de Adam, os dois estavam em uma conversa sobre o jogo de quadribol. Davam risadas, faziam piadas que não pareciam ter sentido para Alvo e agiam naturalmente como se nada tivesse acontecido. Como se ele não estivesse envolvido com Rose Weasley até o último fio oxigenado daquela cabeça loira, como se tudo estivesse no curso de sempre. Scorpius sorria, com aqueles dentes irritantemente brancos, mexia no cabelo, olhava para os lados provavelmente em busca de alguém para inflar seu ego imensurável, enquanto Rose mal parecia tocar em sua comida — pelo menos era o que Alvo conseguia ver.

— Está tão calado, Potter. — Alvo desviou o olhar da mesa da grifinória para fitar a cara lisa de Scorpius. — Aconteceu alguma coisa?

— Não. — mentiu. — Estou apenas pensativo.

— Deixe-me adivinhar. — pediu Adam antes de uma risada imbecil. — Está pensando em como foi idiota com a Alice e planejando formas de implorar que ela não te abandone!

— Quase. Não assisti o jogo de hoje, não sei se perceberam.

— Claro que percebemos. Você não estava tagarelando sobre o time fracote da grifinória na nossa orelha. — Adam fez uma careta, despertando um risinho em Scorpius, mas nada em Alvo. — Hm, mas e daí que você não assistiu? Estava com ela?

— Sim, meio que nos resolvemos.

— Graças à Merlin, já estava ficando cansado de ouvir suas imbecilidades. — murmurou Scorpius. Alvo apenas deu ombros, fingindo tranquilidade. — Você pediu desculpas? Como foi?

— Tivemos uma conversa, colocamos algumas cartas na mesa e tudo ficou certo no final. É isso que pessoas que consideram umas as outras fazem, colocam tudo às claras, independentemente do teor.

— Concordo. — Scorpius assentiu. Um clima estranho se instalou com a expressão irônica disfarçada do Potter. — Se a sua tarde foi tão produtiva assim, por que está com essa cara?

— Estou cansado.

— É realmente muito bom ficar cansado de dar uns amassos. — Zabini, novamente, abriu a boca para falar porcaria. Alvo rolou os olhos. — Eu, por outro lado, estou cansado de gritar. Nunca torci tanto para a Lufa-Lufa ganhar na vida. Odeio quando esses grifinórios nojentos ganham.

— E você, Scorpius, o que ficou fazendo durante a tarde?

— Nada demais. Assisti àquele jogo entediante, depois procuramos você e depois desistimos e ficamos perdendo tempo no salão comunal. Aliás, tenho algo para contar... Sobre a Georgie.

— Eu realmente dispenso as suas aventuras amorosas, cara. Só me faz me sentir pior. Sabe há quantos séculos eu não beijo ninguém decente?

— Nós terminamos o que estávamos quase tendo. — Scorpius ignorou Adam. Alvo controlou sua língua ao encher sua boca de comida. Arqueou as sobrancelhas na tentativa de dizer “sério?”. — Já ficamos outras vezes e, bem, eu não sinto nada por ela.

— Você sente por alguém que não seja você mesmo? — ah, sua avó Molly já dizia que algumas mortes são ocasionadas pela boca. Adam franziu o cenho, estranhando a colocação. Scorpius fechou a cara.

— Com certeza.

— Então está tudo certo.

Adam fez o favor de desconversar após alguns segundos de um gelo constrangedor. Scorpius, porém, conseguia ouvir a voz do Potter em seus ouvidos ainda.

Eles já haviam passado por maus bocados diversas vezes, e visto um ao outro com comportamentos esquisitos e irritantes, só que Scorpius não se lembrava de ter feito nada que fosse capaz de tirar Alvo do sério. Estava tudo tranquilo, como sempre, nada que justificasse a sua grosseria. E embora os esforços do Zabini para aliviar o clima fossem merecedores de reconhecimento, Scorpius não conseguia esperar a hora de chegar no dormitório para perguntar o que estava acontecendo.

Os três andaram em silêncio, vestiram-se em silêncio e o Malfoy realmente pensou que Alvo dormiria sem dar nenhuma explicação cabível. Por isso, assim que ele se sentou na cama para deitar, Scorpius decidiu que era naquele momento ou nunca.

— Você vai desembuchar ou não vai? — sua voz saiu arrastada, de um jeito específico que ele sabia que faria Alvo amaldiçoar até a quinta geração de sua família. Com a pouca iluminação do dormitório Scorpius conseguiu sentir o olhar raivoso contido.

— Será que sou eu quem deve?

— Fala logo, Alvo, não sou vidente pra adivinhar as abobrinhas que passam na sua cabeça.

— Quem dera fossem abobrinhas. — riu de escárnio. — Eu só acho muito engraçado vocês dois viverem em um paraíso encantado onde tudo está perfeitamente bem e em ordem enquanto que a realidade está muito diferente. Vocês dois só reclamam da minha falação, mas não me contam porra nenhuma. Sempre acabo descobrindo as coisas sozinho.

— E o que você descobriu, cara? Uma poção nova? — ralhou Zabini indiferente, deitando-se em sua cama. — Fala logo o que quer falar, Potter, meu sono da beleza não pode ter horas subtraídas.

— A única coisa que eu tenho para dizer é que eu pensei que nós éramos amigos de verdade.

— Nós somos. — corrigiu Scorpius, levemente assustado com a vermelhidão do rosto do amigo. Há muito, muito tempo ele não via Alvo daquele jeito. — E sempre seremos.

— Ah é? Jura? Então por que vocês escondem coisas de mim como se eu fosse tapado o suficiente para não enxergar? Vocês estão fazendo isso exatamente agora!

— Alvo, eu não sei do que você está falando.

— Não seja estúpido, Malfoy. Se você não sabe, bem vindo ao meu mundo. Vai descobrir sozinho. E quando você entender do que eu estou falando, não conte comigo pra merda nenhuma. Nenhum de vocês dois.

Foi a última coisa que Alvo disse antes de se enfiar embaixo dos cobertores. Scorpius olhou para Adam, que fez um sinal querendo dizer que não era para ele se preocupar. Alvo deveria apenas estar nervoso, apesar de sua reconciliação com Alice.

Scorpius se deitou, fechou os olhos, mas algo palpitava em seu coração não o deixando cair no sono de verdade. Odiava dormir desentendido com alguém, e naquele momento havia duas pessoas que incomodavam sua mente: Alvo Potter e Rose Weasley.

No outro dia, porém, a única novidade era que uma forte dor de cabeça lhe deixou atordoado durante quase o dia inteiro. Ao acordar Alvo já havia saído do dormitório, e durante as aulas ele não sentou nem com Adam e muito menos com o Malfoy. Scorpius admitia que tinha sim outras coisas mais importantes para pensar do que possíveis motivos para o drama do amigo — como os NIEM’s, por exemplo —, só que ele não conseguia juntar as peças do quebra-cabeça; na verdade, não fazia ideia de que havia algo a ser montado. Ele estava, simplesmente, inerte no tempo e no espaço.

Seus problemas com Rose pareciam não ter mudado em nada, pelo menos ele não conseguia captar nenhuma mudança aparente. Claro, ele era um imbecil. Se tivesse sido sincero consigo mesmo, desde o dia que foi embora da Toca… Bom, não teria ido, pra começo de conversa, e todo o resto teria sido evitado tranquilamente. Mas não, não! Tinha que fazer um suspense. Observando Rose durante a única aula com a grifinória que teve no dia, onde, inclusive, ela estava quieta demais — não falava as respostas, não incitava debates e, pior, não erguia o braço irritante para responder —, Scorpius percebeu que não teria sido idiota confessar que havia se apaixonado por ela desde o momento em que percebeu que por trás daquela armadura de ferro inoxidável, existia uma garota incrível que fazia seu coração balançar como se estivesse andando em uma corda entre dois penhascos. Não era ele que gostava de emoção? Pois bem, ele havia se apaixonado por uma Weasley, e como se não bastasse, era a Weasley implicante, ranzinza, de voz irritante que ele estava sentindo falta. Preferiria ouvir insultos à permanecer sem ver aqueles lábios dirigidos especialmente para ele — independentemente dos motivos.

Scorpius só parou com o auto-julgamento quando o bolso de sua calça começou a queimar, literalmente. Achou ligeiramente estranho mas, ao apalpar, sentiu um pedaço de pergaminho com uma letra cursiva que fez seu coração quase sair pela boca.

Preciso falar com você após as aulas.

Em frente à sala precisa.

R.W.

Ele dobrou o papel e pôs no meio das páginas do livro. Tentou olhar para a garota para mostrar uma confirmação, mas ela não deu nenhuma brecha.

Quando o sinal que finalizava o período tocou, Scorpius apressou-se em guardar seus materiais e ir até o local combinado. Talvez a fobia foi tanta que ele foi um pouco rápido demais, a ponto de chegar em um corredor vazio e sem rastros. Encostou-se na parede, escorregando até o chão junto com sua bolsa, para esperá-la. Um sorriso brincava em seus lábios, afinal, fazia tempo que eles não conversavam sozinhos. Tempo o suficiente para fazê-lo dar um tapa bem no meio de sua testa ao perceber o quão tonto ele era. Depois de alguns minutos, a figura de uma estudante com vestes da grifinória o fez levantar de onde estava.

— Rose. — foi tão bom sibilar o nome dela e vê-la em sua frente. Scorpius conteve o afobamento arregalando os olhos de emoção e, também, piscando mais do que o normal para conferir se era mesmo verdade.

— Obrigada por vir. — murmurou com um sorriso fraco, e ele respondeu assentindo com a cabeça. — Não vou tomar muito o seu tempo.

— Você está esquisita. — ele pareceu ignorar o tom arrastado que ouvira. — Aconteceu alguma coisa? Não me diga que o idiota do McLaggen aprontou alguma coisa com você.

— Ahn, não. Ele n-

— Eu já avisei ele que era para ele manter aquelas patas nojentas bem longe de você, porque se não iria se arrepender do dia em que me conheceu naquela estação de trem. — Scorpius cruzou os braços, já tomando posse de uma feição fechada. Rose rolou os olhos.

— Não tem nada a ver com o Ryan. E, apenas para lembrar, você não tem o direito de decidir quem deve ou não se aproximar de mim.

— Ele não presta. — grunhiu. — Deveria ser exilado antes que faça alguma bobagem relevante para o mundo bruxo.

— Se quer proteger o mundo, forme-se auror. — Scorpius cerrou os olhos em direção a ela. Era inacreditável como ela tinha o talento de distorcer as coisas. Em prol de uma conversa civilizada e uma melhora substancial na relação com ela, Scorpius não retrucou. — Posso falar?

— Deve.

— Olha, eu não sei como dizer isso. — suspirou fechando os olhos. — Não de uma forma sutil e amena, porque… Eu não sei como lidar, eu não sei se é verdade, eu não sei se-

— Eu e a Georgie não estamos mais ficando casualmente, se é o que quer dizer. Percebi que às vezes algumas coisas são apenas estupidez que nos cegam para o que realmente importa. Gosto dela como amiga, uma grande amiga, mas apenas isso. — a fala de Scorpius fez muito sentido na sua cabeça, porém apenas na sua. Ele pensou que seria certo acabar com os boatos e, de certo modo, deixar um pouco mais claro que os sentimentos dele por ela não mudaram em nada. Foi como um balde de água fria, tanto para Rose, que não estava pensando sobre o assunto, quanto para ele ao ouvir sua resposta.

— Não me interessa as suas aventuras amorosas, Scorpius, de verdade.

— Rose, seja sincera. — pediu em meio a um riso abafado, incrédulo. — Vai me dizer que isso não mexeu com você?

— Nem uma vírgula. — mentiu, indiferente. — Eu me lembro da aula de Astronomia quando te disse que não daríamos certo. E, diferente de você, não mando na sua vida, tampouco em quem deve ou não entrar nela.

— Então o McLaggen está entrando na sua vida?

— Por Merlin, Malfoy, somos amigos. — ralhou em um tom cansado. — Não é porque você não se dá bem com alguém que essa pessoa não presta.

— Eu não sou tapado à esse ponto, estou dizendo o que sei. Ryan McLaggen não presta, não é digno de confiança.

— Quem é digno de confiança à você? Além do seu próprio reflexo?

— Credo, Weasley. — franziu o cenho com a grosseria. — Por que você dá tanto crédito para ele e pra mim não? Já me provei muito melhor do que ele, e você ainda prefere defender um conhecido de treze horas.

— Não me venha com essa laia de ciúme, Malfoy, não tenho paciência para isso.

— Não é ciúme. — talvez fosse, sim. Ele enfiou as mãos no bolso antes de encarar aqueles olhos verdes opacos. A intenção não era discutir, era apenas… Tentar consertar a situação. — Só não quero te ver mal.

— Porque beijar a Georgie depois de um blá, blá, blá amoroso não faz nenhum mal, imagino. Ir embora da Toca dizendo que ia se encontrar com a ex namorada também não faz mal. — Rose cruzou os braços, indignada, e sentiu todo seu rosto ferver depois de um sorriso estúpido nascer nos lábios perfeitos de Scorpius.

Rosie — ele suspirou seu nome de uma forma que fez a garota sentir seu corpo inteiro arrepiar ao mesmo tempo em que a parte racional de sua mente lhe alertava sobre as consequências de continuar fitando o rapaz. —, eu sei que não sou um exemplo de nada, sei que a minha integridade moral perto da sua talvez não chegue a dez por cento, sei que agi feito uma criança, sei que talvez não seja a pessoa ideal para te garantir uma felicidade eterna mas — Scorpius deu mais um passo, repousando suas mãos na nuca de Rose e acariciando seu rosto com um polegar. —, de uma forma louca e inconsequente, eu-

— Pare. — pediu movendo o olhar para baixo. — Não diga que está apaixonado por mim, porque sei que não está.

— Realmente, não estou. — riu quase que silenciosamente. Rose arqueou uma sobrancelha enquanto encarava aquela situação como óbvia. As mãos de Scorpius fizeram sua cabeça levantar e causou o encontro nada indiferente dos olhos tempestuosos com os olhos de um vasto campo no inverno. Sem dúvidas Scorpius queria, assim como sentia que devia, ser o verão na vida de Rose Weasley. — Eu sou apaixonado por você, Rose Weasley, desde o dia em que você praticamente me expulsou da sua casa pela manhã.

Foi como se o tempo congelasse naquele exato minuto.

Scorpius encarava diretamente os olhos de Rose, e desejava ter falado a coisa certa no momento que julgou ser ideal, e sentia algo no peito que implorava para poder permanecer para sempre perto dela. Ele não se importaria caso ela dissesse que não era recíproco, apenas queria ter a certeza de que ela estava ciente sobre seus sentimentos. Já seria o suficiente para um começo.

Rose, por sua vez, estava anestesiada. Eram muitas coisas acontecendo de uma vez só, embora seu coração pulasse de alegria — e amor — por saber que era, talvez pela primeira vez, mais importante do que outra pessoa na vida de alguém. Era bom saber que Georgie não significou nada, que ele sabia que havia agido errado, e que tudo o que sentia não estava desamparado de alicerces. De fato também estava apaixonada por Scorpius, também queria continuar imersa em seus olhos para sempre, também queria que as coisas se ajeitassem de alguma forma mágica. Ela não conseguia entender por que as coisas eram tão complicadas para eles dois, o que lhe causava um mal estar por não possuir a certeza de que teriam sim um final feliz.

— E se eu te dissesse — suas mãos trêmulas e geladas repousaram no tórax de Scorpius, enchendo-lhe de esperança e borboletas no estômago. — que de uma forma louca e inconsequente, eu também sou apaixonada por você desde o dia em que te vi bebendo aquela água morna sem gosto na Toca enquanto assistia o jogo de Alvo?

— Eu te diria que você deveria me beijar — Rose não segurou a risada em seus lábios. —, e que deveria pensar sobre a possibilidade de nós existirmos. Podemos começar pela primeira parte se você quiser.

Rose ficou na ponta dos pés ao ouvir a sugestão, encostando sua boca à dele. Uma onda de energia a preencheu por completo, e a cada segundo sentia a necessidade de tocar Scorpius de uma forma que fosse capaz de grudá-la nele para sempre. O beijo era calmo, cheio de saudades e de sentimentos. Scorpius acariciava seu cabelo, sua cintura, e sua respiração estava profunda. Rose abraçava cada vez mais o pescoço do rapaz, deixando mínima a distância entre os corpos. Não queria sair dali, não queria parar aquilo, não queria deixar de sentir o calor que Scorpius lhe passava, capaz de aquecer todo o seu coração e alma.

Só que tê-lo ali, por inteiro e de verdade, lhe fazia acordar para as circunstâncias atuais. Havia dito, finalmente, o que sentia, o que era extremamente bom; mas seu estômago revirou ao pensar que não seria o suficiente por não serem mais apenas duas pessoas envolvidas.

Depois de certo tempo, quando Scorpius já estava encostado na parede com Rose entre suas pernas, ela terminou o beijo com um selinho demorado. Fazendo Scorpius inclinar a cabeça para frente a fim de que ela não se distanciasse. Provavelmente morreria caso ficassem longe novamente.

— Eu tenho algo para dizer. — repetiu, sentindo as mãos firmes de Scorpius puxarem seu corpo para perto novamente.

— Sou todo ouvidos. — respondeu passando a ponta do nariz por toda a extensão do pescoço de Rose. Adorava como o seu cheiro era capaz de lhe fazer relaxar inteiro. Sorriu pensando na possibilidade de sentí-lo todos os dias. O silêncio que se instalou fez com que o rapaz voltasse a sua posição normal, fixando seu olhar e atenção em Rose. — Rosie? — instantaneamente as duas bocas se configuraram em um sorriso com o novo apelido. Scorpius entrelaçou seus dedos ao dela, esperando por suas palavras.

— Me sinto tão patética e inútil. — confessou depois de alguns instantes. — Faz um tempo que tenho estado com uma forte dor de cabeça, tontura, náuseas às vezes. Quando fomos a Hogsmead, saí para conversar com o Ryan e comemos cupcakes de amora selvagem, o que não me fez muito bem. Tomei uma poção, mas… Durante o jogo, eu acabei ficando mal e fui para o banheiro dos monitores. Eu… Estava um pouco chateada por toda a situação envolvendo você e a Spinnet, e aconteceram outras coisas… Eu só sei que… Ahn… Você contou para alguém sobre nós?

— Apenas para o Adam, depois do dia em que você me viu com a Georgie.

— Como você sabia?

— Vi seu cabelo virando o corredor. Ele é bem chamativo, se quer saber. — riu na tentativa de aliviar a tensão. — Mas, há algum problema de eu ter contado?

— Não. Eu… Eu queria saber se você contou para o Al.

— Meio que eu não tive a oportunidade certa, nem as palavras certas, e você sabe que seu primo surtaria, no mínimo, comigo, ainda mais com os recentes problemas com a Alice.

— Então eu acho que eu deveria te contar que ele está sabendo. — Scorpius franziu o cenho. Ao mesmo tempo que não entendia como, entendia o porquê do comportamento esquisito do Potter. — Eu saí do jogo, fui para o banheiro e o Al me encontrou lá. Acabei me abrindo com ele e… Ele me fez uma pergunta.

— Hm. — Scorpius parecia abrigar o próprio polo norte em seu corpo, devido a sua temperatura que abaixava cada vez mais. — Qual pergunta?

— Como nós nos prevenimos das vezes em que…

— Camisinha, aquele método trouxa. E eu tomo uma poção também.

— Com que frequência?

— Quinze dias.

— Quando foi a última vez que tomou?

— Faz alguns dias, na verdade.

— E em dezembro?

— Não sei. Sempre tomo por volta do dia dez e vinte e cinco.

— Você lembra de ter tomado no Natal?

— Rose, não estou te entendendo. — ela suspirou. — Qual a relevância?

— Alvo me mostrou uma possibilidade. — antes de soltar as mãos de Scorpius, Rose apertou-as mais forte. Scorpius estava com uma sobrancelha arqueada. — A de eu estar grávida.

Grávida? — retrucou imediatamente, então sentindo que deveria ter aparatado no polo norte de vez. Rose assentiu silenciosamente. — Não acho que esteja, digo… Só aconteceu mais uma vez enquanto tomávamos… Banho. Tudo bem. Está preocupada por causa disso? Podemos fazer uma poção, simples! — tentou sorrir censurado pelo olhar sério da garota.

— Alvo fez uma poção. — Scorpius cruzou os braços, esperando pela continuação. Demoraram alguns segundos para Rose conseguir dizer em voz alta, talvez o necessário para que ela mesma escutasse. — Eu estou grávida.

— Isso significa que… — Rose percebeu o desvio dos olhos cinzas em sua frente. Enquanto Scorpius encarava o nada, ela cogitava a hipótese dele voltar atrás com tudo o que havia dito. Não seria novidade quando a protagonista da história era ela.

— Isso significa que vou ter um bebê. — sentenciou praticamente para si mesma. Scorpius voltou seu olhar a ela e passou as mãos pelos seus braços.

Teremos um bebê, Rose Weasley. — deu um beijo doce na testa de Rose, abraçando-a em seguida. — Embora eu ache necessário fazermos outra poção antes de qualquer coisa. Não que eu duvide da capacidade de Alvo, mas…

— Tudo bem.

— Vou fazer o possível para ela estar pronta amanhã no horário do almoço. Eu preciso conversar com o Alvo primeiro porque meio que estamos brigados, ou ele está brigado comigo. Com razão, é claro.

— Me desculpe por não ter feito praticamente nada para evitar isso.

— Nós dois fizemos isso, nós dois somos os responsáveis. Eu que devo pedir desculpas por ter sido um imbecil com você, mas… Você me deixa louco, em todos os sentidos possíveis. — Rose passou a mão pelos cabelos, arrumando-os em um coque. — Fique tranquila até amanhã, vai dar tudo certo.

Rose pareceu internalizar as gentis palavras de Scorpius, assim como seu abraço aconchegante. Ela, definitivamente, não entendia como eles funcionavam; a única coisa que passava pela sua cabeça era que seria melhor aproveitar enquanto nada de ruim lhes acontecesse. O próximo minuto era imprevisível, assim como o dia seguinte, e ela não poderia contar com a chance das coisas darem certo de repente porque… Ela não era mais responsável apenas por si mesma. A ideia de ter um bebê em sua barriga não parecia estar clara ainda, estando suas emoções sob controle de algum relaxante.

Quando a conversa com Scorpius teve um fim, eles se abraçaram demoradamente antes de se separarem. Estavam bem? Estavam juntos? Rose não sabia. Ele disse que iria conversar com Alvo e depois trataria de preparar a poção, e ela disse que iria para o salão comunal descansar. E realmente teria ido, caso não tivesse se lembrado de um pequeno detalhe que ocorreu. Precisava falar com Ryan.

Por isso, Rose foi até o lugar onde certamente o acharia: biblioteca. Já era tarde e a maioria dos alunos preferiam descansar antes do horário do jantar, mas ela sabia da rotina de estudos dele para os NIEM’s — o que ela, inclusive, invejava — e resolveu arriscar. Teve de andar por algumas estantes até achá-lo no meio de montanhas de livros sem fim, provavelmente relacionados à herbologia.

— Ryan? — ela lhe chamou, aproximando-se da mesa. O rapaz mostrou certa resistência a tirar os olhos do livro, fazendo-o lentamente.

— Rose. — sorriu. — Vejo que não quis se juntar aos meus estudos de herbologia.

— Estive ocupada, consideravelmente.

— Também gostaria de ter outra coisa para fazer, na verdade, mas… — deu ombros repousando a pena ao lado de um dos livros. — Enfim.

— Eu tenho algo para te dizer. — Ryan assentiu, encarando Rose com uma expressão amigável. Talvez já fizesse ideia do que se tratava. — Em relação ao que disse para mim antes do jogo de quadribol, hm, eu também gosto muito de você, muito. A cada dia eu vejo como você é maravilhoso sendo meu amigo, e eu não quero perder essa amizade por nada. Mas, em relação ao baile, não tenho tanta certeza se já posso te responder.

— Imagino que deva ir com outra pessoa. — Rose engoliu a seco ao ouvir sua voz tão arrastada. Ele riu ironicamente antes de prosseguir. — Malfoy?

— Talvez.

— Tudo bem, Rose, embora eu não ache que o Malfoy mereça ir com você. Se é o que te faz feliz, acredito que devo pensar em outra garota para convidar.

— Não quero que fique chateado.

— Não irei, prometo. — a ruiva não pensou dois segundos antes de lhe dar um abraço. Seu sorriso quase estourava o rosto, aliviando o peso de suas costas. Ao se separarem, um silêncio ficou entre os dois. — Vai ficar para estudar um pouco?

— Hoje não, estou um pouco cansada, mas amanhã podemos estudar Feitiços.

— Combinado!

 

[..]

O único som que preenchia o dormitório da sonserina era o do pé de Scorpius Malfoy batendo na madeira de sua cama. Ele estava deitado, apoiado com o cotovelo direito no colchão, com os olhos fixos na porta esperando ansiosamente que ela se abrisse. Queria falar com Alvo, precisava.

Scorpius tinha a consciência de que havia pisado na bola — e feio! —, mas considerava que Alvo estava fazendo um esforço para não entender a sua situação. Alvo era um rapaz de coração bom, só que sua tolerância a certas coisas era duvidosa e seu ciúme ultrapassava alguns limites. Ciúme da irmã, da prima, de seu pai e até mesmo de James Sirius. Como que Scorpius chegaria nele espontaneamente para dizer que estava envolvido com sua prima? Era questão de bom senso, e de esperar a oportunidade certa. Além do mais, Alvo era o melhor amigo de Scorpius, e era com ele que Scorpius deveria se abrir sobre essa situação. Loucura, insanidade, inconsequência. O que faria com um filho aos dezessete anos?

A porta, depois de alguns minutos, se abriu em um rangido que fez o maxilar do rapaz travar instantaneamente.

— Eu não te contei porque pensei que seria difícil lidar com a situação, e também porque eu e Rose não temos nada concreto. Como eu diria para você que transei com a sua prima favorita bem debaixo do seu nariz? — despejou de uma vez. Alvo parou o seu percurso até a cama, encarando o Malfoy tediosamente.

— Do mesmo jeito que eu te disse que havia beijado sua ex namorada no sexto ano. Com palavras e sinceridade.

— É diferente.

— Claro que é. Você não se encaixa no perfil de maluco ciumento, hum? Digo, você é Scorpius Malfoy, perfeito por natureza, sensato, justo. Agora eu, uau! — riu passando a mão pelos cabelos. — Pensei que não seria tão baixo. Colocar a culpa em mim por não ter me contado? Fala sério.

— Não estou atribuindo culpa. Estou dizendo o motivo de não ter te contado.

— Não te contei porque pensei que você iria surtar. — imitou a voz do amigo, fazendo-o revirar os olhos. — Tenha dignidade, Malfoy, por Merlin.

— Me desculpe. — Alvo estreitou os olhos em direção a Scorpius, que estava mais branco do que o normal. Não soube o que responder, principalmente devido ao fato de não ouvir o Malfoy se desculpar tão rápido. Ele imaginava que a cabeça dele deveria estar fervendo, o que motivou ele a ser direto. — E eu não estou querendo que você finja que nada aconteceu, realmente não quero, mas… Eu preciso de você.

— Que coisa, não? — o garoto andou até os pés da cama de Scorpius, sentando-se. — Posso fazer quinhentas poções para vocês, vai dar na mesma.

— Não quero poções.

— Aham, tá. Precisa de mim pra que, então? Para se fazer de herói redimido? — resmungou azedo.

— Para me ajudar a pensar. Você é o meu melhor amigo ainda, e eu sei que não vai ter coragem de nos deixar na mão.

Em busca de alguma gota de sinceridade, Alvo examinou a feição do amigo. Se fosse outra situação, ou se não envolvesse outras vidas, com certeza ele faria questão de armar um drama. Odiava quando era colocado em segundo plano, em segunda opção, como um resto qualquer de lixo mágico; e estava cansado de Scorpius e Adam agirem feito pré-adolescentes movidos à hormônios estúpidos. Só que estar de frente aos olhos estáticos de Scorpius o fazia perder, de alguma forma, a força da ira que lhe movia nos momentos críticos.

No final das contas, era apenas uma garota que seu amigo não lhe contou sobre. O acréscimo era que dali alguns meses nasceria um novo Weasley — o que, necessariamente, assustava Alvo até seu último fio de cabelo. Ou seja, era assunto de família, e seus pais lhe ensinaram que nunca, sob hipótese alguma, abandona-se a família.

— Que seja. — deu ombros. — O que pretende fazer?

— Outra poção, apenas para confirmar. Depois disso, eu não sei.

— Muito elaborado. Rose não teve nenhuma ideia melhor? — Scorpius negou com a cabeça, causando um longo e quase interminável suspiro da parte de Alvo. — O tio Rony vai te matar, e acho que vai ser por tortura. A não ser que ele deixe o grand finale para o seu pai. Não consigo imaginar Draco Malfoy feliz pelo filho ter engravidado uma menina, muito menos uma Weasley. Você sabe que pode ser o início da terceira guerra, certo?

— Por que você é tão dramático, Alvo? — riu coçando a nuca. — Você acha que o seu tio vai preferir que a filha seja mãe solteira de pai morto? Claro que não. No máximo vou levar um soco e passar o resto da minha vida ouvindo sermão do meu pai.

— É, isso. — seu olhar era escandalizado. Depois disso, os dois ficaram quietos, cada um olhando para um ponto específico. — Quer ajuda com a poção? A sala está vazia, eu acho, e consegui permissão do Slughorn para fazer alguns experimentos por lá depois dos períodos.

Scorpius concordou prontamente, sentindo um tipo de alívio e aperto no coração ao mesmo tempo.

O caminho até a sala de poções com Alvo foi esquisito. Não porque haviam acabado de fazer as pazes, mas sim devido ao contexto. Era como dar passos largos em direção ao espelho de ojesed de sua própria mente. Alguns desejos do coração são contínuos, enraizados, norteadores de todas as ações durante a vida; são desesperados e podem levar à loucura. Scorpius não sabia qual era o seu desejo mais profundo, e aproximar-se de um marco decisivo em sua vida lhe fazia tremer da cabeça aos pés.

Ele sempre teve tudo o que quis, tudo o que precisou e até um pouco de coisas dispensáveis — como vassouras novas a cada semestre. Sua família, embora aparentemente difícil, sempre foi a melhor coisa de sua vida. Tendo galeões, família e notas boas, a única coisa que lhe faltava era um grande amor. A notícia boa era que ele havia encontrado, a ruim era que se tornava tão fácil para Rose Weasley escapar entre os seus dedos que chegava a fazer o coração latejar de dor na espera pela próxima vez. Eles haviam se resolvido em frente à sala precisa — pelo menos era o que deduzia —, e ele teve o prazer de ouvir que aquela garota que, argh, lhe levava à própria ruína e aos céus no mesmo instante, estava apaixonada por ele, só que Scorpius já havia entendido que o universo não colaborava para um final feliz.

Se Rose estivesse realmente grávida, tudo mudaria. O lado positivo era que, pelo menos, eles tinham uma ligação densa que poderia ser a luz guia deles durante tudo o que enfrentariam.

— Não consigo acreditar que vocês dois ficaram. — comentou Alvo tirando todas as pétalas de uma flor que Scorpius reconhecia como sendo um narciso. — Vocês não se odiavam?

— Ela estava legal naquela festa e eu estava emputecido com a Britney, acabou que deu certo. E se mata um pouco da curiosidade, foi ela quem nos levou para a casa dela.

— Só consigo pensar no desastre que teria sido caso o tio Rony estivesse na sala esperando ela voltar. Ele ia, no mínimo, quebrar sua cara. Na verdade, é exatamente isso que ele vai fazer quando descobrir que você engravidou a princesa dele.

— Obrigado por me lembrar de novo, Potter, da primeira vez não havia ficado claro ainda. — Alvo soltou uma risada escandalosa e incrédula. — Ficamos acordados até tarde naquela noite, conversando, não sei como ela acordou tão azeda.

— Você pode não ser tão bom quanto pensa.

— Ou ela pode ter, simplesmente, lembrado das coisas que me disse. Foram conversas profundas, até.

— Imagino a profundidade. — Alvo fez um movimento com as sobrancelhas antes de configurar seu rosto em uma careta de nojo. — Ugh, não, cara, não imagino. Ela é minha prima Rose, fala sério. Eca.

— O que eu não entendo nela é que… — suspirou escorando-se na bancada, em frente ao caldeirão. — Ela é tão linda, inteligente, determinada, engraçada-

— Não precisa pegar pesado. O senso de humor da Rose é tão ruim quanto o seu.

— E ela simplesmente não se enxerga. — continuou permitindo-se sorrir com a imagem de uma Rose tagarela deitada ao seu lado. — É como se ela não soubesse que é o calor dela que esquenta todos ao redor, sabe? Eu, Dominique, Roxanne, você, Hugo… Ela não se dá o devido valor, e esse é o maior defeito dela. O segundo é a mania de ser mandona.

— Culpe o gene Weasley e lembre-se de que o seu filho vai tê-lo. — Scorpius repousou a cabeça sobre os braços, deixando que um grande iceberg se instalasse. Alvo contava pétalas, e misturava uma de cada vez na mistura fervente. — Está nervoso?

— Você não estaria?

— Pra caralho, mas… Fico aliviado por você não estar me pedindo uma poção de aborto.

— Alvo — o Malfoy ficou ereto, arqueando uma sobrancelha em perplexidade. Alvo desviou os olhos verdes do caldeirão para encará-lo. —, você acha que eu sugeriria isso?

— Talvez a própria Rose, Scorpius, eu não sei. As pessoas pensam nisso às vezes.

— Eu não penso. — bufou colocando as mãos em cima da bancada. — Não é que, uau, eu super queria ter um filho agora, mas… Erramos e o jeito é encarar. Graças a Merlin o problema não é dinheiro ou sentimentos, e eu duvido que seu tio fale algo como “vocês tem que se casar”.

— É, não, definitivamente não. — riu pelas narinas. — Seria engraçado, não nego.

— Mesmo que não seja uma má ideia. — ao perceber o que havia dito, virou de costas para o amigo enquanto andava pela sala. — Então se tivermos que ter um filho, teremos um filho.

Alvo nada respondeu, apenas continuou mexendo o caldeirão com uma cara de quem avaliava a situação. Pensou que Scorpius surtaria, que sua prima armaria um espetáculo maior e mais bem elaborado do que os seus, e a realidade que lhe batia na cara era bem diferente — o que não achava tão ruim.

Scorpius dedilhava os dedos pelas mesas, pelos caldeirões dispostos, pelos armários de madeira, incapaz de dizer mais alguma coisa ou permitir que seus neurônios continuassem funcionando. Cada vez que respirava sentia seu coração tremer e algo muito gelado invadir seu estômago. Passava os olhos vagos por todos os lugares, com a mente imensuravelmente distante. Não havia modos de colocar um controle fixo na situação, ele tinha que se condicionar à espera para que soubesse o passo que deveria dar na hora certa, e isso lhe causava arrepios.

Não fazia nem uma semana que havia decidido admitir que estava apaixonado por Rose Weasley de uma forma que o imobilizava a pensar, beijar ou tentar amar outra pessoa. Para deixar tudo ainda melhor, quando verbalizou finalmente as drogas dos seus sentimentos na vã tentativa de ter um chão para pisar, esse chão pareceu ser feito de nuvens, que a qualquer momento o derrubaria de metros e metros que seu coração lhe havia feito escalar.

— Merda. — ralhou Alvo acordando-o de seus devaneios. Scorpius voltou imediatamente para perto dele. — Está faltando uma pétala de narciso. Já volto.

— Tudo bem. — respondeu baixinho, observando a grande colher mexendo a poção.

Scorpius soltou todo o ar dos pulmões indo em direção a uma estante cheia de frascos coloridos. Lembrava-se das vezes que ia, quando pequeno, ao trabalho de seu pai e ficava abrindo os vidrinhos para sentir o cheiro enquanto esperava ele terminar seus atendimentos. Sem dúvidas Draco Malfoy era uma das suas maiores inspirações, e, como filho, Scorpius desejava seguir seus passos na nobre profissão que havia escolhido. Talvez ele realmente não tivesse tido escolhas durante sua juventude, mas as escolhas que fazia para salvar as vidas de seus pacientes eram em grande maioria certas, o que ajudava em sua rendição não apenas com o mundo bruxo, mas consigo mesmo. Embora Scorpius fosse bom com poções, algo lhe fazia estremecer quando pensava que não era tão bom assim, mesmo com suas notas. Sem dúvidas Alvo era muito melhor. Sempre fazendo poções que Scorpius nunca havia visto e, pior, nunca deixando-as menos do que perfeitas.

A própria poção que estavam produzindo era um exemplo. Scorpius havia optado por uma cujo ingrediente principal era a romã, Alvo preferiu fazer uma que compartilhava de uma certa semelhança com a poção Veritaserum. Claro que isso não ficou de forma alguma martelando na cabeça do Malfoy, foi apenas um detalhe passageiro.

— Tão dedicado. Já disse como tenho orgulho de você? — o tom maldoso denunciava a voz. Scorpius virou-se para a porta com uma cara de pouquíssimos amigos.

— Decidiu virar meu guarda-costas, McLaggen? Ou a sua vida é tão tediosa que tem que ficar xeretando a minha?

— Pelo o que eu bem sei, seu papai ainda não comprou Hogwarts pra você, Scorp, então eu posso circular por onde eu quiser. — Ryan sorria em postura aristocrática, com as mãos para trás e uma expressão de paisagem em sua cara lisa. — Lembro-me bem da última vez que estivemos aqui. Foi tão produtivo.

— Por que não fala logo o que quer e dá o fora? — rolou os olhos, enjoado. Seus ouvidos quase sangraram com a risada desafinada do rapaz.

— Queria apenas matar a saudade desse lugar, Scorpius, estou bem nostálgico ultimamente. Mas vejo que você está bem ocupado com essa sua poçãozinha, melhor deixá-lo concentrado em apreciar os ingredientes do Slughorn e sair daqui para que essa coisa não exploda em mim. — o Malfoy nada respondeu, apenas cerrou os olhos ao vê-lo dar alguns passos para trás. — Não se atrase para o jantar, a sonserina não está tão boa esse ano.

De repente, sumiu.

Scorpius ficou aliviado por não ter que aguentar as baboseiras descabidas do McLaggen. Sentou-se em uma banqueta ao lado do caldeirão e ficou assistindo-o a poção mexer em sentido anti-horário até Alvo voltar com a pétala de narciso, o que não demorou muito.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Esse momento Scorose refletiu muito a personalidade do Scorpius, de um jeito que me fez suspirar aliviada por estar seguindo o caminho que pensei. Foi fofo demais, né? Ah, foi, eu tenho certeza que foi ♥ ~~ suspiros apaixonados.

Na verdade o capítulo não iria terminar agora, tinha mais coisa para acontecer. Só que eu não gosto de capítulos muito longos e tal, então, decidi cortar. Devo dizer que o próximo estará pra matar :P

A partir do próximo capítulo, vocês vão ter que ter PACIÊNCIA porque a Rose vai esgotar qualquer buda da vida. Ok? Já estou avisando. E quanto ao clichê, relaxem, pensem que vocês vão ter algo para resolver... Estou tão misteriosa ultimamente, né? KKKKKKKKKKKKKKKKK

Bom, espero que tenham gostado do cap e que me contem o que acharam. Eu queria que o próximo cap saísse domingo que vem, mas as minhas aulas voltaram, meu trabalho, estou com 53432239 coisas para fazer... Vamos ver se rola. Caso não role, talvez sairá por volta do dia 20, 25.

Um beijão no core de vocês ♥
Ps. Quem pegar pegou quem não pegar não pega mais #pas



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