Legami Di Amore escrita por Tahii


Capítulo 19
Foglie di tè


Notas iniciais do capítulo

HELLOOOOOOOOOOOOOOO! Eu sei, é inacreditável que eu realmente estou postando pela segunda vez nesse mês. Promessa jurada juradinha é pra valer, né non? ♥

Devo dizer que fiquei super feliz com os comentários e com as visualizações que o capítulo anterior teve, OBRIGADA A TODOS ! Vocês sempre enchem meu core de alegria, obrigada mesmo ♥

Espero que gostem desse capítulo. Por muito, muito pouco que eu não dei um motivo bom para vocês matarem o Ryan (e eu) :D Porém, preparem o core de vocês! Estou falando sério...

Boa leitura ♥

► PLAYLIST
https://www.youtube.com/watch?v=tNx1y8AXZxw&list=PLm_bv0SbG68UdaGyxvje2S6Vyd79Z5tmc

*Foglie di tè = Folha de chá



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— Como foi o encontro com o McLaggen, Rose? — perguntou uma voz sonolenta descendo as escadas que davam ao salão comunal da Grifinória. Para variar, Rose havia perdido o sono por volta das seis da manhã de um delicioso domingo.

— Não foi um encontro, Roxanne. — Rose revirou os olhos, logo tendo a figura da prima sentando-se ao seu lado. Roxanne poupou o riso e apenas coçou os olhos com o dedo em forma de nó. — É sério.

— Se você diz… O que ficaram fazendo lá, já que não era um encontro?

— Comemos alguns cupcakes de amora selvagem, tomamos chá, conversamos sobre quadribol, relacionamentos, Brian Wood. Você acredita que ele foi com uma lufana?

— Inacreditável é você ir com o McLaggen, Rose. O Wood não te levava em consideração nem quando namoravam, imagina agora. Ao invés de ficar indignada, deveria ficar com dó da garota. — a ruiva deu ombros, cruzando os braços. — Pelo o que eu soube, e caso te interesse, o Malfoy não foi com a Spinnet a lugar algum, ficou apenas andando com o Adam e depois foram tomar cerveja amanteigada.

— Não me interessa nem um pouco.

— Ah, sim, claro. — Roxanne conteve um sorriso. — Não quer nem saber como eu sei de tudo isso?

— Seu dom natural para adivinhação, provavelmente.

— Não senhora. Talvez envolva Adam Zabini querendo saber onde a Lily havia se metido e de como ele é língua solta para falar da própria vida e de seus queridos amigos. Imagino que deve ter encontrado Alice e Al no lugar, ah é, que todo mundo gosta para sair com os namoradinhos.

— Encontrei e fiquei feliz por eles, formam um casal bonito. — Rose engoliu a seco. — E para o seu governo, o Ryan é uma boa companhia. Não é porque ele é desafeto do Scorpius que é um monstro. Com certeza foi ele que distorceu tudo o que aconteceu.

— E o que aconteceu?

— Eu não sei e não me interessa.

Roxanne assentiu e abaixou a cabeça. Rose, por sua vez, sentiu-se um pouco mal pela grosseria. Ela sabia que não era culpa da prima, ou de Ryan, ou da sua dor de cabeça. Seu mau humor matinal tinha nome, corpo e um sorriso irritante que ela não via há um tempo, tinha uma personalidade excêntrica e o talento de fazer coisas para desagradá-la. Por que ele tinha que ir atrás de outra garota, por que ele não podia simplesmente ser apenas dela? Por que Scorpius Malfoy parecia estar, a cada dia, mais distante dela sendo que… Sim, ela havia deixado-o escapar pelo vão de seus dedos, mas ela também não sabia o que fazer, como fazer, porque eles eram complicados de qualquer jeito. Juntos ou separados.

A única coisa que Rose tinha certeza era que sentia uma agulha furar seu coração quando pensava que ele poderia estar, naquele exato momento, com outra pessoa sem se lembrar da existência dela. Enquanto que ela, não conseguia tirá-lo da cabeça porque tudo lembrava ele. Até mesmo o chá que tomou lembrou ele, e de como ele sabe que ela prefere café, um bom café. Ou pelo menos ela imaginava que ele soubesse. Na verdade, Rose não conhecia Scorpius Malfoy por completo. Ela conhecia uma parte apenas, pela qual ela se via apaixonada.

— Acho que vou dar uma passada na ala hospitalar. — Rose quebrou o gelo, chamando a atenção da prima. — Estou sentindo dor de cabeça frequentemente e, para piorar, acho que os cupcakes não fizeram bem para o meu estômago, muito menos aquela água morna ruim.

— Já era tempo, heim? Quer que eu vá junto?

— Hm, não, acho que não precisa. Mas quero um favor seu.

— Contanto que não envolva muito esforço físico. — Roxanne sorriu enrolando um fio cacheado no dedo indicador. — E não vou ler o seu futuro para ver se vai ficar com o idiota do McLaggen.

— Digamos que você acertou pela metade. Teve uma aula de adivinhação em que a Domi leu a minha xícara — Rose ajeitou-se no sofá, deixando transparecer sua aflição. —, e eu gostaria que você lesse também.

— E o motivo para esse seu desejo súbito seria…?

— Curiosidade. — Roxanne franziu o cenho e tentou captar algum sinal de que Rose estaria escondendo algo, mas seu radar aparentemente falhou ao deparar-se com uma face completamente sem expressão, exceto a de dor. — Acho que vou agora para a ala hospitalar, mas, podemos fazer isso quando você tiver tempo.

— Às três horas, na sala precisa.

Rose assentiu e se levantou, aproveitando para respirar bem fundo. Ainda sentia o gosto de amora selvagem na boca, o que fazia a ideia de ter realmente saído com McLaggen se tornar pior.

Os corredores de Hogwarts estavam vazios, praticamente, apenas alguns poucos alunos já circulavam. Ao chegar ao quarto andar, não tardou até encontrar as portas da ala hospitalar, que estava tão desabitado quanto o percurso que havia andado.

— Bom dia, Madame Pomfrey. — saudou assim que a senhora entrou em seu campo de visão, logo caminhando em sua direção.

— Rose Weasley! Não me diga que o seu irmão quebrou de novo o braço!

— Por enquanto não. — Rose sorriu. — O problema é comigo desta vez.

— Diga, então.

— Eu comi um cupcake de amoras selvagens e parece que não foi tão bom para o meu estômago, estou com uma dor de cabeça terrível e ainda sinto o gosto na boca.

— Ah, essas amoras selvagens, sempre perturbando a nossa paz. — suspirou. — Sente-se em uma das camas, querida, já vou te dar uma poção.

Foi o que Rose fez.

Lembrava-se que da última vez que esteve naquele lugar, estava acompanhando o seu irmão após uma trágica queda nos jardins. Ele e seus amigos idiotas inventaram de pregar uma peça em Lily Luna e, bom, Hugo acabou tropeçando em algum lugar — Rose apostava que foi nos próprios pés, afinal, os Weasley nunca foram conhecidos por não serem atrapalhados — e quebrou o braço. Resultado? Hugo só admitiu que Rose tinha que cuidar dele de verdade quando pensou que teria que amputar o braço.

Talvez se Rose tivesse parado antes para analisar-se, teria evitado certos acontecimentos na sua vida. Assim como seu irmão mais novo, ela também era desastrada, porém, com ela mesma. Tudo o que lhe dizia respeito sumia, caía ou era esquecido; inclusive seu amor próprio. Anulou seus desejos, seu bem estar, por ser tão insegura em relação ao seu próprio potencial de fazer-se feliz com o que realmente queria.

Naquele momento, olhando para o chão da enfermaria, o que mais queria era o aconchego dos braços de Scorpius Malfoy.

— Aqui, querida. — Madame Pomfrey estendeu-lhe um frasco cor de cereja. — Se a dor de cabeça persistir, não hesite em vir para cá. Amoras selvagens são perigosas para algumas pessoas.

— Sim, senhora. — disse antes de tomar o frasco inteiro. Ela fez uma careta com o gosto que não tinha nada a ver com cereja e que fez sua garganta arder. — Obrigada.

Após sair pelas portas, Rose não sabia qual rumo tomar. Por isso enfiou as mãos nos bolsos de sua calça e andou sem direção por um tempo indeterminado, até encontrar-se no conforto da biblioteca. Ali era um bom lugar para sentir-se segura, perto das coisas que mais gostava e com memórias bem frescas entre aquelas estantes.

Depois que descobriu que Scorpius cumpriria detenção ajudando a Madame Pince, decidiu que seria uma boa oportunidade de respirar o ar gelado do castelo. Ao mesmo tempo em que ela queria desesperadamente vê-lo, não achava que seria bom para o seu ego ter que enfrentar o fato de que ele, muito provavelmente, havia reduzido o tudo ao nada — ou a algo bem próximo do nada. Quando teve a sorte de encontrá-lo, foi por algo extremamente necessário, e sentiu-se idiota por perceber que seus dedos ainda ficavam gelados quando ele estava por perto e que seu coração ainda batia mais rápido, mesmo sabendo que ele havia, de fato, beijado outra garota e não deveria estar nem lembrando de que um dia Rose Weasley existiu. Esse pensamento lhe fazia suspirar alto e encolher os ombros com um aperto no peito. Estava, inevitavelmente, apaixonada e, pior, com o coração partido.

Se as amoras não haviam lhe feito bem, a poção que Madame Pomfrey lhe deu muito menos. Por isso esforçou-se para comer alguma coisa durante o almoço, mesmo que estivesse sentindo que a comida poderia sair tão rápido quanto entrou. Após o almoço, Rose foi para o dormitório pegar sua xícara que estava escondida desde a aula de adivinhação, o livro que pegou na biblioteca e a coragem que lhe restava para enfrentar o dom de Roxanne. As três em ponto, Rose estava na frente da sala precisa.

A sala estava toda revestida de espelhos, inclusive o próprio chão e o teto. Bem no centro da sala, com uma esfera brilhante levitando em cima de uma mesa retangular, Roxanne esperava a prima batendo os dedos sobre a madeira.

— Rox. — sua voz soou mais amedrontada do que deveria. Roxanne despertou, voltando-se para a prima com um singelo sorriso no rosto. — Precisava de todo esse drama com os espelhos?

— Faz parte. — deu ombros. Rose sentou-se em sua frente e colocou em cima da mesa a xícara e o livro. — O que são essas tralhas?

— Lembra que eu disse que a Domi leu a minha xícara em uma aula e que eu gostaria que você a lesse também?

— É a mesma xícara? — a ruiva assentiu, causando uma gargalhada. — Fala sério! O futuro é um só, independentemente de onde o vemos. Não precisava ter guardado. Imagino que você pegou esse livro na biblioteca e deve ter ficado horrorizada com o que viu. Acertei?

— Claro que acertou. — riu sem humor.

Roxanne revirou os olhos, com uma expressão divertida, e estendeu à prima uma xícara cheia de chá. O estômago de Rose repugnou a água morna em sua frente, mas fez um esforço para tomá-la de uma vez. Depois de alguns instantes silenciosos incômodos em que as duas apenas se encaravam e terminavam com o chá, Roxanne pegou a peça de porcelana.

— Depois que eu terminar, você me conta o que Dominique viu. — pediu com um olhar sério, respirando fundo antes de encarar a chave dos enigmas de Rose Weasley. — Eu vejo uma cruz torta, que significa-

— Sofrimentos e provações.

— Exato, e vejo uma cobra e um falcão bem ao lado, ou seja, falsidade e um inimigo mortal. — Rose engoliu a seco, sentindo seus músculos repuxarem. — O seu inimigo mortal é um falso amigo que vai, provavelmente, causar o sofrimento. E por fim… Agouro de morte. O sinistro.

— A Dominique viu um sol. — contou. Roxanne arqueou a sobrancelha sem desviar a atenção da xícara. — Ele não está aí?

— Olha, Rose, eu espero que esse ponto por trás da cruz torta seja um sol, mas… O problema é que isso aqui é seu, mas não parece ser a seu respeito. Talvez seja um contexto de muita dor, só que você vai sentir indiretamente. E esse falcão ele aparece, entende? Dependendo do ponto de vista ele está, dependendo não. Então… Tomara que haja um sol, só que eu não o vejo em sua totalidade. Pelo menos não por agora.

— Não, Roxanne, eu não entendo. — Rose bateu a mão em cima da mesa para chamar a atenção da prima, que cerrava os olhos em direção à xícara. — Essas xícaras são tão objetivas com todo mundo, por que comigo não?

— Porque você não é objetiva. Me desculpe, Rose, mas você é uma confusão. Uma completa e louca tempestade que arrasa todos que estão a sua volta. A culpa não é minha, nem da xícara e muito menos do chá se você não consegue encontrar um caminho. E se te ajuda em algo, o seu norte está dentro de você. — a garota abaixou o olhar para suas mãos. — O que você sente em relação ao Malfoy?

— Não sei.

— Sabe.

— Não sei.

— Rose, eu sei que você sabe. Estou pedindo que me conte.

— A única coisa que eu sei é que ele ficou com a Spinnet e que provavelmente eu não estou significando nada para ele nesse momento, o que me torna uma completa retardada por… — seus olhos começaram a arder e, estupidamente, ela negou com a cabeça antes debruçar-se sobre a mesa.

— Não parar de pensar nele? — Roxanne deixou a xícara delicadamente em seu pires e estendeu os braços para alcançar os da prima. — Você está apaixonada por ele, Rose? Porque se você estiver-

— Serei mais burra do que um dia considerei.

— Amar é um crime?

— Se o sujeito é Scorpius Malfoy, amar é a pena. Isso não é recíproco.

— E como você sabe?

— Eu sei.

— Isso não é resposta.

— Se ele sentisse algo por mim, não teria ficado com a Spinnet.

— Se ele não tivesse ficado com a Spinnet, você nunca admitiria que sente algo por ele. Porque sim, Rose Weasley, você está completamente louca por ele e está se vendo no direito de carregar as pessoas ao seu redor para esse-

— Precipício?

— Mesmo rumo. — Roxanne passou a mão pelos cabelos, encarando a prima com um pingo de incredulidade. — Você não deu nenhuma chance para ele, Rose, por que ele insistiria?

— Nos beijamos antes de uma aula de Astronomia. — deu ombros, recompondo-se. — E depois eu disse que não tínhamos nada.

— Parabéns, Rose, de verdade. Caso queira um conselho, eu sugiro que converse com ele sobre essa confusão que vocês armaram com esse seu coração frágil.

— E por que ele conversaria comigo?

— Por que não? Quem sabe assim esse sol não aparece de vez atrás dessa cruz torta.

Rose não via possibilidades na concretização da teoria de que Scorpius Malfoy, de algum jeito, teria uma participação ativa no seu sol atrás da cruz torta. Ela não sabia — embora não tinha certeza se algum dia soube — o que estava passando na cabeça dele naquele momento, e preferia esperar para ver o que estava acontecendo na sua própria. Seu sentimento era de perda, de fracasso, porque havia perdido ele pelo vão dos dedos. Por medo, insegurança, ou qualquer outra denominação. Ela nunca havia sido o suficiente para ela mesma, logo, jamais seria para outra pessoa. Não foi para Brian Wood, não seria para Scorpius Malfoy.

E, além disso, se nem ela costumava insistir nela mesma, quem diria outra pessoa. Ele poderia ter ficado no seu pé, tentado dar outra chance a eles, mas não. Scorpius preferiu seguir sua vida do jeito que bem havia entendido, e não se mostrava arrependido. Rose deveria aceitar e seguir em frente também, pelo menos era o que achava.

Quando reclamou de uma forte latejada em sua cabeça, Roxanne disse que seria melhor ela aproveitar o domingo para descansar e pediu para que deixasse o livro com ela. A prima prometeu que o leria e tentaria enxergar outra coisa na xícara para ver se estava um pouco errada. Rose nem se importou tanto com a promessa, precisava deitar sua cabeça em seu travesseiro, fechar os olhos e expulsar Scorpius Malfoy de todos os seus pensamentos.

Por um pouco de azar típico de sua natureza, deu de cara com ele e Adam no corredor da sala precisa.

— O que estava fazendo aí? — ele perguntou assim que a imagem de uma garota ruiva, levemente pálida, apareceu em sua visão de campo.

— Nada que seja da sua conta. — embora admitisse sua grosseria, a última coisa que precisava era da voz dele em seus ouvidos por dias e dias sem fim. Mais rápido do que o cérebro dele pôde processar, Rose apertou o passado para sair logo dali. Adam olhou espantado para Scorpius, que bufou.

— Pelo lado positivo, vocês nunca se trataram bem. — Adam comentou vendo o rosto do amigo avermelhar gradativamente. — Você acha que ela estava com alguém?

— Eu realmente não quero saber. — grunhiu olhando para a porta. De uma forma completamente covarde, ele não queria ter o desprazer de ver Ryan McLaggen naquela sala, ou saindo dela. Foi pensando nisso que ele apertou o passo e virou o primeiro corredor.

— Hm. — Adam não sabia bem o que falar já que não era acostumado a lidar com Scorpius envolvido em situações amorosamente tensas. Sempre era Alvo quem enchia sua paciência com baboseiras. — O Alvo comentou que viu ela e o Ryan na Madame Puddifoot. Entre muitas coisas que ele contou sobre ele e Alice, disse que os viu, como se fosse algo completamente indiferente.

— Ele está ocupado pensando em formas de não perder a Alice, e não deve estar nem ligando para a Lily, quem dirá para a Rose. Mas que merda ela tem na cabeça de aceitar sair com ele? Fala sério.

— Se eu visse o meu crush se atracando com uma garota em um corredor, eu faria o mesmo. Se eu visse a Lily beijando, ugh, qualquer um, eu tentaria ao máximo provar o quanto eu não ligo para quem ela beija. Sendo que, na verdade, eu me importo. — Scorpius franziu o cenho, seu amigo era um verdadeiro tonto. Zabini ostentou um sorriso pomposo. — É uma psicologia inversa.

— Desculpe abalar sua teoria, mas a Weasley não compartilha do mesmo gene estupidamente burro que você.

— Você deve compartilhar, então. Não foi isso que fez quando decidiu ir atrás da Spinnet? — durante alguns segundos, Scorpius não soube o que responder. Havia sido encurralado. — Odeio esses joguinhos de vocês, não tenho paciência para eles.

— Você não tem paciência para nada, Adam, nada.

— O que te impede de pegar no pé dela ao ponto de não deixar nenhuma escapatória? Digo, vocês tem que conversar. Você viu a cara dela? Parecia a de um zumbi faminto. Faminto de amor, Scorp, amor.

— Você bebeu? — questionou fazendo uma careta para o rapaz. — De onde você vem tirando essas insanidades?

— De um paraíso ruivo. Ela não saiu com ninguém em Hogsmead. — sorriu vitorioso. Scorpius sentiu uma pitada de inveja, gostaria de dizer que Rose não havia perdido tempo com aquela lesma nojenta do McLaggen. — Talvez eu tenha esperança.

— Um dia alguém disse para nunca desistirmos de nossos sonhos, então, continue sonhando, Adam. — Scorpius bateu amigavelmente no ombro dele, que rolou os olhos.

— Quando vai conversar com a Weasley? — voltou ao foco, fazendo Scorpius ranger os dentes. — Eu acho que você deveria fazer isso antes de vê-la aos beijos com o McLaggen.

— Ela nunca vai fazer isso, Adam, Rose tem um senso crítico incomparável.

— Deve ser por causa dele que ela te beijou, hum? — gargalhou. — Você já pensou na possibilidade dela não ter gostado da fod-

— Não, não pensei, porque eu sei que esse não é o problema. — Scorpius o interrompeu, fazendo-o segurar mais um escândalo em forma de risada.  

— Qual é o problema então, garanhão?

— Não sei.

— Como não sabe?

— Ela sempre diz que nós não vamos dar certo e blá, blá, blá.

— Prove ao contrário.

— A não ser que eu a enfeitice para me ouvir, não tem como provar ao contrário.

— Como você é dramático, Malfoy, francamente. Você gosta dela?

— Da Rose? — Adam rolou os olhos, impaciente. — Claro que eu gosto dela.

— Então faça o necessário para conquistá-la. Nem todo mundo beija os seus pés. Bem vindo ao clube das pessoas que não são você. — sorriu irônico.

A conversa com Adam não saiu da cabeça de Scorpius pelos dias seguintes, muito menos a lembrança de Rose saindo da sala precisa. Ele estava quase considerando a possibilidade de que estava ficando, literalmente, louco. Não conseguia tirar os olhos de Rose nas preciosas vezes que a via, e não conseguia esquecer de seus olhos verdes brilhantes durante a noite. Fechava os olhos e lembrava-se dele, respirava fundo e sentia seu cheiro, ficava em silêncio e ouvia seu nome sendo sussurrado. O tempo que passava na biblioteca por causa da detenção apenas potencializava a situação, o que rendia horas e honras de um pensamento cíclico focado no que faria com a sua realidade.

Depois de alguns dias se martirizando e evitando Georgie a todo custo, Scorpius decidiu que estava na hora de decidir o que queria para a sua vidinha. Combinou de encontrá-la nos jardins após o término do período.

Ele foi o primeiro a chegar no ponto marcado. Jogou suas coisas no chão junto com sua capa, afrouxou a gravata e enfiou as mãos nos bolsos. Não demorou para sentir braços envolvendo sua cintura.

— Não pensei que você seria tão pontual. — ela riu indo em sua frente e arrancando-lhe um selinho. — Você percebeu que seus olhos estão cinzas como o céu de hoje? — ele negou com a cabeça, recebendo novamente os lábios macios dela sobre os seus. Fez um esforço para corresponder. — Algum motivo especial para essa convocação?

— Quero te dizer uma coisa. — Georgie assentiu imediatamente, colocando os cabelos levemente ondulados para trás da orelha. — Você é incrível, maravilhosa, não tem como eu te colocar um defeito sequer. E você sabe que eu gosto de você, muito.

— Por que eu estou sentindo que isso não é uma declaração de amor? — Scorpius riu com seu sorriso divertido. — Fala logo.

— Não acho que vamos dar certo, Georgie.

— E eu poderia saber o porquê?

— Eu gosto de você e definitivamente o problema não é com você. É comigo. Eu me encontro em uma situação onde eu não sei o que devo fazer, mas eu sei o que me move. E… Existe outra garota.

— Entendo. — deu ombros fechando a cara. — Das outras vezes também existia.

— Eu sei que-

— Não, você não sabe, porque eu não te rejeitei o número de vezes que você me rejeitou, Scorpius. Eu já imaginava que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde.

— Não é rejeição, Georgie.

— É escolha, eu sei. — sua voz saiu arrastada. — Não tem problema. Das outras vezes não teve problema, dessa vez não tem problema. Seja feliz, comigo ou com outra pessoa.

 — Você é incrível. — disse abraçando-a.

— Eu sei.

Scorpius sentiu mil quilos saindo de suas costas naquele momento. Adorava Georgie Spinnet, sem dúvidas, porque ela era dotada de uma mente e de um coração aberto. Ela o entendia, ela não o aprisionava, ela o deixava completamente livre. Acima de qualquer coisa, Scorpius sabia que eram amigos e que seriam para sempre. Porém, ao contrário do que imaginava, colocar um ponto final e planejar o próximo capítulo do seu drama com Rose não aliviou em nada seus sintomas. A noite de sexta para sábado foi terrível, demorou um século para pregar o olho e quando o fez, sonhou com um zilhão de possibilidades diferentes de perder Rose Weasley.

No sábado de manhã ocorreria o jogo entre Grifinória e Lufa-lufa, a fonte motivadora das garotas para levantarem e se prepararem para esfolarem suas gargantas de tanto gritar para Hugo não deixar aqueles lufanos meia-boca fazerem um gol sequer. Rose, para variar, ficou para trás, já que foi a última a acordar e as primas não gostavam de pensar na possibilidade de perderem seus lugares especiais na arquibancada. A dor de cabeça havia diminuído consideravelmente, e nem conseguia lembrar que comeu cupcakes de amora selvagem em Hogsmead.

Era um dia bom, no final das contas.

Após o café da manhã, Rose tentou parecer animada para o jogo. Roxanne engoliu alguns pedaços de bacon e disse que guardaria lugar para as duas, mas que não era para demorarem. Por isso Dominique fez questão de ficar infernizando a cabeça ruiva de sua prima para que comesse logo. Quando estavam indo para o campo, por puro infortúnio da vida, Ryan McLaggen apareceu para estragar a paz e seus lugares bons — segundo a perspectiva da prima de Rose.

— Posso falar com você um minutinho? — pediu com um sorriso. Enquanto Dominique revirou os olhos, impaciente, Rose assentiu de bom grado.

— Depois você alcança a gente. — Dominique sentenciou dando passos largos para longe dos dois.

— Não vou enrolar porque eu sei que você deve estar super querendo assistir esse jogo. — Rose deu um riso nervoso. Talvez fosse interessante se ele acreditasse que, uau, ela estava querendo ver um bando de gente voando atrás de algumas bolas. — Eu sei que provavelmente estou sendo precipitado, mas, desde que nos conhecemos formalmente na casa dos seus avós eu gostei de você. E agora, depois de Hogsmead, eu percebi o quanto eu estou gostando de você. — ele esticou os braços, pegando nas pequenas e geladas mãos de Rose, que estava sentindo seu coração quase saindo pela boca. De nervoso. — Então eu gostaria de te perguntar se você não quer ser a minha acompanhante no baile de formatura.

Rose piscou algumas vezes para ter certeza de que aquilo realmente estava acontecendo.

Ela não se lembrava de ter dado esperanças de algum tipo a Ryan, e estava em choque com a realidade que batia à sua porta. Não soube o que responder. Na verdade, ficou parada, com uma sobrancelha arqueada e uma expressão de desespero. De forma alguma queria ferir seus sentimentos, mas… Não sabia o que dizer.

O problema foi quando Ryan começou a se aproximar, pôs as mãos em seu cabelo e, de repente, parecia que seus pés estavam fincados no chão. Ela não tinha para onde correr, não tinha voz para falar que não, que a única pessoa com quem ela aceitaria ir no baile seria Scorpius. Tudo isso porque nada estava claro para si mesma. Apenas em horas como aquela, sem saída, percebia que a cada dia se distanciava mais do rapaz pelo qual ela estava loucamente apaixonada.

Quando Rose despertou de seu congelamento, os lábios de Ryan estavam quase juntos ao seus. Ele não tinha hálito de menta, seus olhos não eram seguros e suas mãos apertavam as de Rose um pouco forte demais. Foi pensando na possibilidade de um beijo que Rose sentiu ânsia de vômito e imediatamente deu um passo para trás.

— Eu preciso pensar. — suspirou pondo as mãos no tórax em sua frente.

— Leve o tempo necessário. — Ryan deu um leve sorriso, e seus olhos brilhavam em admiração ao que havia quase acontecido.

— Hm, eu vou indo… Então. Nos vemos mais tarde?

— Pode ser. Vou demorar um pouco para ir assistir. Não estou tão interessado, afinal, sabemos que a Grifinória vai ganhar.

Rose tentou não transparecer o quão nauseada estava.

Deu as costas para ele e andou o mais rápido que pôde em busca de ar fresco. Quando chegou à arquibancada, sentou-se ao lado de Dominique e proibiu-se de dizer algo, sentindo o gosto do café da manhã arder em sua garganta.

[...]

Ela respirava fundo a cada dois minutos, e pressionava os olhos com força. Parecia que algo estava lhe consumindo por dentro a ponto de tirar-lhe a sua energia por completo. Para piorar a situação, olhar as vassouras voando em alta velocidade de um lado para o outro fazia seu campo de visão girar, impedindo-lhe de levantar com a certeza de que não iria cair. Suas pernas estavam moles, seu pulmão sem ar e sua cabeça mais dolorida do que nunca.

Rose já não estava entendendo mais nada. Na verdade, estava começando a ficar realmente preocupada. Embora seu conflito com Scorpius ainda estivesse mal resolvido, não seria o suficiente para lhe deixar tão mal como estava se sentindo.

Alguém um dia disse que o amor, às vezes, pode doer, mas continua sendo a única coisa capaz de fazer um ser humano sentir-se vivo. E Rose lembrava-se bem das histórias de amor que sua mãe lhe contava, sobre princesas, conto de fadas, e os próprios livros que passou sua pré-adolescência lendo. O amor sempre seria a essência mais pura do mundo, capaz de curar feridas, remendar almas e mudar vidas. Assim, o amor que ela havia desenvolvido por Scorpius não a machucaria nunca. Ironicamente, talvez ele houvesse deixado de ser o centro de seus problemas para tornar-se a solução, a chave-mestra ou a peça que faltava no grande quebra-cabeça.

Foi fechando os olhos para encontrar os de Scorpius que ela alcançou dois segundos de equilíbrio para levantar-se e sair dali o mais depressa possível. Poupou-se em dizer algo para Roxanne e Dominique, que estavam concentradas demais na partida.

— E NEM SINAL DOS APANHADORES, PESSOAL! SERÁ QUE SE PERDERAM LÁ POR CIMA DAS NUVENS?

O grito do narrador fez a cabeça de Rose latejar enquanto cambaleava em direção ao castelo. Não sabia exatamente para onde estava indo — condição a qual estava se acostumando —, mas pedia que Merlin fizesse alguém aparecer no caminho para ajudá-la. Ao chegar na área térrea do castelo, o vento frio que inspirou lhe deu forças e oxigênio para pensar para onde deveria ir. O salão comunal estava muito longe, não iria para o banheiro feminino, nem para a biblioteca, muito menos para a Ala Hospitalar. Seus passos foram mecânicos, porém ligeiramente sofridos, até o quinto andar, onde se enfiaria no banheiro dos monitores na esperança de que o mal estar passasse.

Rose virou o último corredor que lhe daria passagem direta pelas portas do banheiro. Antes de entrar, olhou para o seu lado esquerdo, de onde vinha uma iluminação excessiva da janela, e enxergou um casal se agarrando. Mas não era um casal qualquer.

Infelizmente, não teve tempo de chamar o nome do rapaz, apenas entrou esbaforida em direção à pia, causando um estrondo com as pesadas portas. Apoiou-se nela, sem coragem de olhar-se no espelho, e abriu a torneira para lavar o rosto. Se aquela sensação era o sinistro que Roxanne havia visto na sua xícara de chá, pois bem, Rose estava sentindo mais do que diretamente.

Ergueu o rosto e pôs a mão em sua própria testa, tentando permanecer firme. A única coisa que queria naquele momento, enlouquecedoramente, era Scorpius. E seus olhos arderam ao perceber que estava, para variar, sozinha e mal em um banheiro, sentindo-se estúpida por ser uma garota patética sem o mínimo de amor próprio e burra por ter deixado a única pessoa que havia lhe feito sentir coisas extraordinariamente boas escapar pelos vãos dos dedos.

De repente, o som de passos pesados preencheu o ambiente, fazendo com que Rose cedesse às suas lágrimas ardidas e fosse, aos poucos, sentando-se no chão.

A dor que sentia era semelhante a um soco na boca do estômago, por motivos aparentemente incompreensíveis. Lembrava-se de ter vomitado de nojo após uma breve conversa com Brian Wood há algum tempo, e considerou que era uma situação semelhante. Havia, de certo modo, causado a aproximação de Ryan McLaggen e o afastamento de Scorpius Malfoy, sendo que, na verdade, o que mais desejava era sentir seu perfume de perto novamente, fazer tudo diferente a partir da noite em que se beijaram no caminho para a Torre de Astronomia, não ter deixado ele ir embora naquela manhã.

— Rose? — a voz de seu primo saiu quase como um sussurro ao vê-la sentada, chorando como uma criança amedrontada. — O que houve? Está machucada? Por que está aqui? — eram tantas perguntas e tão poucas respostas. Alvo fez um sinal para a porta, como se fosse para alguém que estava lá deixá-los a sós. Engoliu a seco. Nunca havia visto Rose chorar por algo que não fosse um “excede as expectativas” nos NOM’s do quinto ano. — Rose…

Alvo era tremendamente desajeitado. Sua maior experiência com garotas chorando havia sido uma vez, com Lily, em que ele se viu obrigado a tomar um pote de sorvete inteiro com ela na cozinha enquanto ouvia suas lamentações acerca do ex-namorado imbecil. Só que aquele choro parecia doído demais até para ele, e seus instintos diziam que havia mais coisas envolvidas.

Ele sentou-se ao lado da prima, envolvendo seus braços ao redor do corpo de Rose e apertando-a o mais forte que podia, em busca de fazê-la sentir-se mais calma. Ela soluçava alto, transpirava e seu rosto estava mais vermelho do que nunca.

— Rose, por favor, só me fala uma palavra que possa resumir essa situação, está me deixando aflito. — pediu tirando alguns fios ruivos que estavam grudados em sua testa. Ele assoprou seu rosto, colocando mechas atrás da orelha.

— Scorpius. — a garota grunhiu, beirando à incompreensão. Alvo franziu o cenho. Aquilo não ajudava em nada, embora sentisse uma leve palpitação ao pensar que seu amigo havia conseguido deixá-la no chão, literalmente, de uma vez por todas.

— O que ele fez, Rose? Vocês brigaram? Ele te machucou? — imediatamente, ela negou, passando os dedos por debaixo dos olhos encharcados e vermelhos de lágrimas. Falhamente, tentou respirar fundo. — Por Merlin. Respira fundo e me conta o que aconteceu. Vai, respira. — Rose inspirou e expirou, imitando o primo. Sentiu-se mais leve, de alguma forma que não entendia, por chorar. Havia posto para fora coisas que um vômito não definiria bem.

— Eu estava no jogo, com a Rox e a Domi. Comecei a passar mal. — fungou o nariz, engolindo o gosto salgado das lágrimas. — Vim para cá completamente zonza.

— Passar mal como? Digo, acho que ouvi a Dominique comentando que você havia ido na Ala Hospitalar por causa de algo que havia comido.

— Cupcakes… De amora selvagem. — negou com a cabeça. — Mas não era por causa deles, eu creio. Foi de repente. Eu tenho sentido dor de cabeça, náuseas, hoje tontura… Eu não sei o que está acontecendo.

— E o que o Scorpius tem a ver com isso? — perguntou um pouco curioso demais, após alguns instantes de silêncio.

Rose sentiu-se patética. Seus olhos ardiam ao permanecer abertos para encarar um grande ponto de interrogação no rosto primo, e algo remexia em sua cabeça questionando o porquê de Scorpius não ter contado para Alvo naquela altura em que estavam. Embora essa suposta altura fosse algo relativo apenas à sua imaginação fértil. Talvez ele tivesse desistido de vez deles, o que tornava o contar completamente sem sentido.

Respirou fundo mais algumas vezes, ainda escutando o eco da pergunta de Alvo em sua cabeça. Até que inspirou coragem.

— Nós ficamos na festa da Lysander. — confessou não desviando do verde dos olhos do Potter. — Na verdade, nós ficamos de beijar e ficamos de você sabe.

— Vocês transaram? — perguntou na lata, arregalando os olhos. Rose entendia, afinal, nem ela acreditava muito na realidade. — Você e o Scorpius? Hã?

— Se te ajuda a acreditar, fizemos mais de uma vez. — riu irônica. — Nós nos beijamos, nos abraçamos, temos DR de um relacionamento que nem existe e… É isso. Agora que ele está se atracando com a Spinnet em qualquer canto, suponho que não temos mais nada.

— E está quase pondo suas tripas para fora por causa dele?

— Não. Eu tomei uma poção para o estômago, mas continuo mal, a ponto de me sentir tonta e com fraqueza nas pernas. Um pouco é, claro, coisa da minha cabeça, não estou sabendo lidar com tantas informações. — deu ombros passando as mãos pelo rosto. — De um lado perdi o Scorpius, do outro, ganhei sem querer o Ryan.

— McLaggen? — ela assentiu. — Por Merlin, Rose, o McLaggen também? Digo, eu… Como que… Vocês estão tendo… Algo?

— Não, mas ele me pediu para ser o par dele no baile de formatura e disse que está gostando de mim. Foi de revirar o estômago porque eu não deveria ter deixado o Scorpius ir embora da Toca, nem do meu quarto. — o rapaz realmente não estava entendendo mais nada. Fitava a prima como se ela estivesse bem próxima de ficar louca de vez. — Al, eu não entendo, tá bom? Eu não sei explicar, mas… Esse não é o ponto. Eu não aguento mais essa dor de cabeça, eu não aguento mais sentir náuseas a torto a direita e não aguento mais pensar no Scorpius dia e noite sem parar. — seus olhos arderam em lágrimas novamente, e no meio do silêncio do banheiro, Alvo pôde escutar seu fungar de nariz.

— Posso te fazer uma pergunta indiscreta? — Rose assentiu, olhando para o chão. — Como vocês se preveniram?

— O Scorpius disse que toma uma poção não sei das quantas. — mentiu, sentindo seu corpo inteiro gelar. Não se lembrava de ter conversado isso com Scorpius em momento algum, embora acreditasse que ele deveria se prevenir de alguma forma que ela não tinha ideia. — Por quê?

— Porque você pode estar grávida. — respondeu quase que em um sussurro. Rose não se mexeu, permaneceu quieta, assimilando as palavras de Alvo. — Náuseas, dor de cabeça, tontura. James quem disse que quando minha mãe estava grávida da Lily, vivia com tontura.

— É praticamente impossível. — ela negou com a cabeça, ficando ereta. Alvo deu ombros, desviando o olhar.

— Posso fazer uma poção para você, apenas para ter certeza.

Após alguns minutos sem dizer nada, Rose assentiu. Alvo se levantou para ir buscar seu caldeirão e os ingredientes, dizendo que já voltaria. Rose permaneceu sentada no chão, abraçada ao seus joelhos, olhando para um ponto fixo.

Ela se lembrava de uma vez, quando era pequena, em que sua mãe a levou no consultório de seus avós para tirar uma cárie — e para explicar para a filha o que dentistas realmente faziam e por que ela deveria escovar seus dentes após as refeições. Eles aplicaram uma anestesia na boca dela para que não sentisse tanta dor. Naquele banheiro, Rose sentia-se anestesiada, mas não apenas na boca.

Seu coração batia compassadamente, seus olhos piscavam sem pressa ou pesar, sua respiração havia se normalizado. Apenas sentia-se gelada da cabeça aos pés, e culpava-se por tamanha ingenuidade. Por não ter se prevenido, por não ter ligado os pontos que estavam bem debaixo do seu nariz.

Nenhum pensamento sobre o futuro lhe passou pela cabeça, pelo menos não até Alvo chegar e começar a fazer a poção. Ele não dizia nada, muito menos Rose. No entanto, ela não sentia um olhar de censura vindo dele, o que a deixou mais propensa a não pensar sobre o assunto.

— Scorpius não me contou sobre vocês. — comentou, de repente.

— Não é algo que saímos contando, Al. — tentou defender o Malfoy. — Ele não deve ter contado para ninguém, pelo o que bem sei.

— E você?

— Rox, Domi e Alice. — suspirou pesadamente. — Não pensei que acabaria nisso tudo.

— Tudo o quê? Em você esperando seu primo fazer uma poção pra você no chão de um banheiro? Nem eu. Na verdade, já fiz algumas poções para James, zilhões, na verdade, mas na sala precisa. Ele não era monitor. — Alvo deu risada. — E não imaginava que você estaria nesses lençóis.

— Nem eu.

E realmente não imaginava.

Quando Rose iniciou o seu sétimo ano, a única coisa que pensava era se formar com honra e conseguir um emprego bom no banco Gringotes quando se formasse. Tudo estava estabilizado. Seu namoro, seu emocional, seu desempenho, sua vida. Talvez fazendo uma retrospectiva, Rose já era capaz de avaliar, sentada ali naquele banheiro, que nada nunca esteve estável além da sua ambição por uma carreira de sucesso e suas notas em Hogwarts. Seu namoro com Brian Wood era tóxico, tão tóxico a ponto de fazê-la perder a essência de acreditar em si mesma, a coragem de se jogar de cabeça em um lago sem saber sua profundidade. Ela se divertiu com Scorpius na noite da festa de Lysander, de uma forma que não permitia-se nunca com o Wood. E ela gostava de se lembrar dos toques dele, dos beijos, do seu sorriso irônico, do seu revirar de olhos. Ela não entendia o porquê da sua parte racional gritar: VOCÊS NÃO VÃO DAR CERTO, sendo que o seu coração, de uma forma louca e desesperada, chamava por Scorpius.

A sensação que tinha era que o havia perdido por conta de sua covardia. Rose Weasley era uma covarde, por que raios havia sido selecionada para a Grifinória? Sendo que não tinha coragem de dar um passo a mais com alguém que poderia sim ser um furacão, mais cheio de coisas boas. Ela sabia que gostava de Scorpius Malfoy, ou pior! Que estava apaixonada por ele. O que lhe dominava, contudo, era a quase certeza de que nunca o recuperaria, porque ela não era o suficiente sequer para ela mesma.

— Me dê um fio do seu cabelo, Rose. — Alvo quebrou o momento de reflexão da garota, que prontamente entregou-lhe um fio ruivo. O Potter esvaziou os pulmões antes de fitar a prima. — Se a fumaça for amarela, você está. Se for vermelha, você não está.

Rose não moveu seu olhar um segundo sequer. Assistiu quase que em câmera lenta Alvo jogar seu cabelo no pequeno caldeirão e pensou que iria ter uma parada cardíaca quando percebeu que apenas seu coração batia forte e rápido dentro de seu peito, quase explodindo. Voltou a respirar quando a fumaça apareceu, embora não fosse mais capaz de se mover. Estava estática.

— Por Merlin.

Ela e Alvo se encararam por minutos à fio, até que ele se levantou e foi ao lado dela para lhe abraçar. Rose não chorou, não gritou, não disse nada. Apenas encostou a cabeça no ombro do primo e pôs as mãos em seu ventre.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Teve gente falando isso desde o primeiro cap. Parabéns, suas pupilas da Rox! HAHAHAHAHA Momento #tenso, mas... DEVO DIZER PARA VOCÊS PREPARAREM O CORE PORQUE eles ainda vão sofrer e vocês vão querer MATAR o McLaggen e a pessoa que vos fala (eu). Fica a dica.

Aliás, passem a preparar o core sempre a partir de agora.

Tirando esse pequeno detalhe final, vamos ver o cap por outro pov! Pelo lado bom, o Scorpius fez algo E NÃO FOI ALGO IDIOTA! Pelo lado ruim, Ryan McLaggen ainda está na história... Aiai, senti dózinha do Al. Tipo... Só ele não sabia, né? Que tenso. Preparem a pipoca pra novela mexicana MUAHAHAHAH

Bom, espero que vocês me contem o que acharam. E não se acanhem, por favor, eu só mordo quando pedem kakakakakakakakak Comentem, favoritem, recomendem ♥ ( ͡° ͜ʖ ͡°) ♥

O próximo cap sai por volta do dia 05, se Merlin quiser! E ele quer ♥

Um beijão no core de vocês
qualquer coisa me gritem lá no twitter @itstahii ♥

Ps. Fiz (enfim!) um dreamcast, deem uma olhadinha lá no tumblr
(http://tahiifanfics.tumblr.com/)