Legami Di Amore escrita por Tahii


Capítulo 18
Dolore


Notas iniciais do capítulo

HELLOOOOOOO, MES AMOURS! Ça va?
Aiai, eu sei que demorei (até postei no twitter que LDA está(va) sem atualização há um ano), e peço desculpas. Nesse um ano longe de vocês, tanta coisa mudou. Inclusive, agora em 2018, eu decidi concluir minhas fanfics antigas. Acreditem ou não, eu consegui finalizar Girls Just Wanna Have Fun e estou muito feliz por isso ♥ O meu próximo alvo (e único) é Legami Di Amore, então... Preparem o coração, porque vocês vão sofrer com as coisas que vão acontecer kakakakaka

Quero agradecer a TODOS que estão acompanhando. Obrigada pelo suporte, por não tirarem a história dos acompanhamentos; e obrigada a todos que se juntaram nesse período de um ano. Eu AMO vocês por isso ♥

Estamos quase passando a marca de 400 leitores e eu estou SURTANDOOOOOOOOOOOOOOOOOOO ♥ OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADA MESMO! Vocês não fazem ideia de como fico feliz por saber que tudo isso de gente está lendo essa minha história. Prometo que serei uma autora melhor e atualizarei regularmente ♥ Como sabem, eu faço faculdade, agora estou trabalhando, e... A vida é corrida. Mas vou dar um jeito. Juro juradinho!

Espero que gostem desse capítulo! Vocês vão ficar confusas, a vontade de matar Ryan McLaggen aumenta e a de dar uns petelecos na cabeça oxigenada do Scorpius também, hehehehe. SE TOCA, MALFOY!

Boa leitura ♥

► PLAYLIST
https://www.youtube.com/watch?v=tNx1y8AXZxw&list=PLm_bv0SbG68UdaGyxvje2S6Vyd79Z5tmc

*Dolore = Dor



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Vento gelado, céu cinzento e atmosfera melancólica.

Rose Weasley estava quase convencida de que teria sido melhor ficar em seu dormitório lendo My Dear Cassandra do que sair para respirar o tal ar puro. Ela estava um caco, para variar. E a animação para provar vestidos, sorrir e dizer o quão ansiosa estava para a formatura chegar era zero.

Ela, Dominique e Roxanne tinham saído de Hogwarts na frente da maioria dos alunos, já que Dominique não conseguia, literalmente, esperar para ver os preciosos vestidos que levaram meses para ficarem prontos. Para piorar a situação, ela falava desengonçadamente sobre assuntos aleatórios envolvendo James, vestido e a lula-gigante. Se Roxanne não estivesse ali para contornar a situação, provavelmente Rose ouviria um discurso quando chegasse ao castelo sobre como era importante prestar atenção no que as amigas dizem.

As três andavam com as mãos nos bolsos e pescoços encolhidos, por causa do frio que estava no vilarejo, e quando avistaram uma placa com “Trapobelo Moda Mágica” escrito, sentiram-se mais perto da onda de calor que invadiria elas quando pisassem lá dentro.

— Bom dia, em que posso ajudar? — perguntou uma mulher de mais ou menos trinta anos de idade, causando um sorriso imenso em Dominique.

— Viemos pegar os vestidos que a Madame Malkin enviou para cá. — as três pararam em frente ao balcão, e a mulher fez um aceno com a varinha e várias caixas marcadas como entrega começaram a voar até ela. — Está no nome de Fleur Weasley.

— Ah, sim. — três caixas brancas pousaram sobre o balcão, com um pedaço de pergaminho em cima. — As ordens são para vocês provarem e caso haja necessidade de alteração, nós faremos e entregaremos em Hogwarts até o próximo fim de semana.

— Tomara que Morgana permita que tudo esteja certo, não quero ficar longe do meu bebê. — Dominique pegou uma caixa que continha a cor de seu vestido e entregou as outras nos braços das primas. — Não fujam enquanto eu estiver no provador.

— Como se fosse possível. — Roxanne rolou os olhos, rendendo-se a ideia de sentar em um sofá que estava perto de uma janela grande e quadriculada, que permitia a vista do vilarejo. — Se ela ficar um pouco mais animada, vamos levá-la para a enfermaria. — Rose riu ajeitando-se ao lado da prima no sofá estampado. — É sério, Rose.

— Só espero que ela não fique chateada caso o James não apareça por aqui hoje. — suspirou Rose recebendo um olhar estranho de Roxanne. — O que foi?

— Tenho certeza que ele vai aparecer, por mais que não tenha falado para ela.

— Não me diga que você leu as cartas dela com a sua visão raio-x, Roxanne, isso é bizarro.

— Claro que não, Rosita. — rolou os olhos. — Enquanto ela estava tomando banho ontem à noite eu dei uma lida por cima. Mas sinto que ele vai aparecer sim, faz bem o feitio dele... Deixar a Dominique louca de amor e etc.

— Cada um exerce a loucura de uma forma diferente. — deu ombros. — James deixa ela louca, os NIEM’s me deixam louca, nós te deixamos louca.

— NIEM’s, não é? — Roxanne riu um pouco sarcástica. — NIEM’s cor de rosa, cheio de corações e excessivamente açucarado, conheço bem esse tipo.

— Como é? — Rose não conseguiu segurar um sorriso impressionado. — Como você sabe?

— Ah, Rose, estamos em fevereiro, amanhã é o dia dos namorados e eu tenho certeza que muitos estão loucos para chamarem garotas para ir tomar um chá na Madame Puddifoot, é tipo um código para deixar claro que não estão sozinhos, sofrendo ou desesperados. Sem contar que o Lorcan me chamou para ir hoje, mas…

— Você não quis. — completou condenando a prima pelo olhar. — Vocês são impossíveis.

— Vamos amanhã, Rosita, fazer alguma coisa pelas passagens. — sorriu marota. — Não sei o que custava deixar o passeio para amanhã, mas… Esse sistema é muito antirromântico, se a Madame Puddifoot não fosse inteligente, não ia lucrar nada com aquele esconderijo da pantera cor de rosa.

— Lá é legalzinho.

— Para se divertir com o inimigo, mais ainda. — Rose sentiu um revirar de estômago ao ver os olhos brilhantes de Roxanne insinuando coisas que… Ela tinha medo e Dominique razão. Era melhor ouvir as adivinhações de Dominique e saber que ela estava errada, do que escutar Roxanne e ter certeza que ela estava certa. Respirou fundo e encarou Dominique quando ela saiu do provador. — O único problema é que você está terrivelmente bonita.

— Será que o James vai gostar?

— E o que o James tem a ver com isso, darling? Hello, acorda. — Roxanne passou a mão no cabelo. — Você tem que gostar.

— Eu gostei. — sorriu meigamente. Seu vestido era tomara que caia. Até a cintura era dourado e dali para baixo era vinho. — Combina com o meu tom de pele.

— Que novidade. — riu Roxanne dando um tapinha nos ombros de Rose. — Sua vez, senhora vou em um encontro e não contei para as minhas melhores amigas.

— Encontro? Com quem? — Dominique olhou a prima perversa, fazendo ela lançar um crucius em Roxanne com o olhar. — Não me diga que é com o você-sabe-quem.

— Quantas milhões de vezes eu tenho que dizer que o Lord Voldemort nunca sairia comigo? — resolveu brincar ao invés de entregar mais do que o seu desânimo, a verdade. Rose pegou a caixa que estava em cima do balcão e enfiou-se no pequeno provador para experimentar. A última coisa que viu antes de fechar a cortina foi Dominique indo ao lado de Roxanne para interrogá-la, mas recebendo apenas um “Eu sei lá”.

Era terrível pensar que tinha realmente aceitado o convite de Ryan, e para piorar a situação sequer estava lembrando que no dia seguinte seria o dia dos namorados. Ugh. Apesar de às vezes pensar em Scorpius e sobre o que ele poderia achar da situação, Rose estava feliz por ter conseguido dizer sim, mesmo claramente arrependida depois. Ryan era legal com ela, e seria uma boa oportunidade para tirar Scorpius da sua cabeça.

Rose começou a despir-se preguiçosamente e olhava o vestido que havia tirado da caixa meio de escanteio, ele parecia um pouco menor do que ela lembrava. No ano anterior, antes das aulas começarem, Dominique infernizou sua mãe para ajudá-las a escolher vestidos para a formatura, só que não foi apenas a paciência de Fleur que se esgotou, as meninas ficaram cansadas de passar quase o verão inteiro procurando vestidos. Claro que Dominique estava certa, afinal, pagariam um absurdo caso tivessem que comprar tão em cima da hora. O problema, contudo, era que Rose estava menor naqueles meses, e ela parecia estar  um pouquinho maior enquanto tentava se enfiar naquele pedaço de pano.

Felizmente, porém, ela conseguiu entrar no vestido e achar-se bonita dentro dele. O vestido era longo em um tom de rosa que Dominique insistiu que ficaria perfeito na prima, que achava que era um rosa bem claro com alguns pontos de luz. Quem era, raios, Rose Weasley para discutir com Dominique? Ninguém.

— Como sempre, eu tinha razão. — Dominique vangloriou-se enquanto ajeitava seu vestido dentro da caixa. — Você está um arraso.

— Concordo. — Roxanne levantou-se suspirando. — E sei que você irá encher os olhos do seu companheiro, apesar de que ele vai estar com uma cor um pouco contrastante da sua.

— Ah, céus, tomara que não seja laranja. — suplicou Dominique olhando para o teto com uma expressão de medo. — Ou roxo. — houve uma troca de olhares significativa entre as primas, e Rose temia as palavras de Roxanne, já que não as entendeu. — Mas você está linda, Rose, como eu disse que estaria.

— Sua modéstia me comove. — Rose sorriu para a prima, que fazia sinal para Roxanne entrar logo no provador. — Eu pensei que iria ficar um pouco apertado, mas ficou bom. Muito bom.

— Também senti o meu um pouco apertado, quase que tive um ataque cardíaco. Imagina se não servisse? Só Merlin sabe quanto tempo levaríamos para tê-los em mão de novo. — suspirou aliviada, enquanto Rose andava de um lado para o outro. — Estou nervosa.

— Acho que também estou. — disse Rose fazendo um sinal para Dominique se aproximar da cortina do provador onde ela tiraria o vestido. — A minha dor de cabeça tinha passado, mas acordei como se o Hugo estivesse sapateando no meu cérebro.

— Você deveria ir na enfermaria, não é a primeira vez que reclama de dor de cabeça. A Madame Ponfrey vai te dar, no máximo, uma poção.

— Talvez eu vá depois, mas acho que é fome. — Rose vestiu-se e foi sentar-se no sofá onde Dominique lhe faria companhia enquanto Roxanne provava seu vestido.

Após o barulho da cortina do provador, apenas o silêncio reinava naquele lugar. Dominique olhava atentamente para as pessoas que caminhavam lá fora, sem piscar, em busca de algo que estava, quem sabe, por dentro da janela da sua alma.

Ela conseguia sentir seus batimentos cardíacos, fortes e compassados, como se já se sentisse mais perto de James, como se já conseguisse sentir o seu perfume, como se já conseguisse sentir seu abraço. Não dava para saber se ele iria mesmo até Hogsmead para vê-la, mas ela estava torcendo com todas as forças de sua mente, coração e alma. Ela precisava dele, precisava aumentar o êxtase que já estava sentindo. Ele havia dito que amava ela, e ela que o amava também… Ou seja… Seria diferente a partir da próxima vez que se encontrassem, ou ela esperava ansiosamente para que realmente fosse. Sorriu e suspirou fundo, expirando todo o ar de seus pulmões antes de virar-se para ver Roxanne com o vestido.

— Ficou ótimo, como eu disse que iria ficar. — ver a prima rendendo-se ao seu bom gosto foi mais um motivo para Dominique ficar feliz. Nude, e um ou dois tons mais claro do que a pele de Roxanne era sim a melhor aposta para a formatura. — Estou me sentindo tão Rose. — lançou um olhar convencido para a prima ao seu lado. — A dona da razão.

— É, ficou bonzinho. — Roxanne deu ombros, voltando ao provador.

— Seu ânimo me comove. O de vocês duas, na verdade. — Dominique cruzou os braços levantando-se do sofá. Rose apenas fechou os olhos, sentindo sua cabeça latejar.

Após decidirem que não havia nada a ser feito em algum dos vestidos, pediram para que mandassem as caixas diretamente a Hogwarts, e saíram da loja em três estados de humor bem específicos. Roxanne estava com sono, e pretendia realmente ir até a Dedos de Mel para passar o tempo. Dominique estava ansiosa, olhando para todos os lados discretamente para ver se encontrava o, então, amor da sua vida. E Rose, para variar, estava martirizando-se por ser tão estúpida. Sua cabeça parecia que ia explodir, sua nuca estava dolorida, seus olhos pesados e, pra variar, tinha aceitado o convite do Ryan. O que não esperava, contudo, era andar alguns passos para fora da loja e ouvir um grito fino que, de repente, invadiu seus tímpanos e deixou-lhe atordoada de vez.

Com pouca coragem olhou para a fonte desse ruído devastador, e não se conteve em sorrir. Dominique, sua prima que sempre pareceu bobinha e artificial sobre a perspectiva de, basicamente, todo mundo, estava com os olhos marejados e uma felicidade que não lhe cabia no rosto. Antes mesmo que Roxanne pudesse dizer algo para “descontrair o clima”, ela saiu correndo em direção à pessoa era a causa das olheiras de suas companheiras de dormitório, por terem que passar horas em claro ouvindo abobrinhas de amor, corações e futuros de contos de fadas. James estava inteiramente ali, e, observando Dominique jogando-se nos braços dele — literalmente —, Rose supôs que era mesmo seu primo em carne e osso. E a sensação que Dominique estava sentindo era tão boa que chegava a ser perceptível. Rose, Roxanne ou qualquer um que passasse por ali poderia sentir a onda de um calor aconchegante, um calor que acalma, que mata a saudade e a distância. Ou o nome apropriado seria amor?

Ah, o amor, desejado por muitos e obtido por poucos. Roxanne não possuía o amor, não possuía o sentimento de amor e nada relacionado a ele. O amor exige coragem em qualquer circunstância. Coragem de assumir o que sente, lutar, sofrer, chorar, sorrir, coragem de abandonar tudo o que lhe faz mal para se entregar a algo concreto apenas no coração. Ela nunca teve essa coragem. Preferia ficar em sua zona de conforto esperando o acaso lhe pagar uma dose dessa tal coragem, ou melhor, uma gota de felix felicis. E até que esse dia chegasse, ela permaneceria na inércia, afastando-se de tudo que lhe lembrasse que o amor só existe para os corajosos. Foi por isso que sussurrou para Rose que estava indo dar uma volta, e que caso o encontro com Ryan não desse certo, era para procurá-la na Dedos de Mel.

Rose assentiu e ficou ali, olhando de braços cruzados e com um sorriso meia boca para o abraço dos dois. Diferentemente de Roxanne, Rose possuía o amor, porque o que estava passando nada mais era do que uma fase. A fase de sofrer. Ela sabia que sentia algo forte por Scorpius, e já havia sorrido e chorado por ele. Infelizmente, quando estava prestes a entrar de vez na luta, teve dúvida se o que eles tinham era algo concreto no coração de ambos, e não apenas no dela.

No caso de James e Dominique, por outro lado, ambos haviam acabado de ter a certeza de que o amor lhes pertencia. James não tinha forças para tirar seus braços das costas de Dominique, nem de desencostar sua testa da dela, e nem de desviar o olhar dos olhos azuis que brilhavam de felicidade bem em sua frente. Os dois sorriam e às vezes deixavam com que um som de riso escapasse de seus lábios enquanto tentavam ler o resumo do tempo que ficaram longe nos olhos um do outro.

— Eu preciso dizer que estava morrendo de saudade de você? — James engoliu a seco, apertando mais o frágil corpo de Dominique para que pudesse sentir-se mais próximo dela, que assentiu e colocou suas mãos no rosto do rapaz. — Eu estava morrendo de saudade de você. — ela riu, dando-lhe mais um abraço. James repousou sua cabeça no ombro dela, e sentiu o cheiro que há tempos necessitava sentir novamente.

— Eu sei. — afastou-se dele, tentando acalmar seu coração acelerado, seus olhos cheios de lágrimas e sua tremedeira que mal lhe dava sustentação nas pernas. — Mas não achei que você realmente iria vir… Pra cá.

— Se eu disse que eu estava louco para ver você, Nique, eu não iria perder essa oportunidade. — passou o polegar na bochecha dela, fazendo-a suspirar calmamente, como se estivesse sendo completada a cada palavra que saia de sua boca. — Por esse nobre motivo de saudade, vamos dar uma volta, beber uma cerveja amanteigada e você vai me contar como tem sobrevivido sem a minha ilustre presença. — Dominique riu, sentindo-se mais apaixonada ainda. — Mas antes… — olhou-a com um sorriso maroto antes de, finalmente, selar seus lábios.

Ah, o amor! Se Dominique pudesse dar um gritinho histérico de felicidade apenas para deixar claro — para todas as forças do universo que tentaram conspirar contra eles — o quão em êxtase estava, ela certamente o faria e suas primas, onde quer que estivessem, saberiam que as noites em claro valeram a pena.

Contudo, Rose sequer precisava ouvir esse grito para saber que tudo havia valido a pena. Ela estava finalmente feliz, finalmente com James, finalmente completa. E se, pelo menos, naquele momento Dominique havia encontrado um significado para a vida, Rose estava feliz por ela. Porque encontrar um sentido para dias recheados de uma sequência não lógica de acontecimentos era realmente difícil, e Rose ainda não havia encontrado. Talvez essa fosse a razão para não ter cogitado a possibilidade de passar algumas horas com Ryan. Claro que preferiria que não fosse véspera de dia dos namorados, e que o local não fosse no Café da Madame Puddifoot, mas estava acostumada a ser levemente contrariada.

Quando chegou à frente do estabelecimento, olhou para os lados e não havia sinal do garoto, apesar de ser o horário que haviam combinado. Tediosamente, então, abriu a porta, despertou o sininho em cima dela, e aconchegando-se em seu casaco olhou por cima de todas as mesas, até encontrar o seu alvo — e algumas pessoas a mais. Estampando o seu rosto com um sorriso essencial para o bem estar da sua companhia e para a sua saúde mental, Rose sentou-se em frente a Ryan, que a esperava com uma aura paciente e, aparentemente, feliz.

— Eu não entendo o ser humano. — suspirou apoiando seus cotovelos na mesa. Ryan arqueou uma sobrancelha, um pouco alheio sobre o que ela falava. — O Wood disse que ainda me amava e está aqui com outra garota. Ele nem me chamou. Não que eu quisesse ser chamada por ele, mas… Seria a atitude mais condizente após uma declaração de amor meia-boca.

— Ele não é tão estúpido assim, Rose, com certeza sabia que levaria um cano e preferiu chamar outra pessoa. — o garoto deu ombros, sorrindo compreensível enquanto buscava a mesa onde Brian Wood estava nojentamente sorrindo para uma lufana. — As pessoas costumam fazer isso.

— Ah, então você sabia que ia levar o cano de alguém e decidiu me chamar?

— Nada disso. — riu, coçando o pescoço em seguida. — Apenas pensei que seria legal ficarmos jogando conversa fora. Não vai me dizer que você tinha planos com outra pessoa.

— Claro que eu tinha. Tive que abandonar a coitadinha da Roxanne para jogar conversa fora com você.

— Devo me sentir importante?

— Talvez. — Rose deu ombros, encostando-se no encosto da cadeira. — No dia dos namorados do ano passado, eu comi um cupcake aqui que não me caiu bem no estômago. Era de morango e maracujá, e meu estômago revira só de lembrar.

— Eu, graças a Merlin, não venho aqui acompanhado há séculos. Esse lugar, apesar de rosa e “fofo”, só me deu azar até hoje. Nenhum namoro deu certo, só rendeu briga, bafafá e briga.

— E você decidiu que aqui seria um bom lugar para bater papo porque…?

— Você pode mudar a sorte daqui. — sorriu daquele jeito. Daquele jeito que Rose sabia bem o que significava, mas por questões relativas, novamente, a sua saúde mental, decidiu apenas ignorar enquanto olhava para os lados. Foi quando viu Alvo e Alice entrando pela porta.

— Ruim para nós, bom para o resto. — encarou Ryan. — Pensei que o Al e a Alice estavam meio brigados ainda.

— Pelo o que eu ouvi dizer, eles não estão tão bem assim, mas não faço parte do círculo de amizades dele, então, sou desinformado, apenas fico escutando o que eles conversam no salão comunal.

— Então você é um xereta?

— Interessado em conversas alheias, melhor dizendo. — Ryan riu acomodando-se na cadeira. — Eu sempre estudo no salão e acabo ouvindo as coisas que eles não fazem questão de falar baixo, sabe? É inevitável, então não sou necessariamente culpado.

— Posso ajudar? — uma das funcionárias do local aproximou-se da mesa, após grande custo nas passagens estreitas entre as mesas.

— Tem algum especial? — Ryan perguntou, sorrindo animado para Rose.

— Dois cupcakes de amora selvagem pelo preço de um.

— É, pode ser. E acho que chá de camomila para nós dois. — ela tentou, realmente esforçou-se para conseguir, sorrir. Sentiu um embrulho no estômago só de pensar na água quente com gosto de mato que teria de tomar. Sim, ela poderia dizer que não gostava de chá, mas… — Então, os vestidos deram certo?

— Graças a Merlin, sim. Não consigo imaginar o quão horrível seria ter que aguentar Dominique se lamentando por causa deles.

— Realmente. — ele cruzou os braços em cima da mesa e pareceu rir enquanto olhava para os lados. — Apenas James teria paciência para aguentar ela, imagino. Aliás, ele comentou que viria para Hogsmead quando ela viesse também. Não sei se veio.

— Já tive o prazer de ter meus tímpanos estourados pelo ânimo de Dominique ao vê-lo. — Rose passou a mão pelo rosto, tentando amenizar sua dor de cabeça. — O amor é uma coisa louca. Nunca fui a melhor em compreendê-lo.

— Amores confusos, percepções distorcidas.

— Você está insinuando que a Dominique e o James têm uma percepção não distorcida só porque vivem um conto de fadas enquanto eu, que não vivi nada de castelos ou fadas, tenho uma percepção errada? — ela riu um pouco chocada com seu apontamento. Ryan a encarou por alguns instantes. Ela sorria, um pouco divertida, e ele olhava bem aqueles olhos verdes opacos, as olheiras, a pele seca, provavelmente achando-a linda do mesmo jeito porque… Scorpius a acharia.

— Não existe certo ou errado, apenas o que é e o que não é. Talvez se o seu relacionamento com o nosso companheiro ali — arqueou a sobrancelha ao fitar Wood. — tivesse sido uma boa experiência, você compreenderia uma boa parte.

— Tudo tem uma parte boa, e uma ruim. — ela deu ombros encostando-se na cadeira. Ele fez o mesmo. — Apenas não demos certo porque ele não é uma pessoa flexível, e não sentia por mim tudo o que eu sentia por ele.

— E o que você sentia por ele?

— Amor.

— E o que é amor?

Rose engoliu a seco sob o olhar taxativo de seu acompanhante e seu respectivo sorriso desafiador, e ficou encarando o rapaz em sua frente enquanto pensava. O que era amor, afinal?

O que vinha em sua mente era lábios quentes, um toque de pele macio, desejo, paixão, sorrisos, frio na barriga, dedos congelados, ar denso, aumento do ritmo cardíaco, abraços, mãos dadas, olhos cinzas e uma risada que enchia seu coração de calor. E, automaticamente, seu corpo inteiro tremia lembrando-se da noite da festa de Lysander Scamander.

Ela não fazia ideia de que horas eram, ou de como exatamente teve coragem para estar ali, na cama, com Scorpius; a única coisa que importava era que quanto mais ela se sentia consumida por uma sensação de prazer, mais a queria. Quanto mais olhava para Scorpius Malfoy e encontrava seus olhos elétricos, mais queria chegar a algum lugar desconhecido no qual tinha plena convicção que acharia tudo o que procurava. Rose lembrava do som da sua própria risada em um momento em que estava quase, por muito pouco, chegando ao seu ápice, e Scorpius, de repente, parou. Ele estava semi encostado na cabeceira da cama, e ela estava em cima dele com as mãos apoiadas em seu tórax e os olhos fechados. Quando os abriu, deu de cara com um rapaz suado, vestindo-se da expressão mais divertida do mundo.

— Eu acho que agora é o momento ideal para a minha vingança, Rose Weasley. — foi o que ele disse acariciando o seu quadril com os polegares. — Você já parou para fazer uma retrospectiva desses anos e analisar como você foi chata comigo?

— Você que sempre começou. — Scorpius gargalhou com a resposta, e deu uma estocada forte e lenta, causando, nada menos, do que um arfar. — E como nunca termina o que começa, sempre levo a culpa.

— Hm, seria uma pena se eu não terminasse isso aqui. — ela riu, inclinando-se sobre ele até que suas bocas pudessem estar alinhadas. Scorpius pôde ver de perto ela mordendo o lábio e contendo um gemido ao sentí-lo, de novo, profunda e lentamente.

— Se você não terminar, eu termino.

Foi a última coisa dita antes que ela pudesse continuar os movimentos sozinha, divertindo-o mais ainda e provocando o início de um beijo cheio de energia. Quando acabaram e estavam, de fato, satisfeitos, Rose encostou sua cabeça no ombro de Scorpius e repousou sua mão sobre a barriga dele, tendo a dele sobre a sua, para que enfim pudessem ter uma boa noite de sono.

Se Rose Weasley um dia se perdesse, provavelmente encontraria o caminho de volta lembrando do olhar de Scorpius Malfoy, a luz que guiaria os seus passos. E, naquele momento, na mesa com Ryan McLaggen, ela não podia achar-se mais perdida, com uma vontade louca de ir correndo atrás daquele que não saía de seus pensamentos, independentemente de tudo o que havia acontecido entre eles.

— Com licença. — a voz da funcionária fez com que Rose acordasse para a realidade, que não parecia ser tão boa quanto poderia. Ryan pegou uma xícara de chá e, antes de bebericar, repousou-a novamente no pires.

— Me desculpe, não era a intenção parecer-

— Está tudo bem. Eu só… — Rose encarava a xícara de chá em sua frente, repugnando o cheiro que a fumaça exalava. — Não tenho uma resposta tão convincente.

— Para o amor não tem resposta. Mas eu entendo, quer dizer, o Wood não parece ser um namorado muito interessante mesmo. — Rose forçou-se a dar um risinho ao ver uma possível gota de arrependimento no olhar de Ryan. — Está ansiosa para o jogo da grifinória com a lufa-lufa?

— Não sou a maior fã de quadribol para estar ansiosa, mas vai ser uma boa distração, eu acredito.

— É. O time da grifinória está consideravelmente bom esse ano, não tanto como quando o seu primo era capitão, só que com certeza ganha da lufa-lufa. A sonserina, porém… — rolou os olhos, indignado. — A nossa única certeza é o Potter, porque aquela dupla de palhaços, francamente.

— Essa dupla seria…?

— Zabini e Malfoy, eles estão péssimos. Ou melhor, eles são péssimos. E agora com essa detenção do Malfoy, não sei não… A sorte dele é que ele é o capitão, se fosse o seu primo com certeza ele ficaria no banco. — Rose preferiu não dizer nada, principalmente para não correr o risco de ter aquela água morna voltando pelo seu esôfago. — Me diga, Rose, com sinceridade, não é burrice ficar se agarrando em um armário de vassouras na hora do jantar? É ridículo até para o Malfoy.

— É. — limitou-se a concordar. — Ele está com aquela garota?

— Não sei e me poupo em saber. A única coisa que tenho conhecimento é que eles já ficaram outras vezes. A Spinnet deve ser um tipo de amor adolescente dele, algo do tipo. — deu ombros, indiferente. — Chega de Malfoy, ele é um trasgo.

Rose não respondeu nada, preferiu ocupar-se em beber o chá tranquilamente, embora seu coração estivesse bem oposto ao que realmente queria. Acelerado, dolorido e machucado. Sua dor de cabeça só fez questão de aumentar, assim como a falação de Ryan sobre algum assunto que Rose não deu importância alguma.

 

 


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Notas finais do capítulo

A cada capítulo é mais difícil evitar que a cara desse Ryan fique ilesa, francamente. Mas, o nosso querido Scorpius não anda colaborando...

Bom, esse foi o capítulo, espero que tenham gostado! Não esqueçam de comentar, de me contar o que acharam e se a raiva pelo McLaggen permanece. Vamos torcer para que o Scorpius deixe de ser uma amoeba rs

O próximo capítulo vai sair por volta do dia 20 (e eu estou falando SERÍSSIMO!) ♥

Um beijão no core de vocês
qualquer coisa me gritem lá no twitter @itstahii ♥